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Rev. Bras. Ciênc. Esporte vol.39 número3

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www.rbceonline.org.br

Revista

Brasileira

de

CIÊNCIAS

DO

ESPORTE

ARTIGO

ORIGINAL

Corpos

dissidentes:

gênero

e

feminilidades

no

levantamento

de

peso

João

Paulo

Fernandes

Soares

,

Ludmila

Mourão

e

Igor

Chagas

Monteiro

UniversidadeFederaldeJuizdeFora,JuizdeFora,MG,Brasil

Recebidoem20desetembrode2016;aceitoem15defevereirode2017 DisponívelnaInternetem24demaiode2017

PALAVRAS-CHAVE

Gênero; Feminilidades; Levantamento depeso; Estigmasocial

Resumo Esteartigo buscacompreender asexperiênciasdegêneroeaconstruc¸ãode femi-nilidadesdemulheresatletasdolevantamentodepeso.Ocampoempíricofoifeitocomuma equipedessamodalidade.Foramobservadasassessõesdetreinamentoefeitasentrevistas indi-viduaiscomoitoatletas,cujasnarrativasexpõemavisãodicotômicadegêneropresentenesse espac¸o.Seuscorpostrazemmarcasdaexperiênciaesportiva,refletidasnovolumemuscular enaforc¸adiferenciada.Taistransformac¸õestornamseuscorposdissidenteseabjetosesuas sexualidadessãocolocadasemsuspeic¸ão.Àmedidaquetencionamesubvertemasexpectativas deumafeminilidadenormalizada,essasmulheresnosconvidamarefletirsobreasconstruc¸ões defeminilidadespluraisnoesporte.

© 2017Publicado por Elsevier EditoraLtda. em nome de Col´egio Brasileirode Ciˆenciasdo Esporte.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons. org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

KEYWORDS

Gender; Femininities; Weightlifting; Socialestigma

Dissidentbodies:genderandfemininitiesonweightlifting

Abstract Thisarticleaimstounderstandthegenderexperiencesandtheconstructionof femi-ninitiesinwomenweightlifters.Theempiricalfieldwasconductedwithateamofthismodality. Theobservation oftrainingsessionsandindividualinterviewsconducted witheightathletes revealed adichotomousgender view intheir discourse.Theirbodiesbringthe sports prac-ticebrands,whichreflectonmusclevolume andstrength.Such transformationsmaketheir bodiesdissidentandabject,andtheirsexualitydistrust.Asfarastheysubvertthe expectati-onsofastandardizedfemininity,thesewomeninviteustoreflectontheconstructionofplural femininitiesinsports.

©2017PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofCol´egioBrasileirodeCiˆenciasdoEsporte. Thisisanopenaccess articleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/ licenses/by-nc-nd/4.0/).

EsteartigorecebeuoPrêmiodeLiteraturaCientíficanoConbrace2015,noGTTGênero.

Autorparacorrespondência.

E-mail:joaopaulosoaresufjf@gmail.com(J.P.Soares).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2017.02.011

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PALABRASCLAVE

Género; Feminidades; Levantamiento depesos; Estigmasocial

Cuerposdisidentes:géneroyfeminidadesenellevantamientodepesos

Resumen Conesteartículosetratadeentenderlasexperienciasdegéneroylaconstrucción delafeminidaddelevantadorasdepesos.Elcampoempíricosellevóacaboconunequipode estamodalidad.Seobservaronlassesionesdeentrenamientoyserealizaronentrevistas indivi-dualesaochoatletas.Lasatletasexponenladicotomíadegéneropresenteenesteespacio.Sus cuerposmuestranlamarcadelaprácticadeportiva,quesereflejaeneltama˜nodelmúsculoy lafuerzadiferenciada.Estoscambioshacensuscuerposdisidentesyabyectos,ysereceladesu sexualidad.Enlamedidaquesaboteanlasexpectativasdeunafeminidadestandarizada,estas mujeresnosinvitanareflexionarsobrelaconstruccióndelafeminidadpluraleneldeporte. © 2017Publicado porElsevierEditoraLtda.ennombre deCol´egioBrasileirode Ciˆenciasdo Esporte.Esteesunart´ıculoOpenAccessbajolalicenciaCCBY-NC-ND(http://creativecommons. org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Identificadocomo umapráticacorporalesportivaquetem comoprincipalcaracterísticaoempregodeníveiselevados deforc¸a,olevantamentodepesofascinapeladinâmicade suasprovas,1emqueoscorpossãolevadosaoseulimitepara

