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Tendência histórica da invasão de óbitos em município da Região Sul do Brasil: período de 1936 a 1982.

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Tendência hist órica da invasão de óbit os

em município da Região Sul do Brasil:

período de 1936 a 1982

Histo rical tre nd in the invasio n o f d e aths in a

municip ality fro m So uthe rn Brazil: 1936-1982

1 Departam en to de Medicin a Social, Facu ld ad e d e Med icin a d e Ribeirão Preto, Un iversid ad e d e São Pau lo. Aven id a Ban d eiran tes 3900, Ribeirão Preto, SP 14049-900, Brasil. lap rega@n etsite.com .br

M ilton Roberto Lap rega 1

Am ábile Rod rigu es Xavier M an ço 1

Abst ract Th e a u t h ors st u d ied 33,494 d ea t h s occu rrin g in Lon d rin a , St a t e of Pa ra n á , Bra z il, from 1936 to 1982. Th e d eath s w ere d ivid ed in to tw o grou p s: resid en ts an d in vad ers, w h o lived ou tsid e th e Lon d rin a m u n icip al lim its. In vad ers w ere stu d ied as to origin , p lace of occu rren ce, cau se, an d d iagn ostic con firm ation an d com p ared w ith resid en ts across p rop ortion al m ortality. An attem p t w as m ad e to id en tify a relation sh ip betw een in vad ers’ d eath s an d Lon d rin a’s h istori-ca l d ev elop m en t , esp ecia lly m igra t ory p h en om en a a n d h ea lt h istori-ca re im p rov em en t s. Resu lt s sh ow ed th at over th e cou rse of th e p eriod stu d ied , m ost of th e ou tsid ers w h o h ad d ied in Lon d ri-n a (over 80%) w ere from ri-n orth erri-n Parari-n á. Id eri-n tificatiori-n of th e p rop ortiori-n of iri-n -h osp ital d eath s, d iagn ostic con firm ation , an d criteria from several ch ap ters of th e In tern ation al Classification of Diseases sh ow ed th at ou tsid ers h ad received p rop ortion ally m ore m ed ical care. Lon d rin a’s m ed -ical care attracted ou tsid ers from th e begin n in g of th e p eriod on w ard , a tren d th at w as fu rth er con solid ated after 1970.

Key words Mortality; Vital Estatistics; Health Statistics; Health Care

Resumo Foram estu d ad os 33.494 óbitos ocorrid os em Lon d rin a, PR, n o p eríod o d e 1936 a 1982. Ap ós a an álise d as alterações n os seu s lim ites territoriais, ocorrid as até 1954, os óbitos foram d i-vid id os em resid en tes e in vasores. Os in vasores foram estu d ad os qu an to a su a p roced ên cia, local d e ocorrên cia , ca u sa e con firm a çã o d ia gn óst ica e com p a ra d os com os resid en t es p or m eio d a m ortalid ad e p rop orcion al. Procu rou -se relacion ar a in vasão d e óbitos com o d esen volvim en to h istórico d e Lon d rin a, em p articu lar com os fen ôm en os m igratórios e a evolu ção d a assistên cia m éd ica . Verificou - se q u e em t od o o p eríod o est u d a d o m a is d e 82% d os in va sores era m p roce-d en tes roce-d o Norte roce-d o Paran á. O estu roce-d o roce-d a p rop orção roce-d e óbitos h osp italares, roce-d a con firm ação roce-d iag-n óstica e segu iag-n d o algu iag-n s cap ítu los d a CID, em esp ecial os sem assistêiag-n cia m éd ica, d em oiag-n strou qu e os in vasores tiveram m ais assistên cia, com Lon d rin a sen d o cen tro d e atração em tod o o p e-ríod o estu d ad o, p osição con solid ad a a p artir d a d écad a d e 70.

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Introdução

O Norte Novo d o Paran á foi colon izad o em su a m aior exten são p ela Com p an h ia d e Terras Nor-te d o Pa ra n á , su b sid iá ria d a Bra zil Pla n ta tio n Syn d ica te, d e ca p ita l in glês, q u e a d q u iriu d o govern o d o Estad o 515.000 alq u eires d e terra a p artir d a d écad a d e 1920 (CMNP, 1975).

