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Q UADRO 6.2 – P ROGRAMAS DE INCENTIVO NO ÂMBITO DO F UNDES

No documento Um estudo sobre a guerra fiscal no Brasil (páginas 159-164)

Programa Beneficiário Ano de criação

Rioinvest Empreendimento privado de grande porte 1997

Rioplast Empresas do ramo de transformação de resinas petroquímicas 1998

Riofármacos Empresas dos ramos de química fina, biotecnologia, farmacêutica, fármacos e cosméticos 1998

Riopeças Empresas do ramo de autopeças e navipeças 1998

Riosolidário Empresas localizadas em municípios fluminenses atendidos pelo Programa Comunidade Solidária 1998

Riotelecom Empresas do ramo de eletrônicos e de telecomunicações 1998

Riotêxtil Empresas do ramo têxtil e de confecções 1998

Rioindústria Empresas industriais 1998

Riopetróleo Empresas do ramo de petróleo 1998

Riofomento Instituído a fim de viabilizar a criação da agência estadual de fomento 1999

Moeda Verde – Frutificar Produtores rurais e agroindustriais, associações e cooperativas localizadas no polo de fruticultura das

regiões Norte e Noroeste fluminense 2000

Prócine Produção e distribuição de filmes, bem como a abertura e revitalização de salas de cinema 2001

Riomóveis Empresas do setor moveleiro e de artefatos de decoração 2001

Moeda Verde Prosperar/Agroindústria Produtores rurais, agroindustriais e organizações dos referidos setores 2002

Riotecnologia Empresas do setor de desenvolvimento tecnológico 2002

Rioecopolo Projetos de processos ambientalmente corretos; projetos de destinação de resíduos e dejetos em geral de

matérias-primas; projetos de reaproveitamento de água no processo produtivo e reciclagem 2002

Rio Norte/Noroeste Atividades industriais localizadas nas regiões Norte e Noroeste do Rio de Janeiro 2003

Riomúsica Empresas de distribuição de discos fonográficos 2003

Rioinfo Empresas do setor de tecnologia da informação 2003

Rioaerotec Empresas do setor aeronáutico e empresas a se localizarem no sítio do Aeroporto do Galeão 2003

Rioportos Empresas importadoras com domicílio fiscal no Rio de Janeiro, cujas mercadorias sejam desembaraçadas

no estado 2003

Pró Sepetiba Empresas do ramo de atividades portuárias localizadas na área de influência do Porto de Sepetiba 2003

Rioinfra Projetos de realização de obras de infraestrutura realizadas por empresas enquadradas no programas do

Fundes 2003

Riometal Empresas do setor metal-mecânico 2003

Moeda Verde Frutificar/Projeto Jovens

Frutificando no Interior Jovens agricultores em suas localidades de residência 2003 Moeda Verde Cultivar Orgânico Projetos agropecuários orgânicos 2003

Moeda Verde Florescer Projetos de lavouras de flores, plantas ornamentais e medicinais, em sistema irrigado protegido 2003

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No mesmo ano, o Fundes passou por outras importantes mudanças, que reforçaram potencialmente a sua capacidade de captação e de alocação efetiva de recursos. A Lei nº 2.823, de 07 de novembro de 1997, ampliou as fontes de suprimento de fundos, ao incluir, junto às outras definidas anteriormente, recursos oriundos do FAE/RJ, Fundhap, Prodi, Prodecom e os derivados de dividendos e de participações acionárias do Estado em empresas subsidiadas. Na eventualidade desses canais serem insuficientes, a nova regulamentação autorizou o governo a canalizar receitas do FPE e das participações constitucionais do estado no resultado da exploração de petróleo e gás natural. Outros procedimentos legais foram também elencados a fim de fortalecer e assegurar o fluxo contínuo dos incentivos. Ficou determinado que, caso os recursos necessários à manutenção dos projetos de investimentos assistidos pelo Rioinvest se tornassem insatisfatórios, as empresas subsidiadas poderia m efetuar diretamente a compensação dos créditos que lhe eram devidos através dos tributos estaduais a recolher ao Tesouro. Os repasses dos financiamentos acertados passaram a ser vinculados e bloqueados em conta bancária aberta a favor da beneficiária especialmente para recepcionar o desembolso e foi garantido, ainda, o ressarcimento do custeio de obras de infraestrutura feitas pela própria empresa, desde que o governo estadual tivesse se comprometido a realizá-las previamente.