conseguirerguerbarraseanilhasaoalto,deformarobusta eestável.

Como modalidade olímpica, a versão masculina desse esportefiguranoquadrodasprovasdesdeaprimeiraedic¸ão dosjogosem1896.Noentanto,apenasnosanos2000,nos jogosolímpicosdeSydney,naAustrália,asmulheresforam integradasàmodalidade.2

1Asatletascompetemem7categorias,divididaspelopeso

cor-poral(até48,53,58,63,69,75eacimade75quilos). Háuma demandadasatletasjuntoàFederac¸ãoInternacionalde Levanta-mentodePeso(IWF)paraquesejaincluídaaoitavacategoriade peso,comoocorrenaversãomasculinadoesporte.Ascompetic¸ões sãocompostasdeduasprovas:oarranco,ouarranque; eo arre-messo.Noarranco/arranque,aatletadeveerguerabarraacimada cabec¸aemapenasummovimentosempausa.Jáoarremessoé exe-cutadoemduasetapas:primeiro,abarraéerguidaatéaalturados ombros,porcimadopeito;emseguida,abarraéelevadaacimada cabec¸a.Quandoaatletaconsegueestabilizaropeso,aarbitragem solicitaqueo pesosejaabaixado. Asatletastêmtrêstentativas emcadaprova.Oobjetivoéobtero melhortotal,queéasoma domaiorpesolevantadonasduasprovas.Emcompetic¸õesoficiais, hátambémpremiac¸õesparaasmelhoresmarcasemcadaumadas provas.(Confederac¸ãoBrasileiradeLevantamentodePesos,2015).

2MariaElizabeteJorge,a‘‘Betedopeso’’,foiaatletabrasileira

pioneiraaparticiparnasparticipac¸õesolímpicasnolevantamento depesoemSydney,Austrália,em2000.Aos43anosdeidade,ela competiunacategoriaaté48quiloseobteveo9◦lugar.NosJogos

OlímpicosdeLondresem2012,aatletabrasileiraJaqueline Fer-reira,obteve o 8◦ lugar nacategoria até75quilos, entretanto,

apósalgumas desuasadversáriasterem sidodesclassificadaspor contadedopingem2016, suacolocac¸ãofoirefeitaeelaobteve o5◦ lugar.Recentemente,nosJogosOlímpicosdoRiodeJaneiro

em2016, RosaneReisobteveo 5◦ lugarnacategoriaaté53

qui-los.Maisinformac¸õessobreahistóriadevidadeMariaElizabete Jorgepodemserobtidasnosdocumentários:‘‘Betedopeso’’,do

Apartirdaconstatac¸ãodessadiscrepância históricana participac¸ão feminina no levantamento de peso, busca-mosrefletirsobreossignificadosetensionamentosquetais corposrobustos,musculosos e fortesoperam nosmodelos normalizadosdegêneroefeminilidade.Nessesentido,esse artigo tem com objetivo compreenderas experiênciasde gênero e asconstruc¸õesde feminilidades vivenciadas por umgrupodemulheresatletasdelevantamentodepeso.

