REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
OfficialPublicationoftheBrazilianSocietyofAnesthesiologywww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Considerac
¸ões
anestésicas
para
cistectomia
robótica:
estudo
prospectivo
夽
,
夽夽
Menekse
Oksar
a,∗,
Ziya
Akbulut
b,
Hakan
Ocal
a,
Mevlana
Derya
Balbay
be
Orhan
Kanbak
aaDepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,HospitaldeTreinamentoePesquisaAtaturk,Ancara,Turquia bDepartamentodeUrologia,HospitaldeTreinamentoePesquisaAtaturk,Ancara,Turquia
Recebidoem30dejulhode2013;aceitoem2desetembrode2013
DisponívelnaInternetem14demarçode2014
PALAVRAS-CHAVE
Cistectomiarobótica; Anestesia;
Anestesiologista
Resumo
Experiênciaeobjetivos: acistectomiarobóticavemrapidamentesetornandopartedo reper-tóriocirúrgicoderotinaparaotratamentodocâncerdepróstata.Nossoobjetivofoidescrever osdesafiosrespiratóriosehemodinâmicoseascomplicac¸õesobservadasempacientesde cis-tectomiarobótica.
Pacientes: foramprospectivamenterecrutados16pacientestratadoscomcistectomiarobótica entredezembrode2009ejaneirode2011.Asmedidasdedesfechoprimárioforammonitorac¸ão nãoinvasiva,monitorac¸ãoinvasivaeanálisedegasessanguíneosfeitanasposic¸õessupina(T0),
Trendelenburg(T1),Trendelenburg+pneumoperitônio(T2),Trendelenburgantesdadessuflac¸ão
(T3),Trendelenburgdepoisdadessuflac¸ão(T4)esupina(T5).
Resultados: houvediferenc¸assignificativasentreT0-T1eT0-T2comfrequênciascardíacas
maisbaixas.OvalormédioparaapressãoarterialemT1foisignificativamentemaisbaixodo
queemT0.OvalordapressãovenosacentralfoisignificativamentemaiselevadoemT1,T2,
T3eT4versusT0.Nãofoiobservadadiferenc¸asignificativanovalordePET-CO2emqualquer
pontotemporal,emcomparac¸ãocomT0.Tambémnãoforamnotadasdiferenc¸assignificativas
nafrequênciarespiratóriaemqualquer pontotemporal,em comparac¸ãocomT0.Osvalores
médios defem T3,T4 eT5 foramsignificativamentemaiselevadosversusT0.Aventilac¸ão
minutomédiaemT4eT5foisignificativamentemaiselevadaversusT0.Aspressõesdeplatôe
depicomédiasemT1,T2,T3,T4eT5foramsignificativamentemaiselevadasversusT0.
Conclusões: emboraamaioriadospacientesgeralmentetoleresatisfatoriamentea cistecto-mia robóticae percebaosbenefícios,os anestesiologistasdevemlevarem considerac¸ão as mudanc¸asnosistemacardiopulmonarocorrentesquandoospacientessãocolocadosnaposic¸ão deTrendelenburgeaosercriadoumpneumoperitônio.
©2013SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
夽 OestudofoirealizadonoDepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ãodoHospitaldeTreinamentoePesquisaAtaturk,Ancara,Turquia. 夽夽ApresentadonoCongressodeEuroanestesia,Paris,Franc¸a,9-12dejunhode2012.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:menekseoksar@gmail.com(M.Oksar).
Introduc
¸ão
Acistectomiaradicalcontinuaaseropadrãodereferência paraotratamentodocâncerdebexiga.Desdeaintroduc¸ão
dalaparoscopia,vemsendonotadoumredobradointeresse
emaplicac¸õesurológicas.Osbenefíciosdamínima
invasibi-lidadedasabordagens laparoscópicasforamdemonstrados
comamenordurac¸ãodaestadahospitalar,perdasanguínea
intraoperatória, dor pós-operatória e recuperac¸ão.Desde
queSanchezetal.descreveramem1995oprimeirocasode
cistectomiaradicallaparoscópica paraocâncer debexiga
cominvasãomuscular,váriosautorespublicaramresultados
promissores com o uso dessa técnica.1,2 É fora dedúvida
queointeressenarobóticaestárelacionadoaosbenefícios percebidos.
Abuscaportécnicasminimamenteinvasivasparao trata-mentodasmalignidadesuroteliaislevouaodesenvolvimento
da cistectomia robótica (CR).3 A CR oferece a promessa
de uma cirurgia com mais baixa morbidade e com um
controle oncológico potencialmente equivalente, imagens
e manipulac¸ão da áreacirúrgica em níveis satisfatórios e
menor perda sanguínea, em comparac¸ão com os
procedi-mentos abertos.4,5 Mas os procedimentos da CR também
estãoassociadosaalgunsempecilhos---comoadificuldade
de acesso intravenoso em decorrência dos brac¸os
cober-tosaoladodocorpo,paraqueosbrac¸osrobóticospossam abordaropacienteduranteaoperac¸ão;umtempocirúrgico
relativamentelongo;umTrendelenburgprofundoepressão
intra-abdominal(PIA)elevada--- quepodemacarretar pro-blemasclínicos,comoaacidoserespiratória,ecomplicac¸ões relacionadasàanestesiaeàposic¸ão,quedevemsersanadas nasaladecirurgia.
