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Na análise proposta pelo conjunto de variáveis apresentadas, é perfeitamente visível a multiplicidade de disciplinas que envolvem o acto criativo e expressivo de Vídeo Jockeying. Como somatório desta multidisciplinaridade, mostra-se

relevante considerar o potencial emergente encontrado nas mais diversificadas abordagens. Deste modo, a capacidade de produção criativa das construções visuais é profundamente ampliada quando inserida num processo consciente do potencial oferecido pelo aglutinar das várias áreas que se podem entrelaçar na construção da experiência para ambos, VJ e audiência. Talvez seja o ordenamento de tecnologia, filosofia, criatividade, juntamente com o bombardeio dos sentidos, que se mostra tão gratificante para aqueles que se convertem a esta prática.

Img.34 Quadro relacional global.

Por tal, esta constante reformulação e crescente interesse tem questionado o seu valor como arte, i.e., até que ponto VJing é identificado e assumido com um valor artístico. A verdade é que, VJing como arte depende de como a experiência é vivida. Pode conseguir um potencial artístico quando se destaca de outras formas expressivas por oferecer momentos sensoriais, produzidos por um diálogo num ciclo de energias de mensagens e respostas emocionais (feedback). Posto isto, esta ligação nem sempre é possível com outras formas de arte já que, em VJing é possível interpretar humores e conduzir o público numa viagem, e neste sentido é tanto uma acção performativa como uma forma de arte. Por outro lado, por se inserir no contexto dúbio dos clubes, marca-se uma certa resistência como arte. Um dos contra sensos actuais, prende-se exactamente nessa questão, sendo que, hoje em dia, não existe ainda uma profunda valorização cultural pelo contexto de expressão em que está inserido (os clubes nocturnos, ambientes de diversão). Por tal, uma das possibilidades de evidenciar esta prática como arte, relaciona-se inevitavelmente com o vínculo criativo da imagética e com o factor do espaço de projecção, que deve mostrar-se sempre acessível ao olhar do espectador. Os visuais são o centro criativo, e a performance dá corpo a essas imagens, existe um grau de liberdade criativa muito marcante, mas cabe ao próprio VJ saber conjugar todo o potencial que a ele está inerente.

VJing constrói um ambiente que propõe uma qualidade de sinestesia, numa relação entre os sentidos, oferecendo às pessoas presentes uma experiência potencialmente imersiva, algo que evolui em torno das necessidades e das subjectividades presenteadas pelas novas formas de comunicação do mundo contemporâneo, o qual é marcado em geral, por uma multiplicidade e velocidade nas artes. Esta capacidade activa e sinérgica, envolve diversos momentos de produção, desde a captura de imagens ou apropriação de samples, até ao

momento performativo em que se cria uma obra ‘aberta’. A acção do VJ não é um produto pronto, acabado, para ser apreciado pelo público, como acontece com o cinema em geral, ou um quadro ou uma escultura tradicional, ele, por sua vez, possui este carácter performativo e está sempre a renovar-se, a ajustar-se de acordo com as contingências do momento. É um trabalho acima de tudo volátil, que nunca está terminado, mas constrói momentos, e nesses momentos aglomeram-se um conjunto de capacidades que com outras disciplinas artísticas não se consegue. É uma arte em tempo, e como Riddell afirma "o nosso século transformou a instalação numa forma de arte" onde os conceitos começaram a ser experienciados por meio de lugar, imagem e som. (Ridell, 2001, cit. por Tordino, 2007) Sendo assim, o Vídeo Jockeying pode ser considerado “a origem dos

‘happenings’, realizadas na cultura dos clubes nocturnos." (Emmerson, 2001, cit. por Tordino, 2007)

Como catalisador de uma obra momentânea, o VJing pode e deve ser visto como forma artística, já que se desenvolve em constante improviso e em sensibilidade estética. Para além disso, VJing é um conjunto de disciplinas num só, envolve um trabalho metódico de construção ou reformulação de imagens, exige a presença de uma consciência comunicativa e acima de tudo, é capaz de desenhar múltiplos universos para cada espectador. Por outro lado, os espaços que se reinam pela música electrónica, figuram-se inadequados para as necessidades artísticas da sociedade contemporânea, já que no espaço, é apenas uma segunda alternativa, estando a audiência mesclada pela envolvência da música, das imagens e da socialização. Isso não implica porém, que as formas artísticas não se vinculem, apenas estão camufladas em experiências.

