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Q UADRO 6.4 – V ISÃO GERAL E CRONOLÓGICA DAS TRANSFORMAÇÕES OCORRIDAS NA POLÍTICA DE FOMENTO DE P ERNAMBUCO

No documento Um estudo sobre a guerra fiscal no Brasil (páginas 168-184)

Período Ano Características gerais Formas de incentivo dominantes

Pré-ajuste

1995/1996 ●Criação do Prodepe, destinado a suprir financiamento a projetos de instalação, expansão, reativação e recuperação de unidades industriais no estado, mediante crédito calcado em receita incremental do ICMS. ●Designação de setores, aglomerações produtivas, atividades e localidades prioritárias suscetíveis a tratamento preferencial diferenciado.

●Apoio, em igualdade de condições, a empresa instalada em Pernambuco que competisse com produtos de fabricante subsidiado por outro estado.

●Crédito subvencionado suprido por fundo abastecido por receita incremental dos empreendimentos incentivados.

1997 ●Apoio a empresas comerciais importadoras atacadistas a fim de subvencionar importação de mercadorias destinadas a atividades relevantes e prioritárias.

●Novas designações de setores, aglomerações produtivas, atividades e localidades prioritárias.

●Abatimento da dívida no ato do pagamento.

1998 ●Ampliação e ajustes no grupo de setores, aglomerações produtivas, atividades e localidades prioritárias. 1999 ●Apoio às exportações da indústria calçadista, mediante a criação do Procec no âmbito do Prodepe, ofertando

crédito para viabilizar a instalação de novas empresas em determinadas localidades previamente selecionadas, bem como a estabelecimentos em operação no estado.

●Designações adicionais de setores, aglomerações produtivas, atividades e localidades prioritárias suscetíveis a tratamento preferencial diferenciado.

●Ampliação dos incentivos ofertados pelo Prodepe, que passou a prover recursos para a cobertura de gastos com treinamento de mão de obra contratada por empresas subsidiadas, bem como para a aquisição de terrenos e contratação de obras infraestruturais e de instalações fabris, visando, nesses casos, a implantação, ampliação e modernização de distritos industriais.

●Complementarmente ao financiamento, o Prodepe passou a mobilizar formas extraorçamentárias de subsidiamento calcadas no ICMS que não envolviam diretamente o Tesouro: crédito presumido e diferimento do imposto.

●Estímulo para que bens importados tivessem seu desembaraço alfandegário no estado.

●Formas extraorçamentárias de subsidiamento calcadas no ICMS: crédito presumido, diferimento, isenção, dispensa de cobrança antecipada, redução da base de cálculo, aproveitamento de saldo credor detido contra a Receita Estadual.

Pós-ajuste 2001 ●Reforço da importância das modalidades de subsidiamento extraorçamentárias calcadas no ICMS: o crédito presumido e o deferimento do ICMS passaram a abarcar variedade mais ampla de setores, produtos e transações, substituindo em determinados casos as operações de financiamento.

●Designações adicionais de cadeias produtivas prioritárias.

●Recursos direcionados ao treinamento de pessoal. ●Gestão de distritos industriais, propiciando terrenos, infraestrutura

2003 ●Ampliação do alcance e das vantagens proporcionadas pela aplicação do crédito presumido, que passou a

favorecer número maior de atividades, produtos e transações em bases mais competitivas. e instalações fabris básicas. ●“Funding” para a estruturação de 2004 ●Criação do Prodinpe, objetivando estimular a instalação de estaleiros no estado, mediante formas de

subsidiamento extraorçamentárias: isenção, diferimento e dispensa da cobrança antecipada do ICMS. de distritos industriais e promoção dos incentivos estaduais. 2006 ●Criação do Programa de Desenvolvimento da Indústria de Calçados, Bolsas, Cintos e Bolas Esportivas,

mediante a concessão de crédito presumido.

●Constituição de fundo para financiamento de ações promocionais dos produtos das empresas beneficiadas pelo programa.

●“Funding” para a promoção de produtos de empresas subsidiadas.

2007 ●Reforço do apoio oferecido ao comércio exterior baseado no estado, sistematizando ações a favor das atividades portuárias e aeroportuárias locais.

●Reforço na consolidação dos distritos industriais, constituindo fundo específico (FEP) para financiar a implantação, ampliação, modernização e manutenção dessas áreas locacionais disponíveis às empresas. ●Organização de ações promocionais das vantagens locacionais e dos incentivos disponíveis em Pernambuco. 2008 ●Criação do Programa de Desenvolvimento do Setor Automotivo do Estado de Pernambuco, visando atrair

montadoras de veículos e seus fornecedores para o estado, através da concessão de crédito presumido, diferimento e aproveitamento do saldo credor do ICMS detido contra a Receita Estadual.

