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4 FRATERNIDADE SECULAR

4.1 Premissas básicas e culturalismo jurídico

Postas as premissas de identificação da fraternidade como um autêntico

marco civilizatório, pois presente e enraizada na história da humanidade, enquanto

valor-princípio autenticamente cristão, além de intrinsecamente imbricado à corrente de

pensamento humanista, na vertente do humanismo integral maritainiano (fraternidade

como categoria filosófica), poder-se-ia questionar a possibilidade de transposição de tal

categoria para o Direito.

A resposta à indagação apresentada, passa pela necessária secularização

da fraternidade e a sua conseqüente, por assim dizer, juridicização, encontra amparo

na doutrina do Jus-Humanismo Normativo.

Secularização possível, também a partir da contribuição iluminista que, assim

como registra Jonathan I. Israel

200

(tendo em conta e abstraindo os radicalismos), é

forçoso com ele reconhecer,

não apenas atacou e extirpou as raízes tradicionais da cultura européia com relação ao sagrado, à magia, à monarquia e à hierarquia, secularizando todas as instituições e idéias, mas (em termos intelectuais e até certo ponto na prática) demoliu com efeito a legitimidade da monarquia, da aristocracia, da subordinação da mulher ao homem, da autoridade eclesiástica, da escravatura, substituindo-os pelos princípios da universalidade, da igualdade e da democracia.

No entanto, é importante se avançar do secular para o pós-secular, como

sugere Jürgen Habermas

201

, superando radicalismos, pois ―é também interesse do

200

ISRAEL, Jonathan I.. Iluminismo Radical: A filosofia e a construção da Modernidade (1650-1750). São Paulo: Madras, 2009, p. 09 (Prefácio).

estado constitucional que se usem todas as fontes culturais de uma maneira moderada,

porque é nelas que se abastecem a consciência normativa e a solidariedade dos

cidadãos‖.

Complementando o seu pensamento, Jürgen Habermas

202

, na condição de

filósofo e sociólogo, talvez o mais citado no mundo contemporâneo, afirma:

A expressão ―pós-secular‖ tributa às comunidades religiosas não apenas reconhecimento público pela contribuição funcional que elas prestam à reprodução de motivos e atitudes. Na verdade, reflete-se na consciência pública de uma sociedade pós-secular uma convicção normativa que traz consequências para as relações políticas dos cidadãos não crentes com os crentes. Começa a prevalecer na sociedade pós-secular a ideia de que a ―modernização da consciência pública‖ afeta de maneira defasada tanto as mentalidades religiosas quanto a seculares, modificando-as de forma reflexiva. Entendendo a secularização da sociedade como um processo comum de aprendizagem complementar, ambos os lados estarão em condições de levar a sério em público, por razões cognitivas, as respectivas contribuições para temas controversos.

Nessa visão pós-secular, que se pretende destacar, a cultura secular

difundida e praticada também no direito, como não poderia deixar de ser, mas

excessivamente racionalista e por vezes antirreligiosa, necessita ser superada, pois,

como admoesta Joseph Ratzinger

203

, em diálogo com Jürgen Habermas, assim como

houve e há patologias na religião, há patologias da razão. Nesse sentido, afirma, com

sabedoria:

201 HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da Secularização: sobre razão e religião. São

Paulo: Ideias & Letras, 2013, p. 51.

202 HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da Secularização: sobre razão e religião. São

Paulo: Ideias & Letras, 2013, p. 52. Na conclusão do diálogo, objeto da obra citada, acrescenta Habermas: ―A neutralidade ideológica do poder do Estado que garante as mesmas liberdades éticas a todos os cidadãos é incompatível com a generalização política de uma visão do mundo secularizada. Em seu papel de cidadãos do Estado, os cidadãos secularizados não podem nem contestar em princípio o potencial de verdade das visões religiosas do mundo, nem negar aos concidadãos religiosos o direito de contribuir para os debates servido-se de uma linguagem religiosa. Uma cultura política liberal pode até esperar dos cidadãos secularizados que participem dos esforços de traduzir as contribuições relevantes em linguagem religiosa para uma linguagem que seja acessível publicamente‖ (p. 57).

