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TEORIAS E MODELOS DE ORGANIZAÇÃO MILITAR

P RINCIPAIS ALTERAÇÕES

2. Um estudo de caso: Percurso profissional do General Collin Powell

Com base na sua obra biográfica «My American Journey», iremos aqui referir um percurso profissional de sucesso na realidade militar norte- americana, que de alguma forma poderá servir de referência para os militares contratados, ou para um possível modelo profissionalizante, pois trata-se de uma carreira baseada numa formação académica mista (civil e militar), que não passa necessariamente pela frequência da Academia Militar.

Collin Powell nasceu em 5 de Abril de 1937. Na universidade frequentou um bacharelato em Geologia, sendo esta a sua formação de base.

No início da sua carreira militar (fins de 1957) foi para o Exército, tendo passado 6 semanas isolado em Fort Bragg. “Ao fim de 6 semanas teve uma espécie

de Juramento de Bandeira” (1995:112). Mais tarde foi informado que iria ser cadete

coronel. Foi também nomeado Comandante da companhia de «Pershing Rifles».

“Nas montanhas da Geórgia do Norte, teve dúvidas sobre a carreira que tinha escolhido, isto aconteceu quando no exército teve que fazer um exercício chamado «Slide for life», que era uma das etapas que tinha que passar durante os 2 meses na escola Ranger. As primeiras 2 semanas na «Ranger School» envolveram desafios psicológicos. A sua carreira no exército começou numa manhã soalheira, em Junho de 1958. Terminou o curso básico nos 10 primeiros do grupo, era agora um profissional certificado. Vemon Coffey, um dos mais memoráveis instrutores, foi o primeiro

oficial negro que ele conheceu” (p.159).

Mais tarde foi-lhe ordenado que fosse para a Alemanha Ocidental, tendo sido enviado para Geinhausen, ficando a liderar 40 homens, na companhia B. A missão do exército na Alemanha era proteger a GDP, linha do Plano de Defesa Geral «Geral Defense Plan»

No final desse ano, teve a sua promoção para 1°Tenente. No final de 1960 completou os 2 anos na Alemanha. No Verão de 1961 regressou a casa. Durante este período podia ter saído do exército, porque os 3 anos de serviço obrigatório tinham terminado.

No entanto, Powell considerava que não sabia nada, a não ser que era soldado. Ainda por cima o país atravessava uma recessão e para um negro (segundo Powell), nada mais na sociedade americana lhe oferecia tantas oportunidades.

No Verão de 1962 foi para o Vietname do Sul. A realidade no Vietname era assustadora e obrigava a que se habituassem a certas situações. Nessa altura havia 252.000 tropas Americanas na Europa, 49.000 na Coreia e somente 16.300 no Vietname.

“Em 22 de Novembro de 1968, num domingo de manhã, sua esposa (Alma), regressava a casa e recebeu a notícia que havia um telegrama para ela e que o poderia levantar no Western Union Office.

O telegrama era do departamento do exército para informar que o seu marido Major Collin L. Powell estava envolvido num desastre de helicóptero” (p.201).

Powell ficou com alguns arranhões e um tornozelo partido. Apesar desta situação continuou no Vietname.

Posteriormente foi aprovado para o programa de graduação do exército, tendo o seu curso acabado em 1969.

Em 5 de Junho de 1969, recebeu uma carta da Universidade «The George Washington» a dizer que tinha sido aceite na «School of Government and Business Administration», onde fez o mestrado em administração.

Powell sentia-se novamente pronto para voltar ao Exército, como estudante graduado, como trabalhador do Pentágono, e como «White House Fellow», pois esteve afastado da realidade da tropa por 3 anos. Assim Powell terminou o programa do «White House Fellow» e voltou a colocar o seu uniforme.

O seu destino desta vez era a Coreia, onde lhe iriam ensinar liderança Militar. Regressou aos EUA em Setembro de 1974, depois da guerra da Coreia. Powell tornou-se mais sensível às questões relacionadas com a discriminação racial. Ainda em 1974 Powell foi convidado para ir para o colégio nacional de guerra, quando estava na Coreia, antes de regressar aos EUA.