●Designações e ajustes suplementares nos agrupamentos industriais considerados relevantes e prioritários ao desenvolvimento do estado.

●Ampliação do alcance e das vantagens proporcionadas pela aplicação do crédito presumido.

2009/2010 ●Criação do Programa de Desenvolvimento do Setor Vitivinícola do Estado de Pernambuco, por intermédio da concessão de crédito presumido e diferimento do ICMS incidentes em diversas transações e bens (insumos, máquinas, matérias-primas, etc.).

●Criação do Programa de Estímulo à Atividade Portuária, que proporcionava crédito presumido e redução da base de cálculo do ICMS cobrado sobre mercadorias importadas e desembaraçadas no estado.

Criado por intermédio da Lei 11.288, de 22 de dezembro de 1995, o Prodepe foi concebido para apoiar financeiramente projetos de instalação, expansão ou reativação de unidades industriais no estado, com recursos supridos por fundo vinculado, abastecido por dotações orçamentárias e créditos adicionais. O Fundo Prodepe, em verdade, tinha a função precípua de recepcionar o ICMS recolhido pelas empresas beneficiárias e, em seguida, devolver parcela do valor pago na forma de crédito para cobertura de investimento fixo ou de capital de giro. No caso de produção de bem sem similar aos fabricados localmente, o retorno seria de até 80%, baixando para até 40% nas situações de similaridade.

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Se o empreendimento se localizasse em polos de atividades específicas, no entanto, o percentual poderia chegar a até 100% do tributo pago – considerando, em todas as hipóteses, apenas a parte da arrecadação pertencente ao estado e as receitas incrementais. Além de não ter correção monetária, o valor do financiamento poderia ser quitado com abatimento de até 75%, incluindo os encargos, que corresponderiam apenas à variação da TJLP. O prazo foi estabelecido em 10 anos, sendo dois de carência, com amortizações mensais nos oito anos restantes.

As condições finais das operações ficaram dependentes da adequação individual de cada projeto às prioridades fixadas pelo governo para o desenvolvimento do estado, considerando, entre outros critérios, a natureza do empreendimento (implantação, ampliação ou reativação), a localização geográfica, o tipo de bem a ser produzido, o volume de arrecadação gerado diretamente pela empresa requerente e pelo seu setor de atuação, etc. De modo geral, a fruição dos benefícios foi condicionada ao aumento prévio de 40% da produção já existente se o plano fosse de expansão e, em se tratando de revitalização, a unidade passível de enquadramento deveria estar paralisada há pelo menos 12 meses ininterruptos imediatamente anteriores à requisição dos incentivos.

O decreto nº 19.085, de 29 de abril de 1996, regulamentou diversas normas do Prodepe, especificando melhor algumas de suas características, principalmente no que se refere aos parâmetros utilizados para a classificação do grau de importância do empreendimento sujeito ao subsidiamento. Afora o detalhamento da sistemática de pontuação relativa à natureza, relevância e localização do projeto, bem como ao potencial de geração de receita tributária, foram designados os setores mecânico, químico, têxtil, mobiliário, calçados e papel e celulose como relevantes e prioritários. Mesma qualificação foi denotada às empresas sediadas nos polos industriais graniteiro, gesseiro, bebidas e tecnológico eletrônico (Quadro 6.Anexo). A diretriz foi a de conferir maior pontuação a planos de implantação de unidades fabris das referidas atividades econômicas consideradas prioritárias e que viessem a ser executados nos polos antes indicados, ofertando preferencialmente bens que ainda não fossem produzidos no estado, o que lhes propiciaria benefícios mais elevados. A menor pontuação era dada a projetos de revitalização de empreendimentos dos demais segmentos produtivos e aqueles sediados na Região Metropolitana do Recife, cuja produção tivesse concorrência local. Dependendo da posição obtida entre esses dois extremos, a empresa requerente poderia receber financiamento equivalente entre 30% a 75% do ICMS recolhido sobre as operações de saída e receber abatimento de 40% a 75% no pagamento da dívida120, sobre a qual incidia a TJLP, mantendo os prazos previstos

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O percentual de financiamento passou a variar nas seguintes faixas, de acordo com a pontuação: i) empreendimentos localizados em polos industriais: 75%, 60% e 45%; ii) produtos sem similar local: 60%, 45% e 30%; iii) produtos com similar local: 30%. Em relação ao abatimento, os percentuais seriam os seguintes, independente do enquadramento do projeto (polo, similar, sem similar): 75%, 60% e 40%.

