• Nenhum resultado encontrado

Metástases extracranianas de tumores meningencefálicos.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Metástases extracranianas de tumores meningencefálicos."

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

METASTASES E X T R A C R A N I A L S DE TUMORES

MENINGENCEFÁLICOS

O . R I C C I A R D I - C R U Z * R O L A N D O A . T E N U T O * *

C a r á t e r c o n t r a d i t ó r i o o b s e r v a d o na m a i o r i a dos g l i o m a s é a alta

ma-l i g n i d a d e contra posta à pequena capacidade de p r o d u z i r m e t á s t a s e s ; t a m b é m

causa estranheza a r e l a t i v a freqüência das metástases no n e u r o - e i x o 4, 1 7 c o m

-parada c o m a r a r i d a d e daquelas extracranianas.

Os r e g i s t r o s de casos, p a r t i c u l a r m e n t e os que p r e c e d e m à publicação de A b b o t t e L o v e1

, são, e m g e r a l pouco sistematizados, condicionando a inva-lidade de alguns; f o r a m êsses autores os p r i m e i r o s a p r o c u r a r uma classifi-c a ç ã o q u e p e r m i t i s s e a g r u p a r os classifi-casos d e f o r m a a assegurar v a l i d a d e classifi- cien-tífica. A s s i m , d i v i d i r a m os casos r e g i s t r a d o s na l i t e r a t u r a sôbre t u m o r e s in-tracranianos m e t a s t a t i z a n t e s e m t r ê s g r u p o s : 1 ) casos p r o v à v e l m e n t e v á l i d o s ; 2 ) casos q u e s t i o n à v e l m e n t e v á l i d o s ; 3 ) casos i n c e r t a m e n t e v á l i d o s ou i n v á -lidos, dependendo da d o c u m e n t a ç ã o h i s t o p a t o l ó g i c a que cada a u t o r apresen-t a v a . E s apresen-t a classificação, uapresen-tilizada m a i s apresen-t a r d e p o r W i n k e l m a n e c o l .2 3

, quan-d o c o m p l e t a quan-d a pelo c r i t é r i o m í n i m o quan-de v a l i quan-d a quan-d e científica proposto por W e i s s 2 4

, p e r m i t e , a nosso v e r , dar u m v a l o r s e g u r o e s i s t e m a t i z a r êsses r e -gistros. W i n k e l m a n e col. a n a l i s a r a m 45 casos citados na l i t e r a t u r a dentre os quais s ò m e n t e 15,5% p u d e r a m ser classificados no g r u p o 1 de A b b o t t e L o v e . D e n t r o d ê s t e m e s m o c o n c e i t o W e i s s adotou q u a t r o r e g r a s c o m o cri-t é r i o básico de v a l i d a d e c i e n cri-t í f i c a : 1 ) presença de cri-t u m o r único no siscri-tema n e r v o s o central, c o m e s t r u t u r a histológica típica d e g l i o m a ; 2 ) história clí-nica que indica ser a s i n t o m a t o l o g i a inicial devida a essa neoplasia do siste-m a n e r v o s o c e n t r a l ; 3 ) necropsia c o siste-m p l e t a e siste-minuciosa p e r siste-m i t i n d o elisiste-minar uma l o c a l i z a ç ã o p r i m á r i a e x t r a c e r e b r a l ; 4 ) semelhança e n t r e as estruturas histológicas do t u m o r p r i m á r i o e das metástases. C o m base neste c r i t é r i o de W e i s s , as publicações que c o l h e m o s r e c e n t e m e n t e na l i t e r a t u r a ( P a t e r -s o n1 7

, P e r r i n1 9

, D e w a r t e c o l .5

, E h r e n r e i c h e D e v l i n6

, L e y e c o l .1 4

, K r u s e 1 3 , S t r a n g e c o l .2 0

) a d o t a m o r i e n t a ç ã o m a i s segura, pois os autores p r o c u r a m f a z e r a análise do v a l o r científico de seus próprios casos; essa conduta atual n ã o encoraja publicações semelhantes às incluídas no g r u p o 3 de A b b o t t e L o v e que, destituídas de d o c u m e n t a ç ã o h i s t o p a t o l ó g i c a ou de e x a m e necros-cópico minucioso, n ã o p o d e m ser creditadas.