203

Por isso se faz necessário que a razão também seja levada a conhecer seus limites e a aprender com as grandes tradições religiosas da humanidade. Quando ela passe a se emancipar completamente, deixando de lado a disposição de aprender e de se correlacionar, ela se torna destruidora.

A partir do pensamento de Karl Hübner, Joseph Ratzinger

204

reconhece, com

lucidez, ―que o objetivo direto desta tese não é um ‗retorno à fé‘‖, registre-se. O que se

busca e importa é uma ―libertação da obcecação histórica de que a fé já não teria nada

a dizer ao ser humano atual pelo simples fato de ela contradizer a idéia humanista da

razão, do iluminismo e da liberdade‖.

Ao final, sentencia

205

: ―a fé cristã e a racionalidade secular do ocidente são

os parceiros principais dessa correlacionalidade‖.

Levando-se em conta as considerações filosóficas destacadas e, ainda,

valendo-se do Jus-Humanismo Normativo, e por meio do culturalismo jurídico, torna-se

possível o reconhecimento, estudo e aplicabilidade da fraternidade enquanto categoria

jurídica, objeto central do capítulo seguinte.

Nessa linha de argumentação, impõe-se, preliminarmente, uma breve

exposição sobre o culturalismo, suas bases filosóficas e fundamentos voltados à ciência

jurídica.

Atribuiu-se à obra de Tobias Barreto de Meneses (1839-1889) e Sílvio

Vasconcelos da Silveira Ramos Romero (1851-1914), o pioneirismo no

desenvolvimento da corrente de pensamento denominada culturalismo, forjada a partir

de intensa produção na segunda metade do século XIX. Os filósofos sergipanos

contribuíram para a construção de uma corrente jusfilosófica que se tornou, de fato,

uma verdadeira teoria da justiça e do direito, conhecida, posteriormente, como Escola

204

HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da Secularização: sobre razão e religião. São Paulo: Ideias & Letras, 2013, p. 88-89

205

de Recife. Talvez seja uma das mais relevantes contribuições brasileiras para a

filosofia.

No particular, registram Camila Colares e João Maurício Adeodato

206

:

O movimento culturalista, inaugurado por Tobias Barreto e enriquecido pela contribuição de Sílvio Romero, representou um marco significativo para a história do Direito brasileiro, por constituir-se num primeiro movimento genuinamente nacional, de criação de novas concepções do pensamento jurídico-filosófico, ao mesmo tempo em que combatia ideias e instituições retrógradas e conservadoras, como a escravidão e a monarquia, desencadeando lutas em defesa de direitos individuais, de liberdades públicas e da causa abolicionista e republicana.

Aduzem os autores referidos em importante ensaio, que ―o culturalismo

nasce como reação ao positivismo, proclamando uma dimensão fundamentalmente

humana, o mundo da cultura‖. A corrente jusfilosófica parte, assim, do estudo de toda a

experiência para chegar ao conhecimento do Direito.

Com lastro nas lições de Clovis Bevilacqua, João Maurício Adeodato e

Camila Colares reconhecem que Tobias Barreto ―teria repulsa pela sociologia devido à

contestação dele ao sistema comteano, onde esta ciência tinha sua gênese‖. Logo,

para um preciso entendimento do Direito, seria mister a compreensão prévia da

sociedade. Para tal intento, caberia, como pressuposto lógico, o estudo da Sociologia,

recusado por Tobias porquanto defendia o estudo da Antropologia, isto sim, tendo em

vista que tal ramo da ciência confere especial ênfase ao estudo do homem em seu

meio social e não a sociedade humana, especificamente, como é objeto da

Sociologia

207

.