Em 1930 com eçaram a ser ven d id os os p ri-m eiros lotes d e terra. A p rop agan d a ri-m aciça n o Norte Velh o d o Paran á, São Pau lo, Min as Gerais e Rio d e Ja n eiro, a s fa cilid a d es d e a q u isiçã o, a fertilid ad e d o solo, o p lan ejam en to d a d ivisão d as terras, a criação d e n ú cleos p op u lacion ais a cad a 10 ou 15 km atraíram p ara a região gran -d e n ú m ero -d e p essoa s. Des-d e en tã o Lon -d rin a teve u m rá p id o d esen vo lvim en to co m u m a econ om ia agrícola b asead a n a p rod u ção d e café e cu ltu ras in tercalares de su bsistên cia (Mom -b eig, 1935; Cam -b ian gh i, 1954; Pad is, 1981).

A p artir de 1962, devido à su p erp rodu ção de café em n ível m un dial, o govern o federal adotou um a política de erradicação de cafeeiros (Duque, 1976; Can cian , 1981). Essa alteração p rovocou m u d an ças p rofu n d as n as relações d e p rod u ção n o ca m p o. Os co lo n o s, exp u lso s, d irigira m -se às cidades para trabalhar com o operários, bóias-fria s, o u viver d e p eq u en o s ser viço s, q u a n d o n ão d esem p regad os (Lop es, 1982; Payes, 1984). Nos an os 70 essa ten d ên cia se in ten sificou . Acom p an h an d o o p rocesso d e “m od ern ização” q u e o co rreu em n ível n a cio n a l, im p la n to u -se em q u a se tod o o No rte d o Pa ra n á o cu ltivo d a so ja e d o trigo q u e, em co n ju n to co m a gea d a n egra d e 1975, d eterm in ou o fim d a cafeicu ltu ra e a gra vo u a s co n d içõ es d o s p eq u en o s p ro -p rietários, qu e en dividados, ven deram su as terras e m igraram p ara as cid ad es ou n ovas fren -tes p io n eira s co m o Ro n d ô n ia e Pa ra gu a i ( Jo r-n al Par-n oram a, 1975; Pad is, 1981; Sawyer, 1984). Dian te d este qu ad ro, algu m as qu estões p o-d em ser levan tao-d as e são ob jeto o-d e estu o-d o n este tra b a lh o : Lo n d rin a , a lém d e cen tro eco n ô -m ico e p olítico era ta-m b é-m u -m cen tro d e in va-são d e ób itos? Com o evolu iu a in vava-são d e ób i-tos em Lon d rin a à m ed id a q u e o m u n icíp io foi se tra n sfo rm a n d o ? Em q u e m ed id a é p o ssível id en tificar a in flu ên cia d a assistên cia m éd ico-h osp italar n o fen ôm en o d a in vasão d e ób itos e a p a rtir d e q u e m o m en to Lo n d rin a to rn o u -se cen tro d e atração p ara aten d im en to à saú d e?

M at erial e mét odos

Até 3 d e d ezem b ro d e 1934 Lon d rin a foi d istri-to d o Mu n icíp io d e Ja ta í. A p a rtir d essa d a ta , em q u e se d eu su a tran sform ação em m u n

icí-p io, sofreu diversas alterações territoriais (1935, 1938, 1939, 1944, 1947, 1952, 1953, 1954), a m aioria d evid o ao d esm em b ram en to d e n ovos m u n icíp ios. Som en te a p artir d e agosto d e 1954 ad q u iriu su a con figu ração atu al. A ocorrên cia d essa p articu larid ad e exigiu a d efin ição d o qu e se con sid era ób ito in vasor e d a b ase territorial.

A in form ação d o local d e resid ên cia d e tip o “n este m u n icíp io” fo i b a sta n te freq ü en te n o p eríod o d e d efin içã o territoria l e n ã o p erm ite id en tificar se referia-se à sed e, aos d istritos, ou aos p ovoad os q u e su rgiam e faziam en tão p ar-te d o m u n icíp io. Por ou tro lad o, os n om es d essas localid ad es foram u tilizad os com freq ü ên -cia n a in form ação d o local d e resid ên -cia. Para exem p lificar, Rolân d ia, em 1942 fazia p arte d e Lo n d rin a e em 1944 já era u m m u n icíp io. Um ó b ito d esse lo ca l em l942 seria d e Lo n d rin a e em l944 seria in va sor. Um a ou tra q u estã o q u e exigiu aten ção esp ecial foi o h áb ito d e se in form a r o lo ca l d e resid ên cia co form o n o form e d e gle -b as, fazen d as ou ri-b eirões.

