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A Escola Estadual Heurisgleides Ferreira tem seu grupo gestor formado por uma diretora e duas vice-diretoras. O corpo docente é formado por cinquenta professores e o corpo discente, no ano de 2015, contava com aproximadamente mil e duzentos alunos. Também conta com um coordenador pedagógico, um dentista, dois funcionários que dão suporte à administração escolar, dez funcionários lotados na secretaria, onze funcionários que atendem pelos serviços gerais. Possui trinta salas de aula, três salas designadas à administração, uma sala de professores, uma sala de coordenação de educação física, uma sala de coordenação de projetos, três laboratórios, um gabinete odontológico, uma biblioteca, um anfiteatro, duas quadras esportivas, uma sala de grêmio estudantil, uma mecanografia, uma copa, uma cozinha escolar, duas portarias, trinta sanitários.

Quanto à modalidade de ensino, a escola trabalha com o Ensino Médio Regular, no turno matutino; o vespertino atende à modalidade dependência escolar para os alunos que não obtiveram aprovação em todas as disciplinas na série anterior. Também desenvolve projetos de leitura e/ou pedagógicos e em parceria com universidades. Em relação aos espaços escolares, descrevo a seguir o que foi observado. Em primeiro lugar, destaco as salas de aula: durante a coleta de dados, tive contato com duas salas de aula, as quais contavam com duas janelas laterais, uma TV pen-drive, dois ventiladores, carteiras novas, mas apresentando manchas e escritos, e capacidade para aproximadamente trinta alunos.

O segundo espaço destacado é a biblioteca. Não possuía funcionários e nem bibliotecário, portanto ficava fechada. Segundo a diretora, os funcionários designados para aquela função não se adequavam ao local, alegavam problemas de saúde e pediam licença ou transferência para outra instituição. Por isso, sempre que um aluno ou um professor necessite de algum exemplar, um funcionário da escola fica responsável por mediar o processo, mas não há um registro oficial de empréstimos, uma vez que o funcionário destacado para realizar tal missão está lotado em outro setor da escola. Pudemos comprovar isso quando solicitamos

permissão para conhecer o referido espaço, subdividido em duas seções. A quantidade de Enciclopédias e dicionários distribuídos nas estantes da primeira seção chamava a atenção. Como não havia registro dos exemplares, tivemos de contá-los. Eram trezentos e sessenta e oito volumes de enciclopédias, datados de 1949 a 2006, e setenta e oito dicionários. Na segunda, os exemplares estavam dispostos em trinta e uma estantes a partir das áreas do conhecimento, contando com números de registros. Começava pelo número 100 e ia até 1031. A primeira área do conhecimento era “Filosofia” e ia de 100 a 149; “Psicologia” de 150 a 199; “Religião” de 200 a 299; “Ciências Sociais” de 300 a 309; “Estatística” de 310 a 329; “Economia” de 330 a 339; “Direito” de 340 a 349; “Administração pública” de 350 a 369; “Educação” de 370 a 375; “Educação sexual” de 376 a 414; “Gramática” de 415 a 419; “Língua inglesa” de 420 a 439; Língua francesa” de 440 a 449; “Língua italiana” de 450 a 459; “Língua espanhola” de 460 a 468; “Língua Portuguesa” de 469 a 509; “Matemática” de 510 a 529; “Física” de 530 a 539; “Química” de 540 a 549; “Ciências da terra” 550; “Geologia” de 551 a 573; “Biologia” de 574 a 578; “Ecologia” de 579 a 580; “Botânica” de 581 a 590; “Zoologia” de 591 a 609; “Ciências Médicas” 610; “Anatomia humana” de 611 a 629; “Agricultura” de 630 a 656; “Contabilidade” 657; “Administração geral” 658; “Publicidade e Marketing” de 659 a 738; “Artes plásticas” 739; “Desenho e artes decorativas” de 740 a 779; “Música” de 780 a 789; “Artes recreativas” de 790 a 807; “Romances” de 808 a 868; “História e crítica literária” de 809 a 860; “Poesia” 861; “Teatro” de 862 a 909; “Geografia geral” de 910 a 917; “Geografia do Brasil” 918 e 919; “Biografia” de 920 a 929; “História Geral” de 930 a 980; “História do Brasil” de 981 a 1031.