206

ADEODATO, João Maurício Adeodato; COLARES, Camila. A obra de Sílvio Romero no desenvolvimento da nação como paradigma: da dicotomia entre o positivismo e a metafísica à adoção do evolucionismo spenceriano na transição republicana. Prima Facie, João Pessoa, v. 10, 19, ano 10, jul-

dez, 2011, p. 36-66. Disponível também em:

<http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/primafacie/article/view/9833/7784>. Acesso em: 29 set. de 2013, p. 48.

207

Corroborando o entendimento, Gonzales et al

208

,

(…) Tobias nos apresenta o Direito como fruto da cultura humana. O Direito, como toda invenção humana, sofre a ação do meio social, pois é da essência do ser humano: viver em sociedade. Portanto, para a compreensão do Direito, faz-se necessário que o estudioso do Direito compreenda antes o que é a sociedade e isto só poderá ser alcançado estudando-se a ciência que cuida desse ramo do saber humano: a Sociologia. Curiosamente, porém, não era à Sociologia que Tobias Barreto recomendava como estudo propedêutico do Direito mas sim a Antropologia. Entendia o pensador da Escola do Recife, que a sociedade é composta por seres humanos e estes, no contexto social, é que deveriam ser objeto de compreensão e não a sociedade propriamente dita. Compreenda-se: a sociologia, segundo Tobias, é a ciência que estuda a sociedade humana. O que o pensador da Escola do Recife propunha como ciência propedêutica do Direito era a Antropologia, pois esta prioriza o estudo do homem em seu meio social. Portanto, a ciência que estudo o homem – a Antropologia – é que deveria estar na propedêutica do conhecimento jurídico, e não a Sociologia, que segundo Tobias, prioriza o estudo da sociedade.

O culturalismo jurídico

209

, no Brasil inaugurado por Tobias Barreto, foi

desenvolvido por Sílvio Romero em vertente um pouco diversa (fundador da corrente de

pensamento denominada culturalismo sociológico)

210

e, a partir da década de

cinquenta, contou, na contemporaneidade, com o protagonismo de Miguel Reale. Como

o autor da Teoria Tridimensional do Direito mesmo diz, traduzido nas palavras de João

Maurício Adeodato e Camila Colares, o aprofundamento da problemática culturalista

permitiu a formação de uma corrente filosófica no Brasil, significando uma retomada da

208

GONZALEZ, Everaldo T. Quilici et al. O Culturalismo Jurídico da Escola do Recife. In: ENCONTRO PREPARATÓRIO DO CONPEDI/UNICAP, 15, 2006, Recife. Anais… Recife: CONPEDI, 2006. Disponível

em:<http://www.conpedi.org.br/manaus/arquivos/anais/recife/teoria_da_justica_everaldo_gonzales_e_out ros.pdf>. Acesso em: 28 set. de 2013.

209

Conforme registro de Paulo Dourado de Gusmão, no seu clássico, Introdução ao Estudo do Direito. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1989, pp. 475-479, juristas do quilate do alemão Emil Lask, do espanhol Luís Recaséns Siches, do argentino Carlos Cóssio, do alemão Gustav Radbruch desenvolveram importantes estudos numa perspectiva do culturalismo jurídico.

210

Neste mesmo sentido ver SILVA, Mariluze Ferreira de Andrade: Resenhas. São João del-Rei: Laboratório de Lógica e epistemologia, dez. 2003, ao afirmar: ―Souza, fecha esse segundo tópico do seu Prefácio recorrendo às idéias de Antonio Paim para quem o Culturalismo Sociológico fez na História da Filosofia no Brasil a ponte entre o Culturalismo Filosófico iniciado por Tobias Barreto na Escola do Recife e o atual Culturalismo que se desenvolve a partir da década de 50 com Miguel Reale e componentes desta corrente de pensamento filosófico no Brasil‖. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/portal- repositorio/File/lable/resenhas1/silvioromero.pdf>. Acesso em: 29 set. 2009.

via de acesso aos valores onde a ciência não é capaz de por si só compreendê-los

211

.