Para resolver esses p rob lem as recon stitu iu -se o p erío d o h istó rico d e d efin içã o territo ria l p or m eio d e cóp ias d e d ecretos, m ap as an tigos, n om es d e gleb as e loteam en tos. De p osse d es-sas in form ações, op tou -se p or aceitar n a d efi-n ição d a b ase territorial os lim ites m u efi-n icip ais lega lm en te co n stitu íd o s. To d o s o s ca so s refe-rid o s co m o d o s p ovo a d o s o u d istrito s fo ra m co n sid era d o s d e Lo n d rin a a té o m o m en to d e seu d esm em b ra m en to, a p a rtir d e q u a n d o fo-ram cod ificad os com o in vasores.

Os ca so s q u e tivera m en d ereço s im p o ssí-veis d e localizar foram con sid erad os p reju d ica-d o s e exclu íica-d o s ica-d o estu ica-d o e co rresp o n ica-d era m em m éd ia a 4,1% d os ób itos registrad os n o p e-ríod o d e 1936 a 1982.

O est udo dos óbit os

Os ób itos foram levan tad os d e 2 em 2 an os, n o p eríod o d e l936 a 1982, d iretam en te d as d ecla-ra çõ es n o s d o is ca rtó rio s d a zo n a u rb a n a d e Lon d rin a e d os livros d e registros n os oito car-tórios d istritais.

Os ó b ito s fo ra m co d ifica d o s em sistem a n u m érico segu n d o in stru çõ es d e u m Ma n u a l d e Cod ifica çã o, a n ota d os em p la n ilh a e en ca-m in h ados p ara p rocessaca-m en to eletrôn ico. Ap ós correção dos erros de codificação e digitação, os d ad os foram su b m etid os a testes d e con sistên -cia, utilizan do-se tabela de validade e tabelas de restrição b asead as n o Su b sistem a d e In form a-ções em Mortalid ad e d o Min istério d a Saú d e.

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In tern a cio n a l d e Do en ça s (CID-OMS, 1985) e a gru p a d a s segu n d o o s ca p ítu lo s d a CID e d e acord o com u m a lista d e cód igos p ara m ortali-d aortali-d e b aseaortali-d a n a CID-BR (MS, 1987).

Result ados e discussão

A m a ioria d os ób itos in va sores viera m d a Me-soregião Norte d o Paran á (m ais d e 82% em to-d o o p eríoto-d o).

Con sid eran d o-se o n ú m ero ab solu to d e ca-so s, o s in va ca-so res a u m en ta ra m d e 14 em 1936 p ara 827 em 1982 (59 vezes), en q u an to os ób i-to s d e resid en tes a u m en ta ra m d e 290 p a ra 1686 n o m esm o p eríod o (5,8 vezes).

Ao se a n a lisa r a p ro p o rçã o d e ó b ito s in va -sores (Tab ela 1), p od e-se d ivid ir o p eríod o em três p artes d istin tas: a p rim eira, d e 1936 a 1948, com ten d ên cia crescen te; a segu n d a, d e 1948 a 1966, com ten d ên cia d ecrescen te; e a terceira, a p artir d e 1966, com acen tu ad o crescim en to.

O a u m en to d o s in va so res n a d éca d a d e 40 p o d e ser exp lica d o p ela m u d a n ça n o s lim ites territoriais, p ois d esd e jan eiro d e 1944 tod os os ó b ito s o co rrid o s d e Ro lâ n d ia p a ra o este, e a p artir d o fin al d e 47, os d e Cam b é, foram clas-sificad os com o in vasores.

An a lisa n d o-se os ób itos p or loca l d e ocor-rên cia , ob serva -se u m a n ítid a d iferen ça en tre resid en tes e in va so res (Figu ra 1) já a p a rtir d e 1940. Nesse an o e em 1942 a p rop orção d e ób i-tos h osp italares foi d e 21,7 e 20,8%, resp ectiva-m en te, p a ra o s in va so res, en q u a n to a d e resi-d en tes foi resi-d e 5,7 e 8,1%; em 1944 os in va sores tiveram u m a p rop orção d e 58,6% e os resid en tes p erm a n ecera m em 9,9%; em 1946, a p ro -p orção foi d e 76,5% -p ara os -p rim eiros e 15,5% p ara os segu n d os e em l948, 75% e 10,6%.