Sendo assim, talvez não seja a galeria o lugar do VJ, estes espaços implicam uma certa adaptação que destitui o mística realizada na performance. Para além disso, a marginalidade em relação aos circuitos oficiais de arte pode ser algo positivo e indicativo da marca média no VJing. A busca de alternativas para a manifestação da arte é um tema válido e apelativo para esta sociedade em constante vontade de recriar e quebrar normas comunicativas.

VJing tem portanto, ganho o estatuto de manifestação artística, afirmando a sua presença em eventos da cultura electrónica, estando a captar a atenção da arte e de estudiosos da tecnologia. É um reflexo artístico. Não fosse a arte, um mundo de possibilidades de sentir o mundo.

VJING

|5. PERSPECTIVA PRÁTICA

Para completar os pressupostos analisados e intrínsecos à prática de VJing, a prática assume-se como necessária. Para tal, propuseram-se duas performances estruturadas por um conglutinado de diferentes articulações que é indicado pelas diferentes variáveis que adjectivam a prática de VJing.

Considerando primeiramente em singularidade cada variável, foi possível definir as suas principais particularidades no conceito global performativo. Analisando a correlação VJing e música, ou de uma forma mais exacta, a relação entre imagem e som num espaço e tempo performativo, os principais pontos centralizam-se na dicotomia sincronismo e ausência do mesmo, na parelha audiovisual.

O sincronismo do ritmo visual com a música mostra-se como um complemento da mesma, reforçando a sua existência, originando uma experiência harmoniosa. Por outro lado, é possível igualmente, divergir dessa necessidade linear de ritmo, e agenciar experiências de sinestesia, fazendo com que o ritmo da imagem se torne mais um instrumento da música, oferecendo ao espectador a possibilidade de ‘ouvir’ a imagem, ou ‘ver’ a música. Este mostrou-se um dos objectivos para testar em performance. Tendo em conta que a linguagem musical visual nestas práticas é muito similar à linguagem da música, pois baseia-se em ritmo, duração, frequência, composição, traduz-se conceptualmente uma necessidade presencial predominantemente abstracta. Esta particularidade vinca assim, a existência de uma sinestesia pelo trabalho colaborativo entre a música e a acção realizada.

Aceitando como válido, este pacto que autoriza a vivência audiovisual, as experiências práticas desenvolvidas procuram assim, demandar visibilidade à performance e visuais, pelo aproveitamento desta relação dependente, ousando sobressair os visuais perante a música, em determinadas partes da performance.

Quanto à conceptualidade, esta resulta num dos principais centros da actividade de um VJ. A pré-preparação de conceitos e ideologias performativas são o ponto fulcral para a determinação do sucesso da experiência. A primeira relação prática delineia-se pela indispensabilidade de se definir sequências visuais organizadas e contextualizadas, pois a ênfase não está naquilo que se vê, mas como sucedem os volumes de imagens, i.e., determinados visuais justapostos potenciam momentos experienciais, e se esses visuais não forem ‘complementares’ podem estragar-se mutuamente. Sendo assim,a pré-montagem e a definição de objectivos sensoriais e mensagens, procurou basear-se na característica exposta pelo público neste contexto, i.e., o olhar ‘manchado’, demandando a criação de performances que procuram uma apresentação ‘vaga’, i.e., não se procura contar histórias, mas sim indicar-se algo. A aquisição de um banco de imagens e a sua prévia manipulação estética e organizacional, foi o primeiro ponto para a construção das experiencias práticas.

