OSMOLALIDADE DO LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO NORMAL
A . S P I N A - F R A N Ç A * F . B . D E J O R G E * * W . A . T O G N O L A * * *
E m 1956, D a v s o n1
salientava que era p e q u e n o o n ú m e r o de estudos sôbre a o s m o l a l i d a d e do líquido c e f a l o r r a q u e a n o ( L C R ) n o r m a l , f a t o e x p l i
-c á v e l e m p a r t e p o r p r o b l e m a s de o r d e m m e t o d o l ó g i -c a q u e -c o m p r o m e t i a m a precisão dos resultados obtidos.
C o m a i n t r o d u ç ã o do o s m ô m e t r o de F i s k e tornouse possível o b t e r r e -sultados m a i s precisos e, c o m isto, a o s m o l a l i d a d e do L C R n o r m a l passou a ser r e a v a l i a d a m e d i a n t e novos estudos. S t u e c k e F i s h e r5
assinalam os resultados obtidos e m 6 a m o s t r a s de L C R normal, representados pela m é d i a de 286 m O s m / k g de água. H e n d r y3
r e f e r e resultados e n t r e 284 e 294 m O s m / k g de água para 6 amostras n o r m a i s de L C R , v a l ô r e s que se a c h a m dentro dos l i m i t e s normais p o r êle m e s m o estabelecidos para o sôro sangüí-neo ( s ô r o ) m e d i a n t e o estudo de a m o s t r a s colhidas de 50 pessoas s á d i a s2
( m é d i a , 289 m O s m / k g de água; desvio padrão, 4 ) . Os dados obtidos p o r H e n d r y v i e r a m , c o n f o r m e ê l e m e s m o salienta, d i r i m i r dúvidas advindas d e certas pesquisas a n t e r i o r e s segundo as quais a o s m o l a l i d a d e do L C R seria m e n o r que a do sôro, e m contraposição aos dados clàssicamente admitidos 4
.
N o i n t u i t o de e s t a b e l e c e r m e l h o r os l i m i t e s das v a r i a ç õ e s fisiológicas da osmolalidade do L C R , foi feita a presente i n v e s t i g a ç ã o , baseada no estudo de m a i o r n ú m e r o d e casos.
M A T E R I A L E M É T O D O
F o i e s t u d a d a a o s m o l a l i d a d e d e 22 a m o s t r a s d e L C R d e p a c i e n t e s c o m a f e c ç õ e s q u e n ã o c o m p r o m e t i a m o s i s t e m a n e r v o s o c e n t r a l e q u e n ã o d e t e r m i n a v a m a l t e r a ç õ e s m e t a b ó l i c a s d e o r d e m g e r a l . E m t o d o s , a a m o s t r a d o L C R e s t u d a d a foi c o -l h i d a da c i s t e r n a m a g n a . P a r a c o m p a r a ç ã o f o i e s t u d a d a a o s m o -l a -l i d d e d e i g u a -l n ú m e r o d e a m o s t r a s d e s ô r o d e pessoas s a d i a s .
A o s m o l a l i d a d e f o i d e t e r m i n a d a e m o s m ô m e t r o de F i s k e e os r e s u l t a d o s f o r a m e x p r e s s o s e m m O s m / k g d ' á g u a .
R E S U L T A D O S
N a t a b e l a 1 são a p r e s e n t a d o s os r e s u l t a d o s o b t i d o s p a r a a o s m o l a l i d a d e das a m o s t r a s d e L C R e n a t a b e l a 2, a q u ê l e s o b t i d o s p a r a a das a m o s t r a s de s ô r o . A s e s t i m a t i v a s c o r r e s p o n d e n t e s s ã o a p r e s e n t a d a s na t a b e l a 3.
C O M E N T Á R I O S
Os v a l ô r e s encontrados para r e p r e s e n t a r a o s m o l a l i d a d e do L C R n o r m a l se a c h a m a c i m a daqueles r e g i s t r a d o s p o r S t u e c k e F i s h e r 5
o r d e m técnica, p o r q u e f o r a m encontrados v a l ô r e s mais e l e v a d o s t a m b é m e m
r e l a ç ã o às a m o s t r a s de sôro estudadas. P o r o u t r o lado, nesta série, as est i m a est i v a s que r e p r e s e n est a m as a m o s est r a s d e L C R não d i f e r e m das q u e r e p r e
-s e n t a m a-s a m o -s t r a -s de -s ô r o (t = 0,67), c o n f i r m a n d o q u e n ã o o c o r r e m
dife-renças s i g n i f i c a t i v a s e n t r e a o s m o l a l i d a d e n o r m a l dêsses m a t e r i a i s .