Taisreflexõesserãoproblematizadasnestetextoapartir dosestudos pós-estruturalistasde gênero e dateorizac¸ão

queer.3

Caminhos

metodológicos

Apesquisadecampodesseestudofoidesenvolvidaem2008, na cidade de Vic¸osa,4 Minas Gerais, no centro de

treina-mentodeumaequipedelevantamentodepeso,localizada nasdependências doDepartamentodeEducac¸ão Físicada UniversidadeFederaldeVic¸osa.

Ogrupodeinformantesdestapesquisafoicompostopor oitomulheres atletas, que vivenciavam amodalidade por períodosquevariaramdeumacincoanos.Comorecortes geracional,étnicoedeclassesocial,ogrupotemidadesque variamde14a20anos;todasasinformantessãonegrasou mestic¸as;residemembairrosdeclassespopularesdacidade deVic¸osaesãoestudantes daredepúblicadeensino. Tal grupojáparticipoudecampeonatosdamodalidadeemnível regional,estadualenacional.

Astécnicasdepesquisa usadasforamaobservac¸ão sis-temática,com registrosperiódicos em caderno de campo

diretor Kiko Mollica (2015), e ‘‘Mulher de peso’’, das diretoras

KamilaSimõesetal.(2014),VeraDaianeFelipeFranc¸a.

3Maissobreateorizac¸ãoqueeresuasapropriac¸õesnoBrasil,ver

Louro(2001,2013)eMiskolci(2009,2012).

4AcidadedeVic¸osaficalocalizadaa225kmdacapitalmineira,

(3)

(Magnani,2009; Magnani, 1997) e entrevistas individuais (Meihy,2005).

As narrativas foram transcritasna íntegrae analisadas atravésdatécnicadecategorizac¸ão(Magnani,2009;Velho, 2013),quevisaacaptar,mesmoquedeformaparciale con-tingente,ossentidosesignificadospresentesnasvisõesde mundo6dasinformantes.

Paraa construc¸ãodesseartigo, omaterialempíricofoi revisitado,fez-senovaanálisemedianteocotejamentocom oreferencialpós-estruturalistadosestudosdegêneroeda teorizac¸ãoqueer.

A interpretac¸ão das narrativas das atletas fezemergir ascategoriasnativas:gênero-associadaàsinterpretac¸ões sobreasmodificac¸õescorporais oriundas das experiências esportivas,expressasnovolumeeforc¸amuscularelevadae osdeslocamentosdasrepresentac¸õesproduzidaspor paren-tes,colegas deescola e detreino sobre seuscorpos; e a abjec¸ão- relacionadaaosprocessosdiscriminatórios sofri-dospor essasmulheresem seusespac¸osde sociabilidade, as apropriac¸ões e ressignificac¸ões que elas fazem dessa abjec¸ãonosprocessosderesistênciae buscaporuma car-reiraesportivavitoriosa.

Visões

do

campo:

a

sala

de

treinamentos

e

a

generificac

¸ão

dos

espac

¸os

7

Refletir sobre as relac¸ões de gênero e as construc¸ões de feminilidades desse grupo deatletas delevantamento de pesopassapelacompreensão,mesmoqueparcial,da com-plexidadesimbólicapresentenolocaldetreinamentos,visto que‘‘adimensãoorganizativaéimprescindívelao funciona-mentonormativo’’(Dornelles,2013,p.229).

Pela centralidade da categoria gênero, cabe retomar algumas reflexões sobre tal conceito e suas apropriac¸ões nesteestudo.Goellner (2013)expõe atrajetóriahistórica eepistemológicadessacategorianocampoacadêmico pro-fissional da educac¸ão física e sua relevância no processo dereflexãoeproblematizac¸ãodosaspectosgenerificadose generificadoresdaspráticascorporaisesportivasedas femi-nilidadesemasculinidadesconstruídasnessescontextos.

Oquesenotaéqueboapartedosestudosdegênerono campodaeducac¸ãofísicaoperacomumconceitodegênero relacionadoaosaspectoseàsinterpretac¸õesculturais fei-tasapartirdasdiferenc¸as‘‘sexuais/biológicas’’percebidas entreossujeitos.