Vários programas vieram a ser estruturados sucessivamente no âmbito do Fundes nos anos seguintes, conformando um conjunto diversificado de instrumentos mais discriminatórios com vistas a promover, competitivamente, investimentos em determinados setores, atividades econômicas e zonas geográficas do território fluminense (Quadro 6.2). Dessa tentativa de corrigir o modelo de atuação prevalecente, buscando, a partir de 1998, imprimir maior seletividade na forma de intervenção do estado no campo do desenvolvimento, foram formulados, por exemplo, os programas Riopetróleo, Rioplast, Riotêxtil e Rioindústria – destinados a estimular, respectivamente, os ramos petrolífero; resinas petroquímicas; têxtil e confecções, e demais atividades industriais de transformação113.

Com dispositivos de estímulos praticamente semelhantes, os quatro programas foram elaborados para propiciar crédito dirigido à cobertura de investimento fixo e de capital de giro a projetos de instalação, ampliação e relocalização de plantas produtivas que envolvessem inversão mínima entre 300 mil a 500 mil UFIR-RJ. Nos casos de expansão e de relocalização, a capacidade instalada deveria ainda ser aumentada em pelo menos 30%. O financiamento poderia alcançar o montante integral do investimento fixo. No Riopetróleo, Rioplast e Riotêxtil, o prazo de utilização máximo era de cinco anos, incluindo o período de carência. O pagamento deveria ser feito em até 60 parcelas mensais, pelo Sistema de Amortização Constante (SAC). A taxa de juros de 6,0%, fixa e

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Esses programas foram criados e regulados, nesse ano de 1998, pelas seguintes normas legais: 1) Riopetróleo – decretos nºs 24.270, 24.987 e 25.106; 2) Rioplast – decreto nº 24.584; 3) Riotêxtil – decreto nº 24.863, e 4) Rioindústria – decreto nº 24.937.

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capitalizada mensalmente, seria devida, durante a carência, trimestralmente e, ao longo da amortização, a cada mês. No Rioindústria, as condições eram distintas: os prazos de utilização e amortização eram de 36 meses, considerando a carência, e os juros seriam de 7,5%. Os recursos seriam liberados mensalmente, em valor máximo correspondente a 9% do faturamento adicional gerado pelo projeto subsidiado, no Riopetróleo e Rioplast, e a 6%, no Rioindústria e Riotêxtil.

Entre 1999 e 2001, novas regulações foram introduzidas no Fundes, sobretudo concernentes ao risco de inadimplemento do estado em relação às obrigações assumidas nas operações de subsidiamento, especificando melhor os meios e a forma de compensação tributária por parte das empresas beneficiadas, que poderiam lançar mão da arrecadação do ICMS devido ao Tesouro para liquidar os compromissos financeiros do governo eventualmente frustrados. De igual modo, afiançaram o direito das empresas ao ressarcimento dos gastos realizados com recursos próprios na viabilização de seus empreendimentos no território fluminense. Assim, buscou-se, com tais detalhamentos, dar maiores garantias de que o fluxo de incentivos fornecidos aos investimentos privados não seria interrompido ou reduzido em face de problemas de restrições orçamentárias e de insuficiência de recursos. Nova regras buscaram ampliar a dimensão dos estímulos proporcionados pelo Fundes, autorizando o providenciamento de recursos direcionados a arcar com os custos de empréstimos contraídos por empresas privadas e públicas, produtores rurais, agroindústrias, associações e cooperativas para a realização de investimento no Rio de Janeiro114.

