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DA RESPONSABILIDADE DIRETA DO ESTADO, POR ATO PRATICADO NO ÂMBITO DAS SERVENTIAS NOTARIAIS E REGISTRAIS OFICIALIZADAS:

2. RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL EXTRACONTRATUAL DO ESTADO POR ATOS NOTARIAIS E DE REGISTRO:

2.3 RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL EXTRACONTRATUAL DO ESTADO ESTUDO DO ARTIGO 37, §6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E HIPÓTESES DE

2.3.2 DAS HIPÓTESES DE RESPONSABILIDADE DIRETA DO ESTADO, RELACIONADAS À ATIVIDADE NOTARIAL E REGISTRAL:

2.3.2.3 DA RESPONSABILIDADE DIRETA DO ESTADO, POR ATO PRATICADO NO ÂMBITO DAS SERVENTIAS NOTARIAIS E REGISTRAIS OFICIALIZADAS:

Situação que merece ser analisada é aquela que pertine à responsabilidade direta do Estado, por atos notariais e de registro, praticados no âmbito das serventias oficializadas, das quais trata o artigo 32, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias159.

Sob a égide da Constituição Federal de 1967, foi editada pelo Presidente da República, em virtude do recesso do Congresso Nacional, a Emenda Constitucional n. 7/1977, conhecida como “Pacote de Abril”, a qual, com relação à atividade notarial e registral, atribuiu a competência legislativa para a União Federal, quanto às normas gerais para os emolumentos relativos aos registros públicos e serviços notariais; bem como para legislar sobre registros públicos – que o texto constitucional original já previa – e sobre tabelionatos (art. 8º, inciso XVII, alíneas c e e).160

Esta mesma Emenda 7/77 incluiu, no Título V (Das Disposições Gerais e Transitórias), os artigos 201 a 207 ao texto constitucional.

O artigo 206, que tratava de notários e registradores, tinha a seguinte disposição: Art. 206. Ficam oficializadas as serventias do foro judicial e extrajudicial, mediante remuneração de seus servidores exclusivamente pelos cofres públicos, ressalvada a situação dos atuais titulares, vitalícios ou nomeados em caráter efetivo.

§ 1º Lei complementar, de iniciativa do Presidente da República, disporá sobre normas gerais a serem observadas pelos Estados e pelo Distrito Federal na oficialização dessas serventias.

§ 2º Fica vedada, até a entrada em vigor da lei complementar a que alude o parágrafo anterior, qualquer nomeação em caráter efetivo para as serventias não remuneradas pelos cofres públicos.

§ 3º Enquanto não fixados pelos Estados e pelo Distrito Federal os vencimentos dos funcionários das mencionadas serventias,

159 Ato das disposições constitucionais transitórias. “Art. 32. O disposto no art. 236 não se aplica aos serviços notariais e de registro que já tenham sido oficializados pelo Poder Público, respeitando-se o direito de seus servidores.”

160 Constituição Federal de 1967, com a redação da Emenda Constitucional 7/77: “Art. 8º - Compete à União: XVII - legislar sobre:

c) normas gerais sobre orçamento, despesa e gestão patrimonial e financeira de natureza pública; taxa judiciária, custas e emolumentos remuneratórios dos serviços forenses, de registro públicos e notariais; de direito financeiro; de seguro e previdência social; de defesa e proteção da saúde; de regime penitenciário; e) registros públicos, juntas comerciais e tabelionatos;

continuarão eles a perceber as custas e emolumentos estabelecidos nos respectivos regimentos.

Referida Emenda foi fruto do denominado movimento da oficialização, ou estatização dos cartórios, que buscava acabar com o caráter privatista e patrimonialista das serventias.

Todavia, a experiência de estatização, onde foi implementada, foi desastrosa, tanto no aspecto jurídico, quanto no prático, do atendimento à população.

Como ressalta Décio Antônio ERPEN:

O equívoco foi, então, constitucionalizado. Consagrou-se a confusão da atividade disciplinar com a da atividade-fim. Mesclaram-se as áreas da prevenção do litígio, e que outorga a paz jurídica, com a da composição da lide.161

É de se consignar que, mesmo antes da Emenda Constitucional n. 7/77, alguns Estados já haviam promovido a estatização dos serviços extrajudiciais, tendo-se como exemplo emblemático o do Estado da Bahia, no qual a Lei Estadual Baiana 3.075, de 07 de dezembro de 1972, com vigência a partir de 01 de março de 1973, estatizou as serventias da Capital daquele Estado.

Cinco anos depois da Emenda Constitucional n. 7/77, em 29 de junho de 1982, foi promulgada, pelo Congresso Nacional, a Emenda Constitucional n. 22/1982, a qual veio a alterar a redação do mencionado artigo 206 da Constituição (incluído pela Emenda Constitucional 7/77) e acrescentar à Carta Constitucional mais dois artigos a respeito de notários e registradores, os quais receberam os números de artigos 207 e 208, tendo a seguinte redação:

Art. 206. Ficam oficializadas as serventias do foro judicial mediante remuneração de seus servidores exclusivamente pelos cofres públicos, ressalvada a situação dos atuais titulares, vitalícios ou nomeados em caráter efetivo ou que tenham sido revertidos a titulares.

