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Verificação de associação entre as variáveis

4. A CONFIGURAÇÃO DA CENA EDITORIAL DA SERRA GAÚCHA DE 2000 ATÉ

4.2 Verificação de associação entre as variáveis

Nesta seção, serão apresentados os resultados obtidos a partir do cruzamento dos dados explicitados anteriormente. Para isso, também foi utilizado o programa IBM® SPSS® Statistics

19, que executou o teste do Qui-Quadrado. Simbolizado por , esse é um teste de hipóteses

que “se destina a encontrar um valor de dispersão para duas variáveis nominais e avaliar a associação existente entre as variáveis qualitativas”, segundo informação encontrada na página da Biometria, no site da UFPA26. Ressalta-se que esse teste permite “analisar a relação de independência entre variáveis qualitativas” (PESTANA; GAGEIRO, 2005, p. 127). Os autores ainda destacam que:

Nos testes do Qui-Quadrado, os valores esperados para todas as células são comparados com os respectivos valores observados para se inferir sobre a relação existente entre as variáveis. Se as diferenças entre os valores observados e esperados não se consideram significativamente diferentes, as variáveis são independentes, ou seja, o valor do teste pertence à região de aceitação. Caso contrário, rejeita-se a hipótese da independência, ou seja, o valor do teste pertence à região crítica. (2005, p. 128)

Portanto, esse é um teste utilizado para verificar se há dependência entre as variáveis encontradas acerca do sistema literário da Serra Gaúcha. Além disso, é possível observar os resultados esperados pelo teste e aqueles realmente encontrados. Salienta-se que serão analisadas tanto as relações de dependência entre as variáveis, quanto a sua ausência, pois ambas são consideradas significativas para a leitura do panorama literário regional da Serra Gaúcha.

No quadro a seguir, podem ser encontrados os cruzamentos de informações realizados e os seus níveis de dependência:

Quadro 8

Resultados dos níveis de dependência entre as variáveis da paisagem literária da Serra Gaúcha

Cruzamentos P Valor

Número de publicações X Gênero 0,971 0,808

Tipo textual X Gênero 44,411 0,000*

Meios de publicação dos livros (editora, gráfica e/ou internet) X Localização das editoras e gráficas de publicação

53,613 0,000*

Meios de publicação dos livros (editora, gráfica e/ou internet) X Tipo textual

66,301a 0,000*

Gênero X Localização das editoras e gráficas de publicação 1,725 0,422

Gênero X Áreas de atuação 6,581 0,087

Gênero X Formação dos escritores 2,547 0,110

Meios de publicação dos livros (editora, gráfica e/ou internet) X Formação dos escritores

1,796 0,616

Número de publicações X Formação dos escritores 0,584 0,900

Número de publicações X Áreas de atuação 14,825 0,251

*P Valor < 0,05 significa que há uma relação de dependência entre as variáveis. Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Destaca-se que o P Valor é o resultado que deve ser observado para verificar se a relação entre as variáveis ocorre de forma dependente. Quando esse valor é menor que 0,05, significa que há relação de dependência entre as variáveis. Em contrapartida, quando o P valor é maior que 0,05, a correlação entre as variáveis ocorre de forma independente.

A partir do quadro apresentado anteriormente, serão descritos e analisados os resultados obtidos com a realização das dez associações executadas no software IBM® SPSS® Statistics 19, através do teste do Qui-Quadrado.

O primeiro cruzamento realizado buscou encontrar alguma relação de dependência entre o número de publicações e o gênero dos escritores. A única premissa que foi confirmada é que os homens possuem mais obras publicadas que as mulheres. Esse resultado é consequência da maior quantidade de escritores, do que de escritoras no sistema literário da Serra. Observe-se:

Quadro 9

Associação A – Número de publicações X Gênero

Gênero

Total Masculino Feminino

Número de publicações Uma publicação 78 59 137

De 2 a 5 publicações 52 34 86

De 6 a 10 publicações 12 6 18

Mais de 10 publicações 6 3 9

Total 148 102 250

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Conforme o teste, não há relação de dependência nessa associação. Ressalta-se, aqui, que a maior parte dos escritores da região, tanto homens como mulheres, possui apenas uma publicação. Tal informação revela que esse é um sistema ainda em desenvolvimento, o que é muito positivo, visto que se deduz que há novos escritores surgindo no ambiente literário atual da Serra.

