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Finalidade do trabalho em urgências e emergências.

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Academic year: 2017

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FI NALI DADE DO TRABALHO EM URGÊNCI AS E EMERGÊNCI AS:

CONCEPÇÕES DE PROFI SSI ONAI S

Est ela Regina Gar let1 Maria Alice Dias da Silva Lim a2 José Luís Guedes dos Sant os3 Giselda Quint ana Mar ques4

Tr at a- se de est udo qualit at iv o, do t ipo est udo de caso, que t ev e com o obj et iv o analisar as concepções dos profissionais da equipe de saúde acerca da finalidade do t rabalho em um a unidade de at endim ent o às urgências e em ergências. O cam po de est udo foi um a unidade hospit alar de at endim ent o às urgências e em ergências do in t er ior do Est ado do Rio Gr an de do Su l. As t écn icas par a colet a de dados f or am obser v ação e en t r ev ist a sem iest r ut ur ada. Os r esult ados apont am a diver gência ent r e as necessidades de saúde que levam os usuár ios a pr ocu r ar a u n idade e a f in alidade do t r abalh o do local dest acada pelos pr of ission ais. A equ ipe de saú de r ev ela in sat isf ação com a pr ocu r a ex cessiv a de pacien t es, cu j as n ecessidades n ão podem ser classif icadas com o ur gência ou em er gência, apont ando o núm er o de at endim ent os com o j ust ificat iv a par a a r esist ência em r ealizar o t r abalho e o descom pr om isso com a pr odução do cuidado.

DESCRI TORES: em er gências; ser viços m édicos de em er gência; equipe de assist ência ao pacient e; or ganização

e adm in ist r ação

W ORK OBJECTI VE I N EMERGENCY W ARDS: PROFESSI ONALS’ CONCEPTI ONS

This qualit at ive case st udy aim ed t o analyze how healt h t eam professionals perceive t he work obj ect ive in one em er gency unit . The place of st udy w as a hospit al em er gency w ar d in t he st at e of Rio Gr ande do Sul, Br azil. Dat a collect ion w as con du ct ed t h r ou gh obser v at ion an d sem i- st r u ct u r ed in t er v iew . Th e r esu lt s disclose t h e divergence bet w een t he healt h needs t hat m ake users seek healt h care in t he em ergency w ard; and t he w ork obj ect iv e at t h at w ar d as h igh ligh t ed by t h e pr ofession als. Th e w or k t eam sh ow s dissat isfact ion du e t o t h e excessive search for care t hat cannot be classified as em ergency, highlight ing t he num ber of at t endances as a j ust ificat ion for r esist ance t o per for m t he w or k and lack of com m it m ent in car e pr oduct ion.

DESCRI PTORS: em er gencies; em er gency m edical ser v ices; pat ient car e t eam ; or ganizat ion and adm inist r at ion

LA FI NALI DAD DEL TRABAJO EN URGENCI AS Y EMERGENCI AS BAJO LA

PERSPECTI VA DE LOS PROFESI ONALES

Se t rat a de un est udio cualit at ivo, del t ipo est udio de caso, que t uvo com o obj et ivo analizar las concepciones de los p r of esion ales d el eq u ip o d e salu d acer ca d e la f in alid ad d el t r ab aj o en u n a u n id ad d e at en ción a las u r g en cias y em er g en cias. El cam p o d e est u d io f u e u n a u n id ad h osp it alar ia d e at en ción a las u r g en cias y em er gencias del int er ior del Est ado de Río Gr ande del Sur . Las t écnicas par a r ecolección de dat os fuer on la observación y la ent revist a sem iest ruct urada. Los result ados apunt an para la divergencia ent re las necesidades de la salud que llev an a los usuar ios a buscar la unidad y la finalidad del t r abaj o del local dest acada por los pr ofesion ales. El equ ipo de salu d r ev ela in sat isfacción con la bú squ eda ex cesiv a del ser v icio por pacien t es, cuyas necesidades no pueden ser clasificadas com o urgencia o em ergencia, apunt ando el núm ero de at enciones com o j ust ificat iva para la resist encia en realizar el t rabaj o y para la falt a de com prom iso con la producción del cu id ad o.