Art. 207. As serventias extrajudiciais, respeitada a ressalva prevista no artigo anterior, serão providas na forma da legislação dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, observado o critério

161 ERPEN, Décio Antônio. Da responsabilidade civil e do limite de idade para aposentadoria compulsória

da nomeação segundo a ordem de classificação obtida em concurso público de provas e títulos.

Art. 208. Fica assegurada aos substitutos das serventias extrajudiciais e do foro judicial, na vacância, a efetivação, no cargo de titular, desde que, investidos na forma da lei, contem ou venham a contar cinco anos de exercício, nessa condição e na mesma serventia, até 31 de dezembro de 1983.

Com a Emenda Constitucional 22/1982 a oficialização constitucional, com remuneração exclusiva pelos cofres públicos, restringiu-se aos ofícios judiciais, sendo que, com relação aos extrajudiciais os cargos seriam preenchidos por concurso público de provas e títulos, na forma da Lei Estadual ou Distrital, ressalvadas as exceções ali previstas.

No Estado de São Paulo, a Emenda Constitucional Estadual n. 35/1982, de 03 de dezembro de 1982 tinha redação correspondente162.

Assim sendo, quando da promulgação da Constituição de 1988, existiam serventias não oficializadas, as quais passaram a ser exercidas pelo sistema do artigo 236 da Carta Magna, de outorga de delegações da atividade pública, para o exercício em caráter privado, mas havia também serventias extrajudiciais oficializadas, para as quais se operou

162 “Emenda Constitucional Estadual – SP – n. 35/1982. Art. 1º. São acrescentados ao Título VI – Das Disposições Gerais, da Constituição do Estado, os seguintes dispositivos:

Art. 152-A. Ficam oficializadas as serventias do foro judicial mediante remuneração de seus servidores exclusivamente pelos cofres públicos, ressalvada a situação dos atuais titulares, vitalícios ou nomeados em caráter efetivo ou que tenham sido revertidos a titulares.

Art. 152-B. As serventias extrajudiciais, respeitada a ressalva prevista no artigo anterior, serão providas na forma da legislação estadual, observado o critério da nomeação segundo a ordem de classificação obtida em concurso público de provas e títulos.

Art. 2º. Ficam incluídas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição do Estado, os seguintes artigos:

Art. 5º - A. Fica assegurada aos substitutos das serventias extrajudiciais e do foro judicial, na vacância, a efetivação, no cargo de titular, desde que, investidos na forma da lei, contem ou venham a contar cinco anos de exercício, nessa condição e na mesma serventia, até 31 de dezembro de 1983.

Art. 5º - B. As serventias do foro judicial, oficializadas nos termos do artigo 152-A, deverão ser desanexadas das respectivas serventias extrajudiciais, dentro dos prazos de 1 (um), 2 (dois) e 3 (três) anos, conforme pertençam a comarca de 3ª, 2ª e 1ª entrâncias.

§ 1º - O poder competente, dentro dos prazos fixados neste artigo, deverá enviar à Assembléia Legislativa os competentes projetos visando a criação de cargos para as serventias oficializadas, a forma de provimento e a fixação dos vencimentos.

§ 2º - Os atuais titulares das serventias extrajudiciais, que não desejarem a oficialização das respectivas serventias do foro judicial e desde que incluídos na ressalva contida no artigo 152-A, deverão optar, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, contados da data de promulgação dessa Emenda, pela permanência do anexo judicial de sua serventia extrajudicial.

§ 3º - O pessoal das serventias extrajudiciais que sofrerem o desmembramento a que se refere este artigo poderá ser aproveitado nas serventias do foro judicial, mediante manifestação de cada interessado.”

o disposto no artigo 32, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição de 1988, a seguir transcrito:

Art. 32. O disposto no art. 236 não se aplica aos serviços notariais e de registro que já tenham sido oficializados pelo Poder Público, respeitando-se o direito de seus servidores.

Nestas serventias oficializadas, de que trata a regra de transição, o notário ou registrador é servidor público para todos os efeitos, sendo remunerado exclusivamente pelos cofres públicos, aplicando-se, portanto, sem a necessidade de maiores digressões, a responsabilidade direta e objetiva do Estado, por aplicação do §6º, do artigo 37, da Constituição Federal; afastando-se, assim, o contido no artigo 236 da Constituição Federal, por ausência do instituto da delegação da atividade notarial e registral na espécie.

2.3.2.4 DA RESPONSABILIDADE DIRETA OU INDIRETA DO ESTADO, POR ATO

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