ACRvemrapidamenteseintegrandoaorepertório
cirúr-gico de rotina para o tratamento do câncer de próstata.
O presente estudo, que descreve os desafios anestésicos
ligadosà elevadaPIA causadapelainsuflac¸ãodeCO2e do
Trendelenburg profundo, teve como objetivo a resoluc¸ão
dessesdesafiosem pacientesdaCR.E osegundoobjetivo
doestudofoiadescric¸ãodoscritériosparaqueopaciente tenhaumaaltaseguradasaladecirurgia.
Métodos
Modelodeestudo
Obtivemos a aprovac¸ão do comitê de ética de nossa
instituic¸ãoeoconsentimentoinformadoporescritodecada
paciente.Foramrecrutadosprospectivamente16pacientes
consecutivos,tratados com CRentredezembrode2009 e
janeirode2011.Emnossainstituic¸ão,69 pacientesforam
tratados com cirurgias urológicas robóticas durante esse
período(16CRe53prostatectomiasrobóticas).
Fizemos monitorac¸ão não invasiva (ECG, oximetria de
pulso, temperatura corporal e parâmetros respiratórios),
monitorac¸ão invasiva (pressões arterial e venosa
cen-tral médias e parâmetros ventilatórios) (monitor para
pacientes Infinity Delta, Draeger Medical Systems, Inc.,
Telford, PA 18969, EUA) e análise de gases sanguíneos
nas posic¸ões supina (T0), Trendelenburg (T1),
Trende-lenburg+pneumoperitônio (T2), Trendelenburg antes da
dessuflac¸ão (T3), Trendelenburg de 5◦+pneumoperitônio
(T4)esupina(T5).
Em seguida à induc¸ão anestésica com
pentobarbi-tal 4-7mg/kg e rocurônio 0,6mg/kg, foi feita intubac¸ão
endotraqueal. A anestesia foi mantida com
remifen-tanil (50mcg/mL) 1mcg/kg/min em uma infusão de
0,1mcg/kg/minecomsevoflurano2%,combolosadicionais
derocurônio,conformeanecessidade.Ospulmõesdecada
pacienteforamventiladosemmododeventilac¸ãocom
con-troledevolumecomousodeoxigênio50%emarcomum
volumecorrente(VC)e/oucomfrequênciarespiratória (f)
ajustadaparaobtenc¸ãodeumapressãodedióxidode
car-bonocorrentefinal(PET-CO2)de25-30%,commonitorac¸ão
porrelatóriosdegasessanguíneosparaverificac¸ão, parale-lamente,desuaadequac¸ão.Afluidoterapiafoiconsiderada emdoisintervalos:antesedepoisdaanastomoseureteral. Houverestric¸ãorelativadelíquidoantesdaanastomose ure-teralemcasosdeneobexigailealortotópicadogrupoCR.O segundointervaloconsistiudeumataxadeinfusãomais
ele-vada,quechegouaté2-3mL/kg/hdaquantidadedelíquido
totalaolongodetodaaoperac¸ão.
Umcateterarterialfoiinseridonaartériaradialesquerda efoiefetuadacateterizac¸ãovenosacentralatravésdaveia jugularinternadireita,comoobjetivodemedirapressão
venosacentral (PVC).APVC foizeradae medida nalinha
axilar média ao níveldo 4◦ espac¸o intercostal na posic¸ão
supina. O acesso intravenoso periférico e o acesso
arte-rialforamalongadosatravésdelinhasparafuncionamento,
vistoqueosmembrossuperioresnãopodiamserabordados
porestar cobertosaolongodocorpodopaciente.
Ondan-setrona4mgIVfoiadministradaeumtubo orogástricofoi inseridocomopacientenaposic¸ãosupina,parapreservara viaaéreadoconteúdogástricoeparasuaapropriada
drena-gemdurante aposic¸ãodeTrendelenburgprofunda.Coxins
desiliconeforamusadosparaapoiodosombros,paraevitar lesãodoplexobraquialporcausadaposic¸ão.Alémdos mem-bros,ocorpodopacienteficavapresoàmesacirúrgicacom
cintostorácicos,oquepermitiuumaexpansãoapropriada
duranteaventilac¸ão.Apressãointraperitonialfoiajustada para18mmHg.Aprotec¸ãoparaocérebroficouassegurada pelaadministrac¸ãodefosfatosódicodedexametasona8mg noiníciodaoperac¸ão.
Duranteaextubac¸ão,ospacientesforamreposicionados
paraTrendelenburgreversoefoiadministradoumdiurético paradiminuiroedemanasviasaéreassuperiores
(possivel-mente causado pela posic¸ão deTrendelenburg profunda),
que poderia piorar a acidose respiratória em seguida à
extubac¸ão.Aextubac¸ãoeraaprovadadepoisqueuma
aná-lisedos gases sanguíneos tivesse confirmado normocapnia
durante arespirac¸ãoespontâneaminimamenteassistidae
durantearespirac¸ãoespontâneade10L/mindeventilac¸ão
namédia,na ausência,oudiantedareduc¸ão,dosedemas
conjuntival,dasviasaéreassuperioreselingual,com
rever-são dobloqueio neuromuscularà temperatura corporal ≥
35◦C.
