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CAPÍTULO I A Avaliação do Desempenho Docente

1.5. A Avaliação do Desempenho Docente em Portugal

1.5.3. Primeiro Ciclo da Avaliação Docente 2007/2009

O enfoque do debate sobre a ADD, com a entrada em vigor Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de janeiro, na sequência da alteração do ECD30, em 2007, deixa de se centrar já na necessidade de avaliação dos professores e passa a focalizar-se, essencialmente no “modelo” de ADD. Apesar de este “modelo” ter originado nos professores e nas escolas alguns constrangimentos e mal-estar, o princípio estava “estabelecido e, ao que parece, todos o aceitam” ainda que de forma pouco pacífica (Fernandes, 2009, p. 21), atendendo a que a implementação de qualquer modelo de avaliação docente “necessita de uma constante legitimação dos seus destinatários, reconhecendo-o não só como suporte do seu desenvolvimento pessoal e profissional, mas também como fonte da sua credibilização social” (Pacheco, 2009, p. 45).

O Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de janeiro, assinala que o novo sistema31 de ADD se deve constituir como um meio que sustente a escola, como fundamental recurso capaz de promover o sucesso dos alunos, prevenir o abandono escolar precoce e melhorar a qualidade das aprendizagens. Este documento alicerça-se em três pontos: (i) no processo seletivo de ingresso na profissão32; (ii) na divisão dos docentes em duas categorias hierarquizadas “professor” e “professor titular”33; (iii) na importância determinante da avaliação de desempenho para a conquista de mérito profissional, determinante na progressão na carreira34.

Cardoso (2012) alude que uma das modificações mais significativa e que mais controvérsia gerou nos docentes foi a divisão da carreira em duas categorias distintas: a de professor e a de professor titular, “ passando a existir diferenciação e verticalização da

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Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de janeiro. 31

“Os modelos expressam as normas e objetivos concernentes à avaliação de desempenho que se pretende instituir. A concretização dos modelos, com todos os aspetos técnicos e processuais, configuram os sistemas de avaliação que serão posteriormente implementados” (Cardoso, 2012, p.123).

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“Introduz-se uma prova de avaliação de conhecimentos, enquanto requisito prévio à candidatura aos procedimentos de recrutamento de pessoal docente e estabelecem-se novas regras para a observância de um período probatório realizado sob supervisão e acompanhamento de um professor mais experiente” (Preâmbulo).

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“ Ficando reservado à categoria superior, de professor titular, o exercício de funções de coordenação e supervisão” (Preâmbulo).

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Este Decreto-Lei “introduz um novo procedimento que, tendo em conta a auto-avaliação do docente, não assenta exclusivamente nela” (Preâmbulo).

função docente e pondo fim a uma carreira tradicionalmente linear” (p. 139). O professor “titular” passou a ter “funções diferenciadas pela sua natureza, âmbito e grau de responsabilidade” (Decreto-Lei n.º 15/2007, art.º 34º, ponto 3), nomeadamente no que se refere à coordenação pedagógica, coordenação curricular, supervisão e ao apoio no período probatório.

O recrutamento para a categoria de professor titular (art.º 38 do Decreto-Lei n.º 15/2007), realizava-se através de concurso documental aberto para o preenchimento da vaga existente no quadro da escola, não podendo exceder um terço do número total de professores do estabelecimento de ensino (ponto 3 do art.º 26). Os professores podem aceder à categoria de professor titular desde que preencham determinados requisitos: 18 anos ao serviço docente efetivo, com avaliação de desempenho igual ou superior a Bom; realização, com aproveitamento, de uma prova pública que deve incidir sobre a atividade profissional desenvolvida e que permita evidenciar a competência dos professores para as funções mais específicas, associadas à sua atividade profissional35.

A necessidade e celeridade de dotar as escolas com esta “categoria diferenciada”, levaram o Ministério da Educação e a Administração Educativa a “optar por um processo expedito” de “fabricação burocrática dos professores titulares para a avaliação do desempenho docente” (Formosinho & Machado, 2010, p. 92).

Assim, o primeiro concurso de acesso à categoria de “professor titular” decorreu entre junho e julho de 2007, ao qual se puderam candidatar professores dos 8º, 9º e 10º escalões, sendo que a apreciação curricular seria feita através dos últimos sete anos de carreira (Decreto-Lei n.º 200/2007 de 22 de maio)36. O facto de serem considerados apenas os últimos sete anos de carreira trouxe algum descontentamento aos professores que

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Decreto-Lei n.º 104/2008, de 24 de junho. Este Decreto-Lei estabelece o regime da prova pública e do concurso de acesso para lugares da categoria de professor titular. Este procedimento relativo à prova pública para aceder à categoria de professor titular nunca foi aplicado, uma vez que a divisão da carreira foi extinta, com a publicação do Decreto-Lei n.º 75/2010, de 23 de junho.