Não sem razão o Mestre Reale fundamenta a sua compreensão do Direito em fato,

norma e valor.

Ainda na esteira dos ensinamentos de Miguel Reale

212

, agregue-se precioso

argumento, quando afirma que o culturalismo é ―uma concepção do Direito que se

integra no historicismo contemporâneo e aplica, no estudo do Estado e do Direito, os

princípios fundamentais da Axiologia, ou seja, da teoria dos valores em função dos

graus de evolução social‖.

Discorrendo sobre o ensinamento tobiático, Miguel Reale

213

afirma que foi a

partir de estudos filosóficos, jurídicos e antropológicos, num certo sentido, com

influência hobbesiana do homem natural (homo homini lupus), somente redimido em

razão de sua força espiritual, que Tobias Barreto

chegou à sua original concepção da cultura, entendida em antítese com a natureza, cuja selvageria, a seu ver, ela corrige e ajeita para o desenvolvimento espiritual da espécie humana. Na escala evolutiva do homem, consoante lição de Darwin, que Tobias acolhe sem ressalvas, o momento culminante é reservado à cultura, pois ―o homem é um ser histórico‖, e ―sem uma transformação de dentro para fora, sem uma substituição da selvageria do homem natural pela nobreza do homem social, não há propriamente cultura‖.

211

ADEODATO, João Maurício Adeodato; COLARES, Camila. A obra de Sílvio Romero no desenvolvimento da nação como paradigma: da dicotomia entre o positivismo e a metafísica à adoção do evolucionismo spenceriano na transição republicana. Prima Facie, João Pessoa, v. 10, 19, ano 10, jul-

dez, 2011, p. 36-66. Disponível em:

<http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/primafacie/article/view/9833/7784>. Acesso em: 29 set. 2013, p. 49.

212

Apud NORTE, Janaína Braga. O fenômeno da positivação do culturalismo no ordenamento jurídico

brasileiro. Disponível em:

<http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/004.pdf>. Acesso em: 29 set. 2013.

213

REALE, Miguel. Tobias Barreto na cultura brasileira. In: BARRETO, Tobias. Estudos de Direito I. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Record; Aracaju: Secretaria de Estado da Cultura e Meio Ambiente, 1991, p. 39- 40.

Daí a clássica afirmação de Tobias

214

: ―não há um direito natural, mas há

uma lei natural do direito‖.

É o próprio Tobias Barreto

215

que expressa o seu singular entendimento, em

conhecido discurso na condição de paraninfo e com a firmeza de sempre, proferido em

solenidade de colação de grau, no dia 10 de abril de 1883: ―Não se crava o ferro no

âmago no madeiro com uma só pancada de martelo. É mister bater cem vezes, e cem

vezes repetir: o direito não é filho do céu, é simplesmente um fenômeno histórico, um

produto cultural da humanidade‖.

Depois, destacando o caráter coativo do direito, afirma

216

: ―Serpens misi

serpentem comederit, non fit draco (a serpe que não devora a serpe não se faz dragão);

a força que não vence a força não se faz direito; o direito é a força, que matou a própria

força‖. No mesmo sentido Joseph Ratzinger

217

ao averbar que ―a liberdade sem direito é

anarquia que destrói a liberdade‖.

Como registra Miguel Reale

218

, seguindo similar concepção culturalista de

Tobias Barreto, ―o Direito não é um presente, uma dádiva, algo de gracioso que o

homem tenha recebido em determinado momento da História, mas, ao contrário, o fruto

maduro de sua experiência multimilenar‖.

Nessa linha de abordagem do Direito, invoca-se a teoria dos objetos da

fenomenologia de Edmund Husserl, tão bem expressa por Maria Helena Diniz

219

a partir

dos ensinamentos de Carlos Cóssio, expoente argentino do culturalismo (egologismo

214 Apud REALE, Miguel. Tobias Barreto na cultura brasileira. In: BARRETO, Tobias. Estudos de Direito I.

2.ed. Rio de Janeiro: Editora Record; Aracaju: Secretaria de Estado da Cultura e Meio Ambiente, 1991, p. 41.