Aextubac¸ãosegurafoifeitanasaladecirurgia,em
con-cordância com nossos critérios dealta dopaciente, e foi
adequadamente controlada em casos de CR, conforme o
indicadonatabela1.Possíveiscomplicac¸õesdaposic¸ãode
Trendelenburg profunda e da anestesia foram registradas
durante e após a cirurgia. Os pacientes foram
Tabela 1 Lista de verificac¸ão integrada para que os pacientes tratados por cistectomia robótica tenham uma extubac¸ão/alta da sala de cirurgia/de recuperac¸ão em seguranc¸a
Antesdaextubac¸ão
Respirac¸ãoadequada
Reversãodobloqueioneuromuscular
Ausênciaoumelhoriadahiperemianacabec¸aenopescoc¸o Ausênciaoumelhoriadaacidoserespiratória
Ausênciaoumelhoriadoedemalingual Ausênciaoumelhoriadoinchac¸oe/ouaspecto esbranquic¸adoebac¸odalíngua
Ausênciaoumelhoriadoedemadeconjuntiva
Normocapnianaanálisedosgasessanguíneose10L/min deVMMnamédiaduranteaventilac¸ãoespontânea
Depoisdaextubac¸ãonasaladecirurgia
Ausênciaderoncoduranteainspirac¸ãoouexpirac¸ão(ou quandoopacienteestádesperto,semsinaldetersido afetadopelobloqueioneuromuscular)
Seminspirac¸ãoruidosa(quandoopacienteestádesperto) esemsinaldequeopacientefoiafetadopelobloqueio neuromuscular
Semdificuldadeouangústiainspiratória(retrac¸ão intercostal,retrac¸ãosupraclavicularouretrac¸ãodasalae nasiduranteainspirac¸ão)
VMM:ventilac¸ãominutomédia.
pertencentes às classes de pH<7,35 e de pH>7,35, com ointuito dedeterminarostiposdeacidosedetectadosno intraoperatório.
Análiseestatística
OsdadosforamanalisadoscomousodoIBMStatistical Pac-kageforSocialSciences19.0(SPSSInc.,Chicago,IL).Testes
tpara amostras pareadas foramaplicados para avaliaras diferenc¸asentregrupos.Tambémfoifeitootestedo2para
comparac¸ãodasvariáveisnominais.
Resultados
Neste estudo, registramos as tendências dos parâmetros circulatórios, respiratórios e metabólicos durante 16 pro-cedimentosdecistectomiarobóticaeanalisamososefeitos daposic¸ãodeTrendelenburgedopneumoperitônionesses parâmetros.
Dezesseis pacientes de CR (uma mulher, 15 homens) tomaramparte noestudo.Média deidade=66,45±12,73, índice de massa corporal (IMC)=24,20±3,62, índice metabólico basal=-24,20±3,62 e escore da American Society of Anesthesiologists (ASA)=2,30±0,82 para o grupo em estudo. Com relac¸ão às variáveis cirúr-gicas, obtivemos: tempo cirúrgico=475±99,50min, tempo de Trendelenburg=512,86±105,82min, perda sanguínea=240±54,77mL, líquidos totais administra-dos=2.533,33±864,58mL. NaHCO3 foi administrado em 100%dospacienteseatropinaem87,5%.
A tabela 2 lista as diferenc¸as entre o valor T0 e os
valores T1, T2, T3, T4, e T5 para os dados
hemodinâmi-cos e respiratóriose para osajustes ventilatórios. Foram
observadasdiferenc¸assignificativasentreT0-T1(p=0,023)
eT0-T2(p=0,018)comfrequênciascardíacasmaisbaixas.
Ovalor dapressão arterial média(PAM) em T1 foi
signifi-cativamente mais baixo versus T0 (p=0,023). O valor da
PVC foi significativamente mais elevado em T1, T2, T3, e
T4versusT0(p=0,020,p=0,0001,p=0,0001,p=0,012,
res-pectivamente).Nãofoiobservadadiferenc¸asignificativano
PET-CO2emqualquerpontotemporal,emcomparac¸ãocom
T0.Nãohouvediferenc¸assignificativasnafrequência
respi-ratóriaemqualquerpontotemporal,emcomparac¸ãocom
T0.Os valoresmédios def em T3, T4, e T5 foram
signifi-cativamentemaiselevados versus T0 (p=0,009, p=0,001,
p=0,0001, respectivamente). A ventilac¸ão-minuto média
(VMM)em T4e T5foisignificativamentemaiselevada
ver-susT0 (p=0,011, p=0,009,respectivamente).As pressões
médiasdeplatôedepicoemT1,T2,T3,T4eT5foram
signi-ficativamentemaiselevadasversusT0(p=0,018,p=0,0001,
p=0,0001,p=0,0001,p=0,025,respectivamente).Nãofoi observada diferenc¸a significativa nos valores para SPO2 e
paraapressãoexpiratória finalpulmonar(PEEP) em
qual-querpontotemporal,emcomparac¸ãocomT0(p>0,05).
OspacientescompH<7,35exibiamníveisdePaCO2
signi-ficativamentemaiselevadosemcomparac¸ãocompacientes
compH>7,35emT5(p=0,003).Osníveisdelactatoem
paci-entescompH<7,35estavamsignificativamentemaisbaixos
versuspacientescompH>7,35emT5(p=0,002).Osníveis
de EB e HCO3 em T5 não exibiram diferenc¸as
significati-vasentrepacientescompH<7,35em T5epacientescom pH>7,35 em T5 (p=0,170, e p=0,340, respectivamente) (tabela3).Tambémnãoforamobservadasdiferenc¸as signifi-cativasnovolumecorrenteajustado(VCaju)ounafrequência
respiratória ajustada (faju) em qualquer ponto temporal
duranteaoperac¸ãoentrepacientescompH<7,35eaqueles compH>7,35(tabela4).