Sobreessavisão,FigarieDías-Benítez(2009,p.21)nos trazemque:

Noocidente,sexoegênero---assimcomosujeito,etnia egerac¸ão,funcionamcomoconceitosperformativosquese transformam em substâncias fictícias, unidades que

inici-5Emmomentoprévioaoprocessoderealizac¸ãodasentrevistas,

todasasinformantes,bemcomoosresponsáveislegais-nocaso dasinformantesmenoresdedezoitoanos-assinaramosTermosde ConsentimentoLivreeEsclarecido(TCLEs)doestudo.

6Oconceitodevisãodemundodizrespeitoao‘‘quadroqueos

sujeitosdeumadeterminadaculturaelaboramdascoisascomoelas sãonasimplesrealidade,seusconceitosdesimesmosedeaspectos dasociedadeemquevivem’’(Geertz,1989,p.93).

7 Taisreflexõessurgemapartirdosregistrosrealizadosnocaderno

decampodapesquisa.

almentesótêmrealidadelinguística, istoé,o sexonãoé natural,temumahistória,ummomentodesurgimentoeé produzidoculturalmente,assimcomoogênero.

O gênero deixa de ser apenas um conceito que visa a marcarainscric¸ãoculturaldosignificadoemumsexo pre-determinado e passa a se referir também ao aparato de produc¸ãodiscursiva8sobreosexo.

Comoresultado,ogêneronãoestáparaaculturacomo o sexo está para a natureza; o gênero é tambémo meio discursivo/culturalmedianteoquala‘‘naturezasexuada’’ ou ‘‘um sexo natural’’ se produz e se estabelece como pré-discursivo, prévio à cultura; uma superfície politica-menteneutrasobreaqualaculturaage[...].Nãosepode

fazerreferênciaaumcorpoquenãotenhasidodesde sem-preinterpretadomediantesignificadosculturais,portantoo sexopoderianãocumprirascondic¸õesdeumafacticidade anatômicapré-discursiva.

Defato,ver-se-áqueosexo,pordefinic¸ão,semprefoi gênero(Butler,2003,p.40-41).

A partir da constatac¸ão da produc¸ão discursiva sobre o conceitobiológico ‘‘imutável’’ do sexo, abre-se a pos-sibilidade do questionamento de um sistema normativo engendrado em nossa sociedade, com fortes reflexos no campo das práticas corporais esportivas: o sistema sexo--gênero-sexualidade. Essedizrespeito à associac¸ão direta deum‘‘sexobiológico’’(machooufêmea),geralmente pro-nunciadopelodiscursomédico,aumgênero(masculinoou feminino),que ficaevidentenosprocessos designificac¸ão doscorposeconstruc¸ãodefeminilidadesemasculinidades normalizadas,9 eumasexualidadeheteronormativa10

com-pulsóriarelegadaaossujeitos.Apartirdasproblematizac¸ões deButler (2000,2003), essesistemaarbitrário, aparente-mentelineareestável,éproblematizadoeseucaráterde construc¸ãocultural discursiva instávele mutável fica evi-denciado.

Nãonascemosmulheresehomens,nos tornamos sujei-tos de gênero por meiode práticas sociais feminilizantes e masculinizantes, construídas em meio aquilo que valo-riza, deseja, rejeitae silencia determinadaépoca acerca dosmodosdeconstituirsujeitosmulheresesujeitoshomens (Jaeger,2013,p.269).

Cabe, pois, expor que a forc¸a cultural desse sistema reside nos aparatos institucionais de saber e poder, res-ponsáveispelarepetic¸ãocontínuadossignificadosculturais necessários à sua manutenc¸ão e difusão. A família, as instituic¸õesreligiosas,aescolaeoesportesãoalgumas

des-8Os discursos podem ser entendidoscomo sistemas ecódigos

de significac¸ãoqueconstituemo conjuntode enunciadosdeum determinado campo de saber,construídoshistoricamente dentro dasrelac¸õesdepoder(Foucault,2011).