DESCRI PTORES: urgencias m édicas; servicios m édicos de urgencias; grupo de at ención al pacient e; organización

y adm in ist r ación

(2)

I NTRODUÇÃO

A

s unidades hospitalares de atendim ento às u r gên cias e em er gên cias in t egr am o com pon en t e h osp it alar d o sist em a d e at en ção, in st it u íd o p ela Polít ica Nacional de At enção às Urgências ( PNAU) . A finalidade do t rabalho das equipes de saúde dessas unidades é atender pacientes que chegam em estado gr av e, acolher casos não ur gent es e pr oceder sua r eor d en ação a ser v iços am b u lat or iais b ásicos ou esp ecializad os, ex ist en t es n a r ed e d e at en ção à saúde( 1).

O p r essu p ost o f u n d am en t al d a PNAU é a gar ant ia de acesso e acolhim ent o nos ser v iços de saúde, de acor do com a com plexidade t ecnológica, que deverá est ar organizada de form a regionalizada, hierarquizada e regulada, prevenindo iat rogenias por m anipulação ou t r at am ent os incor r et os, ev it ando a m o r t e o u i n ca p a ci d a d e s f ísi ca s t e m p o r á r i a s e per m anent es( 1).

Ex i st em al g u n s ser v i ço s h o sp i t al ar es d e at endim ent o às urgências e em ergências que est ão or ganizados hier ar quicam ent e e at endem o m odelo de at en ção pr econ izado. Dest aca- se o m odelo de o r g a n i za çã o d e u m a u n i d a d e d e e m e r g ê n ci a hospitalar do interior paulista, que adotou a m udança na organização do trabalho e da gestão das urgências, co n t r i b u i n d o p a r a q u e a su p e r l o t a çã o f o sse equ acion ada, por m eio da r edu ção do n ú m er o de consult as e da t axa de ocupação, com aum ent o da m édia de perm anência, da com plexidade dos casos a t e n d i d o s e d o cu st o m é d i o d a s i n t e r n a çõ e s, t r ansfor m ando- se em um cent r o de r efer ência nos at endim ent os de elevada com plexidade, assim com o par a a for m ação e capacit ação de pr ofissionais da urgência( 2).

Ap e sa r d e sse s a v a n ço s, a a t e n çã o à s urgências ainda reúne m uit as fragilidades, pois, na m aioria dos cent ros urbanos, a descent ralização da assi st ên ci a é t ên u e e a o r d en ação d o s f l u x o s é incipient e. Há pr edom inância do m odelo t r adicional d e or g an ização d o at en d im en t o às em er g ên cias, det er m inado pela pr ocur a espont ânea de usuár ios, cu l m i n a n d o co m su p e r l o t a çã o d a s sa l a s d e at endim ent o, com consequent e baix a qualidade da assist ência pr est ada, longo t em po de esper a par a consult as, ex am es e cir ur gias, falt a de v agas par a int ernação, bem com o de pessoal capacit ado( 2).

Os ser v iços d e p r on t o at en d im en t o e as em ergências hospit alares correspondem ao perfil de at en d im en t o às d em an d as d e f or m a m ais ág il e

concent r ada. Apesar de super lot ados, im pessoais e atuando sobre a queixa principal, esses locais reúnem um som at ório de recursos com o consult as, rem édios, procedim ent os de enferm agem , exam es laborat oriais e internações( 3) que os torna resolutivos, sob a visão

do usuário.

Est u d o r e a l i za d o e m u m a u n i d a d e d e em ergência do Rio de Janeiro indicou que o processo d e t r ab alh o est á or g an izad o p r in cip alm en t e p ar a su p o r t a r a s co n se q u ê n ci a s d a d e m a n d a d o q u e propriam ent e produzir sua finalidade, pois o núm ero ex pr essiv o de at endim ent os r ealizados pela equipe d e sa ú d e t em i n t er f er i d o co n si d er a v el m en t e n o processo de t rabalho( 4). Desse m odo, ao t rabalharem n a p o r t a d e en t r a d a d e u m h o sp i t a l p ú b l i co d e em ergência, os profissionais são interpelados por um a d em an d a q u e u lt r ap assa o q u e os ser v iços est ão o r g a n i za d o s p a r a r e co n h e ce r e i n t e r v i r. Ta l organização não se rest ringe às condições m at eriais, tecnológicas e de pessoal, m as engloba igualm ente a f or m a d e or g an ização e g est ão d os p r ocessos d e t rabalho em pregados nesses serviços( 5).