Além disso, é interessante ressaltar que há também muitos escritores (homens e mulheres) que publicaram entre duas e cinco obras. Isso indica que muitos deles encontraram e/ou conquistaram seu espaço nesse sistema. A existência de poucos escritores com seis ou mais publicações evidencia o quanto esse sistema é jovem e ainda está em fase de constituição.

Para Escarpit (1969), a produção literária é o resultado de uma população de escritores que, assim como outros grupos demográficos, está submetida a flutuações como envelhecimento, rejuvenescimento, superpopulação e despovoamento. Portanto, no caso da Serra Gaúcha, percebe-se que a população de escritores está em ascendência, tendo em vista o grande número de escritores com somente uma e até cinco obras publicadas.

Também não se pode descartar a possibilidade de existência de escritores que, na verdade, são ou serão autores de um único livro. Porém, ainda é muito cedo para tal afirmação; será necessário distanciamento histórico para observar os desdobramentos da produção literária na região nesse período.

O segundo cruzamento realizado foi entre as variáveis Tipo textual e Gênero. Os dados gerais podem ser observados no quadro que segue:

Quadro 10

Associação B1 – Tipo textual X Gênero

Gênero

Total Masculino Feminino

Tipo textual Missing 3 7 10

Poesia 40 22 62

Prosa 64 20 84

Literatura infantil/juvenil 11 39 50

Poesia e Prosa 30 14 44

Total 148 102 250

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Verifica-se que o tipo textual mais publicado pelos homens é a prosa, enquanto grande parte das mulheres escreve literatura infantil/juvenil. Destaca-se a ocorrência de escritores do sistema literário que se dedicam à publicação tanto de poesia como de prosa: trinta homens e quatorze mulheres. Todavia, a maioria dos escritores do sistema se dedica à produção de apenas um tipo de texto. Antes da realização desta pesquisa, acreditava-se que a poesia era o tipo textual mais publicado pelos escritores da região, hipótese que não se concretizou. Apesar das dificuldades encontradas para a publicação de poesia, já abordadas neste estudo, é até considerável o número de escritores que publicam textos dessa natureza, mesmo que tenham que pagar por suas edições.

A realização do teste do Qui-Quadrado mostrou que há associação de dependência entre as variáveis Tipo textual e Gênero. Leia-se:

Quadro 11

Associação B2 – Os resultados do teste do Qui-Quadrado (Tipo textual X Gênero) Gênero

Total Masculino Feminino

Tipo textual Missing Count 3 7 10

ExpectedCount 5,9 4,1 10,0 % of Total 1,2% 2,8% 4,0% Poesia Count 40 22 62 ExpectedCount 36,7 25,3 62,0 % of Total 16,0% 8,8% 24,8% Prosa Count 64 20 84 ExpectedCount 49,7 34,3 84,0 % of Total 25,6% 8,0% 33,6% Literatura infantil/juvenil Count 11 39 50 ExpectedCount 29,6 20,4 50,0 % of Total 4,4% 15,6% 20,0%

Prosa e Poesia Count 30 14 44

ExpectedCount 26,0 18,0 44,0

% of Total 12,0% 5,6% 17,6%

Total Count 148 102 250

ExpectedCount 148,0 102,0 250,0

% of Total 59,2% 40,8% 100,0%

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

No quadro apresentado, observam-se os números esperados pelo teste do Qui- Quadrado (Expected Count) e aqueles que foram encontrados pelo programa (Count). Como é possível verificar, as escritoras da região tendem a publicar literatura infantil/juvenil, ficando abaixo do esperado em todos os índices para publicação tanto de prosa como de poesia. Por sua vez, os homens publicam pouca literatura infantil/juvenil, pois estão bem abaixo dos resultados esperados pelo teste. Conforme os dados encontrados no quadro, eles têm se voltado para a produção de prosa e/ou poesia.

A partir das informações obtidas, seria possível afirmar que há a demanda de um público leitor de literatura infantil/juvenil na Serra e, por isso, tantas escritoras publicam esse tipo de literatura. Poderíamos ainda cogitar que há identificação maior do público feminino com crianças e jovens, o que explicaria sua dedicação em produzir literatura para esse tipo de leitor. Porém, essa é uma reflexão que necessita de estudo específico para o levantamento e a confirmação ou não das hipóteses. Vale lembrar que, nesta tese, o objetivo é apresentar as

informações como uma forma de verificação do panorama de produção, publicação e circulação literárias na região, e um estudo sobre literatura e gênero na Serra Gaúcha ainda está por ser desenvolvido.