9Normalizar significa eleger, arbitrariamente, uma identidade

específicacomparâmetro,emrelac¸ãoàqualasoutrasidentidades sãoavaliadasehierarquizadas,atribuindoaessaidentidadetodas ascaracterísticaspositivaspossíveis,emrelac¸ãoàsquaisasoutras identidadessópodemseravaliadasdeformanegativa.(Silva,2009 apudGrespaneGoellner,2014,p.1273).

10 A heteronormatividadedizrespeitoà ‘‘ordemsexualdo

(4)

sasinstituic¸õesdesaberepoderencarregadasdoprocesso denormatizac¸ãodoscorpos(Dornelles,2014).

Nessesentido,adivisãobináriadasmodalidades espor-tivas fica evidenciada na separac¸ão das categorias em masculino e feminino, apoiada na intersec¸ão dos discur-sosmédicoeesportivo,comseustestesdefeminilidadee antidoping(Silveira;Vaz,2013).Cabeàsatletasse adequa-remaopoloquelhesfoiatribuídodiscursivamente,buscar competirentre‘‘iguaisbiológicos’’.Atransic¸ãoentreesses polos binários é problemáticae deveser constantemente policiada.11

Sobreo processodenormalizac¸ãodoscorpos no levan-tamento de peso, cabe trazer as experiências de nossas informantesnaapropriac¸ãodolocaldetreinamento.Nesse sentido,asaladetreinamentosapresenta-secomoespac¸o emqueogrupodeinformantesdividesuasexperiênciasno treinamentocomumgrupodehomens,tambématletasda modalidade.Ostreinamentossãocoordenadospela treina-dora Rose,12 que assumiulegitimidade perante o grupo a

partirdesuatrajetóriavencedoranessamodalidade espor-tiva,expostacominúmerosresultadosexpressivosemnível nacionaleinternacional.

A sala de treinamento destinada à prática da modali-dadeéamplaerústica,anilhasdepesosvariados,cadeiras, placas,barrasmasculinasefemininas,caixotesdemadeira sãocomumenteencontradosespalhadospelochão,alémdas plataformasfixasdetreinamentoparahomensemulheres. Nota-seque apartilhadesse espac¸onosmomentosdos treinamentos entre as (os) atletas está condicionada a determinados códigos de convivência. Tais relac¸ões são constantemente incentivadas pela treinadora Rose, a fim de ampliar o compartilhamento dos conhecimentos e das técnicasdamodalidadepelogrupo.

Noentanto,asdisputassimbólicasestãopresenteseseus códigosafloramnadinâmica dostreinamentos.Umdesses códigostácitosestádiretamenterelacionadoàquantidade depesoerguida,constantementeanotadanoquadrocentral da sala. Tais marcas esportivas são constantemente poli-ciadaspelos homens,a fim demanter uma‘‘reserva’’ de

performancecom relac¸ão às mulheres,expor os aspectos

generificados e generificadores da modalidade, favorecer dessa forma‘‘o emprego das diferenc¸as ‘biológicas’ para justificarcomo natural a construc¸ão social das diferenc¸as entreosgêneros’’(Ferreti&Knijnik,2007,p.58).

Amaterialidadedessescorposnolevantamentodepeso se dá a partir de suas performances, que os posicionam em um dos lados da divisão binária dos gêneros, em que oshomensacionamconstantemente‘‘aspectosbiológicos’’ parajustificarasmarcassuperiores.Assim,osdiscursos nor-mativosproduzidosvãoaoencontrodaessencializac¸ãodos corpos,emqueháalgode‘‘robusto’’,‘‘forte’’e‘‘viril’’nos

11 GrespaneGoellner(2014),eAnjos(2015)expõemosprocessos

discriminatóriossofridosporatletasquetensionamesubvertemas normasdegêneroesexualidade---FallonFoxnoMMAeMichaelno Voleibol---emqueasviolênciassimbólicasbuscaram,emúltima ins-tância,readequaressescorposdivergentesàsnormasdosistema sexo---gênero---sexualidade.