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anteriormente de até dez anos, incluindo dois de carência e oito de amortização. Um ponto importante é que o decreto regulamentador não mais exigiu que, nos projetos de ampliação, fosse assegurado previamente aumento de 40% da produção para a fruição dos benefícios. O financiamento foi, também, atrelado ao recolhimento do ICMS, à medida que a liberação dos recursos passaria a ocorrer de forma automática e simultânea ao pagamento do imposto devido pelo beneficiário. Por fim, foram excluídos do Prodepe empreendimentos da construção civil, indústria extrativa e a agroindústria açucareira.

O decreto nº 19.347, de 24 de setembro de 1996, fez alterações em alguns critérios utilizados na sistemática de pontuação dos projetos para fins de classificação nas faixas de subsidiamento previsto no Prodepe e, mais importante, incluiu as indústrias de metalurgia, produtos alimentares, vestuário e artefatos de tecidos entre as atividades consideradas relevantes e prioritárias. No mesmo sentido de ampliar o alcance do programa, incorporou novos municípios e a fabricação de embalagens ao Polo de Bebidas (Quadro 6.Anexo) e permitiu que outras empresas que viessem a produzir bem já habilitado aos incentivos pudessem usufruir de idênticos benefícios concedidos à empresa pioneira. Poucos meses depois, a promulgação da Lei nº 11.402, em 18 de dezembro de 1996, deu continuidade a essas modificações voltadas a dotar o Prodepe de maior capacidade de favorecimento, ao elevar o percentual de abatimento do reembolso dos financiamentos para até 99% e o prazo das operações para estabelecimentos localizados nos polos industriais para 12 anos, sendo três de carência. Ademais, foram agregadas novas categorias de beneficiários. Os fabricantes de linhas de costura passaram a ser considerados no grupo de atividades prioritárias e relevantes, fazendo jus aos incentivos, independente da localização geográfica e da pontuação que obtivessem seus respectivos projetos de investimento (Quadro 6.Anexo). As indústrias pernambucanas que, comprovadamente, apresentassem declínio de até 80% da utilização de sua capacidade instalada também contariam com assistência do programa e as empresas novas ou em funcionamento cujo produto competisse com bem subsidiado por outro estado da federação poderiam igualmente receber tratamento semelhante por parte do governo.

O decreto nº 19.761, de 06 de maio de 1997, veio disciplinar as modificações feitas pela Lei nº 11.402/1996 no desconto incidente sobre a amortização dos financiamentos e no prazo das operações, mas, principalmente, agregou novas localidades e três polos industriais (cerâmica, calçados e metal-mecânico de linha branca) ao conjunto definido anteriormente, aumentando a área geográfica e produtiva considerada prioritária para a ação do Prodepe (Quadro 6.Anexo). Nessas localizações preferenciais, ganhou destaque o complexo portuário de Suape, pois, além de ter sido incluído nas delimitações espaciais de todos os polos, passou a conferir pontuação máxima aos projetos de

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investimentos situados em suas circunscrições para fins de subsidiamento – sendo equiparado, assim, a um polo industrial relevante. De igual modo, o decreto nº 20.098, de 20 de outubro de 1997, efetivou mais uma reconfiguração dos polos, acrescentando novas atividades econômicas e localidades e reorganizando algumas aglomerações – como ocorreu com as indústrias de embalagens, desanexadas do Polo de Bebidas e reunidas em um polo exclusivo e mais diversificado, e as de eletrodomésticos de linha branca, que foram associadas às empresas do setor automotivo (Quadro 6.Anexo).

As alterações engendradas pela Lei nº 11.509, de 24 de dezembro de 1997, foram ainda mais marcantes em termos de alargar o raio de manobra dos gestores da política de fomento estadual. Em adição aos objetivos de estimular a produção industrial, o Prodepe assumiu a tarefa de promover as importações, sobretudo as de mercadorias destinadas a suprir as atividades elegidas como relevantes e prioritárias para a economia de Pernambuco. Assim, as empresas comerciais importadoras atacadistas foram inseridas como beneficiárias do programa, podendo requerer financiamentos para a cobertura de capital de giro. As operações foram limitadas a até 10% do valor final do produto adquirido no exterior, por prazo de cinco anos, sendo um de carência. Sobre o saldo devedor, que deveria ser amortizado em parcelas mensais e sucessivas nos quatro anos restantes, podendo o prazo ser renovado por igual período, incidiria a TJLP e, possivelmente, desconto de até 75% no momento da respectiva liquidação. As mercadorias sujeitas ao aproveitamento dos incentivos ficaram de ser definidas posteriormente, mediante decreto do Poder Executivo, embora tenham sido excluídas, previamente, aquelas que pudessem provocar concorrência com empreendimentos industriais em funcionamento no estado121.