Os ób itos d om iciliares foram m ais freqü en -tes p ara os resid en -tes. Na d écad a d e 40 os in

va-Tab e la 1

Pro p o rção d e ó b ito s invaso re s no Municíp io d e Lo nd rina, Paraná. Pe río d o d e 1936 a 1982.

Anos Proporção de óbit os invasores (%)

36 e 38 7,7

40 a 48 12,0

50 a 58 8,7

60 a 68 8,2

70 a 78 21,8

80 e 82 31,6

Fig ura 1

Pro p o rção d e ó b ito s d e re sid e nte s e invaso re s e m Lo nd rina, Paraná, se g und o lo cal d e o co rrê ncia. Pe río d o d e 1936 a 1982.

0 %

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

residentes

invaso res

78 ano s 72

66 60 54 48 42 36

Domicílio

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

78 72 66 60 54 48 42 36 %

residentes

invaso res

ano s

Hospital

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

78 72 66 60 54 48 42 36 %

residentes

invaso res

ano s

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sores tiveram em m éd ia 6% d e ocorrên cia d o-m iciliar e os resid en tes, 36,4%.

Um ou tro d ad o d a figu ra d á con sistên cia a essa s o b ser va çõ es. A resp o sta “em Lo n d rin a , lo ca l n ã o esp ecifica d o” ta m b ém teve d iferen -ça s a cen tu a d a s. Co m exceçã o d o a n o d e 1940 em q u e os va lores sã o p ra tica m en te id ên ticos en tre resid en tes e in va so res e 1942, em to d o s os ou tros an os os ú ltim os tiveram essa resp os-ta em p ro p o rçã o b a sos-ta n te m en o r q u e o s p r im eiros, o que sugere declarações im elhor p reen -ch id as.

Po d e-se n o ta r q u e a p ro p o rçã o d e ó b ito s h osp italares d os in vasores sofre u m crescim en -to ab ru p -to en tre 1942 e 1944. Com o o fen ôm e-n o e-n ão ocorre com os resid ee-n tes é p ou co p ro-vável q u e essas variações se d êem p or m od ificações n a oferta d os serviços d e saú d e em Lon -d rin a.

As alterações d os lim ites territoriais d o m u n icíp io qu e ocorreram em 1943, d esm em b ran -d o a m aior p arte -d e seu território, p o-d em ser o fa to r q u e m elh o r exp liq u e o crescim en to d o s ó b ito s h o sp ita la res d o s in va so res n esse m o -m en to.

Os resu lta d o s d escrito s fa zem crer q u e já n os an os 40 Lon d rin a era u m cen tro d e atração p ara assistên cia m éd ica. As cau sas d e ób ito (Fi-gu ra 2) aju d am a id en tificar se a ocorrên cia n o m u n icíp io era d evid o a fatores casu ais ou d evi-d o à p rocu ra evi-d e assistên cia m éevi-d ica.

Os n eo p la sm a s sã o u m b o m exem p lo : em 1938 fo ra m resp o n sá veis p o r 2,9% d o s ó b ito s d e in va so res e 1,3% d o s resid en tes, en q u a n to n a d éca d a d e 40 essa s p ro p o rçõ es fo ra m em m éd ia, 6,1 e 3,2%, resp ectivam en te.

Com o n ão existem razões p ara se su p or qu e a p op u lação q u e colon izou Lon d rin a fosse d i-feren te d a d os ou tros m u n icíp ios d a região e os n eop la sm a s sã o d oen ça s gra ves e crôn ica s, a s p ro p o rçõ e s m a io re s p a ra o s ó b ito s in va so re s p od em ser exp licad as p ela p rocu ra d e assistên -cia m éd ico-h osp italar.

Em 1936 a m o rta lid a d e p ro p o rcio n a l p o r ca u sa s extern a s fo i 7,1% p a ra o s in va so res e 6,6% p ara os resid en tes, h aven d o u m a in versão em 1938, q u an d o os p rim eiros tiveram 5,7 e os ú ltim os, 8,8%. Na d écad a d e 40, con tu d o, os in -va so res tivera m em m éd ia p ro p o rçõ es m a is elevad as, atin gin d o 7,8% en qu an to os resid en -tes, 5,2%. Provavelm en te esses ób itos in clu em ca so s d e p esso a s q u e tivera m m o rte vio len ta visitan d o Lon d rin a e casos graves ocorrid os fo-ra e qu e p afo-ra lá fofo-ram d eslocad os em b u sca d e assistên cia m éd ica.