12 Porquestõeséticas,osnomesdasinformantes,aoserem

apre-sentadosnotexto,serãofictíciosouidentificadosnumericamente.

homens,que‘‘faltaria’’ouseria‘‘atenuado’’nasmulheres. (Vigarello,2013).

Tais produc¸ões discursivas remontam ao fascínio e à repulsaqueessasmulheres‘‘forc¸udas’’operamnodecorrer dahistóriadaspráticascorporaisesportivaseos

tensionamentosqueelasfazemnasfeminilidadese mas-culinidadesnormalizadas(Goellner,2015).

Nasexperiênciasdascompetic¸ões,asnarrativasdeduas informantesmarcamdiferenciac¸õesnavisibilidadefeminina namodalidade.

‘‘Notreinamento euvejo poucas diferenc¸as, porque ---igualeufalei---todomundoapoiaooutro.Achoqueo negó-ciodopesoéquepegaàsvezes.Quandoumamulherestá levantandomuitopeso,osmeninosficamolhandoamarca noquadro.Achoqueelesficampreocupados(risos).Agora, euachoquenascompetic¸õestemmuitadiferenc¸asim, por-queasmulherestêmumacalmaqueosmeninosnãotêm.’’ (Informante1,20anos)

‘‘Bom,euachoqueoshomenssãobemmaisvistosqueas mulheres,têmmaisdestaquedoqueagente[...].Háuma

competitividade,poisoshomensachamqueoesportenãoé paramulher,sóqueasmulheresestãochegandocomforc¸a noesporte.’’(Informante7,18anos)

Aconstatac¸ão deumamenor visibilidade dasmulheres emrelac¸ãoaoshomensnamodalidadedolevantamentode pesocorroboraachadosdepesquisassobrefuteboleoutros esportesdeconfronto,emqueapresenc¸afemininafica obli-teradaeconstantementereferenciadaaatributoscorporais quenão se referemao desempenho esportivo das atletas (Chan-Vianna & Mourão,2010); noentanto,esseprocesso históricode‘‘invisibilidade’’nãoquerdizerqueas mulhe-resestiveramausentesdapráticadolevantamentodepeso, bemcomodeoutraspráticascorporaisesportivas(Goellner, 2007;Mourão,2000).

Corpos

esportivos,

corpos

estigmatizados,

corpos

subversivos?

Oscorpostrazemmarcasdegêneroqueosinscrevem, mate-rializame tornam inteligíveis culturalmente (Butler apud Prins & Meijer, 2002). Ao longo dos tempos, os sujeitos têmsido ‘‘indiciados, classificados, ordenados, hierarqui-zadosedefinidospelaaparênciadeseuscorpos,apartirde padrõesereferências,dasnormas,valoreseideaisda cul-tura’’(Louro,2013,p. 78).Taiscaracterísticas doscorpos são,antesdetudo,marcasdepoder.13

Como nostrazem Grespan e Goellner (2014, p. 1278), ‘‘o esporte é um local de disputas de saberes e poderes quedefinempadrõesdenormalidadesobreaaparênciados corpos,oexercíciodasexualidadeeaexperimentac¸ãodas representac¸õesdegênero’’.Assim,

13Oconceitodepoderutilizadonesseestudoseráoelaboradopor

(5)

as informantes desta pesquisa adquirem, com sua experiência14 esportivano levantamento depeso, marcas

corporais expressas em seus músculos volumosos e forc¸a elevada, que tensionam a representac¸ão de feminilidade normalizada,emquetaismarcasseriamindesejáveis.