Por tal, nesta definição, procurou-se oferecer uma performance desenhada pela estética abstracta na sua generalidade, jogando com cores, efeitos visuais, ritmos, com um intuito, em primeira instância, sensorial. Como alternativa para o teste prático, usaram-se igualmente imagens mais concretas e identificativas, como por exemplo, excertos de filmes, induzindo a pequenas acções na imagem, que visam sugerir fragmentos narrativos. Estas últimas, procuram sublinhar a arquitectura visual de VJing que se instaura por processos de associação i.e., imagens que se repetem, que se justapõem, incitando a visão. Por tal, ao se procurar jogar com o subconsciente do observador é possível consagrar-se experiências imersivas, e por outro lado marcar impacto no mesmo, por intensidades e pela possibilidade de transmitir mensagens, tal como uma qualquer obra artística. Certo é que, o público é sempre o centro de toda a performance, sem ele nada faz sentido, é através dele que se conduz a performance e se procura converte-lo à atenção imagética. Esta dualidade na configuração da exposição visual concede ao Vídeo Jockeying uma enorme potência criativa. O que se encontra, geralmente, é uma necessidade de romper com a figuração, porém, a abstracção tende à figuração, e a figuração tende à abstracção. Nas performances, pretendeu-se analogamente verificar se a tendência abstracta se traslada ou não para figurativa.

No conceito espacial, a disposição dos locais da tela e do espaço de performance do VJ foram condicionados pela configuração do espaço em particular. Uma das principais características para demarcar a performance VJing, é a necessidade das telas se apresentarem sempre visíveis ao público, impulsionando o olhar. Para além disso, a dimensão da projecção interfere igualmente, é certo que em telas maiores o movimento parece mais lento, e em projecções minúsculas, a imagem pode apenas assumir-se como ruído e indispensável. Posto isto, e contando com alguns factores externos imprevisíveis, a conceptualidade deve ser pensada num tom neutro, adaptável às várias situações espaciais, embora o ideal seja uma tela de médias dimensões, como foi no caso do espaço das experiencias realizadas. A nível espacial existe ainda uma abordagem menos palpável, que se apresenta pela capacidade imersiva oferecida pelos visuais. A imersão é a criação de um novo espaço, um espaço que fica entre o real e o imagético, aquele que se situa entre os dois, pois o observador oscila entre a pista e a tela, ou seja, a ambiência é gerada pelo espaço entre-imagens, mas igualmente pelo espaço-luz e o espaço- som. Partindo deste pressuposto, a prática destas sessões performativas procura assim, jogar com o espaço e a projecção, de forma que se consiga criar mundos híbridos. A experiência para o observador deve ser positiva, aprazível, gratificante e ao possibilitar a imersão o público ‘integra-se’ na imagem, podendo abstrair-se das suas condicionantes. Para se proporcionar a imersão, a imagética deve saber orquestrar ritmos, ou por uma força abstracta ou por uma presença de pequenas narrativas por associação figurativa.

Relativamente à variável performativa, VJing diferente das similares formas de projecção, por se enquadrar num momento ao vivo e em tempo-real, i.e., existe um factor forte de imprevisibilidade e exige igualmente sensibilidade do VJ para conduzir a performance. Na conceptualidade as imagens são organizadas perante distintos contextos, na performance essas imagens ganham sentido em sequência pela variação na sucessão de imagens diferentes, criando desiguais momentos de intensidade.A intensidade é atingida pela articulação da performance e o domínio da linguagem performativa, do ritmo, dos efeitos, do movimento, marcados pela ‘temperatura de pista’, i.e., o grau de atenção ou dispersão do público. De uma forma prática, as performances experienciadas procuraram articular esse acto comunicativo entre público e imagens. A sequência de imagens na performance incita uma resposta activa pelo observador. O que projectar, quando projectar, que efeitos ou não usar, são as principais questões que todo o VJ lida durante o memento performativo. Esta capacidade efémera e única da experiência visual, conferem ao VJ a possibilidade de marcar presença, ou ‘atingir’ um determinado.

observador, cuja experiência é vivida dependendo do local onde se situa no espaço. O aqui e agora, oferece diversas potencialidades, sendo que, a procura de maiores ou menores graus de intensidade, é realizada de acordo com a ‘vibe’ do público, procurando oferecer, em primeira instância,uma experiência aprazível às pessoas que se deixam ‘atingir’ pelas imagens. Estar atento a esta reacção e conjugar estética, com música e improviso é tudo aquilo que o acto performativo procura, e por tal, foi necessário experienciar tais relações.