Tais modificações, guarnecendo o Fundes de atributos mais convenientes à disputa interestadual por investimentos, prenunciaram iniciativas adicionais de redesenho da política de fomento fluminense, levadas a efeito no início dos anos 2000, que acentuaram o seu teor discriminatório e concorrencial. As alterações consistiram em adequações nos incentivos existentes e na criação de novos programas dirigidos a alvos específicos e ao reforço do apoio infraestrutural moldado às necessidades operacionais das empresas beneficiadas, ampliando a seletividade e o potencial competitivo das estratégias de atração de investimentos do Rio de Janeiro. Contemplaram também o uso mais rotineiro e abrangente da prática de dispensar tratamento tributário privilegiado a determinadas atividades econômicas selecionadas, por intermédio de modalidades extraorçamentárias de benefícios baseados no ICMS, que não envolvem diretamente o Tesouro. A referência a algumas das medidas aplicadas no período basta para verificar os aspectos centrais desses ajustes. O Rioinvest, por exemplo, teve a capacidade de financiamento revigorada, uma vez que o decreto nº 33.883, de 15 de setembro de 2003, derrubou o teto máximo de suas operações, antes fixado em 75% do ICMS

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Ver, principalmente, as seguintes normas legais: Lei nº 3.347/1999; decretos nºs 25.980/2000, 26.279/2000 e 28.446/2001, e resoluçã o SEFCON nº 3.563/2000.

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incremental devido pelo projeto subsidiado, deixando em aberto esse parâmetro. O mesmo ocorreu com o Rioindústria, cujo limite dos desembolsos mensais passou de 6% para 9% do faturamento adicional das empresas beneficiadas, enquanto os prazos de utilização e de amortização foram estendidos de 36 para 60 meses. Além disso, os juros deixaram de ser capitalizados – mudança que abrangeu igualmente o Riopetróleo, Rioplast e Riotêxtil115. Ainda em relação aos encargos incidentes nas operações executadas ao amparo do Fundes, a Lei nº 4.188, de 29 de setembro de 2003, definiu que os juros nominais iriam variar de 6% a 12% ao ano, dependendo de critérios contidos em cada programa116.

A assistência do governo em termos de melhoria e fornecimento de infraestruturas adequadas e em conformidade com o processo produtivo das empresas beneficiadas foi também revigorada, mediante o Rioinfra, instituído pela Lei nº 4.186, de 29 de setembro de 2003. Com recursos providos pelo Fundes, foi assegurado crédito subvencionado a todos os empreendimentos enquadrados aos programas estaduais para a execução de obras de infraestrutura, abrangendo as interligações às redes de serviço público (energia, gás, água, telecomunicações e coleta de esgoto e lixo), acessos viários, contenção de encostas, reflorestamento, drenagem profunda, canalização e dragagem. O financiamento poderia corresponder a até 100% do valor do investimento a ser realizado, sendo liberado em parcelas mensais limitadas a 9% do faturamento incremental das empresas. Sobre as operações, cujo prazo de utilização e amortização somava 10 anos (incluindo a carência), incidiam juros anuais fixos de 6%.

Um dos principais programas criados nesse novo processo de reestruturação foi o Riolog, destinado a fomentar o comércio atacadista e as centrais de distribuição, através do tratamento tributário diferenciado, objetivando atrair novas empresas do setor para o estado, bem como o de estimular a expansão das existentes. De acordo com a Lei nº 4.173, de 29 de setembro de 2003, as centrais de distribuição117 com domicílio fiscal no Rio de Janeiro fariam jus a crédito presumido e diferimento de ICMS se executassem planos novos ou de expansão de movimentação de carga correspondente a volume incremental mínimo de um milhão de UFIR-RJ ao ano por até 60 meses – excluindo, na apuração, os valores relativos a máquinas, equipamentos e outros bens adquiridos para uso próprio. Alternativamente, no caso de ampliação, o volume sujeito ao benefício poderia equivaler a aumento de 5% da média aritmética dos seis maiores faturamentos brutos auferidos nos 12 meses imediatamente anteriores à solicitação feita pela empresa de enquadramento ao programa. Os projetos

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Conforme os seguintes decretos nºs 33.982/2003 (Riopetróleo), 33.983/2003 (Rioplast), 33.988/2003 (Riotêxtil), 33.989/2003 (Rioindústria).

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A referida Lei remeteu para a Assembleia Legislativa a responsabilidade de enquadrar os projetos beneficiados pelo Rioinvest que envolvessem juros inferiores a 6%, além de manter em 2% ao ano as taxas vigentes nos programas Moeda Verde.