(2)

A v i a seguida pelas células neoplásicas responsáveis pelas m e t á s t a s e s e x t r a c r a n i a n a s constitui p r o b l e m a a n á t o m o - f i s i o l ó g i c o . A hipótese de s e r e m as células veiculadas pelo líquido c e f a l o r r a q u e a n o explica s a t i s f a t ó r i a m e n t e as m e t á s t a s e s encontradas na intimidade do sistema nervoso central 4, 1 7

, m a s não pode ser l e m b r a d a para as que se l o c a l i z a m fora do estojo crânio-ra-queano. A v i a linfática, e m v i r t u d e da ausência de um sistema l i n f á t i c o encefálico, poderá e x p l i c a r sómente as m e t á s t a s e s p r o v e n i e n t e s de neoplasias cerebrais que i n v a d a m as p a r t e s m o l e s dos e n v o l t ó r i o s da cabeça, atingindo o sistema l i n f á t i c o da r e g i ã o 3

. A v i a h e m a t o g ê n i c a , c o m g r a n d e freqüência responsabilizada p o r essas metástases, representa a p a r e n t e m e n t e um para-doxo, pois existe uma r e l a ç ã o inversa entre a intensa v a s c u l a r i z a ç ã o c e r e b r a l e o pequeno n ú m e r o de metástases produzidas pelos t u m o r e s encefálicos. E n t r e t a n t o , êsse p a r a d o x o deixa de ser se considerarmos o c a r á t e r dêsses vasos; constituídos de paredes finas, as v e i a s cerebrais e m suas relações com os processos expansivos são mais propensas ao colapso que à i n v a s ã o t u m o r a l . P o r o u t r o lado, os seios da d u r a - m á t e r são estruturas mais resis-tentes, t o l e r a n d o invasões t u m o r a i s sem colapso de suas paredes; êsse carát e r dos canais venosos durais p e r m i carát e , e m alguns casos, a invasão e p r o g r e s -são do t u m o r a t r a v é s de sua luz, a t i n g i n d o estruturas e x t r a c r a n i a n a s c o m o foi c o m p r o v a d o nos r e l a t o s de B a u m a n n 2

, de James e P a g e l1 1

e, particular-m e n t e , no r e g i s t r o de T o w n e2 3

, no qual o tumor, p r o g r e d i n d o pela luz do seio s a g i t a l superior, atingiu a v e i a c a v a superior. W o l f e c o l .2 6

o b s e r v a r a m u m caso de m e t á s t a s e s e x t r a c r a n i a n a s de g l i o m a cerebral, que t e r i a m sido veiculados por v i a a r t i f i c i a l — anastomose v e n t r í c u l o - p l e u r a l — realizada e m a t o c i r ú r g i c o p r e c e d e n t e .

Os t u m o r e s c e r e b r a i s que mais f r e q ü e n t e m e n t e d e t e r m i n a m m e t á s t a s e s extracranianas, segundo as revisões de A b b o t t e L o v e1

e de W i n k e l m a n e c o l .2 5

são os m e n i n g e o m a s , seguidos, e m o r d e m de freqüência, pelos g l i o m a s indiferenciados, t u m o r e s pituitarios, t u m o r e s o r i g i n á r i o s dos vasos sangüí-neos e, mais r a r a m e n t e , pelos m e l a n o m a s e c o r i o e p i t e l i o m a s . A s sedes mais freqüentes dessas metastases são, e m o r d e m d e c r e s c e n t e : t ó r a x ( p u l m ã o , pleura e m e d i a s t i n o )1

'3 . 6

- 7 - 8

- 1 2 - 2 1

.2 2 > 2 4 e 2 5

, sistema g a n g l i o n a r ( g â n g l i o s cer-vicais e do hilo p u l m o n a r )1

.8 .1 5

.1 6 4 '2 2

, f í g a d os . 1 0 e 2 4

, o s s o s1 1 p19 , r i n s2

e m i o c a r d i o 9

.