Ascomplicac¸õescirúrgicasobservadasforamartralgiae lesãonosdedos(6,3%),regurgitac¸ão(6,3%),inspirac¸ão rui-dosa(6,3%),edema decabec¸ae pescoc¸o(12,5%),arritmia
(bradicardia)(18,8%),necessidadedeUTI(31,3%)eedema
deconjuntiva(43,8%).
Discussão
Nosúltimosanos,aabordagemrobóticaminimamente
inva-siva assumiu uma posic¸ão na vanguarda da atenc¸ão dos
estudiosos para muitas malignidades urológicas, inclusive
CRpara ocâncer de bexiga invasivo.O robô cirúrgicofoi
agressivamente vendido durante a última década, com a
promessadereduziramorbidadeperioperatóriaede melho-rarosdesfechosoncológicosefuncionaisemmuitoslocaisdo organismo.6,7Emborasejaessencialqueosanestesiologistas
estejamtotalmentecientesdosdesafiosdecorrentesdeuma
posic¸ãodeTrendelenburgprofunda e deuma PIAelevada
nessaposic¸ãocomousodessanovatecnologiae,alémdisso, preparadosparaenfrentartaisdesafios,aindasãoescassos osdadosconcernentesaospercalc¸osanestésicos ligadosà CR.
Sãodoisosmodosdeventilaro pacientedurante aCR
--- por ventilac¸ão com pressão controladaou com volume
controlado.Osdoismétodoscancelamosefeitosdo
pneu-moperitônioe dos posicionamentos anormais e mantêm a
Tabela2 Dadoshemodinâmicoserespiratórioseajustesrespiratóriosnacistectomiarobótica
Variáveis Cistectomiarobótica
T1 T2 T3 T4 T5
Frequênciacardíaca média(T0)
54,43(68,71) 66,00(79,80) 75,60(77,60) 71,31(77,31) 77,08(76,31)
p(T0-T1)=0,023* p(T0-T2)=0,018* p(T0-T3)=0,771 p(T0−T4)=0,338 p(T0−T5)=0,903
Pressãoarterial média(T0)
71,29(89,57) 99,47(95,80) 86,50(92,70) 89,23(90,38) 88,46(88,77)
p(T0-T1)=0,049* p(T0-T2)=0,612 p(T0-T3)=0,562 p(T0−T4)=0,838 p(T0−T5)=0,956
Pressãovenosa central(T0)
13,33(3,50) 18,38(7,62) 17,89(7,33) 12,50(7,50) 9,00(7,82)
p(T0-T1)=0,020* p(T0-T2)=0,000* p(T0-T3)=0,000* p(T0−T4)=0,012* p(T0−T5)=0,490
PET-CO2(T0) 28,38(29,63) 32,62(32,38) 33,22(32,11) 34,85(31,69) 35,77(32,23) p(T0-T1)=0,311 p(T0-T2)=0,929 p(T0-T3)=0,707 p(T0−T4)=0,084 p(T0−T5)=0,251 SpO2(T0) 99(98,83) 99,36(99,57) 99,60(99,60) 99,83(99,17) 99,85(99,69)
p(T0-T1)=0,771 p(T0-T2)=0,736 p(T0-T3)=1 p(T0−T4)=0,104 p(T0−T5)=0,824 Respirac¸ão(T0) 14,83(19,83) 16,92(18,08) 15,63(18,38) 15,64(20,82) 17,18(18,45)
p(T0-T1)=0,216 p(T0-T2)=0,655 p(T0-T3)=0,367 p(T0−T4)=0,104 p(T0−T5)=0,672
fajustada(T0) 12(12) 12,60(12) 14,33(12) 15,69(12,00) 18,45(12,00) p(T0-T1)=1,000 p(T0-T2)=0,070 p(T0-T3)=0,009* p(T0−T4)=0,001* p(T0−T5)=0,000*
VCajustado(T0) 550(550) 550(556,67) 560(570) 558,46(557,69) 561,82(568,18) p(T0-T1)=1,000 p(T0-T2)=0,106 p(T0-T3)=0,343 p(T0−T4)=0,893 p(T0−T5)=0,586 Ventilac¸ãominuto
(T0)
6,15(6,18) 6,33(6,14) 6,71(6,26) 7,78(6,22) 8,00(6,09)
p(T0-T1)=0,865 p(T0-T2)=0,327 p(T0-T3)=0,440 p(T0−T4)=0,011* p(T0−T5)=0,009*
Auto-PEEP(T0) 1,83(1,83) 1,36(1,43) 1,50(1,40) 1,46(1,46) 1,00(1,20) p(T0-T1)=1 p(T0-T2)=0,583 p(T0-T3)=0,678 p(T0−T4)=1,000 p(T0−T5)=0,168 Pressãodeplatô(T0) 23,33(13,67) 27,86(12,43) 32,44(12,67) 25,42(12,83) 18,36(12,45)
p(T0-T1)=0,018* p(T0-T2)=0* p(T0-T3)=0* p(T0−T4)=0,000* p(T0−T5)=0,025*
Pressãodepico(T0) 27,33(16,33) 30(14,71) 34,56(14,67) 29,00(15,25) 23,10(14,00) p(T0-T1)=0,003* p(T0-T2)=0* p(T0-T3)=0* p(T0−T4)=0,000* p(T0−T5)=0,009*
PETCO2: pressão dedióxido decarbono correntefinal;SPO2: saturac¸ãodo oxigênioperiférico;f ajustada:frequência respiratória
ajustada;VCajustado:volumecorrenteajustado.
