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I SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL RELATO DE EXPERIÊNCIA:

O PROCESSO DE ADOECIMENTO DO USUÁRIO E OS VÍNCULOS FAMILIARES

2. RELATO DESCRITIVO E ENCAMINHAMENTOS REALIZADOS

A usuária Nair chegou ao hospital universitário, pela porta da emergência, encaminhada pela UPA da Palhoça e, em seguida, foi internada na Clínica Médica II do HU/UFSC. O diagnóstico final foi câncer avançado no útero. A usuária estava acompanhada de sua mãe Ieda, seu único vínculo familiar. No dia de sua internação, o Serviço Social realizou o acolhimento com Nair e sua mãe como atividade de rotina inicial realizada com qualquer paciente internado no hospital. Em entrevista, a Sra. Ieda relatou que foi casada no religioso e abandonada pelo esposo, quando Nair tinha 8 anos, que nunca retornou para uma aproximação com a filha ou para contribuir financeiramente em prol de auxiliar nas necessidades básicas para desenvolvimento dela. Ademais, Sra. Ieda e Nair não possuem vínculo com nenhum familiar e residem em casa própria no município de Palhoça.

79 Estudante de Serviço Social, Universidade Federal de Santa Catarina, gabrielacarraro@gmail.com 80 Estudante de Serviço Social, Universidade Federal de Santa Catarina, nayara_tonelli@hotmail.com

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Em relação às condições socioeconômicas da família, ambas não possuem renda, uma vez que Nair se encontra desempregada devido à sua condição de saúde e Sra. Ieda não é aposentada. A família recebe auxílio de vizinhos, inclusive para cuidados de Nair. Sem receber nenhum benefício da Política da Assistência Social devido à falta de conhecimento do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), o Serviço Social entrou em contato com a Assistente Social do INSS da Palhoça e informou sobre a situação da família, sendo agendado uma perícia para Nair no dia 24/04/2017.

Realizamos contato com o CRAS — Caminho Novo, localizado na Palhoça/SC, a fim de repassar a situação sociofamiliar, ele informou que durante a internação de Nair seria realizado o agendamento para a solicitação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e, posteriormente, a senhora Ieda poderia ser acompanhada pela instituição, uma vez que existe no CRAS da região o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo para Idosos (SCFV). Ao repassar essas informações para a senhora Ieda, foi efetuado o preenchimento do formulário para solicitação do BPC. Entretanto, Sra. Ieda informou não possuir o Cadastro de Pessoa Física (CPF).

No dia 22/03/2017, a equipe de cuidados paliativos procurou o Serviço Social para conversar sobre o estado de saúde da usuária, foi relatada a grave preocupação com a Sra. Ieda, pois ela possui 80 anos e não tem nenhum familiar próximo para auxílio e cuidados. O Serviço Social, ao conversar com a mãe da usuária, teve a informação que ela possuía uma amiga chamada Eliete, a qual mantinha vínculo com ela e a ajudava todo mês, inclusive durante a internação de sua filha. Logo após tais informações, o Serviço Social realizou contato com a Sra. Elite que afirmou conhecer a família e ter realizado uma visita a paciente Nair no hospital.

Realizada cópia do documento de RG da usuária Nair e efetuado contato com a gerente do Banco Caixa Econômica, com o intuito de solicitar informações sobre o CPF da Sra. Ieda para possível agendamento de atendimento para o BPC, o gerente repassou o número do CPF, porém destacou que o mesmo se encontrava suspenso. No mesmo dia, o CRAS da Palhoça/SC entrou em contato com o Serviço Social e comunicou que o atendimento para o BPC da idosa estaria agendado para o dia 29/05/2017.

A Sra. Ieda, no dia 31/03/2017, informou que compareceu a Receita Federal de Florianópolis e que regularizou seu CPF. Assim, dando sequência aos procedimentos, o Serviço Social comunicou sobre a necessidade da regularização do Título de Eleitor para

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garantia do benefício (BPC). Com tal orientação, a senhora afirmou que estaria comparecendo ao Cartório Eleitoral da Palhoça, no dia 03/04/2017, para regularização do seu Título.

No dia 04/04/2017, a estagiária Renata levou a Sra. Ieda ao Instituto Geral de Perícias (IGP) para fazer seu novo RG, que era um requisito mínimo para concessão do BPC. No dia 06/04/2017, o Serviço Social conversou com a equipe multiprofissional do HU/UFSC sendo relatada a ausência de perspectivas de vida para à usuária Nair. Procurada a mãe da usuária, a mesma relatou já possuir conhecimento sobre o estado de saúde da filha e que não via o porquê de continuar providenciando os documentos. Com isso foi necessário informar sobre a importância da regularização dos documentos tanto para solicitação do benefício de Nair como para o seu próprio BPC. Assim, foi encaminhado e-mail ao INSS para verificar a possibilidade de adiantamento da perícia.

Diante da situação descrita, o Serviço Social entrou em contato com as residentes da Psicologia para verificar os possíveis encaminhamentos que seriam feitos, caso viesse a ocorrer o óbito da usuária Nair. Isso foi feito tendo em vista a fragilizada rede de apoio, composta unicamente por uma mãe idosa e deprimida, em virtude de toda situação. A psicóloga informou que provavelmente a Sra. Ieda não teria estrutura emocional para realizar os procedimentos referentes ao processo de óbito. Com base nesse acompanhamento multiprofissional, foi decido entrar em contato com a Sra. Eliete, única referência de vínculo, para verificar a possibilidade de amparo, visto a vulnerabilidade psicológica da idosa.

A usuária Nair veio a óbito, no dia 16/04/2017, acompanhada de sua mãe. Enfermeiros relataram que Sra. Ieda ficou muito nervosa, saindo do hospital às 22:00 horas, sozinha. Assim que foi informado o óbito da usuária, o Serviço Social iniciou o processo de tomada de providências, visto que a família não possuía as mínimas condições econômicas de arcar com os custos do sepultamento. Em contato com a Sra. Eliete, explicamos a situação e ela ajudou nesse processo.

Ao se tentar contato com o CRAS da Palhoça/SC, foi constatado que a equipe trabalha apenas no período vespertino, pois o novo prefeito avaliou como desnecessária a abertura do CRAS no turno da manhã. Assim, como o processo exigia urgência, foram pensadas outras alternativas. Realizamos contato com diferentes CRAS da Palhoça/SC, a informação obtida foi que a prefeitura custearia 450 reais para auxílio nos gastos do sepultamento. Em contato com outras duas funerárias para verificação do processo devido ao custeamento da prefeitura em parte do sepultamento, foram solicitados orçamentos simples para análise das possibilidades. Uma das funerárias, localizada na Palhoça/SC, após tomar conhecimento da situação,

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comunicou a equipe do Serviço Social do HU-UFSC que o sepultamento mais barato sairia por 800 reais e que não seria cobrada a parte da família, assumindo o valor de 350 reais faltantes para completar o pagamento do serviço completo. Entretanto, a própria funerária se responsabilizaria em procurar a prefeitura para pedir a parcela de dinheiro em débito.

Outros vizinhos também vieram prestar apoio a Sra. Ieda devido ao seu abalo emocional. A usuária Nair não chegou a realizar a perícia que estava marcada para o dia 24/04/2017 e a Sra. Ieda aguardava a liberação do seu BPC, até o presente relato.

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