N a quase t o t a l i d a d e dos casos r e g i s t r a d o s foi feita c r a n i o t o m i a c o m e x -t i r p a ç ã o do -t u m o r c e r e b r a l p r i m á r i o , sendo a m a n i p u l a ç ã o c i r ú r g i c a respon-sabilizada pela disseminação neoplásica. E n t r e t a n t o , e m u m caso o b s e r v a d o por J u r o w 1 2

, t a n t o o t u m o r c e r e b r a l p r i m á r i o c o m o a m e t á s t a s e constituír a m achados de necconstituíropsia. A única publicação e m língua poconstituírtuguesa constituír e f e -r e n t e ao assunto é a de A l m e i d a L i m a 1 5

que, a nosso v e r , poderia ser incluí-da no g r u p o 2 de A b b o t t e L o v e .

N a r e v i s ã o b i b l i o g r á f i c a que fizemos, assim c o m o nas mais recentes r e -ferências que o b t i v e m o s da literatura, é p a t e n t e a r a r i d a d e dos t u m o r e s ce-rebrais que p r o v o c a m metastases, p a r t i c u l a r m e n t e e m nosso meio, f a t o que justifica esta publicação. E m nosso S e r v i ç o , durante o p e r í o d o de 1945 a 1964 f o r a m operados 912 pacientes c o m neoplasias intracranianas; t r ê s

(3)

C A S U Í S T I C A

C A S O 1 — T . C . M . , 22 anos, s e x o m a s c u l i n o , b r a n c o , i n t e r n a d o e m 24-6-1954 ( R . G . 380086). E m 1950 o p a c i e n t e f o i o p e r a d o e m o u t r o H o s p i t a l p o r a p r e s e n t a r h i p e r -t e n s ã o i n -t r a c r a n i a n a , -t e n d o s i d o e x -t i r p a d o u m -t u m o r da r e g i ã o -t e m p o r a l e s q u e r d a ; o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o r e v e l o u t r a t a r - s e de t u m o r v a s c u l a r i z a d o i n d i f e r e n c i a d o . T r ê s a n o s a p ó s a p r i m e i r a i n t e r v e n ç ã o o c o r r e r a m crises d e a u s ê n c i a s e p a r e s t e s i a s n o m e m b r o s u p e r i o r d i r e i t o . O e x a m e n e u r o l ó g i c o e r a n o r m a l , a s s i m c o m o o e x a m e de f u n d o de o l h o . Angiografia cerebral via artéria carótida esquerda: sinais d e processo e x p a n s i v o na r e g i ã o p a r í e t o o c c i p i t a l . Operação: c r a n i o t o m i a p a r i e t o o c c i -p i t a l e s q u e r d a e e x e r e s e de g r a n d e t u m o r e n c a -p s u l a d o , a d e r e n t e à m e n i n g e . N o p ó s - o p e r a t ó r i o h o u v e c o m p l i c a ç ã o l o c a l , t r a d u z i d a p o r f í s t u l a c o m s a í d a de l í q u i d o c e f a l o r r a q u e a n o q u e p e r m a n e c i a na o c a s i ã o da a l t a d o p a c i e n t e . Evolução: d u r a n t e os 6 m e s e s s u b s e q ü e n t e s à s e g u n d a i n t e r v e n ç ã o c i r ú r g i c a o p a c i e n t e a p r e s e n t o u dis-c r e t a s p a r e s i a s n o m e m b r o s u p e r i o r d i r e i t o ; a s e g u i r s u r g i u s u p u r a ç ã o na i n dis-c i s ã o e o s t e o m i e l i t e d o r e t a l h o ósseo d a . c r a n i o t o m i a , o q u e m o t i v o u sua r e i n t e r n a ç ã o . F o i r e o p e r a d o , t e n d o sido r e a l i z a d a a s e q ü e s t r e e t o m i a e p l á s t i c a do c o u r o c a b e l u d o p o r t r ê s v e z e s . N o p ó s - o p e r a t ó r i o da t e r c e i r a i n t e r v e n ç ã o f o r a m f e i t a s a p l i c a ç õ e s d e r a d i o t e r a p i a a n t i t u m o r a l . P o r o c a s i ã o da a l t a h a v i a e n f a r t a m e n t o g a n g l i o n a r d i r e i t o q u e r e g r e d i u a p ó s a l g u n s dias. U m a n o e 3 m e s e s a p ó s a p r i m e i r a i n t e r v e n ç ã o f o i n o t a d a e s t e r e o a g n o s i a à d i r e i t a , r e c r u d e s c i m e n t o d a s sensações p a r e s t é -sicas, h e m i p a r e s i a d i r e i t a e d i s a r t r i a ; o e x a m e d e f u n d o de o l h o p e r m a n e c i a n o r m a l ; h a v i a a b a u l a m e n t o da r e g i ã o p a r í e t o o c c i p i t a l e s q u e r d a s o b r e o r e t a l h o d a c r a n i o -t o m i a . O ele-trencefalograma m o s -t r o u i n -t e n s a d e s o r g a n i z a ç ã o da a -t i v i d a d e e l é -t r i c a c e r e b r a l na r e g i ã o p a r í e t o - o c c i p i t a l e s q u e r d a . A angiografia cerebral via artéria