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A seleção dos professores com as melhores condições para o exercício das funções correspondentes à categoria de titular foi efetuada através da análise dos elementos do currículo profissional de cada candidato, valorizando a experiencia profissional dos seus últimos sete anos, ano escolar de 1999/2000 a 2005/2006. Para a análise curricular “ponderavam-se a habilitação académica e formação especializada, a experiência profissional e a avaliação de desempenho. A experiência profissional versava sobre o desempenho da atividade lectiva e não lectiva, a assiduidade, o desempenho de cargos de coordenação e supervisão pedagógica, o exercício de funções nos órgãos de gestão e administração e de director do centro de formação, a autoria de programas escolares e manuais escolares. Esta análise efetuava-se de acordo com critérios e pontuações atribuídas a cada fator (art.º 10º, do Decreto-Lei n.º 200/2007, de 22 de maio) ” (Cardoso, 2012, p. 141)

consideraram que esta é uma medida injusta. De acordo com o ECD, apenas um terço dos professores de cada agrupamento ou escolas não agrupadas poderia aceder ao cargo de professor titular, mas a tutela decidiu que essa quota não seria esgotada neste primeiro concurso (Decreto-Lei n.º 15/2007, art.º 26, ponto 3).

A progressão na carreira dentro de cada categoria encontra-se confinada a alguns requisitos: os docentes ficam sujeitos à obtenção de dois (para os professores) ou três (para os professores titulares) períodos de avaliação de desempenho iguais ou superiores a Bom e à frequência, com aproveitamento, de módulos de formação contínua, correspondentes a 25 horas anuais (Decreto-Lei n.º 15/2007, art.º 37, ponto 2 a, b, c).

O Decreto-Lei n.º 15/2007, art.º 22, estabelece condições mais rigorosas para o ingresso na carreira, salvaguardando que aqueles que ocupam lugares no quadro preenchem os requisitos para o desempenho das suas funções, através da realização de uma prova de avaliação de conhecimentos e competências, prevendo igualmente a existência de um período probatório durante o qual os professores são supervisionados e acompanhados, no plano didático, pedagógico e científico, por um professor titular (art.º 31).

O Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de janeiro, define os mecanismos indispensáveis à aplicação do novo sistema de avaliação de desempenho dos docentes, abrangendo todos os docentes integrados na carreira, com contrato ou em regime probatório, passando a ser avaliados de dois em dois anos ou no final do contrato ou do período probatório para que, assim, a avaliação se processe de forma mais justa e rigorosa, distinguindo a qualidade e o mérito do trabalho desenvolvido pelos professores.

Apesar da questão do modelo37 de avaliação de desempenho não se apresentar consensual no seio dos professores, podemos encontrar um consenso que gira em torno do princípio da avaliação dos docentes, seja ela da opinião pública e dos administradores do sistema escolar (“os professores devem ser avaliados”) seja das organizações sindicais (“os professores querem ser avaliados”).

Na verdade, tal como Formosinho e Machado (2010) aduzem:

“Este consenso a nível da retórica política esbarra com a dificuldade de encontrar uma forma de concretização que mereça consenso generalizado, com

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Segundo Pacheco (2009), a “disseminação de medidas educativas em Portugal faz-se pela letra do normativo e raramente se faz pela avaliação de experiências no terreno das escolas” o que poderá colocar em causa princípios como o da “exequibilidade” (p. 48).

as divergências entre os papéis respectivos da avaliação do desempenho e da avaliação do mérito, e com as dificuldades em encontrar uma avaliação eficaz e legitimada dos aspectos substantivos da docência” (p. 101).

Em sequência da revisão do ECD, novas regras de avaliação dos educadores de infância e professores dos ensinos básico e secundário são definidas. Estas assentam em mecanismos que premeiam o mérito e que contemplam a competitividade, diferenciando os professores em função dos seus níveis de desempenho, criando, logo de início, alguma conflitualidade e, ao mesmo tempo, um desafio de conciliação das duas lógicas avaliativas: uma mais formativa, de desenvolvimento profissional, e outra mais sumativa, de prestação de contas (Barreira, Bidarra, & Frias, 2009).