O cap ítu lo XVI, d os Sin tom as, Sin ais e Afec-çõ es Ma l Defin id a s p erm ite co n clu ir esta d is-cu ssão (OMS, 1985). Nos an os d e 36 e 38, p

rati-cam en te n ão h ou ve d iferen ça en tre resid en tes e in vasores, m as n a d écad a d e 40 os p rim eiros tivera m , em m éd ia, u m a m ortalid ad e p rop or-cion al de 29,6% en qu an to os ú ltim os, 7,9%.

An alisan d o-se isolad am en te as m ortes Sem Assistên cia Méd ica, en qu an to n a d écad a d e 30 o s resid en tes a lca n ça ra m em m éd ia u m va lo r d e 27,2%, os in vasores ch egaram a 32,6%; já n a d écad a d e 40, os valores foram , resp ectivam en -te, 26% e 4,6% (Tab ela 2).

Os d a d o s d e co n firm a çã o d ia gn ó stica n ã o p o d em ser leva d o s em co n ta n esse p erío d o, u m a vez q u e a d eclaração vigen te n ão p revia a in form ação e p raticam en te tod os os casos tive-ram resp osta p reju d icad a.

An a lisa n d o -se o s a n o s d e 1950 a 1970 n ã o se p od e afirm ar qu e ten h a h avid o u m a ten d ên -cia d iferen te em rela çã o à freq ü ên -cia e à ta xa d e in va sã o, q u e p erm a n ecera m co m va lo res p róxim os aos d a segu n d a m etad e d os an os 40. Na d écad a d e 50, a fren te p ion eira já estava n o Su d o este, e n o No rte vá ria s cid a d es crecia m , estru tu ra va m -se e o rga n iza va m su a a s-sistên cia m éd ica. É p ossível qu e n esse p eríod o, co m o crescim en to d o s ser viço s d e sa ú d e em cad a m u n icíp io, ten h a h avid o u m certo equ ilí-b rio en tre a o ferta e d em a n d a e co m isso n ã o ten h a se alterad o em q u an tid ad e a in vasão d e ób itos em Lon d rin a.

A an álise d os ób itos p or local d e ocorrên cia n esse p eríod o revela u m crescim en to d os h osp italares, tan to osp ara resid en tes qu an to osp ara in -vasores, m as con tin u a existin d o u m a d iferen ça acen tu ad a en tre eles. Na d écad a d e 50, em m é-d ia 15% é-d os resié-d en tes m orriam n os h osp itais e en tre os in vasores o p ercen tu al era d e 64,6%. Na d éca d a d e 60 esses va lo res era m , resp ecti-vam en te, 30,0% e 82,1%.

Em relação aos ób itos d om iciliares os in va-sores con tin u aram a ter taxas m en ores q u e os resid en tes. Na d éca d a d e 50 o co rrera m , em m éd ia , em 6,4% d o s ca so s e n a d éca d a d e 60 em 0,8%, en qu an to os resid en tes atin giram em 1950, 29,7% e em 1960, 25,5%.

As d eclarações d e ób itos d e in vasores con -tin u aram m elh or p reen ch id as n esse qu esito n o p eríod o. A in form ação “Lon d rin a, em local n ão esp ecificad o” ap areceu com ten d ên cia d ecres-cen te, em m éd ia , em 53% d a s d ecla ra çõ es d e resid en tes e 20,2% d os in vasores d a d écad a d e 50 e em 39,1% e 10,7%, resp ectivam en te, n a d é-cad a d e 60.

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lo-res p ara os lo-resid en tes p erm an eceram estáveis, com 27,3% n a d écad a d e 50 e 28,9% n a d e 60.

A a n á lise d a co n firm a çã o d ia gn ó stica (Ta -b e la 3) m o st ra q u e e m -b o ra t e n h a h a vid o u m au m en to n o p reen ch im en to d essa in form ação p ara in vasores e resid en tes, os p rim eiros ap rese n t a ra m p ro p o rçõ e s m a io re s e m t o d o o p e -ríod o.