A dem anda por atendim ento em unidades de em er gência, além de ex cessiv a, não se esgot a no q u e se co n si d er a u m a n ecessi d ad e d e saú d e. É ca r a ct e r i za d a , m u i t a s v e ze s, p o r p a ci e n t e s q u e buscam no at endim ent o de saúde a r esolução par a os m ais div er sos pr oblem as sociais que enfr ent am no seu dia a dia( 6). O tipo de consulta atendida em um

ser v iço p ú b lico d e u r g ên cia p ed iát r ica ev id en ciou h e t e r o g e n e i d a d e d o s a t e n d i m e n t o s e r e v e l o u a car act er íst ica do ser v iço em at ender casos gr av es conform e sua m issão, m as t am bém de acolher casos não urgent es( 6).

Assi m , a s d i f er en t es co n cep çõ es q u e o s u su ár ios, a popu lação e os pr ofission ais de saú de possuem para definir a urgência t êm sido apont adas com o um dos fat ores det erm inant es da superlot ação das unidades hospit alares de at enção às urgências( 2).

É possível identificar a existência de desencontro entre a finalidade do t r abalho nas unidades com m odelo t r a d i ci o n a l d e a t e n d i m e n t o à s u r g ê n ci a s e em er gências e as necessidades dos seus usuár ios, que possuem cr it ér ios pr ópr ios par a car act er izar em o que representa um a urgência, os quais nem sem pre co i n ci d e m co m o s p a r â m e t r o s b i o m é d i co s e a organização racional do sistem a de atenção à saúde( 4).

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n e ce ssi d a d e s d o p a ci e n t e d e f o r m a i n t e g r a l , co n ci l i an d o o s o b j et i v o s o r g an i zaci o n ai s co m o s obj etivos da equipe de enferm agem( 7)

.Porém , quando

os pr ofissionais pr est am at endim ent o em sit uações de ur gência, não conseguem v isualizar a t r aj et ór ia dos usuár ios e as dificuldades pelas quais passam par a a sat isfação de suas necessidades de saúde. Desse m odo, é im por t an t e a com pr een são dessas sit uações para t ornar o at endim ent o m ais acolhedor, u t i l i za n d o u m a a b o r d a g e m q u e l e v e à so l u çã o com pet ent e e sat isfaça o usuário( 3).

Re ce n t e e st u d o so b r e a o r g a n i za çã o d o trabalho nas portas de urgência e em ergência destaca o at endim ent o pr est ado ao usuár io em um pr ont o a t e n d i m e n t o , i d e n t i f i ca n d o e a n a l i sa n d o su a s dem andas e necessidades de saúde, sob o enfoque do usuário( 3). Pret ende- se, nest e art igo, acrescent ar

elem ent os par a a análise do t r abalho desenv olv ido nas por t as de ur gência e em er gência, assim com o d e su a f i n al i d ad e, t en d o co m o p an o d e f u n d o a aplicação da PNAU e, com o foco, as concepções de profissionais no âm bito hospitalar. Tem - se a pretensão de cont r ibuir com a discussão dessa pr oblem át ica, en f at izan d o o p ot en cial d a eq u ip e d e saú d e p ar a m odificar a realidade na est rut ura organizacional das inst it uições de saúde.

Assim , com base na sit uação descrit a, t em -se co m o o b j e t i v o a n a l i sa r a s co n ce p çõ e s d o s profissionais da equipe de saúde acerca da finalidade d o seu t r a b a l h o em u m a u n i d a d e h o sp i t a l a r d e at endim ent o às urgências e em ergências.

METODOLOGI A

É um a pesquisa com abordagem qualit at iva que apr eende a r ealidade e analisa as concepções dos profissionais que atuam na equipe de saúde( 8). O

desenho m etodológico da pesquisa é o estudo de caso, que perm it e aprofundar a observação da unidade a ser est udada, vist a na sua singularidade( 9).

O e sp a ço d e p e sq u i sa f o i a u n i d a d e d e e m e r g ê n ci a d e u m h o sp i t a l d e e n si n o p ú b l i co , r ef er ên ci a p a r a esse t i p o d e a t en d i m en t o , n u m m unicípio do interior do Estado do Rio Grande do Sul. O serviço atende os usuários que procuram a unidade espont aneam ent e e os encam inham ent os for m ais e i n f o r m a i s d e u n i d a d e s p r é - h o sp i t a l a r e s f i x a s ( Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Saúde da Fam ília, Am bulatórios de Especialidades, entre outros)

do m unicípio sede e de unidades hospit alar es dos d em ais m u n icíp ios q u e com p õem u m a r eg ião d e a p r o x i m a d a m e n t e 1 . 1 6 2 . 7 8 7 h a b i t a n t e s. At é o m om en t o d a colet a d os d ad os, o at en d im en t o às u r g ên ci a s er a o r g a n i za d o sem a co l h i m en t o co m classificação do grau de risco ou cent ral m édica de r egu lação.

