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INTEGRAL: ANÁLISE DE SUA GESTÃO EM UMA ESCOLA MINEIRA QUE ATENDE ALUNOS DE ÁREA DE RISCO E

2. Proposta do Plano de Ação Educacional

Levando-se em consideração os desafios evidenciados no contexto de implementação do Proeti na escola pesquisa-da, as possíveis intervenções sugeridas no Plano de Ação Educacional se relacionam tanto com o ambiente interno quanto com o externo à escola. Propomos, no Ciclo de Formação Continuada do Proeti, uma formação que, além de capacitar os profissionais envolvidos, seja capaz de provocar uma alteração na forma de contratação dos professo-res que atuarão no projeto, e que possibilite sua valorização na carreira através da promoção por escolaridade. A proposta tem por objetivo principal tornar os profissionais que trabalham no Proeti mais capacitados, devido a ações contínuas e coordenadas dos profissionais envolvidos no projeto, com efeitos significativos na organização do tempo e do espaço na escola pesquisada. Além disso, propomos mecanismos de interação entre a escola e seu entorno, para que as ações desenvolvidas no projeto tenham a participação de outras instituições e sejam compartilhadas com a sociedade.

A falta de articulação entre o turno regular e o contraturno e a raridade ou inexistência de parcerias foram algumas das constatações que nos remeteram à necessidade de um coordenador específico para o Proeti, com um regime de 40 horas, assim como para os professores. Dessa forma, a formação continuada e a valorização da carreira são condições essenciais para o alcance de uma educação integral de qualidade. A ampliação do tempo escolar para os alunos deve implicar a ampliação do tempo do professor na unidade escolar, para a devida articulação pedagógica entre o trabalho desenvolvido no turno regular e no contraturno. Como pretende a SEE/MG, a organização curricular diferenciada do Proeti demanda novas formas de organização dos espaços e dos tempos escolares, bem como dos recursos humanos, do espaço físico, e de parcerias intersetoriais, com o intuito de atender as propostas de realização de projetos, oficinas, e de formação pessoal e social do projeto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo, percebemos que, por mais que a proposta de educação em tempo integral da SEE/MG, aliada ao Programa Mais Educação, esteja fundada na formação plena dos indivíduos a partir do desenvolvimento de suas múltiplas dimensões – intelectual, atitudes e valores, respeito à diversidade, exercício da solidariedade e da cidada-nia, física e afetiva, entre outras –, carrega consigo a responsabilidade social no que tange à diminuição da pobreza e à desigualdade social, amplamente disseminada nas últimas décadas, e acaba levando a escola a desenvolver um papel assistencial.

Contudo, conforme observamos, o tempo integral estimula a ressignificação da escola. Na verdade, ele não significa apenas uma extensão da jornada escolar e não se restringe aos saberes e aos tempos e espaços escolares. Dentre as funções da escola em tempo integral, como colocado no Documento Orientador do Proeti, deve ser destacada a capacidade de a escola desenvolver as múltiplas linguagens e as diversas formas de expressão, “[...] de forma a garantir que a arte, a cultura, o esporte, as novas tecnologias, entre outras, façam parte da formação integral dos alu-nos” (MINAS GERAIS, 2013b, p.7). Nesse trabalho, a articulação com as práticas sociais e, ao mesmo tempo, com o mundo econômico, da política, da cultura e da ciência, deve favorecer a educação integral como forma de superação da situação de exclusão social das crianças e dos adolescentes economicamente menos favorecidos, e que vivem em situação de vulnerabilidade e risco social.

As várias pesquisas empreendidas até o momento sobre educação de tempo integral não esgotam as discussões e reflexões necessárias ao tema, mas já indicam os diversos desafios a serem enfrentados e os caminhos a serem percorridos na implantação do tempo integral nas escolas brasileiras e, aqui, em particular, nas escolas mineiras. Por-tanto, cabe aos governos das três esferas administrativas (federal, estadual e municipal) usar essas pesquisas como referência no momento da elaboração de suas políticas de educação integral, de forma que o direito à educação de qualidade não se esvaia e não acabe ficando somente no campo do discurso.

REFERÊNCIAS

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Márcia Aparecida Batista Ferreira*

* Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: marciab.

PROJOVEM URBANO DE JUIZ DE FORA: TRAJETÓRIAS E

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