A avaliação de desempenho que se encontra consignada no Decreto-Lei n.º 15/2007, no art.º 40, n.º 2, refere que “a avaliação de desempenho do pessoal docente visa a melhoria dos resultados escolares dos alunos e da qualidade das aprendizagens e proporcionar orientações para o desenvolvimento pessoal e profissional no quadro de um sistema de reconhecimento do mérito e da excelência”. Esta alteração do ECD, no seu art.º 41, refere que a avaliação de desempenho docente é ainda relevante para “a progressão e acesso na carreira, para a conversão da nomeação provisória em nomeação definitiva no termo do período probatório, para a renovação do contrato e para a atribuição do prémio de desempenho”.

Ainda de acordo com o documento antes mencionado, no seu art.º 134, n.º 1, é referida a criação do Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP)38: “é criado, na dependência direta do membro do Governo responsável pela área da Educação, o Conselho Científico para Avaliação de Professores com a missão de implementar e assegurar o acompanhamento e monitorização do novo regime de avaliação do desempenho do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos Básico e Secundário”. Neste sentido, cumpre-lhe contribuir para a equidade de padrões de qualidade da avaliação de professores e para assegurar um padrão de consistência em todo o país, i.e., estabelecer regras de avaliação.

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A composição e o modo de funcionamento do CCAP ficam definidos com a publicação do Decreto- Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de fevereiro.

No entanto, este ECD, segundo Ramos (2007, p. 5) “tem suscitado na classe docente mais desconfiança e receios do que expectativas positivas”, nomeadamente pelas ruturas que insere na estrutura da carreira docente e na avaliação do desempenho. Assim sendo, na base do novo ECD, a tónica é colocada numa Agenda que enfatiza a promoção do sucesso escolar, a prevenção do abandono escolar e a melhoria da qualidade das aprendizagens e que vê nos professores o principal recurso de que a sociedade dispõe, pelo que a valorização social passa por um regime de progressão na carreira que depende do desenvolvimento das competências e da avaliação do desempenho docente. O novo ECD transforma a atividade letiva no centro das atenções, motivando os professores para aperfeiçoarem as suas práticas e se empenharem na organização da escola, já que a ação docente é tida como fundamental em cada escola para a prossecução do objetivo de melhoria das aprendizagens dos alunos (Barreira et al., 2009).

A ADD, assim consignada, leva a uma nova visão do professor, que é tido como fator determinante da qualidade do serviço educativo, desenvolvendo a sua profissionalidade em quatro dimensões: (i) a dimensão profissional e ética, (ii) a dimensão de desenvolvimento do ensino-aprendizagem, (iii) a dimensão da participação na escola e relação com a comunidade escolar, (iv) a dimensão de desenvolvimento e formação ao longo da vida, sugerindo que o professor incorpore a sua formação como elemento constitutivo da prática pedagógica (Barreira et al., 2009).Tais dimensões encontravam-se já equacionadas nos Decretos-Lei n.º 240 e 241/2001, de 30 de agosto, onde se traça o perfil de desempenho profissional dos docentes do 2º e 3º ciclo e dos educadores de infância e professores do 1º ciclo, respetivamente.

Em termos de procedimentos de avaliação, o avaliado apresenta Objetivos Individuais ao avaliador, tendo por referência os objetivos e metas estabelecidos no Projeto Educativo e no Plano Anual de Atividades da escola/agrupamento. As fichas de avaliação, bem como a de autoavaliação, são aprovadas por despacho ministerial e preenchidas pelo avaliador e avaliado, respetivamente.

Assim, a avaliação deve implicar uma profunda reflexão baseada na autoavaliação efetuada por parte do docente e materializada na verificação da consecução ou não de determinados objetivos propostos. Esta avaliação tem por referência os objetivos e metas fixados no projeto educativo e no plano de atividades da escola e, por opção, no projeto curricular de turma, bem como nos indicadores previamente estabelecidos pela escola, no

que respeita aos resultados escolares esperados para os alunos e à redução das taxas de abandono escolar.

Neste modelo (Decreto Regulamentar n

Coordenação da Avaliação de Desempenho (CCAD),

Conselho Pedagógico e mais quatro outros professores titulares, pertencentes designados pelo Conselho Pedagógico

processo de avaliação se desenvolva com rigor, proceder à av inexistência de avaliador, validar a atribuição das classificações de

Insuficiente e emitir parecer acerca de eventuais reclamações dos avaliados Para que os propósitos delineados neste modelo de avaliação

processo de avaliação, de acordo com a regulamentação, possui várias etapas distintas ( Figura 2):

Figura 2. Etapas do Processo Avaliativo (art.º 15 do

Da mesma forma, surgem

que são os avaliadores e que possuem funções es Coordenador do Departamento Curricular ( qualidade científico-pedagóg

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De acordo com o estipulado no ponto 2, do artigo 46º, do Decreto

das pontuações obtidas nas várias fichas de avaliação é indicada através de uma escala de menções qualitativas, que corresponde à classificação final da avaliação:

de 8 a 8,9 valores; Bom – de 6,5 a 7,9 valores; atribuição das menções de “Excelent

relativo à aplicação de quotas, tendo em apreciação os resultados alcançados na avaliação externa de escolas. A 16 de dezembro do mesmo ano

algumas das disposições constantes daquele despacho, nomeadamente a (re)atribuição das percentagens máximas por universo de docentes.