A colet a de dados foi realizada por m eio de obser vação e ent r evist a sem iest r ut ur ada( 10). O foco

da observação foi o processo de t rabalho da equipe d e sa ú d e q u e a t u a n a u n i d a d e . Os a sp e ct o s nor t eador es da obser vação for am : obj et o, agent es, instrum entos e a finalidade do trabalho. Assim , foram observados os diferent es agent es durant e o processo de t rabalho na em ergência e nos m om ent os em que e l e s se a r t i cu l a v a m p a r a r e a l i za r o cu i d a d o a o p a ci e n t e . Os a g e n t e s f o r a m se l e ci o n a d o s p a r a o b se r v a çã o co n f o r m e a f u n çã o q u e e x e r ci a m , buscando abarcar os diversos trabalhos desenvolvidos n a u n i d a d e d e e m e r g ê n ci a . Ta m b é m f o r a m selecionadas at ividades consideradas relevant es para capt ar as r elações ent r e os suj eit os e a for m a de organização do t rabalho, bem com o alguns espaços n os q u ais essas r elações ocor r em d e f or m a m ais significat iva. As ent r evist as sem iest r ut ur adas for am r e a l i za d a s p a r a i d e n t i f i ca r a s co n ce p çõ e s d o s profissionais quanto à finalidade do trabalho realizado, ut ilizando as seguint es quest ões nort eadoras: com o v ocê en t en de o t r abalh o r ealizado n a u n idade de em er gência? Com o est á or ganizado o at endim ent o às urgências e em ergências nessa unidade? Quais os p r o f i ssi o n a i s d a e q u i p e d e e m e r g ê n ci a q u e se envolvem no processo de t rabalho, de que form a?

Os suj eit os de est udo foram os profissionais que atuavam na equipe de saúde da referida unidade, no período de j unho a set em bro de 2007. A seleção dos suj eit os foi int encional, priorizando a inclusão de enferm eiros, t écnicos e auxiliares de enferm agem e, p ost er ior m en t e, ou v in d o ou t r os com p on en t es d a eq u ip e. Par t icip ar am d as en t r ev ist as 2 9 su j eit os, se n d o se t e e n f e r m e i r o s, n o v e t é cn i co s d e enferm agem , um bolsist a do curso de graduação em en f er m agem , dois m édicos plan t on ist as da clín ica m édica, um m édico r esident e, dois dout or andos do curso de m edicina, um a secret ária, um a auxiliar de serviços gerais, dois vigilantes, um a nutricionista, um a f i si o t e r a p e u t a e a e n f e r m e i r a co o r d e n a d o r a adm inist rat iva da unidade.

(4)

d o Su l ( CEP n º 2 0 0 7 6 8 8 ) . Ao s p r o f i ssi o n a i s f o i e n t r e g u e u m t e r m o d e co n se n t i m e n t o l i v r e e e scl a r e ci d o , o q u a l g a r a n t i a o s a sp e ct o s é t i co s a p o n t a d o s p e l a Re so l u çã o 1 9 6 / 9 6 d o Co n se l h o Nacional de Saúde( 11).

A análise dos dados foi r ealizada seguindo as d i r et r i zes d o m ét o d o q u al i t at i v o : o r d en ação , classificação em est rut uras de relevância, sínt ese e i n t er p r et ação( 8 ). Os d ad o s o b t i d o s p o r m ei o d as

observações foram codificados com a let ra “ O” e os dados provenient es das ent revist as com a let ra “ E”, seguidas da descr ição da cat egor ia do pr ofissional obser v ado ou ent r ev ist ado.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

No p r o ce sso d e t r a b a l h o n a u n i d a d e d e em er g ên ci a ev i d en ci o u - se q u e a co n cep çã o d o s profissionais acerca da finalidade do seu trabalho está r e l a ci o n a d a a o a t e n d i m e n t o d e p a ci e n t e s q u e ap r esen t em alt er ações n o or g an ism o, r esu lt an d o drást ico t ranst orno da saúde ou em súbit a am eaça à vida, exigindo m edidas t erapêut icas im ediat as.