* p<0,05.
Tabela 3 Determinantes daacidosecom baseem relatórios degases sanguíneos arteriais,para as classes depH<7,35e pH>7,35emT5
Determinantes pH<7,35aT5 pH>7,35aT5 Valorp
PaCO2 47,91±5,31 29,63±3,78 0,003
Excessodebase -5,46±2,81 -6,7±2,88 0,170
Lactato 4±1,41 9±1,41 0,002
HCO3 18,65±1,55 19,07±2,18 0,340
Tabela4 Mudanc¸asintraoperatóriasnovolumecorrenteajustadoenafrequênciarespiratóriaajustadanasclassesdepH≥ 7,35epH<7,35emT5
pH<7,35aT5 pH≥7,35aT5 Valorp
Volumecorrenteajustado 466,14±120,59 543,88±84,17 0,064
Frequênciarespiratóriaajustada 17±5,19 17,64±2,06 0,246
deumafaixanormal. Balick-Weberet al.investigaram os efeitosdaventilac¸ãocompressãocontroladaversusvolume controlado e demonstraram inexistir qualquer benefício hemodinâmicodeummétodocomrelac¸ãoaooutrodurante umaprostatectomiaaberta.Noentanto,aventilac¸ãocom pressãocontroladadiminuiuapressãodepicoeaumentou apressãomédianasviasaéreasduranteoprocedimento.8
Esse estudo foi repetido por Choi et al.9 Esses autores
informaram que aventilac¸ão compressão controlada não
apresentavantagemcomrelac¸ãoàventilac¸ãocomvolume
controladonoquetangeàmecânicarespiratóriaouà
hemo-dinâmica,excetoporsuamaiorcomplacênciaemaisbaixa
pressão na área de pico. Neste estudo, a ocorrência de
hipoxemia durante a posic¸ão de Trendelenburg profunda
com pneumoperitônio estava relacionada ao aumento da
ventilac¸ão doespac¸o morto.As mudanc¸asnosparâmetros
respiratórios,que nãosãobem toleradaspelos pacientes,
necessitamdeajustes.Dentrodesseraciocínio,osaumentos
observadosna PET-CO2 foramcompensados por aumentos
respiratória ou de aumentos nessa variável. Do mesmo
modo, as pressões de platô e de pico baixaram com o
aumentode f, paraque fosse evitadaagerac¸ão de
auto--PEEP.Nopresenteestudo,houvenecessidadedeaumentar
afrequênciarespiratóriacomoobjetivodeaumentaraVMM
duranteaposic¸ãodeTrendelenburgcompneumoperitônio.
Além disso, a pressão de platô foi monitorada nointuito
deevitar quefosse ultrapassadoo limitede 35mmHg.Na
posic¸ãode Trendelenburgprofunda,os pacientestendiam
afazerauto-PEEPcomgerac¸ãodeelevadaspressões
intra-torácicas,oquepodetercomprometidooVCpormeioda
auto-PEEPe/ouumapressãomotrizreduzida.Noentanto,
nãosabemosseumaPIAelevadaemumaposic¸ãode
Trende-lenburgprofundaestabeleceulimitac¸õesnapressãomotriz,
oquepoderiatercomprometidooVC.Tambémsão
desco-nhecidos osefeitos de uma Trendelenburgprofunda e de
umaPIAelevada,de18mmHg,namecânicapulmonar.
Por-tanto, oprincipal desafioclíniconopresente estudofoi a
escolhada estratégiadeventilac¸ão parao tratamento da
acidose respiratória. O VC foi ajustado paraproporcionar
umaventilac¸ãoadequadasemquefosseexcedidauma
pres-sãodepicode40cmH2Onasviasaéreas.Considerando a
reduc¸ãodoVCna Trendelenburgprofunda,houve
necessi-dadedeumajusteparaaVMMcomousodef.Paraquefosse evitadaouminimizadaaauto-PEEP,afrequência respirató-riafoi ajustadaparapossibilitar umaexpirac¸ãocompleta, comumarelac¸ãoinspirac¸ão/expirac¸ão(I/E)=1/2.Aacidose respiratóriafoiaindamaisminimizadamedianteareduc¸ão
do espac¸o morto alveolar, conforme a necessidade.
Kal-maretal.ventilaramospulmõesemmododecontrolede
volume com uma mistura de O2/ar e PEEP=5cm H2O. O
volumecorrente foi ajustado para alcanc¸arum gradiente
dePET-CO2 entre30e 35mmHg. Ogradientede PET-CO2
aumentoude7,95mmHgantesdaposic¸ãodeTrendelenburg
para10,95mmHgdepoisde120mindeumaTrendelenburg
profunda.Foiobservadagrandecorrelac¸ãoentrePET-CO2e
PaCO2.10 Emnossoestudo,oaumentodePET-CO2podeter
sidodecorrentedousodeumgrandevolumedeCO2 total
duranteainsuflac¸ão,antesdaextubac¸ão;tambémpodeter sidocausadopordificuldadesnainspirac¸ãoe/ouexpirac¸ão. Alémdisso,porserumamensurac¸ãoindiretaenãoinvasiva
dePaCO2, PET-CO2 é uma formaacurada demonitorac¸ão
dessavariávelea posic¸ãodeTrendelenburgprofundanão
diminuisuautilidade.