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Para efeitos legais, foram considerados como central de distribuição os estabelecimentos atacadistas, distribuidoras e centra is de serviços, de embalagens e de transportes.

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estimulados receberiam, a título de ressarcimento com despesas de frete, crédito presumido de 2% do valor de suas transações de compra, venda e transferência das mercadorias por elas comercializadas, tanto nas operações interestaduais de entrada quanto nas de saída. A mesma vantagem poderia ser usufruída nas operações internas de entrada, sendo o percentual de 2% incidente sobre o valor de compra dos seguintes produtos: alimentos industrializados; limpeza em geral; bebidas alcoólicas quentes; industrializados derivados do trigo; balas, bombons, chocolates e mercadorias correlatas; higiene pessoal; bazar, e cosméticos. Foi prevista ainda a possibilidade de diferimento do ICMS devido no momento do fato gerador por até 60 dias, nas operações internas de entrada, quando da saída da mercadoria. O acesso e a fruição dos incentivos ficaram condicionados à aquisição de mercadorias diretamente dos fabricantes e à manutenção da média dos postos de trabalho existentes por período não inferior a um ano. Também foi cobrado dos beneficiários a apresentação de metas para o incremento da arrecadação de ICMS no médio e longo prazos, a abertura de novos postos de trabalho, a consolidação comercial de marcas de produtos fluminenses, o aumento da área de armazenagem e o crescimento do número relativo de veículos emplacados no estado na frota total da empresa. Em 2004 e 2005, os privilégios dispostos pelo Riolog foram ampliados. O decreto nº 36.453, de 29 de outubro de 2004, reduziu a base de cálculo do ICMS nas operações internas, de modo que a incidência do imposto não poderia resultar em percentual superior a 13%. O decreto nº 37.209, de 28 de março de 2003, por sua vez, estendeu o diferimento do ICMS para as operações de importação de mercadorias no momento da saída, realizadas diretamente ou por conta de terceiros.

O programa de estímulo às atividades atacadistas integrou, em grande medida, uma estratégia do governo fluminense que veio a se tornar cada vez mais recorrente, disseminada e abrangente nos últimos anos: a de conferir tratamento tributário especial a atividades produtivas selecionadas, lançando mão, para isso, de incentivos de natureza extraorçamentária, deixando de envolver diretamente o Tesouro, como ocorre nas tradicionais operações financeiras supridas por receita incremental do ICMS. Foi sob tal diretriz de política que, entre 2003 e 2008, diversos segmentos, transações e produtos específicos foram incluídos paulatinamente em regimes diferenciados, passando a desfrutar de vários tipos de proveitos fiscais baseados no ICMS, como isenção, crédito presumido, diferimento, redução da base de cálculo, entre outras variações, como demonstrado no Quadro 6.3.

Outra conduta marcante na fase recente de reorganização da política de fomento do Rio de Janeiro foi a de constituir, mediante incentivos fiscais e financeiros, uma zona geográfica diferenciada capaz de se inserir agressivamente na disputa por projetos de investimento com as demais regiões do

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país. As leis nºs 4.174 e 4.185, ambas de 29 de setembro de 2003, permitiram o governo conceder tipos variados de benefícios com vistas a atrair unidades produtivas para a área de influência do Porto de Sepetiba. Essas iniciativas, na realidade, vieram como desdobramento de ações anteriores. Em 1998, a Lei nº 3.055, de 26 de setembro de 1998, deu sinal verde às autoridades estaduais para subsidiar a instalação de empreendimentos, bem como implantar distritos industriais em Japeri, Paracambi e Seropédica. Posteriormente, a Lei nº 3.566, de 23 de maio de 2001, estendeu essa autorização, com a finalidade de viabilizar a construção de duas usinas térmicas em Paracambi e Seropédica. Mas foi somente partir de 2003 que os procedimentos para dinamizar o espaço polarizado pelo porto vieram a ser designados e sistematizados no corpo de um programa efetivo.

No documento Um estudo sobre a guerra fiscal no Brasil (páginas 159-164)

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