[ ...] o obj etivo do nosso trabalho é o cuidado ao paciente

grave ( E–Enferm eiro) .

Os m o t i v o s q u e l e v a m o s u su á r i o s à s u n i d ad es d e em er g ên ci a, en t r et an t o, p od em ser outros: garantia do acesso ao serviço de saúde, fluxo e localização geográfica privilegiada, possibilidade de r e a l i za r e x a m e s co m p l e m e n t a r e s e r e ce b e r m edicações não disponíveis na at enção básica( 3).

Além disso, a percepção do usuário do que significa algo gr av e est á dir et am ent e r elacionada à aut oavaliação sobre seu est ado de saúde. A escolha do ser v iço de saú de se dar á de acor do com essa per cepção do que é sim ples ou gr av e, r esult ando, q u a se se m p r e , e m p r o cu r a e sp o n t â n e a p e l o s ser v iços( 3).

Por m eio d as ob ser v ações e en t r ev ist as, con st at ou - se g r an d e p r ocu r a d e at en d im en t o p or u su ár ios cu j as n ecessid ad es n ão se classif icav am co m o u r g ê n ci a o u e m e r g ê n ci a , o q u e g e r a v a insat isfação da equipe de saúde, conform e afirm ação a seguir.

Est e hospit al é de m édia e alt a com plexidade. Aqui

d e v e r i a m s e r a t e n d i d a s s o m e n t e a s e m e r g ê n c i a s , n ã o

consult inhas. Tem gent e que vem aqui par a fazer exam e de

gravidez ou para fazer nebulização, pensa que é post o de saúde ( E

– Técnica de Enferm agem ) .

Ao contrário do que esperam os profissionais de saúde, usuários podem procurar at endim ent o ao apr esent ar em alt er ações de saúde que consider em im portantes. Nesse sentido, o exam e de gravidez para u m a m u l h e r q u e n ã o co n se g u e o u n ã o q u e r e n g r a v i d a r, a ssi m co m o a n e b u l i za çã o p a r a u m por t ador de doença r espir at ór ia, sem condições de adquirir o aparelho para realizá- la em casa, podem se t ornar necessidades urgent es para o usuário.

O d e se n co n t r o e n t r e o q u e p e n sa m o s usuários e os profissionais de saúde foi ident ificado em estudo sobre o atendim ento de urgência em um a unidade de pront o at endim ent o. Foi dest acado que, para os profissionais, nos casos elet ivos, a ut ilização e r a i n d e v i d a e d e sca r a ct e r i za v a a m i ssã o d e at en dim en t o de u r gên cia, t r azen do sobr ecar ga ao trabalho j á estressante, o que colocava o usuário em sit uação de j ust ificar sua necessidade par a r eceber at endim ent o( 12).

Essas dem an das de u su ár ios par ecem ser in com pr een didas e at é m esm o despr ezadas pelos profissionais de saúde. A grande procura da unidade para atendim ento de casos não urgentes é relacionada pelos pr ofissionais à sobr ecar ga de at iv idades e à dim inuição da qualidade do at endim ent o dos casos de urgência ou em ergência.

Pesquisa realizada em unidade de em ergência co n st a t o u q u e 7 4 % d o s a t e n d i m e n t o s sã o caract erizados com o não urgência ou em ergência( 13).

Mu it as v ezes, essas u n idades são u t ilizadas com o v á l v u l a d e e sca p e d o s se r v i ço s d e sa ú d e , p r ej u d ican d o o at en d im en t o d os casos ag u d os e graves que são considerados adequados à finalidade à qual se dest inam esses ser v iços, um a v ez que o excesso de dem anda acarret a acúm ulo de t arefas e co n se q u e n t e so b r e ca r g a p a r a t o d a e q u i p e d e pr ofissionais, cont r ibuindo t am bém par a o aum ent o dos cust os hospit alares.

Os profissionais que at uam em unidades de em er gên cia en f r en t am con f lit os, diar iam en t e, por at u ar em em am b ien t e su p er lot ad o, com r ecu r sos h u m an os, t ecn ológ icos e d e est r u t u r a f ísica n em sem pr e adequados, não ofer ecendo condições par a acom odar os usuários com segurança e qualidade( 5).