Retomandoastrajetóriasdessasatletas,existem aspec-tosconvergentes,comooiníciodasexperiênciasesportivas em outras modalidades, como handebol, futebol e atle-tismo.Oprocessodemigrac¸ãoparaolevantamentodepeso ocorreapartirdoconvitedeamigos/asquejápraticavama modalidade;entretanto,adecisãodogrupopelaescolhado levantamentodepesocomomodalidadeesportivapassapor experiênciasconflituosasemseusespac¸osdesociabilidade. As negociac¸ões são intensas e as subversões, necessárias nesseprocesso,quetemnogrupofamiliarosmaiores pon-tosdeapoioe incentivo,emboracom algumasressalvase preocupac¸ões.

‘‘Sim, a minha família me apoia da melhor maneira possível e sempre me deu forc¸a pela escolha que eu fiz. Mesmo sabendo que era para o levantamento de peso.’’ (Informante3,16anos)

‘‘Aminhamãeencaraolevantamentodepesonormal; assim,àsvezeselameajudamuitoeàsvezeselaficacalada, normalcomotodamãe.Euachoqueelaficapreocupadacom oqueasoutraspessoasvãofalardemim.Maselasabeque temoutrasmulheresnolevantamentodepeso,temaRose (treinadora),daíelanãosepreocupatanto’’(Informante4, 14anos)

Talaprovac¸ãoporpartedosgruposdesociabilidadeem queas atletasestão inseridasvem, pois, apartir de uma constantevigilância dos possíveisreflexos em seuscorpos devido à inserc¸ão nessa modalidade. Torna-se comum a associac¸ãodessasexperiênciasesportivascomestereótipos ligadosà ‘‘masculinizac¸ão’’ dos corpos, apontapara uma associac¸ãodireta dasalterac¸õescorporais,comoaumento novolumemusculareforc¸acomumdistanciamentoda femi-nilidadenormalizada.

‘‘Sim.Olhampramimdeformadiferente,acham mus-culosa,essetipodecoisa,daíeuficoquieta,achomelhor.’’ (Informante1,20anos)

‘‘As pessoas falam que a gente vai ficar musculosa, queesseesporte nãoé paramulher.Dizem:‘Comoé que pode ser mulher e atleta de levantamento de peso?’’’ (Informante5,19anos)

‘‘Todasemanatemumcomentáriodiferente,falamque avozengrossa,queoombroficalargo,ésóissoqueagente escuta.’’(Informante4,14anos)

Esseprocessodetransformac¸ãocorporalviaexperiência esportivapodesercompreendidocomo transformac¸õesde gênero.Asatletastêmapercepc¸ãodequeos

significadosatribuídosaseuscorposforammodificadose estãoemconstantealterac¸ão.Aoexporafragilidadedessa representac¸ão de gênero, seus corpos fascinam e intimi-dam,atraeme repulsam,tornam-se dissidentes eabjetos (Piscitelli,2009).

Talabjec¸ãosuscitaemoc¸õesrelacionadasàsvalorac¸ões quedependemdos‘‘particularescontextosdeproduc¸ãode

14 Asexperiências sãoentendidascomoascorrelac¸ões,em uma

cultura,entreoscamposdesaber,tiposdenormatividadeeformas desubjetivac¸ão(Foucault,2004).

sentidos dos antagonismos. A emoc¸ão básica em relac¸ão ao abjeto é o espanto e a repugnância’’ (Figari & Días--Benítez,2009,p.23).

O abjeto tambémpolui, contagia, deve ser evitado; o queéconsideradosujooususcetíveldepoluic¸ãonãoéoutra coisasenãoaperturbadora‘‘matériaforadolugar’’.Assim, muitos comportamentos foram instituídos como ‘‘fora do lugar’’, na ilegitimidade, como sexualidades periféricas, especialmente a partir da vocac¸ão taxonômica da medi-cina,encontrafios detransmissão--- eretroalimentac¸ão ---emoutrosaparelhosideológicos,comoafamília,aescola, areligião,osesportes,osmanuaisdesexualidade,demoral eboacondutaetc.(Figari&Días-Benítez,2009,p.23).

