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Protagonizada por John Ruskin e Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc Sec XIX.

Livro VII. Dos acabamentos para os edifícios privados.

31 Protagonizada por John Ruskin e Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc Sec XIX.

adiantamento da tutela para fins de consolidação do movimento, mas porque aquelas obras constituem, originalmente, em indeléveis representantes deste movimento.

A última noção, o princípio crítico, será dedicado à recepção e difusão da nova arquitetura, e suas possíveis implicações na preservação do patrimônio contemporâneo – não mais pelos modernistas instalados na repartição, mas pela crítica externa, seja constituída pelo curador da exposição e livro- catálogo Brazil Builds, seja ela representada por outros inventariantes da arquitetura moderna brasileira, como Henrique Mindlin e Yves Bruand, sem deixar de lado a veiculação da nova arquitetura em revistas nacionais e principalmente, estrangeiras, inclusive reproduzidas em edições especiais, onde haverá a possibilidade de comparar os ajuizamentos críticos externos.

O valor do reconhecimento. A Teoria da Recepção ou Estética da Recepção, na filosofia, envolve a

produção, o reconhecimento e a comunicação das diversas manifestações artísticas. Criada por Hans Robert Jauss (1960), ela parte da intersubjetividade ou da colaboração entre os diferentes sujeitos: autor, obra e receptor. Por isso, o princípio crítico aparece como a última noção em análise, uma vez que reunirá as demais noções favorecendo o alinhamento perseguido entre os três princípios.

Para situar, atender e dar partida ao capítulo, transcreveu-se o “Esclarecimento” redigido por Lucio Costa e endereçado ao Ministro da Fazenda, em resposta à carta-convite enviada pelo Ministro Gustavo Capanema, datada de 25 de março de 1936 (onde solicita a elaboração de um projeto para a Sede do Ministério de Educação e Saúde, indagando sobre seu orçamento).

A escolha deste registro na apresentação do capítulo é justificada não só pela importância que assumiu enquanto finalidade, mas porque coloca em relevo os três princípios em análise e seus enfoques: a razão, a autenticidade e a recepção e difusão do principal monumento à modernidade brasileira, corroborando com a área de concentração do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura – Teoria, História e Crítica – e com a linha de pesquisa escolhida: Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Arquitetura.

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1937. Senhor Ministro,

Ao encaminharmos a V. Excia. As informações pedidas sobre o custo provavel do edifício em construção destinado á sede dêsse Ministério, desejariamos fazer a respeito de algumas considerações que nos parecem oportunas.

Na construção de edifícios públicos de significação não apenas utilitária, mas também representativa, não se deve ter em vista “principalmente” a economia, senão,

antes do mais, a necessidade de traduzir de forma adequada a ideia de prestígio e

dignidade logicamente sempre associada á noção de coisa pública.

Não é, contudo, pelo tratamento luxuoso das instalações internas ou da aparência exterior, e, menos ainda, pelas encenações artificiosas e de aparato, em desacordo com as boas normas de economia que o governo se traçou, que esta ideia se manifesta, mas, tão somente, por uma certa nobreza de intenção revelada nas proporções

monumentais da obra e na simplicidade e boa qualidade de seu acabamento. Um edifício da natureza dêste que se constroe não pode razoavelmente apresentar acabamento inferior ao dos prédios comerciais da cidade, construidos por iniciativa privada. Edifício desta classe, ou faz-se convenientemente – como em toda parte – ou então, não se faz de todo. Aliás, a boa qualidade do material de acabamento, além de satisfazer ás conveniências de uma aparência digna, resulta

afinal, com o tempo, em economia, porquanto sendo ele melhor, maior será tambem a sua duração, conservando sempre o bom aspeto próprio das coisas de qualidade, – o que é capital quando se trata de obras empreendidas para o serviço de mais uma geração.

A construção do novo edifício destinado á sede dêsse Ministério não é, por conseguinte, uma construção barata. Procuramos dar-lhe o acabamento normal de um edifício de sua categoria. E, para esclarecer melhor o que pretendemos significar com essa expressão, citaremos aqui, a título de exemplo, dois edifícios que, embora diferentes sob vários aspectos, apresentam êsse grao de acabamento que consideramos normal: a Biblioteca e Mapoteca do Itamaratí e a nova Estação de Hidros do Aeroporto Santos Dumont. Acresce ainda que, no caso em apreço, não se trata de uma construção do tipo usual. A estrutura, as esquadrias, os revestimentos, a proteção contra o sol, etc., tudo obedece a processos ainda não admitidos como de uso corrente, o que certamente tambem concorre para elevar o preço global de construção.

Sob êsse aspeto convem acentuar ser esta a primeira vez que se empregam em obra

de tal importância e de forma assim tão clara e precisa, os princípios da nova técnica de construir, ha tantos [sic] preconizada pelos Congressos Internacionais de

Arquitetura Moderna.

Ainda não existe, com efeito, nem na Europa, nem na America ou no Oriente, nenhum edifício público com as características dêsde agora em vias de conclusão. É certo

que os nossos críticos divergem nesse particular: ha os que consideram as soluções de ordem geral adotadas em todos os demais paises sempre inadmissiveis em nosso meio, em vitude das “condições locais” e da nossa “formação particularissíma”; e ha os que só entendem acertado reproduzir-se de segunda mão aquilo que se faz no estrangeiro, os erros inclusive – E.U.A., Italia, França, Alemanha, variando preferências de acôrdo com o itinerário de cada um. O fato, entretanto, é que, neste caso, não estamos, Snr. Ministro, a imitar aqui o que já se fez em outros paises, nem tampouco improvisar coisa alguma. Estamos simplesmente a aplicar, com conciência, os princípios

reconhecidos pelos arquitetos modernos do mundo embora nenhum governo ainda

os tivesse oficialmente adotado em obra de tamanho vulto.

Trata-se, assim, de um empreendimento de repercussão internacional e como tal terá seu lugar na história da arquitetura contemporânea. Prova disto é o interesse

que vêm demonstrando pela obra as melhores visitas técnicas e estrangeiras. E coube ao nosso país dar êsse passo definitivo: mais um testemunho bem significativo de que já não condicionamos as nossas iniciativas a beneplácitos de fóra.

Outro motivo que faz elevar o preço da construção é a importância nela atribuida ás obras de arte: pintura e escultura. Não se compreenderia, na verdade, que o Ministério a cujo cargo estão a proteção e o desenvolvimento das artes plásticas no país se abstivesse de, na construção do edifício destinado á própria sede, apresentá-las condignamente.

Finalmente, têm concorrido para escarecer32 [sic] desnecessariamente a obra, as

demoras e dificultadades [sic] havidas no desembaraço das verbas indispensáveis, e a consequente paralisação parcial ou total dos serviços.

Eram estas, Snr. Ministro, as considerações que desejamos fazer. Assina Lucio Costa (COSTA, 1995, p. 132-134, grifo nosso).

Ainda, o “Esclarecimento” é importante porque:

I. Mais do que uma justificativa para o orçamento do edifício do MES, o documento é uma

discussão sobre valor enquanto relevância, significação e virtude de um exemplar

paradigmático da arquitetura moderna e foi redigido com base em princípios e critérios de qualidade em arquitetura, portanto, um indicativo para esta pesquisa.

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