215

BARRETO, Tobias. Idéia do Direito In: BARRETO, Tobias. Estudos de Direito I. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Record; Aracaju: Secretaria de Estado da Cultura e Meio Ambiente, 1991, p. 48.

216

Ibidem.

217 HABERMAS, Jürgen; RATZINGER, Joseph. Dialética da Secularização: sobre razão e religião. São

Paulo: Ideias & Letras, 2013, p. 65.

218 REALE, Miguel. Filosofia do Direito, v.1, 6. ed. São Paulo: Saraiva, p. 199. 219

DINIZ, Maria Helena. Conceito de norma jurídica como problema de essência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1979, p. 37. No mesmo sentido a autora desenvolve o tema no seu A Ciência Jurídica. São Paulo, Editora Resenha Universitária, 1982, pp. 64 e seguintes.

jurídico)

220

. Assim, a norma jurídica que compõe o sistema jurídico se apresenta na

região ôntica dos objetos culturais, caracterizando-se por ser real, já que tem existência

espácio-temporal; está na experiência e é valiosa positiva ou negativamente.

A norma jurídica está, indubitavelmente, na zona do universo denominada

―cultura‖ e, como registra Maria Helena Diniz

221

, ―cultura é tudo que o homem

acrescenta as coisas (homo additus naturae – diziam os clássicos), com o intuito de

aperfeiçoá-las‖.

Em uma frase

222

: ―é o mundo do construído pelo homem em razão de um

sistema de valores‖.

A norma jurídica, no magistério de Miguel Reale

223

, é, portanto, ―uma ponte

elástica entre o complexo fático-axiológico, que condicionou a sua gênese e os

complexos fático-axiológicos a que visa atender no desenrolar do processo histórico‖.

Do exposto é de se concluir, com Maria Helena Diniz

224

, fundamentada em

Carlos Cóssio e na esteira dos ensinamentos de Miguel Reale, que a norma jurídica ―é

uma realidade cultural: uma síntese entre o mundo natural e valor‖.

Ora, se Direito é cultura – e de fato é – e considerando a proposta humanista

de compreensão do fenômeno jurídico, o humanismo, como acrescenta Jacques

220

Para identificar, de forma resumida, as características mais relevantes do Egologismo, ver MACHADO NETO, A. L., Compêndio de Introdução ao Estudo do Direito. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1984, p. 50-59.

221 DINIZ, Maria Helena. Conceito de norma jurídica como problema de essência. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1979, p. 38. A afirmação da Professora Maria Helena Diniz encontra inspiração no pensamento de Goffredo Telles Júnior, no seu Direito Quântico: Ensaio sobre o fundamento da ordem jurídica. 5. ed. São Paulo, Max Limonad, 1980, p. 313.

222

DINIZ, Maria Helena. Conceito de norma jurídica como problema de essência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1979, p. 38.

223 Apud DINIZ, Maria Helena. Conceito de norma jurídica como problema de essência. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 1979, p. 49.

224

Conceito de norma jurídica como problema de essência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1979,

Maritain

225

, ―é inseparável da civilização ou da cultura, tomando-se estas duas palavras

como sinônimas‖.

Acrescente-se, corroborando o entendimento, a conclusão de Miguel

Reale

226

, ao reconhecer que a ―concepção culturalista do Direito deve ser concepção

humanista do Direito‖, exatamente pelo fato de o filósofo paulista adotar como ponto de

partida de sua teoria a idéia básica de que ―a pessoa humana é valor-fonte de todos os

valores‖.

Mas não um humanismo teocêntrico – considerando a condição de Estado

laico e, por conseqüência do sistema jurídico

– nem mesmo antropocêntrico, pois

conduziria o homem a uma postura egoística, individualista e hedonista.

Partiri-se-á para uma terceira via, comos era demonstrado no item seguinte.