carótida esquerda r e v e l o u sinais d e p r o c e s s o e x p a n s i v o na r e g i ã o p a r i e t a l e s q u e r d a .

F e i t a a r e v i s ã o da c r a n i o t o m i a , f o i e n c o n t r a d o u m c i s t o e u m n ó d u l o m u r a l a d e -r e n t e a o c o u -r o c a b e l u d o , cuja b i o p s i a -r e s u l t o u n o d i a g n ó s t i c o h i s t o p a t o l ó g i c o d e e p e n d i m o m a . O p a c i e n t e t e v e a l t a d o i s m e s e s após a o p e r a ç ã o , a p r e s e n t a n d o a f a s i a m o t o r a e d i s c r e t a h i p o e s t e s i a n o h e m i c o r p o d i r e i t o ; 4 m e s e s d e p o i s h o u v e a g r a v a -m e n t o do q u a d r o c l í n i c o e n e u r o l ó g i c o , sendo r e i n t e r n a d o , v i n d o a f a l e c e r e -m 6-6-1956.

Exame necroscópico ( 4 1 . 6 3 7 / 5 6 ) — P e l e e m u c o s a s s e m p a r t i c u l a r i d a d e s . P a

(4)

v i c u l a r e s a t é 4 c m de d i â m e t r o ; s u p e r f í c i e d e c o r t e de c ô r rósea, f i n a m e n t e g r a n u -losa, s e m b r i l h o , c o m f a i x a s de f i b r o s e d i s p o s t a s e m r e d e . Exame histopatológico d o t e c i d o n e o p l á s i c o da r e g i ã o p a r í e t o - t ê m p o r o - o c c i p i t a l e s q u e r d a : e p e n d i m o m a c o m á r e a s d e d i f e r e n c i a ç ã o de c é l u l a s da o l i g o d e n d r o g l i a ( f i g . 1 ) . Exame

(5)

C A S O 2 — M . M . A . , 57 anos, s e x o f e m i n i n o , b r a n c a , i n t e r n a d a e m 16-10-1958 ( R . G . 5171C9). H á 3 meses c e f a l é i a i n t e n s a , difusa, c o m i r r a d i a ç ã o p a r a a n u c a e g l o b o o c u l a r d i r e i t o , d i m i n u i ç ã o da a c u i d a d e v i s u a l , d i p l o p i a e v ô m i t o s ; a s e g u i r , f r a q u e z a nos m e m b r o s i n f e r i o r e s , p r i n c i p a l m e n t e à e s q u e r d a , i n s t a b i l i d a d e na m a r -cha e q u e d a s f r e q ü e n t e s . N o d u l o t i r e o i d i a n o d u r o , sem c a r a c t e r e s de m a l i g n i d a d e . O e x a m e n e u r o l ó g i c o r e v e l a v a h e m i p a r e s i a e s q u e r d a , e s t r a b i s m o c o n v e r g e n t e e e d e m a b i l a t e r a l de p a p i l a . Angiografia cerebral via artéria carótida direita: q u a d r o su-g e s t i v o de p r o c e s s o e x p a n s i v o , v a s c u l a r i z a d o , na r e su-g i ã o p a r í e t o - o c c i p i t a l d i r e i t a .