Com a superlot ação t udo fica m ais difícil, o at endim ent o

fica dem orado, os pacient es ficam aguardando horas na recepção,

não t em sala para at ender porque chegam em ergências e ficam

ocupando a sala de em ergência, e há que aguardar at é aquele

pacient e ser at endido par a cham ar out r o. Enquant o isso, o

(5)

um a sala, chega um pacient e acident ado, precisa da sala, chega

um pacient e que se cort ou precisa de um a sut ura e aí os pacient es

que est ão aqui aguardando t êm que esperar, a não ser que o

pacient e est ej a passando m al, aí eles colocam o pacient e lá para

dent ro, m as se não é urgência ou em ergência vai ficar esperando

( E – Enferm eira) .

O p r of ission al r econ h ece a d if icu ld ad e d o u su ár io em su a t r aj et ór ia t er ap êu t ica e t am b ém percebe o seu sofrim ento ao chegar a um serviço de saúde e não receber o atendim ento esperado. Apesar d i sso , o v o l u m e d e p a ci e n t e s e o e st r e sse d o s atendim entos se sobrepõem ao acolhim ento dos casos e à r esponsabilização com a pr odução do cuidado, sendo que a relação das equipes com o usuário fica ent re o heroísm o e o descaso.

A constante superlotação das salas de espera e dos corredores das salas de urgência, associada às elevadas taxas de ocupação dos leitos de observação, nos diferent es com ponent es assist enciais do sist em a de saúde, t r az, com o consequência, a flexibilização nos padrões do cuidado e da ét ica dos profissionais de saúde que at uam na urgência( 2).

A p a r t i r d a co n cep çã o b i o m éd i ca e p el a escassez de r ecu r sos h u m an os e t ecn ológicos, os pacient es em sit uação de em er gência que chegam ao ser v iço são pr ior izados em det r im ent o daqueles que se encont r am em obser v ação ou est abilizados. Desse m odo, identificou- se que os profissionais agem segundo a sua concepção de ur gência/ em er gência, pr ior izando o at endim ent o dos pr oblem as gr av es e agudos, com pot encial risco à vida.

[ ...] priorizam os os pacientes que chegam à em ergência,

por qu e n ão é u m a u n idade de in t er n ação ( E – Técn ica de

Enferm agem ) .

Se g u n d o e ssa co n ce p çã o , a u n i d a d e d e em ergência deveria ser um local transitório, destinado à r ealização do pr im eir o at endim ent o do usuár io e t ã o l o g o a s su a s co n d i çõ e s cl ín i ca s e st i v e sse m est abilizadas, en cam in h á- lo par a u m a u n idade de int ernação ou unidade especializada. Ent ret ant o, na m aior ia das v ezes, o longo t em po de per m anência d e u su á r i o s n a u n i d a d e p o t e n ci a l i za si t u a çõ e s conflit ant es ent r e eles e os pr ofissionais, por m eio das quais se vislum bram diferentes concepções acerca da finalidade do t rabalho na em ergência.

O t em po de perm anência dos pacient es na unidade é

um a dificuldade. O pacient e acaba sendo t rat ado t ot alm ent e aqui,

sai daqui com alt a pra casa. Já acont eceu do pacient e int ernar,

receber t rat am ent o vários dias, ir a óbit o, sem ser t ransferido

para unidade de int ernação. Não deveria ser assim . Há pacient es

que ficam 30 dias aqui e deveria ser no m áxim o 24 horas porque

aqui é um a Unidade de Em ergência ( E–Técnica de Enferm agem ) .

A organização do processo de t rabalho, sem av aliação do gr au de r isco, que t ent a equilibr ar a desproporcionalidade ent re o quant it at ivo de pessoal e o n ú m er o de pacien t es, associada à ár ea f ísica deficient e, reforça a insat isfação dos profissionais, a qual é expressa, m uitas vezes, por m eio da resistência em realizar o t rabalho na unidade.

O f i si o t e r a p e u t a d i z, d i r i g i n d o - se à t é cn i ca d e

enferm agem : “ A pacient e do leit o oit o quer ir ao banheiro e precisa

de aj uda! ” . A t écnica responde: “ Já vou! ” . Após algum t em po de

esper a, o fisiot er apeut a solicit a novam ent e que a t écnica de

enferm agem acom panhe a pacient e at é o banheiro. Percebendo

que ela não vai, ele acaba o que est á fazendo e acom panha a

pacient e ( O – Fisiot erapeut a) .