Recorre-seaopneumoperitônioemcasoslaparoscópicos,
com o objetivo de uma visualizac¸ão adequada do campo
cirúrgico.Tipicamente,aspressõessesituamna faixados
12-15mmHgeCO2éogásmaiscomumenteusado,embora
outrosgasestenhamsidoobjetodeestudo.O pneumoperitô-nioexerceefeitos profundosnossistemas cardíaco,renal,
pulmonareimune.Osefeitosdopneumoperitôniosão
atri-buídosadoisfatores:aprópriaPIAeaac¸ãodoCO2comouma
droga.Ainsuflac¸ãoperitonialatéPIAssuperioresa10mmHg induz alterac¸ões significativas na hemodinâmica.11,12
Mei-ninger et al. estudaram os efeitos cardiopulmonares em
umasituac¸ãodeTrendelenburgprofundo, especificamente
em relac¸ão a procedimentos urológicos robóticos.13,14 A
VMM foi ajustada de acordo com análises repetidas dos
gasessanguíneos,paraquenãoocorressehipercapnia.Uma
pressãodeCO2arterialsignificativamenteelevada,mesmo
depoisdedesfeitoopneumoperitônio,éatribuídaaos
volu-mes consideráveis do gás possivelmente armazenados em
compartimentos extravasculares do corpo, que são
len-tamente redistribuídos e metabolizados ou expirados.15
Embora um aumento na pressão arterial e uma FC
inal-terada ou ligeiramente aumentada estejam associados a
essascondic¸ões,foidescritaumaquedanodébitocardíaco duranteainsuflac¸ãoperitonialenãoimportouseopaciente estavana posic¸ãodecabec¸aparabaixoouparacima.16---18
Torrielli et al. informaram que um aumento da PIA para
10mmHgestavaassociadoàdiminuic¸ãonoíndicecardíaco,
queretornou a seu valor inicialdepois de 10min de uma
posic¸ão de Trendelenburg de 10◦. Esses autores também
informaramqueaPIAelevadaestavaassociadaaaumentos
naPAMeàresistênciavascularsistêmicaeessesvaloresnão retornaramaonormalapósaexsuflac¸ãoperitonial.16
Fala-bellaetal.demonstraramqueaposic¸ãodeTrendelenburg
aumentouo volumesistólico e dopneumoperitônioe que
umaTrendelenburgprofundaaumentasignificativamentea
PAM.19Nopresenteestudo,enquantoaPAMaumentou
signi-ficativamenteno início da posic¸ão de Trendelenburgcom
o pneumoperitônio, a PVC aumentou ao longo de todo o
tempo transcorrido em Trendelenburg. Os aumentos nos
valores de PVC, tanto na Trendelenburg profunda como
numa Trendelenburgde 5◦, com e sem pneumoperitônio,
esuadiminuic¸ão,comrelac¸ãoaosníveisiniciais,nofimda
operac¸ão na posic¸ão supina, sugerem umaíntima relac¸ão
entre os valores da PVC e a posic¸ão de Trendelenburg,
isoladamenteoucomPIA.Ademais,aFCdiminuiu
significa-tivamenteehouvenecessidadedeintervenc¸ão.Embora os
efeitoshemodinâmicosmaisóbviosdosprocedimentosdeCR
emnossoestudotenhamocorridoimediatamentedepoisque
ospacientesforammobilizadosparaaposic¸ãode
Trendelen-burgcompneumoperitônio,essasmensurac¸õescontinuaram
aserafetadas---emmenorgrau---atéofimdos procedimen-tos.
