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Procedimentos de recolha e análise de dados

Capítulo I – Introdução

Capítulo 4 – Metodologia

4.3 Procedimentos de recolha e análise de dados

Atendendo à necessidade de assegurar que toda o estudo seria pautado pelo respeito das normas éticas e parâmetros de qualidade, durante o desenvolvimento do estudo utilizou-se como referência standards internacionais, especificamente os da American Education Research Association (AERA, 2002) e os da British Educational Research Association (2011). Salienta-se por exemplo, neste campo: (i) a necessidade de garantia de consentimento informado, (ii) o direito à decisão de participação ou não na investigação, (iii) o direito à proteção da intimidade, (iv) o direito à proteção contra o prejuízo dos participantes; (v) o direito a um tratamento justo e equitativo e, por fim, (vi) o direito ao anonimato e confidencialidade (Tuckman, 2005) – normas e orientações que suportaram o delineamento e operacionalização do estudo no campo empírico.

Tendo por base a necessidade de recolher dados junto de professores e

stakeholders, realizaram-se dois procedimentos distintos de aplicação de instrumentos. Em relação aos questionários aplicados aos professores, num primeiro momento, após conclusão dos processos de validação dos instrumentos e ao abrigo do despacho N.º15847/2007 que regulamenta a aplicação de questionários em meio escolar, a escala utilizada foi submetida em http://mime.gepe.min-edu.pt/, sendo posteriormente

autorizada pelo Ministério da Educação e Ciência a sua utilização.

Posteriormente a escala foi colocada online, de forma a que pudesse ser enviado, através de email, o pedido a todas direções de agrupamento de Portugal Continental para reencaminharem o url do questionário aos professores de 2º e 3º ciclo do seu agrupamento. A base de dados dos agrupamentos de escola foi obtida num duplo movimento, quer através da pesquisa nos sítios das antigas Direções Regionais de Educação, quer através dos dados fornecidos pela Rede de Bibliotecas Escolares.

Deste modo, o processo de recolha de dados aos professores obedeceu igualmente a dois momentos distintos. Numa primeira fase enviou-se um email às direções dos agrupamentos solicitando que reencaminhassem o email a todos os

docentes de 2º e 3º ciclo do seu agrupamento. Após um mês decorrido e atendendo que apenas tinham respondido ao pedido cerca de 1000 professores, foi enviado um pedido semelhante à Rede de Bibliotecas Escolares (MEC), que reencaminhou o pedido através do email institucional. O email enviado em ambos os momentos apresentava o projeto de investigação e respetivos os objetivos, o número de registo no sistema de

monitorização de inquéritos em meios escolar, e a garantia de anonimato e confidencialidade de todos os dados facultados.

O questionário online foi construído com recurso à aplicação Lime Survey, alojada nos servidores do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Esta opção justificou-se pela necessidade de utilização duma aplicação de acesso livre (mas

denotando o vínculo institucional do processo), que pudesse ser alojada em servidores internos, garantindo a exportação de dados posterior para programas de tratamento estatístico como o Excel e o SPSS. O processo de recolha de dados aos professores através de questionário decorreu entre Fevereiro e Junho de 2013.

No que concerne ao processo de organização e tratamento de dados recolhidos, numa primeira fase exportou-se os dados diretamente da aplicação Lime Survey para Excel, eliminando submissões nulas e duplas submissões, de forma a poder proceder à transferência desta base de dados para o Software SPSS, versão 21.

Relativamente às entrevistas realizadas, após o envio de um email aos entrevistados com a especificação dos objetivos da investigação realizada e

entrevistas foram presenciais e iniciadas pela garantia de confidencialidade dos dados recolhidos e pela autorização de gravação por parte dos participantes.

Posteriormente procedeu-se à transcrição integral do material, realizando assim uma pré-análise do corpo de texto (Robert & Bouillaguet, 2002). Complementarmente estruturou-se o processo de análise de conteúdo às entrevistas realizadas.

Segundo Osgood, (1985, cit. por Vala, 1986) a análise de conteúdo pode estruturar-se em torno de três possibilidades: (i) numa análise de ocorrências, onde se identifica a frequência dos objetos, estabelecendo por exemplo os temas principais do corpus de dados analisado; (ii) num processo de análise avaliativa, que possibilita verificar que tipo de atitudes os sujeitos têm face a um determinado conceito; (iii) ou uma análise associativa, onde se desenvolvem possíveis associações e se procura encontrar uma estrutura de dados. Para este autor, qualquer que seja a estrutura de análise de conteúdo desenvolvida é necessário: (i) delimitar os objetivos e definir um quadro teórico orientador da pesquisa; (ii) constituir um corpus de dados; (iii) definir categorias de análise; (iv) definir unidades de análise; e (v) quantificar os dados.

Segundo autores como Ghiglione e Matalon (2001) a delimitação dos objetivos de investigação e do quadro teórico orientador da pesquisa por um lado e a constituição de um corpus de dados, por outro, determinam a forma como se procede à análise de conteúdo. Deste modo, existirão dois tipos de procedimentos base na análise de dados: (i) procedimentos fechados, em que o quadro teórico define as categorias de análise, sendo estas estruturadoras da análise; e (ii) procedimentos abertos, onde embora haja uma linha orientadora de trabalho, se segue um quadro de análise sem nada fixado, selecionando-se as evidências, as diferenças, as semelhanças e as transformações encontradas durante a análise de dados.

Consequentemente obter-se-á estruturas de categorização de dados diferentes consoante o tipo de análise que se desenvolver. Podendo o processo de categorização ocorrer a priori, a posteriori ou como um misto de ambos (segundo Vala, 1986; Ghiglione & Matalon, 2001; Huberman & Miles, 1994), sugere-se que este

procedimento seja definido pelo design metodológico da investigação. No caso do presente estudo, e atendendo à sua natureza mista (onde se recolheram dados quantitativos e qualitativos) incide-se num processo de codificação dos dados qualitativos a priori, utilizando como categorias de análise as dimensões e as competências encontradas no processo de scoping literature review.

No que concerne os processos de codificação, Ghiglione e Matalon (2001) referem que quando se criam categorias a priori, a preocupação deve incidir na constituição de classes equivalentes, procurando considerar todos os dados válidos. Noutra esfera, nos processos de análise baseados em categorias a posteriori, a preocupação deverá incidir na testagem da validade interna, já que os enviesamentos feitos pelo investigador serão mais frequentes.

Nesta investigação procedeu-se, como referido, a um processo de categorização a priori, analisando o corpus de dados proveniente das respostas dadas pelos

stakeholders à luz dessas categorias e das unidades de análise consequentes, dum ponto de vista quantitativo, de forma a analisarmos a frequência de cada resposta. A adoção deste sistema de análise em detrimento de outro onde se considerassem respostas de carácter contextual deveu-se à opção pela abordagem mista concomitante, em que se codificam os dados qualitativos simultaneamente à interpretação dos dados

quantitativos. Para isso seguiu-se as indicações de Creswell (2010) onde se salienta que, numa abordagem mista concomitante, pode ocorrer quantificação dos dados

qualitativa. Essa quantificação desenvolve-se, de acordo com o autor, através da criação de códigos qualitativos e da posterior contagem destes no corpus de dados.