A observação descrita evidencia a resistência d e t écn icos d e en f er m ag em em assu m ir alg u m as at ividades iner ent es ao seu t r abalho. Essa sit uação pode ser ent endida com o a nat ur alização de ações represent adas por m eio da negligência ou host ilidade ao usuár io no am bient e de t r abalho. Assim , alguns inform antes j ustificam o não fazer e as longas esperas par a r ealizar su as ações apoiados n o discu r so da superlotação, do núm ero inadequado de profissionais, na gr ande solicit ação de at endim ent o por par t e de usuários e fam iliares, e, especialm ent e, na finalidade do t rabalho na unidade de em ergência, ou sej a, se n ã o f o r u r g ê n ci a o u e m e r g ê n ci a n ã o d e v e se r at en dido, e, se n ecessit a per m an ecer n o h ospit al, d e v e se r e n ca m i n h a d o p a r a a s u n i d a d e s d e int er nação.

Nesse sentido, cabe salientar que as relações ent re profissionais de saúde e usuários são sem pre p er m ead as p or d iscip lin a e p od er. Além d isso, a f r a g m e n t a çã o d o p r o ce sso d e t r a b a l h o t a m b é m con t r ibu i par a a desper son alização do u su ár io por parte dos profissionais da equipe de saúde, colocando-os com o produt ores de at colocando-os de não cuidado, em bora seu exercício profissional deva est ar volt ado à ét ica, vida e saúde.

(6)

r eação às con dições de m iser abilidade e v iolên cia social( 4).

Assim , em alguns m om ent os, o núm er o de at endim ent os car act er izados com o não ur gent es é usado com o j ustificativa para a resistência em realizar o t rabalho e o descom prom isso com a produção do cuidado. O discurso sobre a finalidade do trabalho na unidade de ur gência e em er gência de cer t a for m a prot ege os profissionais, pois responsabiliza sem pre o usuário pelo uso indevido do sist em a. Além disso, descom prom ete a unidade de em ergência e o sistem a de at enção à saúde na r egulação das ur gências no que lhes com pet e à com preensão de necessidades e a l o ca çã o d a s m e l h o r e s a l t e r n a t i v a s p a r a o acolhim ent o e t rat am ent o dos usuários.

A organização dessa port a de ent rada para acolher o usuário necessita ser discutida, levando em cont a que exist e dem anda reprim ida que chega aos se r v i ço s d e p r o n t o a t e n d i m e n t o e u n i d a d e s d e e m e r g ê n ci a e p r e ci sa d e r e sp o st a s à s su a s necessidades. Em vez disso, observa- se a penalização do usuár io pelo uso indevido do sist em a de saúde, fazendo- o peregrinar por out ras inst âncias em busca de at endim ent o( 12).

A r egionalização e a hier ar quização, por si só, não garant em a redução do afluxo desnecessário d e u su ár ios aos n ív eis d e m aior com p lex id ad e. É esperado que os usuários não só sej am acolhidos na a t e n çã o b á si ca e se cu n d á r i a , m a s q u e , f u n d a m e n t a l m e n t e , r e ce b a m a t e n çã o r e so l u t i v a n e sse s n ív e i s d e co m p l e x i d a d e , e v i t a n d o en cam in h am en t os d esn ecessár ios aos cen t r os d e com plexidade t erciária, part icularm ent e, hospit ais de m a i o r p o r t e, p o ssi b i l i t a n d o q u e o s l ei t o s sej a m o cu p a d o s p o r u su á r i o s q u e r e a l m e n t e d e l e s necessit em( 2).

Pa r a t a n t o , f a z- se n e ce ssá r i o q u e o s profissionais, gest ores e usuários at enham - se não só à dim ensão biom édica, m as t am bém às dim ensões sociais e subj et ivas que envolvem o at endim ent o de ur gências. Ent r et ant o, há ainda baix o inv est im ent o n a q u alif icação d e p r of ission ais e cap acit ação d e gest or es quant o ao ent endim ent o das dir et r izes do sist em a e no planej am ent o de ações que respondam às necessidades de saúde do usuário.