Além dos títulos catalogados, a biblioteca ainda comportava um quadro de avisos, oito mesas para consultas, cada uma com quatro cadeiras, um cesto de lixo, uma mesa ocupada com vários livros didáticos, três armários fechados (abertos a pedido do pesquisador pelo funcionário que o acompanhava); o primeiro continha vários títulos que não estavam catalogados. Segundo o funcionário, os livros vinham do FNDE e, como não havia responsável pelo setor para catalogá-los, ficavam guardados até que alguém fosse designado para realizar aquela função. Os títulos eram: Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, A

estrutura da bolha de sabão, de Lygia Fagundes Telles; Incidente em Antares, de Érico

Veríssimo; Coleção Melhores crônicas, de Manuel Bandeira; A morena da estação, de Ignácio de Loyola Brandão; Lavoura arcaica, de Raduan Nassar e Éramos seis, de Maria José Dupré. O segundo continha livros, catálogos, revistas e papéis diversos. O terceiro continha catálogos para pesquisas com temáticas diversas: AIDS, Arquitetura, Arte, Artes plásticas,

Biografia, Cinema, Drogas, Ecologia, Folclore, História, Fotografia, Música, História de Salvador, Violência, Saúde e Teatro. Também havia revistas Istoé, Manequim, Elle, Minuto,

Casa e Construção dispostas em uma mesa.

Quanto às nossas impressões iniciais em relação à escola, constatamos que na biblioteca, além da quantidade de enciclopédias e dicionários, não houve preocupação em adquirir os títulos em conformidade com a modalidade de ensino oferecida pela instituição. Por exemplo, de todos os exemplares, as áreas mais contempladas no acervo eram “Religião”, com cem títulos, e “Publicidade e Marketing”, com setenta e nove títulos – áreas que não constam no currículo da escola. Ainda no início das visitas foi possível observar um constante barulho provocado pelos alunos dentro e fora das salas de aula em todos os momentos. Pudemos perceber, enquanto aguardávamos atendimento pela direção ou pela regente da turma observada, algumas particularidades dos atores daqueles espaços. No ano de 2014, às vésperas das eleições presidenciais, os ânimos se exaltavam entre os professores na defesa dos seus candidatos. Entre os alunos isso também ocorria, mas com menos empolgação do que com os docentes. Além disso, embora houvesse funcionários presentes nos corredores, sempre havia estudantes circulando nesses espaços, provocando barulho e entrando em salas de aulas às quais não pertenciam (isso era frequente nas salas observadas para esta pesquisa).

A escola Estadual Renailda Sousa tem sua equipe gestora formada por quatro membros: um diretor e três vice-diretoras. O corpo docente é formado por sessenta e seis professores; o corpo discente contava, em 2015, com oitocentos e quarenta e dois alunos no turno matutino, duzentos e dezenove no vespertino e quatrocentos e trinta no noturno, totalizando mil quatrocentos e noventa e um alunos. Também conta com duas coordenadoras pedagógicas, um funcionário de apoio à administração escolar, duas funcionárias lotadas na biblioteca (embora não sejam bibliotecárias), quinze funcionários lotados na secretaria, dezoito funcionários que respondem pelos serviços gerais. Possui vinte e quatro salas de aula, uma sala de professores, uma sala de coordenação escolar, gabinete da direção, uma biblioteca, um auditório (sem funcionamento), uma mecanografia, uma copa, uma cozinha escolar, portaria e sanitários (não foi informada a quantidade).

Quanto à modalidade de ensino, a escola trabalha com o Ensino Médio Regular, nos turnos matutino, vespertino e noturno. Não desenvolve projetos de leitura e participa apenas de um projeto pedagógico. Em relação aos espaços escolares, descrevemos a seguir a experiência ao adentrá-los a fim de coletar informações que julgávamos relevantes à pesquisa.

As salas de aula contavam com uma lousa, dois ventiladores de teto, uma TV pen- drive, duas janelas laterais, mesa para o professor e carteiras para os alunos. A biblioteca funcionava nos turnos matutino e vespertino. Era uma sala subdividida em dois espaços. A parte maior preenchida por dezesseis estantes, seis mesas para leitura com quatro assentos cada. A outra parte era reservada às funcionárias do setor. Neste mesmo espaço havia oito suportes para livros fixados na parede e um armário. A funcionária do setor apresentou o espaço, explicou como organizou as estantes, distribuições dos exemplares e as mesas para consultas. Revelou que não possuía formação em biblioteconomia e não recebera treinamento para executar aquela função. Mostrou-nos um catálogo dos exemplares ali contidos, preenchido à caneta, criado por sua própria iniciativa. Do mesmo modo, criou uma carteira de alunos e professores, de modo que pudesse controlar a entrada e saída de livros quando esses usuários necessitassem tomar algum livro emprestado.

Os exemplares eram catalogados manualmente e não havia um número preciso em relação à quantidade dos títulos constantes do acervo. No entanto, a atendente garantiu que todos estavam catalogados. Assim, contamos, pelo disposto no catálogo, novecentos e oitenta e três títulos. As estantes não estavam numeradas; havia apenas algumas marcações imprecisas em relação aos títulos e, talvez por isso, era a própria funcionária que localizava os livros quando solicitados por algum usuário. Desse modo, havia indicações como “Literatura”, “Literatura Brasileira”, “Literaturas diversas”, “Personagens da nossa história”, “Português”, dentre outras. Como não havia separação rigorosa dos títulos, detivemo-nos apenas aos que se relacionavam às Letras e à Educação.