Em 1998, outras atividades econômicas e municípios foram integrados ao Prodepe, na qualidade de alvos prioritários e relevantes, podendo fazer jus a tratamento diferenciado (Quadro 6.Anexo). O decreto nº 20.431, de 31 de março de 1998, instituiu quatro polos, abarcando as indústrias de móveis; material plástico para a construção civil; leite, e higiene pessoal, perfumaria, cosméticos e limpeza. Fez figurar ainda nova linha de produtos no Polo Metal-Mecânico. Logo em seguida, a Lei nº 11.577, de 24 de setembro de 1998, enquadrou o segmento de polímeros e de fibra de poliéster e, através do decreto nº 21.057, de 13 de novembro de 1998, mais inclusões foram feitas nos polos, cabendo destacar a dos fabricantes de automóveis e seus fornecedores no Metal-Mecânico. Por conta da Lei n° 11.626, de 29 de dezembro de 1998, as destiladoras de bebidas alcoólicas derivadas de cana- de-açúcar vieram a ser igualmente absorvidas pelo Prodepe, desde que estivessem situadas em

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A primeira lista de produtos que poderiam ser importados aproveitando os benefícios previstos em lei foi divulgada mediante o decreto nº 21.057, de 13 de novembro de 1998.

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municípios integrantes do Polo de Bebidas e utilizassem, comprovadamente, pelo menos 50% da referida matéria-prima em seus produtos (Quadro 6.Anexo)122.

A percepção dos gestores estaduais a respeito da necessidade de dotar o Prodepe de maior competitividade não se esgotou com as adaptações corretivas até então concretizadas e prosseguiu em contínuos ajustes a partir de 1999, demarcando, na realidade, uma nova etapa do programa, caracterizada pelo aprofundamento da seletividade dos incentivos e a aplicação de formas de subsidiamento fiscal extraorçamentárias, que não envolvem diretamente o Tesouro. Esses dois elementos se vincularam para fundamentar as reformas levadas a efeito no Prodepe entre 1999/2001, mediante a seleção de setores, atividades, aglomerações produtivas e localidades para o recebimento de apoio diferenciado, aos quais foi também assegurado auxílio incisivo às suas transações comerciais (exportações, importações e fluxos interestaduais); o provimento de novas modalidades individualizadas de assistência (terrenos, infraestrutura básica, instalações fabris e treinamento de pessoal), e o uso de benefícios tributários extraorçamentários, como crédito presumido e diferimento do ICMS, que vieram a substituir os financiamentos calcados em parte da receita incremental do imposto. Como poderá ser atestado pelo acompanhamento das normas legais, a mesma orientação teve seguimento nas modificações feitas no programa entre 2003/2010, que resultaram na melhoria das condições dos incentivos ofertados, no reforço dos estímulos às importações efetuadas pelos portos e aeroportos locais, na organização mais sistemática dos distritos industriais disponíveis às empresas e na estruturação programática de iniciativas promocionais da política de fomento do estado.

O ponto de partida desse ciclo de mudanças foi a Lei nº 11.635, de 28 de janeiro de 1999, que lançou as bases de um conjunto de ações no âmbito do Prodepe de apoio às exportações da indústria calçadista pernambucana (Quadro 6.Anexo). Enfeixados no Programa de Incentivo ao Comércio Exterior de Calçados (Procec), os benefícios tinham o propósito principal de estimular a instalação de novos estabelecimentos nos municípios de Timbaúba, Carpina, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Bezerros, Petrolina e Nazaré da Mata (todos, à exceção dos dois últimos, integrantes do polo calçadista), mas estavam abertos igualmente às demais unidades fabris do setor que já estivessem em funcionamento no estado, independente de sua localização. As empresas que exportassem pelo menos

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Se por um lado o potencial de subsidiamento do Prodepe era reforçado, por outro, contraditoriamente, algumas mudanças sinalizavam em sentido oposto, mas sem efetivarem uma inflexão na mencionada trajetória. O citado decreto nº 21.057/1998, por exemplo, re duziu o montante máximo dos financiamentos para as empresas industriais, que baixou de 80% do ICMS para 60% no caso de produtos sem similar local; de 40% para 30%, na eventualidade de bem similar, e de 100% para 75%, na situação de empreendimentos localiza dos nos polos designados no programa. Na realidade, tais alterações foram muito mais uma adequação do limite a que poderia chegar o b enefício, sem provocar, com isso, afastamento em relação aos percentuais efetivamente resultantes da pontuação dos projetos de investimento, conforme sistemática estabelecida em norma anterior (decreto nº 19.085/1996). Em relação às empresas comerciais atacadistas, afora a restrição que havia sido fixada na hipótese da mercadoria importada concorrer com produção local, o decreto nº 21.057/1998 colocou outra condicionante para o acesso ao financiamento: a operação incentivada não poderia reduzir o ICMS pertencente ao estado.