É f u n d a m e n t a l e st a b e l e ce r m e l h o r o r g a n i za çã o d o a t e n d i m e n t o , d e f i n i çã o d e r e sp o n sa b i l i d a d e s e g r a d e s d e r e f e r ê n ci a e cont r ar r efer ência efet iv am ent e pact uadas, de m odo

que a regulação possa exercer o papel ordenador e corrigir as dist orções ainda exist ent es nas port as de ent rada do sist em a. Ent ret ant o, é im prescindível que o processo de t rabalho nas unidades hospit alares de at endim ent o às ur gências e em er gências r esponda às necessidades dos usuár ios, r azão de ser desses ser v iços.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

A unidade de em ergência caract eriza- se pela g r a n d e d e m a n d a p o r a t e n d i m e n t o s, o r i u n d a d e q u ad r o s cl ín i co s e/ o u t r au m át i co s d e d i f er en t es com plexidades. Esse fat o, associado às quest ões de organização e gestão, faz com que essa unidade nem sem pre cont e com condições adequadas de t rabalho, em t er m os d e q u an t id ad e d e p essoas e r ecu r sos m ateriais, para a realização de assistência qualificada. Os p r o f i ssi o n a i s su st e n t a m a co n ce p çã o biom édica, tendo com o foco da atenção a doença e a r ealização da t ar ef a, n ão o in div ídu o. Pr ior izam o at endim ent o aos usuár ios com pr oblem as gr av es e agu dos qu e pr ocu r am a u n idade de em er gên cia e d em o n st r am su a i n sat i sf ação co m o s caso s n ão ur gent es ou est abilizados por m eio de at endim ent o im pessoal, host il e at é m esm o negligent e.

É im prescindível que gest ores, profissionais e usuários t enham clareza da finalidade do t rabalho execut ado na unidade de em ergência que deverá ser pactuada com dem ais serviços e instituições. Qualquer desencontro entre eles acarretará em bates e conflitos que t er ão com o pr odut o a insat isfação de t odos os env olv idos no pr ocesso.

Desse m odo, faz- se necessário a am pliação das discussões acerca da finalidade do t rabalho nos serviços de urgência e em ergência, de form a que o t r ab alh ad or p ossa assu m ir p ost u r a cr ít ica d e seu processo de t rabalho, t ornando- se, em conj unt o com u su á r i o s e g e st o r e s, p r o t a g o n i st a d e a m p l a reorganização do sist em a de at enção às urgências.

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REFERÊNCI AS

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5. Sá MC, Carret eiro TC, Fernandes MI A. Lim it es do cuidado: represent ações e processos inconscient es sobre a população na porta de entrada de um hospital de em ergência. Cad Saúde Pú blica 2 0 0 8 j u n h o; 2 4 ( 6 ) : 1 3 3 4 - 4 3 .

6 . Melo EMC, Assu n ção AA, Fer r eir a RA. O t r ab alh o d os p ed i at r as em u m ser v i ço p ú b l i co d e u r g ên ci as: f at o r es in t er v en ien t es n o at en d im en t o. Cad Saú d e Pú b lica 2 0 0 7

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10. Polit DF, Beck CT, Hungler BP. Fundam ent os de pesquisa em enferm agem : m ét odos, avaliação e utilização. 5ª ed. Port o Alegr e( RS) : Ar t m ed; 2004.

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Referências

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1 Enferm eira, Mestre em Enferm agem , Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil, e-m ail: m fck@yahoo.com.. 2 Enferm

1 Enferm eiro, Doutor em Enferm agem , Professor Adjunto; 2 Enferm eira, Doutor em Filosofia da Enferm agem , Professor Titular; e-m ail: alacoque@newsite.com .br; 3

1 Mestre em Enferm agem , Enferm eira da Secretaria de Saúde de Maringá, Brasil, e- m ail: analuferrer@hotm ail.com ; 2 Doutor em Filosofia da Enferm agem , Docent e

em Enferm agem , Professor Adj unt o da Escola de Enferm agem da Universidade Federal da Bahia, e- m ail: lilian.enferm agem @bol.com .br; 3 Mestre em Enferm agem , Professor

Hospit al Universit ário, e- m ail: t onifer@usp.br; 3 Enferm eira, Mestranda em Enferm agem pela Escola de Enferm agem , Chefe da Seção de Pediatria do.. Hospit al

1 Enferm eira, Professor Adjunto da Faculdade de Enferm agem Nossa Senhora das Graças, da Universidade de Pernam buco, e-m ail: reginaoliveira@fensg.upe.br,

1 Enferm eira; Doutor em Enferm agem , e- m ail: soniaapaiva@terra.com .br; 2 Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo,

2 Enferm eiro, Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, e- m ail: palha@eerp.usp.br; 3 Professor Doutor da Escola de Enferm agem