Emboraasanálises dosgasessanguíneos fossemusadas
na avaliac¸ão deproblemas respiratórios e metabólicos, a
presenc¸a deacidose foi determinadano fim da operac¸ão
(T5).AumentosnoVCajustadoounafajustadarefletiramo
tratamentodaacidoserespiratóriaduranteaoperac¸ão,nos doisníveis depH.Aumentossignificativosnosvaloresdef
foraminterpretadoscomosugestivosdamanutenc¸ãodaVMM
ePET-CO2ePaCO2,quetinhamaumentadocomoresultado
dadiminuic¸ãodoVCduranteaposic¸ãodeTrendelenburge
nopneumoperitôniocomCO2,tinhamdiminuído.Os
aumen-tosnoVC e/ouf foramresultantes de nossosesforc¸osde
manter aVMM e de tratara acidose respiratória. Embora
a acidose respiratória tenha sido um problema em nosso
grupodeestudo, aacidosemetabólica teveefeito signifi-cativonosvaloresdopHenecessitoudecorrec¸ão(quefoi feitacominfusõesdeNaHCO3).Normocarbiaemanutenc¸ão
de uma VMM adequada foram os principais objetivos na
monitorac¸ãodosgasessanguíneosduranteos
procedimen-toscirúrgicosenaavaliac¸ãodaextubac¸ão.Nossosachados
sugerem que a análise dos gases sanguíneos foi
necessá-riaparaamonitorac¸ãodospacientesdeCR.Considerando
quePaO2eSPO2nãodiminuíramatéatingirvalorescríticos,
nenhumdos pacientesnecessitou dequalquerintervenc¸ão
adicionalparamelhorarasuaPaO2.Nopresenteestudo,a
acidosemetabólica, isoladamente,nãoalcanc¸ou umnível
significativo;contudo,em combinac¸ãocoma acidose
res-piratória,promoveuaquedanopHatéumnívelcrítico,o
agressivo.Alémdisso,asreduc¸õesnosvaloresdopH
resulta-ramdeeventosmetabólicosquepodemtersidodecorrentes
daslongasdurac¸õescirúrgicas,porexemplo,estratégiasde fluidoterapiaqueenvolveramadiluic¸ãodoNaHCO3em
infu-sõesdegrandevolumeeemaumentosnasconcentrac¸õesdo
íonhidrogênionoperíododerestric¸ãodevolume,durante
procedimentoscirúrgicosdemorados.AperdadeHCO3
tam-bémpodetersidoresultadodaperdadepartedoíleopara
formac¸ãodeumabolsacontinenteduranteos
procedimen-toscirúrgicos.Nenhumdospacientesemnossoestudoexibiu
hipotermiacausadapelaperdadecaloremdecorrênciadas
longasdurac¸õescirúrgicasoudainsuflac¸ãocomo CO2frio
--- o que poderia ter aumentado a acidose metabólica. O
usomaisexpressivodoNaHCO3duranteacirurgianoscasos
depH>7,35emT5sugereque,emnossoestudo,aacidose
metabólicafoidevidamentetratada.
Pruthi et al. informaram um tempo cirúrgico de 6,1h
paracistoprostatectomiaseumaperdamédiadesanguede
313mL.3Osmesmosautoresinformaramumtempomédiona
saladecirurgiade4,6hparatodososcasosdecistectomia
eumaperdamédia desangue de271mL durante a
cirur-gia.Estudosprecedentesdemonstraramaexistênciadeuma
curvadeaprendizadosignificativaparaaabordagem
robó-tica,detalformaquedepoisdosprimeiros20casospôdeser percebidaumareduc¸ãogradualnostemposoperatórios.20,21
Lowrenceet al.22 informaram umtempo operatório geral
de287min.Emumacomparac¸ãoprospectivadecistectomia
abertaversusrobótica,Ngetal.informaramumtempo ope-ratóriogeralmédiode5,95hna coortedecirurgiaaberta
versus6,25h nogrupo deCRAR.23 Váriosestudos
demons-traramumaumentosignificativonostemposoperatóriosem
associac¸ãocoma abordagem robóticae umasérie
rando-mizadaprospectivaanteriorrevelouumadiferenc¸ade4,2
versus 3,5h para o grupo robótico versus grupo aberto,
respectivamente.21,24 Nossos casos de CR tiveram tempos
cirúrgicosmaislongos.Emnossasérieatual,demonstramos
que a abordagemrobótica teve aumento significativonos
temposoperatórios.
Em umestudo sobreasnecessidadesde transfusão em
pacientesdeprostatectomiaradicalabertaelaparoscópica
assistidapor robótica, Kordanet al.demonstraram que a
cirurgiarobóticaestavaassociadaamenorperdadesangue
e a uma alterac¸ão menos expressivano hematócrito
ver-sus grupo de prostatectomia aberta.25 Foi informado que
grande perda sanguínea e maior necessidade de
transfu-sões de sangue são preditores de maiorprobabilidade de
complicac¸ões no íleo e de problemas pós-operatórios em
sériesdecistectomiaaberta.26Boströmetal.estudaramos
fatoresde risco e a mortalidade e a morbidade ligadosà
cistectomiaradicalabertaeconcluíramqueumescoreASA
elevadoemaiornúmerodetransfusõeserampreditoresde
complicac¸ãoimportante.26 Em um estudode cistectomias
radicaisabertasfeitoporLowranceetal.,aperdade san-guemédiafoide750mLe38%dospacientesnecessitaramde transfusão.20Emnossoestudo,nenhumdospacientes
neces-sitoudetransfusão,nossabaixaperdadesanguedurantea
operac¸ãosecomparafavoravelmentecomnossa
experiên-ciaemcirurgiasabertaseemoutrosrelatosnaliteraturae
ésemelhanteàperdadesanguedescritaemoutrosartigos
sobrecistectomiarobótica.
Emboracertamenteocorramcomplicac¸õescoma
aborda-gemrobótica,aquelasligadasàanestesiatêmsidoraras.Foi
estabelecido que umaposic¸ão deTrendelenburg profunda
podecausarreduc¸õesnacapacidaderesidualfuncional,no
volumepulmonartotalenacomplacênciapulmonarepode
aindafacilitaraocorrênciadeatelectasia.27 Oinchac¸oda
línguapodetersidodecorrentedaposic¸ãodeTrendelenburg
oudapressãodomanguitoendotraquealnabasedalíngua.