VJing articula assim diferentes factores indispensáveis à materialização de momentos agradáveis, potencialmente artísticos, sendo que, o VJ deve conhecer e dominar o potencial das suas diferentes variáveis, para que consiga oferecer um novo estatuto à sua prática. Nas experiências práticas realizadas, estas diferentes variáveis inter-relacionais foram experienciadas, observando-se de perto o papel da imagem nestes espaços regido pelo som.

Como crítica à cultura actual de partilha e acesso fácil a diferentes tipos de dados, na performance usaram-se apenas vídeos apropriados, sendo que a maioria deles possuem uma licença de uso, a chamada Creative Commons, permitindo a sua utilização e reprodução. A maioria destes vídeos pertence a diferentes criativos de Vídeo Jockeying, os quais divulgam em websites com o objectivo de partilha. Para além disso, outra parte dos vídeos foram apropriados de websites como o youtube e vimeo e foram posteriormente manipulados, fatiados e redesenhados por efeitos, construindo assim ‘novas obras’. O software usado como preferência foi o Resolume versão 2.3.

5.1. PERFORMANCES

O espaço onde se realizaram as performances foi o bar Plano B no Porto. Neste espaço, a configuração da projecção situa-se lateral à pista e perpendicular ao local do VJ que é ao lado do DJ (Img.35). Posto isto, foram realizadas duas sessões de VJing em dias distintos. Na primeira testaram-se vários sets performativos, cada uma para experienciar diferentes valores. Na segunda, sem um guião a cumprir, apenas se explorou o diálogo entre audiência e imagens. Nesta ultima, no final realizaram-se alguns inquéritos às pessoas presentes, para compreender o impacto dos visuais no espaço e na experiência. Apenas se descreve aqui a primeira performance pela relevância estrutural. O segundo acto performativo será incluído na reflexão sobre os resultados.

Atendendo a todas as correlações anteriormente identificas e desenvolvidas, a pré-preparação da primeira performance, i.e., a sua conceptualidade, foi o inicial

Img.35 Plano B – configuração espacial

Img.36 e 37: set 1 exemplo de imagens

Img.38 e 39: set 2 exemplo de imagens

ponto de desenvolvimento. Para tal, com um set previsto de durabilidade média de 3horas, foram decididos diferentes sets visuais, com diferencias nas variantes e objectivos estimulantes distintos. Organizacionalmente foram divididos pela categoria hierárquica principal, a conceptualidade. Neste ponto, a divisão fez-se entre abstracto, em figurativo e a mistura de ambos, figurativo e abstracto. Na divisão dos sets, estão implicadas particularidades que visam provar a eficiência

de determinados pressupostos. Sendo assim, a divisão dos sets (ver tabela em anexo)

implicou seis partes distintas às quais em média correspondiam cerca de vinte a trinta minutos.

No primeiro set, conceptualmente procurou-se a abstracção. O objectivo, por sua vez, prendeu-se com a busca de cor e da luz como estímulo, onde se manipulou cores saturas e efeitos para evidenciarem a cor e a luz perante o acto musical, como uma analogia à color music. Este set desenhou-se simples, como iniciador da performance baseou-se num jogo simples de ritmos e cores, na tentativa de um sincronismo musical. A proposta deste set foi realizada para se compreender o efeito das formas simples e diferentes cromáticas da imagem perante o público. A reacção do público inicialmente foi a de parar e circundar a tela, olhando para a mesma sem prestar tanta atenção à música. Isto acontece por os públicos se encontrarem formatados para visualizar vídeos de forma contemplativa, como no cinema. Passado este momento, a intenção das cores e das formas simples, parecia funcionar mais como um adereço espacial, como se completasse as luzes coloridas. Os olhares encontravam-se com a tela, e o sincronismo musical parecia ser algo importante. Neste set a hierarquia coloca a performance como principal. No segundo set procurou-se novamente à abstracção, mas neste nível o objectivo circundou a vontade sinestésica, procurando um diálogo concreto entre imagem e música. Através do uso de formas e efeitos,buscou-se um rimo para se envolver com a sonoridade, complementando-a, instruindo ritmo visual, como analogia à visual music. Existe aqui uma procura de um ‘ritmo absoluto’, uma necessidade de exagerar em ritmos, ritmá-los com o som, accionando uma presença visual da música. A sinestesia, por sua vez, não é algo palpável, identificável. Compreender como o público reagiu será sempre uma postura especulativa. Contudo,é possível identificar as conexões com o som, i.e., até que nível se cruzaram e se afastaram. Neste sentido, é observável a complementaridade continua entre ambos, pois os visuais parecem estar a traduzir o som em imagens e não tanto o oposto. Mas a criação de ritmos complementares com os visuais, funciona assim como um ritmo interior à própria musicalidade. A capacidade visual articulada com a música