Nessa altura o Presidente Nixon resignou ao mandato devido ao escândalo Watergate. As aulas no colégio só começavam em Agosto de 1975 e Powell foi nomeado para ir para o Pentágono.

Em Fevereiro de 1976, recebeu a promoção a Coronel, embora Powell tenha sempre levado as suas expectativas em relação à carreira com cautela.

Mais tarde Powell recebeu novamente notícias. Iria começar a comandar a 2ª Brigada 109 Airbome Division at Fort Campbell. Era um dos mais novos.

Em 1977 foi novamente a Washington para se encontrar com Zbigniew Brzezinski, no National Security Council. Segundo ele Victor Utgoff precisava de um assistente.

“Collin precisava de pensar, durante o tempo que esteve em Washington recebeu outra chamada, desta vez do Pentágono, tinha que se encontrar com John Kester, que tinha um título longo «Special Assistant to the Secretary and the Deputy Secretary of Defense». Collin usou as suas influências para saber mais algumas informações de Mr.Kester, soube então que era um jovem advogado ambicioso perto do Secretário da Defesa Harold Brown” (p.270).

Kester criou uma equipa de quatro oficiais militares, para o ajudarem, e queria que Powell o ajudasse, como assistente executivo e que comandasse a Unidade criada. Kester ficou particularmente impressionado por Powell ter estado no Vietname, ter sido comandante de campo e por ter pertencido ao «White Fellowship».

No início de 1978, Powell soube que seu pai tinha um cancro e que não lhe restava muito tempo de vida, um ano, talvez menos. Pouco tempo depois, viria a morrer aquele que representava uma referência na sua vida.

Em 23 de Outubro de 1978, voo para o Teerão e foi recebido pelo Major General Philip Gast, um dos «cabecilhas» da missão militar no Irão. Em 1978 foi também ao Kenya, foi a sua primeira visita a África.

A cerimónia formal de promoção a general, para Collin Powell e para o Coronel Carl Smith, teve lugar em 1 de Junho de 1979 na sala da Secretary of Defense.

“A sua promoção fez com que Powell fosse, aos 42 anos, o mais novo General do exército. O ritual de passagem para os novos generais passava por um conjunto de orientações, que começavam com uma cerimónia de boas vindas pelo Chefe do Exército, General Rogers, reunidos na sala de Conferências do Pentágono, para ouvirem palavras que ele nunca esqueceu” (p.287).

Charles Duncan e Powell tornaram-se rapidamente amigos e Duncan convidou Powell a ir com ele para o Departamento Nacional de Energia. O seu trabalho na organização do departamento consistia em ter que decidir a política de recursos humanos.

Devido a esta participação, Powell viu pela primeira vez o seu nome num jornal. Foi em 3 de Setembro de 1979.

W.Graham Claytor Jr, era Chefe de Gabinete na defesa e pediu-lhe para se tornar seu assistente militar.

“Em 24 de Abril de 1980, Powell chegou ao escritório à hora habitual (7.00h) e Graham Claytor já lá estava com ar preocupado sentia-se um clima de tensão ao longo da manhã” (p.321).

Em Novembro de 1980, Ronald Reagan foi eleito facilmente. Agora estavam à espera de novas ordens no Pentágono, quem iria ser o novo Secretário de Defesa.

Em 20 de Maio de 1982, Powell completou o 1° ano em Fort Carson. Powell foi para Fort Carson para qualificar e comandar a divisão, ficando mais um ano por lá.

Em 1 de Setembro de 1983, Powell recebeu uma chamada durante a noite do Delegado Director de Operações (Deputy Director of Operations). Estava a ligar do Centro de Comando Nacional Militar, sobre um jacto para passageiros, em rota para Seul do radar.

Pouco tempo depois o telefone tocou de novo. Parece que o avião terá feito uma aterragem de emergência, mais tarde disseram que talvez o avião tenha violado o espaço aéreo soviético.

Esta era a forma como a tragédia se desenvolvia ao longo do Pentágono. Foi então que souberam que um avião de caça soviético tinha atingido um avião de passageiros Coreano.