Ti-reoidoisotopometria: á r e a de c a p t a ç ã o b a i x a no l o b o e s q u e r d o da t i r e ó i d e . Radio-isotopometria craniana: á r e a de m a i o r c a p t a ç ã o e m t o p o g r a f i a q u e c o n f i r m a os

d a d o s s u g e r i d o s p e l a a n g i o g r a f i a c e r e b r a l . Eletrencefalografia: sinais d e s o f r i m e n t o c e r e b r a l n o h e m i s f é r i o d i r e i t o , p r e d o m i n a n d o na r e g i ã o t e m p o r a l . Operação: c r a n i o t o m i a p a r í e t o o c c i p i t a l d i r e i t a e e x t i r p a ç ã o de t u m o r v a s c u l a r i z a d o , e n u c l e á v e l , p a r a s s a g i t a l , a d e r i d o à f o i c e do c é r e b r o . Exame histopatológico: g l i o b l a s t o m a m u l t i -f o r m e . Evolução: sem a n o r m a l i d a d e s ; a l t a h o s p i t a l a r e m 16-3-1959, m a n t e n d o - s e a h e m i p a r e s i a e s q u e r d a . E m m a i o de 1959 s u r g i u n o v a m e n t e s í n d r o m e de h i p e r t e n s ã o i n t r a c r a n i a n a , e n t r a n d o a p a c i e n t e e m c o m a , p e l o q u e f o i r e i n t e r n a d a , v i n d o a f a -l e c e r e m 11-5-1959.

Exame necroscópico ( 5 1 1 7 7 / 5 9 ) •— P e l e e m u c o s a s sem p a r t i c u l a r i d a d e s . C a

-b e ç a : n o c o u r o c a -b e l u d o i n c i s ã o c i r ú r g i c a na r e g i ã o p a r í e t o - o c c i p i t a l d i r e i t a . Ossos d a c a l o t a c r a n i a n a s e m p a r t i c u l a r i d a d e s s a l v o sinais d e c r a n i o t o m i a o s t e o p l á s t i c a . E n c é f a l o d e f o r m a d o c o m g r a n d e m a s s a t u m o r a l na r e g i ã o p a r í e t o - o c c i p i t a l d i r e i t a a d e r i d a à f o i c e do c é r e b r o e r e l a c i o n a d a a u m a g r o s s a v e i a a f l u e n t e do seio s a g i t a l s u p e r i o r . Exame histopatológico: g l i o b l a s t o m a m u l t i f o r m e , ó r g ã o s do p e s c o ç o e c a v i d a d e t o r á c i c a sem p a r t i c u l a r i d a d e s . C a v i d a d e a b d o m i n a l : e s t ô m a g o , d u o d e n o , i n -t e s -t i n o s e p á n c r e a s s e m p a r -t i c u l a r i d a d e s ; no f í g a d o , m a s s a -t u m o r a l c o m c a r á -t e r n e o p l á s i c o , t e n d o o e x a m e h i s t o p a t o l ó g i c o m o s t r a d o t r a t a r s e de m e t á s t a s e de g l i o -b l a s t o m a m u l t i f o r m e .