Também foi realizado o cruzamento entre as variáveis que indicam o meio e a região de publicação das obras. Foram encontrados os seguintes dados:

Quadro 12

Associação C1 – Meios de publicação dos livros X Localização das editoras e gráficas de publicação Cidade Total Serra Gaúcha Outras regiões Ambas Meios de publicação dos livros Editora 64 29 18 111 Gráfica 69 8 3 80 Gráfica e editor 28 2 23 53 Total 161 39 44 244

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Nesse quadro, pode-se constatar que a grande maioria dos escritores da Serra publica em editoras ou gráficas da região. Ao lançar essas informações no software, foi possível observar a existência de associação de dependência entre as variáveis. Isso pode ser verificado a seguir:

Quadro 13

Associação C2 - Os resultados do teste do Qui-Quadrado (Meios de publicação dos livros X Localização das editoras e gráficas de publicação)

Cidade Total Serra Gaúcha Outras regiões Ambas Meios de publicação dos livros Editora Count 64 29 18 111 ExpectedCount 72,9 17,7 20,4 111,0 Gráfica Count 69 8 3 80 ExpectedCount 52,6 12,7 14,7 80,0 Gráfica e editor Count 28 2 23 53 ExpectedCount 34,8 8,4 9,7 53,0 Total Count 161 39 44 244 ExpectedCount 160,3 38,8 44,8 244,0

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

O teste revelou que o número esperado para escritores que publicam em editoras da Serra era de 72,9. No entanto, apenas 64 autores o fazem. Além disso, esperava-se que só 52,6

produtores de literatura publicassem em gráficas da Serra Gaúcha, porém, esse número é de 69. Isso demonstra que muitos escritores desse sistema ainda não conseguem ter seus escritos publicados em editoras da própria região. Talvez, o número reduzido de casas editoriais na Serra Gaúcha ou os altos custos para a edição especializada de uma obra sejam fatores que dificultem a publicação nesse meio.

Portanto, observa-se que, para muitos escritores, publicar um livro em uma editora pode ser um objetivo ainda não alcançado. Também é necessário levar em consideração que vários escritores que publicam em editoras da região recorrem ao financiamento público, ou, em alguns casos, assumem os riscos e bancam os custos de edição. Há, ainda, casos em que os autores enviam seus textos para as editoras, e elas financiam a obra.

Outro número que chama a atenção é a quantidade de escritores que publicam em editoras de outras regiões. O teste trazia uma previsão de 17,7, mas o resultado encontrado é de 29 autores. Desse modo, há mais escritores publicando em editoras fora da Serra, do que o esperado pelo teste. Esse pode ser um sintoma de que, quando não há espaço para os escritores publicarem em editoras regionais, eles recorrem àquelas que estão fora da região serrana. Entretanto, não se pode esquecer que há escritores que desejam publicar unicamente em editoras de fora da região, evitando, assim, o ambiente literário serrano.

Arendt (2011b) apresenta, em linhas gerais, o estudo desenvolvido por Scheichl (1993), no qual o autor alemão propõe duas questões para delimitar a sua pesquisa. São elas: “Quem pertence de fato apenas à literatura regional? Quem se enquadra no âmbito suprarregional da literatura de língua alemã e pode ser aí inserido por suas maiores ou menores relações regionais?” (ARENDT, 2011b, p. 220). Ao apresentar esses questionamentos, Arendt não considera esse ponto de vista como absoluto, pois acredita que existem autores no sistema que “desejam atuar somente no limitado âmbito regional e outros que renunciam aos temas regionais” (ARENDT, 2011b, p. 220), o que, de certo modo, confirma a premissa anterior acerca da atuação de alguns escritores no sistema literário serrano. Ele acrescenta que o critério de qualidade dos textos “também é incapaz de decidir por si só a classificação, embora a recepção fora da região em que a obra surgiu ou o autor viveu só possa ser imaginável quando o texto literário atinge certo grau de qualidade” (ARENDT, 2011b, p. 220). No entanto, não é isso que pode ser verificado na maioria dos casos dos escritores da Serra Gaúcha que publicam em outras regiões, pois muitos deles acabam publicando em editoras que pertencem a um cenário literário menos favorável que o da região da Serra, e poucos são aqueles que publicam em editoras que fazem parte de um sistema literário já consolidado e de maior alcance que o serrano.