R E S U M O E C O N C L U S Õ E S
E s t u d o da o s m o l a l i d a d e de 22 a m o s t r a s de L C R e de 22 a m o s t r a s de
sôro. A s a m o s t r a s d e L C R f o r a m colhidas de pacientes s e m afecções do
sistema n e r v o s o c e n t r a l e sem a l t e r a ç õ e s m e t a b ó l i c a s g e r a i s e, as de sôro,
d e pessoas sadias. A o s m o l a l i d a d e foi d e t e r m i n a d a e m o s m ô m e t r o d e F i s k e .
O s resultados são expressos e m m O s m / k g d'água e e s t ã o reunidos nas
tabelas 1 ( L C R ) e 2 ( s ô r o ) ; na tabela 3 são apresentadas as e s t i m a t i v a s c o r
-respondentes. N ã o f o r a m encontradas diferenças s i g n i f i c a t i v a s e n t r e a
os-m o l a l i d a d e d o L C R e do sôro. Ê s t e dado c o n f i r os-m a resultados consignados
na l i t e r a t u r a , obtidos p e l o m e s m o m é t o d o , m a s baseados na análise de m e n o r
n ú m e r o d e casos.
S U M M A R Y
The osmolality of normal cerebrospinal fluid
T h e o s m o l a l i t y o f t h e cerebrospinal f l u i d ( C S F ) in n o r m a l conditions
w a s e v a l u a t e d t h r o u g h t h e results in 22 C S F samples obtained f r o m patients
w i t h any e v i d e n c e of c e n t r a l n e r v o u s s y s t e m diseases as w e l l w i t h any
disease t h a t m i g h t i n t e r f e r w i t h g e n e r a l m e t a b o l i c conditions. F o r
compa-r a t i v e pucompa-rposes it w a s studied t h e s e compa-r u m o s m o l a l i t y in a secompa-ries of 22 h e a l t h y
people. T h e o s m o l a l i t y w a s e v a l u a t e d b y t h e F i s k e ' s o s m o m e t e r . R e s u l t s
a r e p r e s e n t e d in t a b l e 1 ( C S F ) , t a b l e 2 ( b l o o d s e r a ) and t h e i r e s t i m a t i v e s
a r e g r o u p e d in t a b l e 3. T h e results r e p o r t e d c o n f i r m t h a t t h e r e a r e any
s i g n i f i c a t i v e differences b e t w e e n the values of C S F and of blood serum
o s m o l a l i t y in n o r m a l conditions.
R E F E R Ê N C I A S
1. D A V S O N , H . — P h y s i o l o g y o f t h e O c u l a r a n d C e r e b r o s p i n a l F l u i d s . J. & A . C h u r c h i l l L t d . , L o n d r e s , 1956, p á g s . 236-243. 2. H E N D R Y , E . B . — O s m o l a l i t y o f h u m a n s e r u m a n d o f c h e m i c a l s o l u t i o n s o f b i o l o g i c i m p o r t a n c e . C I . C h e m . , 7:157-164, 1962. 3. H E N D R Y , E . B . — T h e o s m o t i c p r e s s u r e a n d c h e m i c a l c o m p o s i t i o n o f h u m a n b o d y f l u i d s . C l . C h e m . , 8:246265, 1963. 4. M E R R I T T , H . H . & F R E M O N T -S M I T H , F . — T h e C e r e b r o s p i n a l F l u i d . W . B . -S a u n d e r s C o . , F i l a d é l f i a , 1937, p á g s . 19-20. 5. S T U E C K Jr., G. H . & F I S H E R , R . G. — S i m u l t a n e o u s c e r e b r o s p i n a l f l u i d a n d s e r u m a c i d - b a s e b a l a n c e , i o n i c p a t t e r n s a n d i o n i c a n d o s m o l a l i t y d i s t r i b u t i o n r a t i o s . B u l l . J o h n s H o p k i n s H o s p . , 108:339-369, 1961.