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60% da produção anual poderiam receber financiamento de até 10% do valor FOB de suas vendas externas. A operação, cujo prazo era de 15 anos, dos quais quatro de carência, cobraria juros de apenas 1% ao ano. Os desembolsos ocorreriam mensalmente, após a aprovação dos embarques. Os incentivos do Procec foram estruturados por tempo determinado, sendo aplicáveis entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2003. Os polos industriais passariam, mais uma vez, por novos reparos adaptativos, visando alargar sua área de influência, tanto em termos territoriais como produtivos (Quadro 6.Anexo). O decreto nº 21.541, de 07 de julho de 1999, delimitou uma nova aglomeração, dedicada à confecção de peças femininas íntimas, e abriu o leque de atuação espacial e econômica do Polo do Leite. O decreto nº 21.715, de 22 de setembro de 1999, também estendeu a bacia leiteira do estado e incorporou atividades básicas de produção de matérias-primas no Polo de Embalagens.

As transformações mais penetrantes nesse momento, no entanto, ocorreram no bojo do processo de consolidação do Prodepe, promovido quatro anos após a sua criação e na esteira das frequentes correções antes verificadas. De início, a Lei nº 11.675, de 11 de outubro de 1999, revigorou o potencial de subsidiamento do programa, que passou a contemplar outras modalidades de incentivos, como a destinação de recursos para a aquisição de terrenos, execução de obras infraestruturais e instalações fabris, com vistas a implantar, ampliar e modernizar distritos industriais, além de prover cobertura a despesas com o treinamento da mão-de-obra contratada por novos empreendimentos beneficiados. Ademais, o Prodepe foi conduzido a prestar maior apoio ao setor comercial atacadista, que, até àquela altura, se restringia às transações de importação. Assim, as centrais de distribuição de estabelecimentos industriais e comerciais foram incluídas entre as atividades suscetíveis de favorecimento. Vale notar, ainda, que o programa, alicerçado em financiamento ancorado na arrecadação do ICMS, deu início ao manejo de outros mecanismos de estímulo tributário como forma de atrair e influenciar a alocação espacial de investimentos, especificamente, nessa ocasião, o crédito presumido e o diferimento do ICMS.

De acordo com as regras introduzidas pela Lei nº 11.675/1999, receberiam crédito presumido os projetos de implantação, ampliação ou revitalização de agrupamentos industriais considerados prioritários, e concernentes aos produtos intrínsecos de cada um deles relacionados em decreto do Poder Executivo, abarcando as seguintes cadeias produtivas: i) agroindústria, exceto a sucroalcooleira e moagem de trigo123; ii) metal-mecânica e material de transporte; iii) eletroeletrônica; iv) farmoquímica; v) bebidas, e vi) minerais não-metálicos, exceto cimento e cerâmica vermelha

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O decreto nº 28.292, de 24 de agosto de 2005, habilitou as atividades de moagem de trigo aos benefícios de crédito presumido concedidos pelo Prodepe. Posteriormente, o decreto nº 33.907, de 16 de setembro de 2009, incorporou o referido segmento entre os agrupamentos prioritários, por prazo retroativo até 31 de agosto de 2007.

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(Quadro 6.Anexo). O valor a ser utilizado equivaleria a 75% do ICMS devido, apurado sobre receitas incrementais, por prazo de 12 anos, prorrogável no máximo por mais três anos. O percentual poderia aumentar para 85%, por quatro anos, caso o empreendimento estivesse situado em Suape ou em município não integrante da Região Metropolitana de Recife, desde que a sua localização não fosse inerente à natureza da atividade econômica desenvolvida. Nas operações interestaduais que destinassem os produtos relacionados às demais regiões do país, a empresa seria favorecida pelo diferimento de parcela correspondente a 5% do total das saídas, por 12 anos, limitada ao valor do frete.

As demais atividades industriais não prioritárias continuariam a contar com financiamentos em condições próximas às que prevaleciam anteriormente124. No caso de fabricação de produto sem

No documento Um estudo sobre a guerra fiscal no Brasil (páginas 168-184)

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