Preenchimento, pelo avaliado, de uma ficha de autoavaliação sobre os objetivos alcançados na sua prática profissional

Preenchimento de uma ficha de avaliação pelo Coordenador do Departamento Curricular

Preenchimento de uma ficha de avaliação pelo Presidente do Conferência e validação dos dados constantes da proposta de

Entrevista dos avaliadores com o avaliado e reunião conjunta dos

que respeita aos resultados escolares esperados para os alunos e à redução das taxas de

Decreto Regulamentar n.º 2/2008, art.º 13), é criada

Coordenação da Avaliação de Desempenho (CCAD), constituída pelo Presidente do e mais quatro outros professores titulares, pertencentes

designados pelo Conselho Pedagógico. Esta comissão tem por missão garantir que todo o processo de avaliação se desenvolva com rigor, proceder à avaliação no caso de inexistência de avaliador, validar a atribuição das classificações de Muito Bom

e emitir parecer acerca de eventuais reclamações dos avaliados

Para que os propósitos delineados neste modelo de avaliação possam ser atingidos, o de acordo com a regulamentação, possui várias etapas distintas (

Etapas do Processo Avaliativo (art.º 15 do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de

Da mesma forma, surgem novos atores (ou os mesmos atores com papéis diferentes), e que possuem funções específicas. A avaliação é efe

ador do Departamento Curricular (avaliador), que pondera o envolvimento e a pedagógica, com base nos seguintes parâmetros (cf. Figura 3)

De acordo com o estipulado no ponto 2, do artigo 46º, do Decreto-lei n.º 15/2007, a classificação média das pontuações obtidas nas várias fichas de avaliação é indicada através de uma escala de menções qualitativas, que corresponde à classificação final da avaliação: Excelente – de 9 a 10 valores;

de 6,5 a 7,9 valores; Regular – de 5 a 6,5 valores; Insuficiente

Excelente” e “Muito Bom” efetuou-se conforme o Despacho n.º 20131/2008

relativo à aplicação de quotas, tendo em apreciação os resultados alcançados na avaliação externa de escolas. A 16 de dezembro do mesmo ano, foi publicado o Despacho n.º 31996 que procedeu à cl

algumas das disposições constantes daquele despacho, nomeadamente a (re)atribuição das percentagens máximas por universo de docentes.

Preenchimento, pelo avaliado, de uma ficha de autoavaliação sobre os objetivos alcançados na sua prática profissional

Preenchimento de uma ficha de avaliação pelo Coordenador do Departamento Curricular

Preenchimento de uma ficha de avaliação pelo Presidente do Conselho Executivo/Diretor

Conferência e validação dos dados constantes da proposta de classificação

Entrevista dos avaliadores com o avaliado e reunião conjunta dos avaliadores para a atribuição da classificação final

que respeita aos resultados escolares esperados para os alunos e à redução das taxas de

, é criada a Comissão de pelo Presidente do e mais quatro outros professores titulares, pertencentes a este órgão, . Esta comissão tem por missão garantir que todo o aliação no caso de Muito Bom, Excelente e e emitir parecer acerca de eventuais reclamações dos avaliados39.

possam ser atingidos, o de acordo com a regulamentação, possui várias etapas distintas (cf.

º 2/2008, de 10 de janeiro)

tores com papéis diferentes), pecíficas. A avaliação é efetuada pelo , que pondera o envolvimento e a

(cf. Figura 3):

lei n.º 15/2007, a classificação média das pontuações obtidas nas várias fichas de avaliação é indicada através de uma escala de menções de 9 a 10 valores; Muito Bom –

Insuficiente – 1 a 4,9 valores. A

se conforme o Despacho n.º 20131/2008 relativo à aplicação de quotas, tendo em apreciação os resultados alcançados na avaliação externa de escolas. foi publicado o Despacho n.º 31996 que procedeu à clarificação de algumas das disposições constantes daquele despacho, nomeadamente a (re)atribuição das percentagens

Conferência e validação dos dados constantes da proposta de Entrevista dos avaliadores com o avaliado e reunião conjunta dos

Figura 3. Parâmetros a ser Considerados (art.º17 do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de janeiro)