Para Scheichl (1993), o estudo dos critérios sociológicos que envolvem a literatura produzida em uma região deve ser explorado, ficando, assim, a qualidade estética do texto em segundo plano. Nesse sentido, importa saber, aqui, “em quais meios o autor publicou, [...] a que público suas obras se dirigem e por quem elas de fato são ou foram lidas. Tal critério ajudaria a distinguir com mais propriedade a literatura regional e a literatura não regional” (ARENDT, 2011b, p. 221).

Desse modo, os 29 escritores que publicaram somente em editoras de fora da região e os oito que publicaram unicamente em gráficas também pertencentes a outras regiões não sejam, talvez, reconhecidos pelo público leitor como escritores regionais. Tendo em vista apenas o critério do local de publicação das obras, esses autores estariam fora do sistema literário serrano. Não obstante, sabe-se que o sistema literário não é homogêneo, “compacto e coeso, mas cheio de fissuras e imperfeições” (ARENDT, 2012, p. 89). Portanto, eles podem ter publicado fora da região, mas continuam a fazer parte de outras instâncias do sistema, através da existência de um público leitor para suas obras na Serra, do próprio reconhecimento da comunidade como sendo escritores da região e da produção crítica de caráter regional, por exemplo.

Outro cruzamento de informações que pode descortinar determinado panorama literário regional de forma geral é a análise dos meios de publicação em relação aos tipos textuais mais frequentes. No caso da Serra Gaúcha, foram encontradas as seguintes informações em relação aos escritores da região:

Quadro 14

Associação D1 – Meios de publicação dos livros X Tipo textual Tipo textual

Total

Missing Poesia Prosa

Literatura infantil/juvenil Prosa e poesia Meios de publicação Editora 2 20 48 29 12 111 Gráfica 4 27 28 16 5 80 Internet 0 1 2 0 0 3 Gráfica e editora 1 14 6 5 27 53 Total 7 62 84 50 44 247

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Observa-se que a maior parte dos escritores de prosa (48) publica em editoras. Em contrapartida, os números de escritores que publicam poesia em gráficas (27) ou editoras (20) estão equilibrados, de acordo com as informações coletadas. Sabe-se que há mais escritores de prosa, por isso, a frequência com que publicam em editoras também deverá ser maior. Contudo,

isso não justifica a baixa frequência de escritores de poesia publicando em editoras. Esses dados confirmam que os meios de publicação de maior prestígio na região dificilmente editam poesia. Ressalta-se que os escritores da região raramente publicam textos na íntegra na internet (apenas três), como já foi verificado anteriormente nesta discussão. Dentre os escritores de prosa e poesia (44), é comum a publicação tanto em gráficas como em editoras. O interessante é que, na maioria dos casos, quando há um livro de poesia dentre outros publicados pelo autor, normalmente, este foi editado por uma gráfica, enquanto os livros de prosa passaram por editoras.

A partir do lançamento dessas informações no programa IBM® SPSS® Statistics 19, o software localizou uma associação de dependência entre as variáveis.

Quadro 15

Associação D2 - Os resultados do teste do Qui-Quadrado (Meios de publicação dos livros X Tipo textual)

Missing Poesia Prosa

Literatura infantil/juvenil Meios de publicação de livros Editora Count 2 20 48 29 ExpectedCount 3,1 27,9 37,7 22,5 Gráfica Count 4 27 28 16 ExpectedCount 2,3 20,1 27,2 16,2 Internet Count 0 1 2 1 ExpectedCount 0 1 1,0 1

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Como pode ser observado no quadro, os escritores que publicam prosa e literatura infantil/juvenil possuem seus índices de publicação em editoras acima do esperado pelo teste, o que pode denotar que essa é a preferência das editoras locais, visto que a maior parte dos escritores se enquadra nesse critério. Além disso, é possível inferir que há público leitor para essas categorias de texto na Serra Gaúcha. Entretanto, deve-se atentar para o alerta que Escarpit (1969) faz ao afirmar que, assim como os livreiros e os bibliotecários, os editores são considerados intermediários do livro entre autor e público, pois eles controlam a compra, a venda, a troca e a edição especializada de livros.