C A S O 3 — C . G . C . , 6 anos, s e x o f e m i n i n o , b r a n c a , i n t e r n a d a e m 26-1-1959 ( R . G . 5 4 2 9 9 0 ) . H á 3 m e s e s e m e i o , c e f a l é i a , v ô m i t o s e d i m i n u i ç ã o d a a c u i d a d e v i s u a l . O e x a m e m o s t r o u h e m i p a r e s i a e s q u e r d a e a t r o f i a b i l a t e r a l d a s p a p i l a s . Angiografia

cerebral via arteria carótida direita: sinais d e p r o c e s s o e x p a n s i v o na r e g i ã o p a r i e t a l

d i r e i t a . Operação: c r a n i o t o m i a f r o n t o p a r í e t o t e m p o r a l d i r e i t a e e x t i r p a ç ã o d e t u -m o r i n f i l t r a t i v o i n v a d i n d o a d u r a - -m á t e r e o osso da r e g i ã o p a r i e t a l ; e x e r e s e p a r c i a l da n e o p l a s i a e das e s t r u t u r a s i n f i l t r a t a d a s . Exame histopatológico: a s t r o b l a s t o m a .

Evolução: m e d i a n t e t e l e c o b a l t o t e r a p i a h o u v e r e g r e s s ã o p a r c i a l d a h e m i p a r e s i a . U m

m ê s a p ó s a o p e r a ç ã o , r e a p a r e c i m e n t o da h e m i p a r e s i a , a b a u l a m e n t o d o r e t a l h o d o c o u r o c a b e l u d o e p r e s e n ç a , à esse n í v e l , d e n o d u l o s q u e f i s t u l j z a r a m d e m o n s t r a n d o c o n t i n u i d a d e c o m o t u m o r q u e i n v a d i a t a m b é m a r e g i ã o c o r r e s p o n d e n t e à a r t i c u l a ç ã o t ê m p o r o m a n d i b u l a r d i r e i t a . A s e g u i r a p a c i e n t e e n t r o u e m c o m a , a p r e s e n t a n -do c o m p l i c a ç ã o p u l m o n a r i n t e r p r e t a d a c o m o b r o n c o p n e u m o n i a . ó b i t o e m 5-3-1959.

Exame necroscópico ( 5 1 5 8 0 / 5 9 ) — P e l e e m u c o s a s s e m p a r t i c u l a r i d a d e s . C a b e

(6)

C O M E N T A R I O S

O t r a b a l h o de A b b o t t e L o v e 1

sobre t u m o r e s intracranianos m e t a s t a t i

zantes foi o p r i m e i r o a sugerir um c r i t é r i o de seleção de casos; a t e r m i n o

-l o g i a adotada pe-los autores mostra a caute-la desse c r i t é r i o e sugere u m

senso c r í t i c o r i g o r o s o para as futuras publicações. N a r e v i s ã o feita p o r A b

-b o t t e L o v e1

dos 16 casos compilados na literatura, 6 f o r a m considerados

inaceitáveis, 7 casos questionáveis e 3 c i e n t i f i c a m e n t e válidos. D a m e s m a

f o r m a , a r e v i s ã o de W i n k e l m a n e c o l .2 5

considerando 45 casos, a d m i t e 14

c o m o i n a c e i t á v e i s , 23 questionáveis e 8 casos válidos. R e c e n t e m e n t e K r u s e 1 3 ,

a t u a l i z a n d o a r e v i s ã o de W i n k e l m a n e c o l .2 5

, selecionou 20 casos p r o v a v e l

-m e n t e v á l i d o s aos quais junta dois próprios. O r e l a t o -mais r e c e n t e é o de

S t r a n g e c o l .2 0

, c o m ampla d o c u m e n t a ç ã o histopatológica. D i s t o se conclui

que e x i s t e m publicações cuja d o c u m e n t a ç ã o p e r m i t e considerar alguns casos

c o m o " p r o v a v e l m e n t e v á l i d o s " .

