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O Plano de Governo registrado no TSE é generalista e não apresenta propostas específicas para qualquer uma das áreas sob responsabilidade da prefeitura municipal. Portanto, recorremos aos itens sobre a Saúde relacionados no documento disponibilizado para download no próprio site de campanha do candidato3

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1) Melhorar a Gestão, usando fiscalização e recursos tecnológicos para acabar com as filas e melhorar o atendimento;

2) Fortalecer a Atenção Básica, garantindo a prevenção para todos os paulistanos; 3) Fortalecer o Programa de Saúde da Família (PSF);

4) Fortalecer a Rede de Urgência e Emergência, oferecendo atendimento 24h, sete dias por semana, para mais 4,3 milhões de paulistanos;

5) Fortalecer a Rede de Atendimento à Saúde da Mulher;

6) Fortalecer a Rede Hospitalar com a construção de quatro novos hospitais; 7) Fortalecer e ampliar a Rede de Atendimento aos Idosos.

Tanto na sabatina promovida pelo Portal UOL, como nos itens sobre a Saúde formalizados oficialmente nos Planos de Governo registrados junto ao TSE, o candidato José Serra foi o que menos criticou a gestão atual e pouco desenvolveu suas propostas, obviamente por contar com o apoio de Gilberto Kassab (Partido Social Democrático- PSD). Na verdade, vale lembrar que o candidato do PSDB foi prefeito de São Paulo no período de 2005-2006, quando assumiu o governo do estado de São Paulo de 2007-2010, deixando a prefeitura nas mãos de Kassab que conseguiu se reeleger nas eleições seguintes e permanecer no governo até 2012.

Dessa forma, Serra defende em suas propostas de campanha a continuidade do trabalho de Kassab. No caso específico da Saúde, ele aborda ainda a interação com o governo do estado, conforme Plano de Governo registrado no TSE:

É um desafio honroso avançar semeando projetos, esperanças e certezas nessa trilha de muitos frutos colhidos graças ao trabalho integrado de duas prefeituras: a municipal e a estadual, parceria testada e aprovada pelos eleitores desde 2004.

E antes de tratar efetivamente das propostas, já reproduzidas anteriormente nestas páginas, definidas no Plano do Governo Serra como “Diretrizes para o futuro”, Serra apresenta um item denominado “Realizações”, indicando ações promovidas na cidade de São Paulo durante a gestão Serra/Kassab com o apoio estadual de Alckmin:

Outras duas inovações foram a criação das AMAs (Atendimento Médico Ambulatorial) e dos AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades): somados, são 140 unidades. As unidades de Saúde Mental e Bucal praticamente dobraram. Foram criados novos hospitais, como o Cidade Tiradentes, M’Boi Mirim e Instituto do Câncer Octávio Frias de Oliveira, o maior e mais avançado do Brasil. Concebemos e implantamos o programa Mãe Paulistana; organizamos uma ampla e eficiente distribuição gratuita de 170 medicamentos, além do remédio em casa, que atende a cerca de 250 mil pessoas. Outra inovação foi a Rede Lucy Montoro, formada por centros de reabilitação do deficiente, ao lado de clínicas e ambulatórios para tratamento dos dependentes de drogas.

É importante contextualizar que, no debate promovido pela UOL, Serra não se aprofundou com relação ao seu Plano de Governo. Sempre que questionado sobre isso pelos jornalistas, o tucano justificava dizendo estar comprometido com os projetos pendentes e que não pretendia expor mais detalhes de suas diretrizes para não ser copiado por seus adversários. Apesar disso, Serra criticou tanto o Plano de Russomano, como genérico e não detalhado, como o do PT, que teria “chupado” suas ideias.

Na tentativa de complementar as poucas propostas registradas junto ao TSE, o PSDB divulgou no Horário Eleitoral Gratuito a proposta de criação de um “Gerente da Saúde”

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Comunicação pública: interlocuções, interlocutores e perspectivas

em São Paulo, um profissional que seria responsável em garantir a marcação de consultas, exames e cirurgias.

Podemos afirmar que as propostas dos demais candidatos, também aqui reproduzidas, não dão conta de oferecer respostas efetivas aos problemas enfrentados pelos paulistanos em termos da Saúde. Às vésperas das eleições municipais, no dia 04/10/2012, o site SpressoSP4

publicou uma notícia discutindo a precarização da saúde em São Paulo, tomando como base uma pesquisa divulgada em julho de 2012 pelo Datafolha. O levantamento indica que 26% das 1.077 pessoas ouvidas (homens e mulheres, acima de 16 anos, de todas as regiões da cidade) consideram a Saúde como o pior serviço público da capital paulista, superando pela primeira vez a violência, que por 23 anos vinha sendo apontado como o principal problema da cidade.