A avaliação efetuada pelo Conselho Executivo/Diretor (avaliador) pondera, de acordo com elementos disponíveis, os seguintes indicadores de classificação (cf. Figura 4):

Figura 4. Indicadores de Classificação (art.º18 do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de janeiro)

A classificação dos parâmetros definidos para a avaliação do desempenho deve atender a múltiplas fontes de dadose instrumentos de registo, para proceder à recolha, durante o ano escolar, de todos os elementos relevantes de natureza informativa, tais como (cf. Figura 5): Preparação e organização das actividades lectivas Realização das actividades lectivas Relação pedagógica com os alunos Processo de avaliação das aprendizagens dos alunos Nível de assiduidade Serviço distribuído

Progresso dos resultados escolares e taxa de abandono escolar Participação do docente no Agrupamento e apreciação do seu trabalho colaborativo Acções de formação contínuas e concluídas Exercício de outros cargos ou funções de natureza pedagógica Dinamização de projetos de investigação Apreciação realizada pelos pais e encarregados de educação

Figura 5. Fontes/dados de Registo (art.º 6 do Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de janeiro)

Para uma sistematização das principais caraterísticas do modelo de ADD, veja-se o Quadro 3 adaptado de Mota (2009).

Quadro 3

Síntese da Avaliação do Desempenho dos Docentes Portugueses Objetivos finais

Melhoria da qualidade das aprendizagens e dos resultados escolares dos alunos

Desenvolvimento pessoal e profissional dos professores, num sistema de reconhecimento do mérito e da excelência

Fundamentos

SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho na Administração Pública)

LBSE (Lei de Bases do Sistema Educativo)

Perfil de desempenho (quatro vertentes: desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; desenvolvimento profissional ao longo da vida; dimensão ética e social; participação na escola e relação com a comunidade)

Objeto de avaliação

Competências de planificação, realização e avaliação das atividades letivas

Ênfase na aquisição de resultados escolares

Participação na dinâmica da escola (incluindo o desempenho de cargos) e relação com a comunidade envolvente

Formação contínua

Avaliadores

Internos: Coordenador de Departamento ou do Conselho de Docentes (ou docente com delegação de competências); Presidente do Conselho Executivo/Diretor (ou membro do Órgão de Gestão com delegação de competências); CCAD (em situações específicas)

Externos: Diretor Regional de Educação (para os Diretores de Escola e Diretores dos CFAE40)

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Centro de Formação de Associação de Escolas

Relatórios certificativos de aproveitamento em

ações de formação

Autoavaliação

Observação de aulas Análise de instrumentos de gestão curricular Materiais pedagógicos desenvolvidos e utilizados Instrumentos de avaliação pedagógica

Planificações das aulas e instrumentos de avaliação utilizados com

Quadro 3 (cont.)

Síntese da Avaliação do Desempenho dos Docentes Portugueses

Instrumentos de avaliação

Autoavaliação

Observação de aulas; instrumentos de planificação e avaliação de aulas; instrumentos de gestão curricular; materiais pedagógicos; relatórios de ações de formação

Efeitos

Ingresso na carreira: conversão da nomeação provisória em nomeação definitiva

Progressão horizontal: mudança de escalão e índice salarial Promoção vertical: acesso à categoria de professor titular Outros efeitos: renovação de contrato; reconversão ou reclassificação profissional; atribuição de prémio de desempenho

Outros aspetos

Periodicidade: de dois em dois anos para docentes integrados na carreira; final do período probatório; final de contrato Garantias: conhecimentos dos critérios de avaliação; sigilo e confidencialidade

Requisitos de tempo: um ano, no mínimo Fonte: Mota (2009, p. 27)

Neste ciclo avaliativo, a avaliação da componente científico-pedagógica foi considerada um ponto primordial do processo de avaliação de ADD, “pelas potencialidades e pelos efeitos positivos que pode ter para romper o isolamento em que a atividade docente tradicionalmente ocorre e criar condições que conduzam a uma melhoria do desempenho profissional” (CCAP, 2008b, p.12). Contudo, foi um ponto de discórdia e de tensões, pelo que o CCAP41, em julho de 2008, emitiu algumas recomendações. Assim, este Conselho recomendava:

a) Que “a observação de aulas se faça no quadro de um processo de acompanhamento científico, pedagógico e didático e de interação entre avaliadores e avaliados, centrado nas práticas educativas”;

b) Que “as escolas acionem os dispositivos legais (...), de modo a garantir a credibilidade científica e pedagógico-didática dos avaliadores”;

c) Que “a actividade de observação, longe de se limitar ao simples preenchimento