Aaplicac¸ãodepressãonabasedalínguacomummanguito
de tubo endotraquealtambém podepromover edema
lin-gual. O usoda posic¸ãocom a cabec¸a para cimaantesda
extubac¸ão,aadministrac¸ãodediuréticosquando
necessá-rio e a própriaextubac¸ão melhoraramesses sintomas.No
presenteestudo,asmaisfrequentescomplicac¸ões
relacio-nadasàanestesiaeàposic¸ãoforamedemadeconjuntiva,
regurgitac¸ãoesintomasclínicos‘‘similaresaosdaobstruc¸ão
dasviasaéreassuperiores’’(línguaedematosa,aumentada
e bac¸a, roncos, inspirac¸ão ruidosa, dificuldade
inspirató-ria), que podem acarretar acidose respiratória ou piorar
essa condic¸ão. Nosso critério para a alta do paciente da
saladecirurgia/derecuperac¸ãofoiaobservac¸ãode
melho-rias nesses sinais e sintomas das vias aéreas superiores.
Em suamaioria, ascomplicac¸ões documentadasem nosso
estudopuderamsertratadascomprecauc¸õesemedicac¸ões, semqualquernecessidadedeinternac¸ãonaUTI.Yeeetal. relataramaocorrênciadecomplicac¸õesneurológicasraras
e temporárias no primeiro dia do pós-operatório, que se
prolongaramportrêsdias.Contudo,emnossoestudo,não
foram observadas complicac¸õesneurológicas graves.28 Em
pacienteslaparoscópicos,aarritmiapodeserinduzidapor váriascausas.Emnossoestudo,abradicardiafoi responsá-velpelamaioriadoscasosdearritmiaeessascomplicac¸ões
ocorreramimediatamentedepoisdamobilizac¸ãodos
paci-entesparaaposic¸ãodeTrendelenburge/ouprecederamo
procedimentocirúrgico.Interpretamosessasituac¸ão tempo-ralcomoindicativadequeaarritmiaresultoudaposic¸ãode Trendelenburge/oudosreflexosinduzidos pelasúbita
dis-tensãodopneumoperitônio,compossívelaumentonotono
vagal. Além disso, nesses casos a infusão de remifentanil
desempenhacertopapelnabradicardia.Masabradicardia
nãofoi observadadurante asinfusõesderemifentanilem
qualqueroutrapartedosprocedimentoscirúrgicos.
Durante o manuseio desses pacientes, recomendamos
que aposic¸ão deTrendelenburgdeva ser cuidadosamente
implementada, para queseja evitadoqualquer dano
neu-rológico, artralgia ou lesão digital. Ombros e pés devem
ficarapoiadosadequadamenteeotóraxdeveserfixadosem quesuaexpansãofiquecomprometidaduranteaventilac¸ão.
Deve-se evitar o edema cerebral; a acidose
respirató-ria deve ser tratada em conformidade com ETCO2, que
deveter sidoverificada paralelamenteàPaCO2 durante o
pneumoperitônio.Nessespacientescirúrgicosdebilitados,a
acidose metabólica, possivelmentecausada pelarestric¸ão
delíquidosatéasubstituic¸ãodaalc¸ailealpelaneobexiga
ortotópica,etambémpeladeplec¸ãodeNaCO3decorrente
dasperdaspelo(eatravésdo)intestino,deveser identifi-cadaetratada.Atemperaturacorporaldevesermonitorada nessesprocedimentoscirúrgicosrelativamentelongos,pois issopoderáafetaroseventosmetabólicos.Acateterizac¸ão arterialajuda,masumcateterPVCnãoéessencial.Durante
a extubac¸ão, pode havernecessidade dehiperventilac¸ão,
paraque ocorraatroca domaiorvolumedeCO2 nos
pul-mõesemdecorrênciadarecuperac¸ãododébitocardíacoe
cimae aadministrac¸ão dediuréticospodemproporcionar
alívio para as vias aéreas superiores e para o edema de
cabec¸aepescoc¸o---que,porsuavez,podemajudara con-seguirsucessonaextubac¸ão.Duranteesseperíodo,ousode umalistadeverificac¸ão,descritanatabela1,podeajudar
aconseguirumaextubac¸ãoseguraenelasãoconsiderados
osprincipaisproblemasnessetipodecirurgia.
Em geral, a maioria dos pacientes tolera bem a CR
e reconhece seus benefícios; contudo, os
anestesiologis-tas precisam ter conhecimento profundo das alterac¸ões
fisiológicas associadasaos procedimentos urológicos robó-ticos. Especificamente, esses profissionais precisam levar
em considerac¸ão asmudanc¸asno sistemacardiopulmonar
ocorrentes quando os pacientes sãocolocados na posic¸ão
de Trendelenburg e quando é gerado o pneumoperitônio.
Oconhecimentodessasalterac¸õespodeajudá-losa
promo-ver as intervenc¸ões apropriadas e a evitar complicac¸ões, alémdeajudaraacelerarotempoderecuperac¸ãoparaseus pacientes.
Conclusões
Acistectomiarobóticavemrapidamenteseestabelecendo
comoparte dorepertório cirúrgicoderotinaparao trata-mentodocâncerdepróstata.Oobjetivodopresenteestudo foidescreverosdesafiosrespiratóriosehemodinâmicoseas complicac¸õesobservadasempacientesdecistectomia robó-tica.Emboraamaioriadospacientesgeralmentetolerebem acistectomiarobóticaeaprecieseusbenefícios,os aneste-siologistasprecisamlevaremconsiderac¸ãoasalterac¸õesno
sistemacardiopulmonarqueocorremquandopacientessão
mobilizadosnaposic¸ãodeTrendelenburgequandoécriado
umpneumoperitônio.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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