Portanto, aliando as preferências do público leitor à obtenção de bons resultados financeiros através da venda de livros, o quadro anterior demonstra que os editores da região em questão investem na edição, principalmente, de livros de prosa e literatura infantil/juvenil. Isso acontece porque essas são as duas categorias de livros que têm maior aceitação entre os leitores na região, como pôde ser observado a partir das entrevistas realizadas com os editores da Serra.

Também foi executado o cruzamento das variáveis Gênero e Local de publicação de livros, a fim de observar se há diferenças significativas entre o local onde mulheres e homens publicam. A partir dessa proposta, foram obtidos os seguintes resultados:

Quadro 16

Associação E27 – Gênero X Localização das editoras e gráficas de publicação

Localização das editoras e gráficas de publicação Total Serra Gaúcha Outras regiões Ambas Gênero Masculino 101 20 27 148 Feminino 60 19 18 97 Total 161 39 45 245

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Através do cruzamento dessas informações, o software não localizou relação de dependência entre as variáveis. Todavia, é interessante perceber que tanto homens quanto mulheres publicam com muita frequência em editoras e gráficas serranas. Isso também revela que há espaço na região para os escritores e escritoras publicarem seus textos nesses meios. Não obstante, deve-se observar que, mesmo que as editoras locais abram possibilidades de publicação e inclusive possuam linhas editoriais específicas para a publicação de livros oriundos da região, muitos escritores não conseguem publicar seus escritos nas casas editoriais da Serra ou não têm esse interesse e, por isso, acabam recorrendo a editoras de outras regiões ou, até mesmo, às gráficas, para publicarem seus livros.

Vale mencionar que, consoante Arendt (2011b), publicar em editoras suprarregionais é mais interessante que publicar em editoras regionais, no que diz respeito aos níveis de circulação do livro. Isso porque elas podem facilitar a “difusão de textos literários em forma de resenhas que exercem influência sobre o autor e que não são necessariamente encomendadas pelo editor a críticos apadrinhados” (ARENDT, 2011b, p. 221). No entanto, conforme já foi afirmado, para os escritores da Serra, publicar em editoras de fora da região nem sempre é sinônimo de um âmbito maior para a circulação de seus livros, porque, muitas vezes, as casas editoriais são de abrangência limitada.

Levando em consideração que na cidade de Caxias do Sul há editoras que disponibilizam os livros que editam não somente nesta microrregião, mas também em todo o

27 As associações E, F, G, H, I e J não apresentaram relação de dependência entre as variáveis. Dessa maneira, optou-se por não exibir o segundo quadro gerado pelo software, conforme é possível observar nas associações anteriores, visto que não acrescentaria novos dados à pesquisa.

Rio Grande do Sul e, até mesmo, na região Sudeste brasileira, será realmente vantajoso para os escritores serranos, em termos de circulação de seus livros, se conseguirem publicar em editoras que contam com um âmbito de circulação maior que o de algumas editoras da Serra. Acredita- se que essas casas editoriais podem ser encontradas em Porto Alegre ou, então, no Sudeste do país. Desse modo, quer-se enfatizar que a literatura publicada em algumas editoras da Serra Gaúcha circula não apenas em âmbitos regionais, mas também em outras regiões do Brasil, de acordo com o contexto de distribuição de livros.

Contudo, deve-se atentar para mais um aspecto: publicar um livro em uma editora de Porto Alegre, por exemplo, mesmo que ela não ofereça um âmbito muito amplo de distribuição das obras, poderá atrair os olhares de críticos literários mais facilmente. Assim, para o escritor, segundo Arendt (2011b), a escolha da editora na qual irá publicar é etapa determinante, tendo em vista a projeção desejada para o texto.

A partir da análise dos dados coletados, também foi realizado o cruzamento entre o gênero e a profissão dos escritores. Nesse caso, foram cruzados apenas os dados referentes aos autores dos quais foram obtidas as informações acerca de suas áreas de atuação. Leia-se:

Quadro 17

Associação F – Gênero X Área de atuação

Área de atuação Total Educação Comunicação Escrita Profissional Outros Gênero Masculino 21 14 9 63 107 Feminino 22 4 5 29 60 Total 43 18 14 92 167

Fonte: elaborado pela autora desta tese.

Como é possível perceber, não há associação de dependência ente as variáveis. Cabe salientar que foi possível verificar a profissão autodeclarada de apenas 167 escritores. Mesmo assim, acredita-se que seja relevante apresentar os dados encontrados, a fim de tentar compreender o papel do escritor na região. Escarpit (1969), ao discorrer acerca do papel do