Os EUA reagiram com revolta a este ataque. Segundo os Russos o avião «intrometeu-se» no espaço aéreo soviético e eles tentaram dirigi-lo ao aeroporto mais próximo.

Finalmente, os soviéticos admitiram que eles tinham atingido o avião, mas que tinha sido um plano inteligente, uma operação bem planeada, conduzida pelos USA e Japão.

“Powell voltou à Alemanha a partir de Junho de 1986, tendo tido aulas de alemão, 8 horas por dia, 5 dias por semana e durante 3 semanas. Devido às ameaças terroristas na Alemanha tiveram que frequentar um curso de condução defensiva, e que consistia em técnicas de condução para fugir e iludir terroristas” (p.342).

Em 2 de Janeiro de 1987, já Powell se encontrava na Casa Branca, colocava-se a questão de saber o que fazer agora? Em Janeiro de 1988, entrou-se no último ano da administração de Reagan, nessa altura recebeu cópias de uma troca de notas entre o Senador Ted Stevens de Alasca e o vice-presidente Bush.

“Ted Stevens escreveu que «estava muito impressionado com Collin Powell», na sua opinião, ele deveria estar na «pequena lista» para potenciais vice-presidentes. Alguns dias mais tarde, em 5 de Janeiro de 1988, Bush respondeu «Ted está correcto em todos os aspectos sobre Collin Powell, um homem com classe em todos os aspectos». Em 5 de Novembro de 1987, Powell foi anunciado como a escolha do Presidente Reagan para ser o novo conselheiro de Segurança Nacional” (p.389).

Era mais um desafio para Collin Powell, tendo sido também convidado para chefiar e ser responsável pelos campos do Exército no Estados Unidos, incluindo a Guarda Nacional e as unidades de reserva. O comandante da Forscom tinha a cargo vários homens e várias forças militares.

Em 1988, quando Powell se tomou consultor de Segurança Nacional, tiveram que enfrentar uma situação semelhante, mas desta vez tiveram que explicar ao mundo porque é que o cruzeiro Americano U.S.S atingiu o airbus iraniano, matando 290 passageiros e a tripulação.

A era de Reagan chegou ao fim em Janeiro de 1989, Powell tornou-se assim chairman (conselheiro) no final de 1989. Panamá foi a primeira grande crise estrangeira da Administração de Bush. Foi o primeiro grande teste para Collin Powell e para Bush.

Collin, agora, não estava limitado a um papel de mensageiro. Era o principal Conselheiro Militar.

A invasão de Saddam Hussein ao Kuwait, aconteceu mais tarde, 9 meses depois de Collin Powell, na sua visão, ter previsto que a Coreia e o Golfo Pérsico eram zonas de tensão a envolver U.S.Forças.

“Numa viagem que Powell fez no início de Julho de 1990 à Tunísia, Egipto e Jordânia encontrou estes estados optimistas sobre uma solução Árabe para os problemas financeiros do Iraque. No entanto em Israel encontrou menos optimismo em relação ás intenções de Saddam.

Powell achava que era importante colocar a bandeira Americana no deserto Saudita o mais rápido possível, sabiam também através de estimativas da CIA, que os Iraquianos tinham pelo menos cem toneladas de agentes químicos.

Saddam tinha usado em ambos, mostarda e gás de nervos na sua guerra contra o Irão. Sabiam que ele tinha usado gás na rebelião Iraquiana contra a minoria Curda, em 1988, matando e ferindo centenas de curdos” (p.421).

A missão dos EUA era defender a Arábia Saudita. Devendo ter assim poder suficiente para desencorajar Saddam do ataque.

Tinham aproximadamente 184.000 tropas no local. Não existia qualquer dúvida que conseguiam defender a Arábia Saudita, passando a Missão a ter o nome de «Tempestade no deserto».

Powell foi chefe conjunto dos EUA, desde 1990, tendo dirigido a partir do Pentágono, a operação «tempestade no deserto», durante a guerra do Golfo, em 1991, valendo-lhe uma grande reputação, pela sua moderação, prudência e contundência na acção.

Em 17 de Janeiro de 1991 começou aquilo que Saddam Hussein chamou de «A mãe de todas as batalhas» “para Powell não lhe restavam dúvidas que seria