Con clu in d o, é p ossível afirm ar qu e en tre os a n o s d e 1950 e 1970, a p esa r d e n ã o existir a u -m en to i-m p ortan te n a qu an tid ad e e n a p rop oçã o d e ó b ito s in va so res, a u m en to u a p ro p o r-ção d e ób itos com assistên cia m éd ica e Lon d ri-n a cori-n tiri-n u ou a ser u m ceri-n tro d e atração.

A p a rtir d e 1970 h á u m crescim en to a cen -tu a d o em n ú m ero e p ro p o rçã o d e in va so res, en qu an to os ób itos d e resid en tes p erm an ecem estáveis. Os in vasores con tin u am a m orrer p ro-p orcion alm en te m ais n os h osro-p itais, 96,9% em 1980, en q u a n to o s resid en tes a tin gem 69,9% em 1982. A resp osta “Lon drin a, em local n ão esp ecificad o” cai a esp raticam en te zero esp ara os in -vasores em l982 e a 7,4% p ara os resid en tes.

As Afecçõ es Ma l Defin id a s tem u m a d im i-n u ição acei-n tu ad a i-n os d ois gru p os e em p arti-cu la r co m rela çã o a o s ó b ito s Sem Assistên cia Méd ica , q u e va ria m d e 22,2% em 1970 p a ra 2,4% em 1980 p ara os resid en tes, en q u an to os in vasores q u e tin h am 0,6% em 70, term in am o p eríod o estu d ad o sem ap resen tar n en h u m ca-so n os d ois ú ltim os an os.

A con firm ação d iagn óstica variou d e 32,4% em 1970 p ara 72,5% em 1980 en tre os in vasores e d e 8,7% p ara 60,7% en tre os resid en tes.

Pela an álise d os d ad os d esd e o an o d e 1936 é p ossível con clu ir q u e foi a p artir d e 1970 q u e h o u ve o m a io r crescim en to d a p ro p o rçã o d e ób itos in vasores e a m ais acen tu ad a in flu ên cia d a assistên cia m éd ica. Con form e p eríod os an -terio res, o s ó b ito s in va so res d etêm o s ín d ices m ais altos d e ocorrên cia h osp italar e con firm a-ção d iagn óstica e os m en ores d e Afecções Mal Defin id as e Sem Assistên cia Méd ica.

O n ítid o crescim en to d as p rop orções d e in -va sã o p o d e, n esse p erío d o, ser exp lica d o p o r u m rá p id o e im p o rta n te d esen vo lvim en to d a assistên cia m éd ica n o m u n icíp io. Ap ós a cria-ção d a Facu ld ad e d e Med icin a em 1966, n a d é-cada de 70 foram in staladas várias clín icas, h os-p itais e fixaram -se m u itos m éd icos n a cid ad e, q u e a u m en ta ra m a o ferta d e ser viço s em n ú m ero e em co m p lexid a d e, co n so lid a n d o Lo n -d rin a com o p ólo -d e atração region al. É n eces-sário, con tu d o, q u e se faça u m estu d o d a evo-lu ção d a assistên cia m éd ica em Lon d rin a, p ara se estab elecer d e form a d ireta essa relação.

Fig ura 2

Mo rtalid ad e p ro p o rcio nal se g und o alg uns cap ítulo s d a CID. Co mp aração e ntre ó b ito s d e re sid e nte s e invaso re s. Lo nd rina, Paraná, p e río d o d e 1936 a 1982.

0 5 10 15 20 25 30 35 40

78 72 66 60 54 48 42 36 %

residentes

invaso res

ano s

Capítulo II

0 5 10 15 20 25 30 35 40

78 72 66 60 54 48 42 36 %

residentes

invaso res

ano s

Capítulo XVI

0 5 10 15 20 25 30 35 40

78 72 66 60 54 48 42 36 %

residentes

invaso res

ano s

(6)

Conclusões

Ap ós a com p ra d e 1/ 16 d o território p aran aen -se, a Com p an h ia d e Terras Norte d o Paran á ela-b o ro u u m p ro jeto d e co lo n iza çã o q u e a tra iu p ara a região m ilh ares d e p essoas.

Jun to com os cam pon eses, n os n úcleos urba-n os iurba-n stalou-se um a estrutura de serviços. A pró-pria Com pan hia de Terras Norte do Paran á con tru iu em 1930 u m h o tel q u e m a is ta rd e tra n s-form ou -se n o “Hosp italzin h o d e In d igen tes”.

