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1836-1852(MÉDIA ANUAL) 164.664 105.586 (a) 5.123 13.753 - 1852-1857(MÉDIA ANUAL) 185.027 38.652 2.937 6.931 136.304 1857-1862(MÉDIA ANUAL) 242.613 31.733 2.273 19.763 141.459 1862-1867(MÉDIA ANUAL) 221.623 82.370 7.256 17.415 274.986 (a)Entre 1836 e 1852 foram exportados, para além de 105.586 arrobas de arroz pilado, 23.716 de arroz com cas-

ca, em média, por ano.

OBS: os valores foram calculados, enquanto médias aritméticas simples, tendo, como numerador, o volume total

exportado de cada gênero e, como denominador, o número de anos de cada um dos quatro intervalos examinados – na própria fonte original.

FONTE:1836-1852: PARÁ. Relatório apresentado à Assembleia Legislativa da Província do Pará na primeira sessão da 13ª Legislatura pelo Exmo. Sr. Presidente da Província Dr. Francisco Carlos de Araújo Brusque, em 1º

de setembro de 1862. Belém: Typ. de Frederico Carlos Rhossard, 1862, p. 34-56; 1852-1867: PARÁ.Relatório apresentado à Assembleia Legislativa Provincial por S. Ex.ª o Sr. Vice-Almirante e Conselheiro de Guerra, Joa- quim Raymundo de Lamare, Presidente da Província, em 13 de Agosto de 1867. Belém: Typ. de Frederico Car-

los Rhossard, 1867, p. 10-33.

Entretanto, caso cotejemos, especificamente, o primeiro e o segundo período de obser- vação, notaremos um decréscimo nas médias anuais dos volumes exportados do arroz, da casa de 63,4%; do algodão em 42,7%, e do açúcar – gênero que nunca chegou a ocupar um de des- taque nas pautas de exportação do Grão-Pará sete-oitocentista –, em 49,6%. Em tal interstício, apenas o cacau apresentou algum crescimento nos volumes de exportação (da casa de 12,4%). Mais do que indicar uma suposta recuperação após a Cabanagem (como vimos, os valores ex- portados paraenses já apresentavam tendência de crescimento desde a década de 1830), os da- dos parecem-nos demonstrar um crescimento especialmente acelerado na demanda interna por gêneros de subsistência ou abastecimento em um contexto – décadas de 1850 e 1860 – em que a população livre do Pará passou a crescer a uma taxa média de 2,82% a.a.,210 seguido de uma

210 Entre 1848 e 1872, período em que a população livre do Grão-Pará, cresceu a 2,82% a.a., as populações livres

de Belém e do Baixo Tocantins e da Zona Guajarina cresceram a taxas maiores que a média da província (3,82% a.a. e 3,33% a.a., respectivamente). Houve, portanto, um aumento nas taxas médias de crescimento anual da po- pulação livre paraense. No intervalo anterior (1823-1848) a taxa de crescimento da população livre do Grão-Pará foi de 0,88% a.a.

recuperação dos volumes de exportação que viria a se manifestar mais claramente no final dos anos de 1860, quando, aliás, a navegação a vapor já havia se estabelecido na Amazônia. 211

O aparente aumento dos volumes exportados de gêneros agrícolas do Pará nos meados do século 19 foi um dos principais argumentos utilizados por Luciana Marinho para contrapor a noção fortemente presente nos relatórios da administração provincial, e comungada por Ro- berto Santos e Barbara Weinstein, de que a atividade gomífera havia retirado força de trabalho da agricultura; o principal argumento usado pelos administradores do Pará e por esses autores, para sustentar a ideia de uma crise da produção agrícola regional.212 Tal crítica, a nosso ver, é muito bem colocada, apesar de conferir muita ênfase ao crescimento dos volumes de exporta- ção nas décadas de 1850 e 1860 e pouca ênfase ao fato de que houve, efetivamente, uma que- da dos volumes médios de exportação anual dos anos de 1830 e 1840 em relação aos volumes exportados do quinquênio 1852-1857.

Em certo sentido, o discurso das autoridades provinciais sobre a suposta decadência da agricultura paraense incorporado nas explicações de Roberto Santos e de Barbara Weinstein, e contraposto por Luciana Marinho, é semelhante ao discurso das autoridades maranhenses nes- se mesmo período. Como observou Matthias Röhrig Assunção, o crescimento demográfico da população maranhense na primeira metade do século 19 – mais do que a crise na cotonicultura resultante da diminuição do peso relativo do algodão nas pautas de exportação do Maranhão e da queda do preço desse gênero no mercado externo –, foi o principal fator promotor da reori- entação da economia maranhense para o mercado interno a partir de 1820. Esse movimento de interiorização, de igual maneira descrito pelas elites maranhenses como “decadência da lavou- ra”, teria amainado o impacto da renda per capita da população maranhense nas primeiras dé- cadas do Oitocentos,213 a exemplo do que sugerimos numa crítica anterior a Santos. No entan- to, diferentemente do Maranhão, o Pará voltaria ter um produto dinamizador de sua economia.

Se, por um lado, os dados da TABELA 2.4 evidenciam a manutenção da agricultura co- mo um importante setor da economia paraense contrapondo a noção de crise de produção, por outro lado, não há como desconsiderarmos a expansão da produção da borracha e a consolida- ção do gênero como o principal da pauta de exportações do Grão-Pará já nos meados do sécu-

211 Sobre as profundas inovações de transporte adotadas na Amazônia segunda metade do século 19, ver sobretu-

do o artigo: ACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth. Civilização do rio, civilização da estrada: transportes na ocupação da Amazônia no século XIX e XX. Papers do NAEA, n. 170, p. 1-23, mai. 2004.

212 BATISTA, Luciana Marinho. Muito além dos seringais, op. cit., p. 63-5.

213 cf.: ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Exportação, mercado interno e crise de subsistência numa província brasi-

leira: o caso do Maranhão, 1800-1860. Estudos Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, n. 14, p. 32-71, abril 2000.

lo 19. Segundo Barbara Weinstein: “em fins da década de 1880, o valor anual das exportações de borracha havia subido 800% acima da cifra correspondente de 1860, e a borracha represen- tava 10% do comércio exterior do Brasil, [...] na virada do século [20], a borracha se tornara o segundo produto brasileiro constituindo 24% da exportação total do país”.214 Como é possível observarmos a partir da TABELA 2.5, no intervalo de 1855 a 1885, o volume exportado de bor- racha pela Amazônia (Grão-Pará e Amazonas) cresceu à elevada taxa média de 5,92% a.a.

TABELA 2.5

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