Se por um lado o candidato José Serra desvia do assunto e não oferece respostas a essa situação em suas propostas, os demais candidatos apenas criticam a atual gestão e também não discutem alternativas palpáveis. Enquanto isso, restam as entidades como a Associação Paulista de Saúde Pública (APSP), a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) e o Fórum Popular de Saúde continuar realizando debates e manifestos na expectativa de conseguir compromissos mais sólidos dos futuros governantes em termos de: médicos, hospitais, Unidades Básica de Saúde (UBS), Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs), Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), Núcleos Integrados de Reabilitação (NIRs), etc.

Considerações finais

A temática social da saúde é um dos pilares mais representativos e fundamentais no desenvolvimento de políticas públicas da sociedade contemporânea. É uma vertente que está presente na vida da maior parte da população e afeta diretamente a compreensão do cidadão acerca do funcionamento das práticas públicas de atendimento de serviços ao cidadão.

Limitações como essa não ocorrem somente em território nacional, visto que o tema da saúde pública pauta de planos de governo em praticamente todo o cenário democrático atual. A relação de oferta de serviços de qualidade na saúde pública não consegue acompanhar a demanda crescente da população, principalmente em cidades urbanas, de grande densidade populacional.

A comunicação pública nesse sentido é fundamental para que ocorra um equilíbrio do que é necessário e o que pode ser oferecido na relação específica de espaço e tempo. Essas demandas da sociedade no contexto da saúde devem ser monitoradas constantemente com 4 Disponível em: <http://www.spressosp.com.br/2012/10/precarizacao-da-saude-e-legado-de-kassab-para-sao-paulo/>.

o objetivo de desenvolver políticas públicas direcionadas, que promovam um Estado mais eficiente e funcional, principalmente na redução de custos.

O dinamismo eleitoral em cidades de grandes dimensões territoriais e eleitoral, como no caso do recorte, a cidade de São Paulo,é intenso e necessita um grande amparo nas estratégias eleitorais de compreensão das diferentes realidades regionais, na oferta de propostas que contemplem diferentes realidades e comportamentos.

No estudo referenciado das eleições de 2012, foi altamente perceptível a preocupação dos candidatos majoritários com as melhoras da situação da saúde pública na cidade. Praticamente todos buscaram apresentar propostas em seus Planos de Governo e nos debates, aderentes às necessidades de cada macro região da cidade, respeitando suas especificidades e diferentes comportamentos de seus eleitores, no que tange a visão que cada região possui do que pode ser um problema social no campo da saúde pública.

Um ponto representativo que deve ser considerado é que as respectivas propostas não estão com alto nível de especificidade e transitam em um contexto amplo e, em muitas vezes, vago. Essa situação não garante que o assunto seja considerado como principal ponto de prioridade no governo futuro e que o fomento de políticas públicas na área da saúde realmente será efetivado.

Dos quatro candidatos, o Plano de Governo de Serra (PSDB) foi o mais superficial e não especificou com precisão pontos de políticas de seu governo. Focou nos investimentos tecnológicos para melhoria e rapidez dos acessos aos serviços, bem como políticas de inclusão de portadores de necessidades especiais. Gabriel Chalita (PMDB) não desenvolveu uma marca de propostas no seu Plano, conotando que potencializará os projetos já existentes e fortalecerá a rede atual.

Russomano (PRB) também direcionou o seu Plano em ampliação da rede pública e na melhoria da distribuição de medicamento, amparando em uma base tecnológica que contribua no controle dos recursos públicos. Haddad (PT), dos quatro candidatos foi o que mais se amparou no fortalecimento regional das políticas públicas da saúde, utilizando com base as diretrizes federais do SUS.

Contudo, as novas interfaces tecnológicas contribuem para que as propostas, os debates e as exposições do Plano de Governo dos candidatos fiquem lavradas e com maiores chances de acesso aos cidadãos durante o período de mandato. Essa maior exposição midiática pode funcionar como um agente de estímulo ao cumprimento das proposituras governamentais.

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Comunicação pública: interlocuções, interlocutores e perspectivas

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