Co m o s co m ercia n tes viera m o s m éd ico s. Segu iam o rastro d a fren te p ion eira, m on tavam su as clín icas, ad ap tavam casas d e m ad eira p a-ra fazer in tern ações.

Lon d rin a, p orta d e en trad a e retagu ard a d o p ro cesso d e co lo n iza çã o, sed e d a Co m p a n h ia d e Terra s, estru tu ro u -se p rim eiro e to rn o u -se d esd e o in ício u m cen tro d e atração p ara assis-tên cia m éd ica. E se à m ed id a q u e a fren te p io-n eira a va io-n ça va o s io-n ovo s io-n ú cleo s d e co lo io-n iza-ção gan h avam seu s m éd icos, a assistên cia m

é-d ica em Lon é-d rin a m elh orava seu s recu rsos. Na d éca d a d e 40 fo i fu n d a d a a Sa n ta Ca sa , n o s an os 50 a Casa d e Saú d e d o Dr. Jon as, n os an os 60 o Ho sp ita l Eva n gélico e o Sa n a tó rio d e Tu b ercu lo se e n a d éca d a d e 60 fo i fu n d a d a a Fa -cu ld ad e d e Med icin a.

A estru tu ração da assistên cia m édica segu iu o m ovim en to da fren te p ion eira, atin gin do p ro-gressivam en te p on tos m ais avan çados, ao m es-m o tees-m p o ees-m q u e ocorreu u es-m a con cen tração d e eq u ip am en tos e recu rsos h u m an os n o Mu -n icíp io d e Lo-n d ri-n a, p rojetad o p ara ser a p orta d e en tra d a e o cen tro d e gra vid a d e d o p rojeto d e colon ização d o Norte Novo d o Paran á.

Essa ca ra cterística esp ecia l d a h istó ria d e Lon drin a garan tiu o in vestim en to do cap ital n e-cessário p ara in cen tivar a m igração, a ocu p ação d o solo e o in ício d a p rod u ção. Não é p or acaso q u e lá ch egaram p rim eiro a ferrovia, as lin h as telefôn icas, qu e a p róp ria Com p an h ia de Terras se en carregou d e in stalar o p rim eiro h osp ital.

Os d ad os d e local d e ocorrên cia, m ortalid a-d e p or cau sas, ób itos sem assistên cia m éa-d ica e con firm ação d iagn óstica revelam d iferen ça n í-t id a e n í-t re in va so re s e re sid e n í-t e s e sã o su fi-cien tes p ara afirm ar qu e a p op u lação d a região p rocu rava o m u n icíp io p ara ob ter a assistên cia m éd ica q u e n ã o en co n tra va em seu lo ca l d e m orad ia.

Tab e la 2

Ó b ito s se m assistê ncia mé d ica no Municíp io d e Lo nd rina, Paraná, no p e río d o d e 1936 a 1982. Co mp aração e ntre re sid e nte s e invaso re s.

Ano Resident es Invasores

36 34,5 35,7

38 20,0 31,4

40 35,5 13,0

42 19,4 20,8

44 24,0 2,9

46 25,2 3,5

48 23,8 1,0

50 18,0 0,8

52 18,4 4,5

54 32,6 6,1

56 31,5 1,4

58 29,7 8,2

60 34,3 0,7

62 34,0 3,0

64 31,1 2,5

66 28,8 1,1

68 24,4 0

70 22,2 0,6

72 14,0 0

74 4,8 0,6

76 4,7 0,6

78 3,5 0,1

80 2,7 0

82 2,4 0

Tab e la 3

Co nfirmação d iag nó stica d o s ó b ito s re g istrad o s e m Lo nd rina, Paraná, no p e río d o d e 1950 a 1982. Co mparação entre residentes e invaso res. Po rcentag ens.

Ano Resident es Invasores

50 3,8 13,5

52 2,1 10,1

54 2,8 2,4

56 1,2 5,5

58 4,5 17,8

60 3,1 9,8

62 6,3 26,7

64 6,4 27,4

66 4,7 29,6

68 8,7 24,9

70 8,7 32,4

72 21,8 42,7

74 19,6 32,8

76 24,8 37,4

78 46,9 67,8

80 50,9 70,0

(7)

Referências

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Imagem

Fig ura 2

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