amplia a experiência e isso é perceptível pela reacção do público. Neste set, a hierarquia coloca a música como principal.

No terceiro set, ainda com conteúdo pouco figurativo, tende-se a um momento imersivo. Para isso, exageraram-se em ritmos e sucessão de efeitos e imagens, na persecução de um contexto quase que ‘hipnótico’. A imagética tendencialmente procurou efeitos como distorção óptica, e uma constância de efeitos visuais que alterem qualquer sugestão figurativa, ou por outro lado uma sugestão figurativa tal como uma pareidolia. Esta capacidade imagética tentou atrair o público a ‘entrar’ num novo espaço, como uma extensão da consciência. O que se observa com esta proposta é uma linguagem muito similar à musica, pois ambas se traduzem em ritmos mais mecânicos que melodiosos. A imersão testada aqui, dá prioridade a um ambiente estético envolvido em energia. E é essa energia que é reactiva para o público, que o impulsiona a olhar para a tela, a estimular-se com essa faceta visual aglomerada com a musical. Novamente os olhares cruzam-se

num encontro com a imagem que sugere um novo espaço.Hierarquicamente

aqui o espaço é a variável conjugada prioritariamente.

No quarto set, por sua vez, os visuais ganharam alguma forma figurativa, embora sempre presente uma tendência de sobreposição de imagens e efeitos, marcando alguma presença abstracta como em todos os outros. Neste set procurou-se uma estimulação sensorial e cognitiva, através do uso de imagens de fragmentos de acções como dançar, tocar, beijar, insistindo na repetição desses planos, num ritmo sugestivo e continuado. Nesta criação, o acto performativo procurou usar sequências em repetidos ritmos, funcionando como uma sugestão de um jogo da memória, solicitando a audiência a olhar mais vez, procurando a imagem que se repete e que o acompanha. Esta estimulação por imagens concretas, quer apelar ao subconsciente, numa tentativa de impulsionar a prática das vontades que o conteúdo dos visuais demonstra. A exacerbação de ritmos e constante repetição de imagens produz uma sensação concreta ao espectador. Neste ponto, o mesmo direcciona o olhar algumas vezes mais pois como é figurativo, embora mesclado em alguns efeitos visuais, sugere um momento de identificação, de associação a algo em concreto por parte da audiência. A relação musical com esta imagética, continua a funcionar concretamente, pois existe continuamente a presença de um ritmo. É esta a analogia que aproxima os visuais da música, a convergência das linguagens performativas. A hierarquia neste set, passa primeiramente pela conceptualidade, já que só após a aquisição ou criação de imagens concretas de acções é que se possibilitam todas as outras variáveis.

Img.40 e 41: set 3 exemplo de imagens

Img.42 e 43: set 4 exemplo de imagens

Img.44 e 45: set 5 exemplo de imagens

Img.46 e 47 set 5 exemplo de imagens

No quinto set, continuando com uma presença mais figurativa, agenciou-se a possibilidade de realizar de uma forma algo concreta, micro-narrativas, baseadas na justaposição de planos, i.e., pequenos fragmentos de narrativas apelam a associações /emoções. Para tal, usaram-se efeitos visuais simples, já que a ênfase é dada ao seu conteúdo e não tanto ao seu efeito visual. Existe aqui um contacto com a vontade de comunicar pequenas mensagens e impelir emoções para além das sensações. De uma forma prática, é possível construir pequenas narrativas, e neste sentido, o olhar da audiência ao cruzar-se com a imagem acaba por olhá-la mais continuamente, como se tivesse a captar uma acção dentro daquele espaço.