Pela disposição dos títulos, percebemos que o critério para separar e alocar os livros partiu da própria funcionária, pois na seção “Literatura” constavam os títulos As visionárias de Vilma Guimarães Rosa e Folha conta cem anos de cinema, organizado por Amir Labaki; em “Literatura Brasileira” havia Orlando, de Virgínia Wolf; em uma seção chamada “Literaturas diversas”, encontramos Incidente em Antares, de Érico Veríssimo. Em outra seção com o mesmo título, contamos noventa e quatro exemplares, embora nem todos fossem de literaturas. Havia três livros de poesia e dois romances; os demais eram de Economia, Educação de Jovens e adultos, Psicologia, Geografia e alguns catálogos. Outras duas seções chamadas “Literaturas diversas” também apresentavam as mesmas características. Uma delas continha setenta e cinco livros. Destes, apenas um se aproximava do título da seção: Guia

prático de análise literária, de Massaud Moisés. A outra seção possuía setenta e um

Estruturalismo e poética, de Tzvetan Todorov. Mais uma seção intitulada “Literatura/literatura brasileira”, contando com cento e dez títulos, dentre os quais romances brasileiros e estrangeiros e livros didáticos. Havia também um exemplar do livro História de

Rio Claro (sobre a história do município paulista), de Dilma Andrade de Paula, nesta seção.

Ainda na biblioteca, uma estante armazenava enciclopédias diversas. Outras continham quinze títulos de Jorge Amado, dezenove de Machado de Assis e dezesseis de Graciliano Ramos. Em outra estante, nove títulos de José de Alencar e oito de Eça de Queirós. Uma estante com uma seção intitulada “Personagens da nossa história” era composta por uma série de volumes Grandes personagens da nossa história, livro que biografa figuras históricas, tais como Pedro Álvares Cabral, Bento Gonçalves, José de Alencar, Dom Pedro I, Princesa Isabel, Machado de Assis, Mário de Andrade, dentre outros. Havia também uma cópia de O Cortiço, de Aluísio Azevedo e quinze exemplares de Literatura infanto-juvenil. Em outra estante, uma seção chamada “Português” continha livros didáticos antigos, gramáticas, duas publicações de O Estadão, totalizando setenta e oito títulos. Mais três estantes continham mais enciclopédias e dicionários, totalizando duzentos e cinquenta e cinco volumes.

Na parte menor do setor, havia cento e sessenta e oito títulos. O critério utilizado para alocá-los naquele espaço foi justificado pela funcionária a partir da importância, da qualidade e do estado daqueles exemplares segundo seu próprio julgamento. Para ela, misturá-los aos demais seria um “crime”, pois as pessoas não teriam cuidado para manuseá-los e poderiam até mesmo não devolvê-los ao setor. Ali, ao seu lado, eles estariam mais “seguros”. Os títulos se diferenciavam dos demais. Havia títulos de Arquitetura, Direitos Humanos, Inclusão escolar e Psicologia. Também títulos de História literária, como História concisa da literatura

brasileira, de Alfredo Bosi, e Formação da literatura brasileira, de Antonio Candido, e sobre

Educação, como Português no ensino médio e formação do professor, organizado por Clécio Bunzen e Márcia Mendonça.

Enquanto examinávamos os exemplares, a funcionária foi revelando alguns detalhes a respeito da dinâmica daquele setor. Em sua análise, os maiores frequentadores eram os alunos, embora os objetivos que os levavam ali não fossem relacionados às atividades escolares. De acordo com ela, poucos ainda pediam romances emprestados e uma quantidade menor (que não soube precisar) lia na biblioteca mesmo. A maioria dos alunos frequentadores ia para jogar, brincar, usar a internet dos seus próprios aparelhos, dentre outros interesses. Quanto aos professores, um número mínimo procurava a biblioteca. Na maioria das vezes buscavam

apenas livros didáticos para usarem em suas aulas. E um ou outro professor tomava emprestados alguns títulos, como romances, e se esqueciam de devolvê-los.

Em relação aos títulos dos livros e sua relação com a modalidade de ensino adotada pela instituição, prevalece, embora os próprios alunos já utilizem novas tecnologias, uma ideia de ensino enciclopédico, diante da quantidade de enciclopédias e dicionários na biblioteca. Quanto à dinâmica dessa escola, percebemos uma considerável diferença em relação à primeira. Os alunos faziam pouco barulho, tanto nas salas quanto fora delas. Em verdade, poucos alunos circulavam em horários de aula, pois sempre havia um funcionário percorrendo os corredores e controlando a permanência das pessoas nesses espaços. Em alguns momentos, até mesmo os gestores andavam por esses espaços, inclusive na hora do intervalo. Também percebemos que os alunos não podiam entrar no colégio após o tempo de tolerância estipulado e não havia reclamações em relação à falta de professores.