O c r i t é r i o a d o t a d o para a seleção de nossos casos apoia-se nos trabalhos

d e A b b o t t e L o v e 1

e de W e i s s 2 4

. A impossibilidade circunstancial d e

apre-sentarmos d o c u m e n t a ç ã o f o t o m i c r o g r á f i c a dos aspectos h i s t o p a t o l ó g i c o s dos

casos 2 e 3, nos o b r i g a a classificá-los dentre os casos q u e s t i o n à v e l m e n t e

válidos. T o d a v i a esses dois casos se e n q u a d r a m d e n t r o das e x i g ê n c i a s

ou-tras do c r i t é r i o m í n i m o de validade científica de W e i s s , m o t i v o que nos l e v a

a incluí-los neste trabalho, submetidos c o m o o f o r a m , a uma c r í t i c a p r é v i a .

O caso 1, a nosso v e r , não t e m r e s t r i ç ã o quanto a v a l i d a d e científica,

d e m o n s t r a n d o , a par de muitos j á descritos na literatura, a possibilidade de

m e t a s t a s e s e x t r a c r a n i a n a s das neoplasias intracranianas. E m todos os nossos

casos h o u v e m a n i p u l a ç ã o cirúrgica. N o s casos 1 e 3 h o u v e invasão t u m o r a l

do c o u r o cabeludo, abrindo assim ampla v i a de acesso aos linfáticos dessa

r e g i ã o . N o caso 2 a aderência do t u m o r à foice do c é r e b r o e sua r e l a ç ã o

c o m uma grossa v e i a a f l u e n t e do seio sagital superior p e r m i t e supor que a

via venosa tenha v e i c u l a d o as metastases e x t r a c r a n i a n a s ; existe, neste caso,

g r a n d e semelhança c o m aqueles descritos p o r T o m p k i n s e c o l .2 2

e T o w n e2 3 .

O s casos 2 e 3 são d e difícil a v a l i a ç ã o c i e n t í f i c a ; no entanto, o s e g u i m e n t o

c l í n i c o - p a t o l ó g i c o demonstra que a s i n t o m a t o l o g i a foi p r i m á r i a no encéfalo

e secundária nos ó r g ã o s afetados pelas metastases.

R E S U M O

Os autores a p r e s e n t a m 3 casos de t u m o r e s intracranianos c o m m e t á s t a

-ses e x t r a c r a n i a n a s ; no p r i m e i r o caso o q u a d r o clínico e a d o c u m e n t a ç ã o

his-t o p a his-t o l ó g i c a p e r m i his-t e m sua inclusão d e n his-t r e os casos p r o v á v e l m e n his-t e v á l i d o s .

(7)

S U M M A R Y

Intracranial tumors with extracranial metastases.

O n e case of e p e n d y m o m a w i t h w i d e s p r e a d metastases in the c e r v i c a l

l y m p h nodes and in the lungs is r e p o r t e d . T h i s case is considered by the

a u t h o r s as a p r o b a b l e e x a m p l e of m e t a s t a s i z i n g intracranial g l i o m a . T w o

o t h e r cases are presented and a r e considered questionable.

R E F E R Ê N C I A S

(8)

d y m o m a o f t h e c a u d a e q u i n a . C a n c e r 8:161, 1955. 25. W I N K E L M A N , N . W . ; C A S -S E L , C. & -S C H L E -S I N G E R , B . — I n t r a c r a n i a l t u m o r s w i t h e x t r a c r a n i a l m e t a s t a s i s . J. N e u r o p a t h , a. E x p e r . N e u r o l . , 11:149, 1951. 26. W O L F , A . ; C O W E N , D . & S T E W A R T , W . B . — G l i o b l a s t o m a w i t h e x t r a n e u r a l m e t a s t a s i s by w a y o f a v e n t r i c u l o -p l e u r a l a n a s t o m o s i s . T r . A m . N e u r o l . A s s . , 79th m e e t i n g , 1954, -p á g . 140.

Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Referências

Documentos relacionados

Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São Paulo, SP

Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. — Caixa Postal 3461 — São Paulo, SP

Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São Paulo, SP

Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São Paulo, SP

Clínica Neurológica — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São Paulo, SP

Clínica Neurológica — Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni- versidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São

Clínica Neurológica — Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni- versidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São

Clínica Neurológica — Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni- versidade de São Paulo — Caixa Postal 3461 — São