Essa‘‘matériafora dolugar’’ materializa-senasvisões quetaisatletastêmdeseuscorpos---osmúsculos volumo-sos, a forc¸a elevada,a técnica minuciosa no manejo dos implementosdamodalidade,adisciplinaparaos treinamen-tosárduos---tudoissoexpõeadissidênciadeseuscorpos, quandosãocontrapostoscomoscorposdeoutrasmulheres comasquaisessasatletasserelacionamemseusespac¸osde sociabilidade,nessecasoaescola.

‘‘Eumevejocomumpoucomaisdeforc¸aemcomparac¸ão comelas.Nasaulas(deeducac¸ãofísica)dáparanotar,fica atéengrac¸ado.(Informante1,20anos)

‘‘Eumevejoigualaelas,porémsoumaisforteegosto deesportes,e elasnão.E,pornãogostarem,tambémme criticam.Minhaforc¸ame deixa diferenteeé bemlegal.’’ (Informante3,16anos)

‘‘Tenhomais disposic¸ão, masacaba que elasme veem deumaformadiferente,porquepraticoumesportequedá maispreferênciaparaoshomens.’’(Informante5,19anos) ‘‘Diferente,porqueamaioria delas sãocheiasde fres-curas,eeunão.Qualqueresportequeestátendonasaulas (deeducac¸ãofísica)eufac¸o.’’(Informante8,20anos)

As narrativas apresentam mecanismos discursivos de resistênciaaosprocessosdiscriminatóriosreferentesà esco-lhadamodalidadedolevantamentodepeso.Aoincorporar osaspectosidentitáriosdeatleta,essasmulheres performa-tizamdinâmicasdeconformismoeresistência,adequac¸ãoe subversãodessesdiscursosnormativos.

SegundoGoffman(1988),asidentidadesvirtuaise soci-aisreaissãopartedosinteressesedasdefinic¸õesdeoutras pessoas em relac¸ão ao indivíduo cuja identidadeestá em questão.Assim,essasmulheresmanipulamsuasidentidades sociaisreaiscomaadoc¸ãode

Estratégiasque as distanciam daidentidade virtual de atletas ‘‘musculosas’’ e ‘‘forc¸udas’’, que se apresentam comoestigmas.

Nessesentido,astécnicasdeocultamento desímbolos deestigmaocorremsimultaneamenteaumprocesso relaci-onado,ousodedesidentificadores.‘‘Oestigmaeoesforc¸o para escondê-lo, encobri-lo ouamenizá-lo fixam-se como partedaidentidadedossujeitos.’’(Goffman,1988,p.76)

‘‘Eume vejocomo umamulher normal.Aimagem que eutenhodemim,équesouumapessoacorajosa,poisesse esportenãoéparaqualquermulher,ocorpomudaeagente sesentediferentedasoutrasmeninasquenãofazem levan-tamentodepeso.’’(Informante2,19anos)

(6)

Dessa forma, outro desdobramento que seus corpos operaméaconstantesuspeic¸ãodesuassexualidades hete-ronormativas.Ao desestabilizar ossignificados degênero, constrói-se uma imagem pré-concebida, ‘‘masculinizada’’ e ‘‘masculinizante’’ deseus corpos, associada pelo senso comum àsexperiências homoeróticas, o que fica exposto nasnarrativasqueseseguem:

‘‘Sim. Algumasvezes já falaramque eueralésbica. O cara passou na janela (da sala de treinamento) e falou assim:‘NossaSenhora,aquelamulheraliéhomem’,eufalei: ‘Nossa,gente...Calma,eunãosounão’.Muitafaltade

res-peito àsvezes,masa gentevai levando.’’(Informante 8, 20anos)

‘‘Dizem que agente vai ficarcheia de músculos,igual ahomem, queesseesporte émasculino,nãoé feitopara mulher.’’(Informante2,19anos)

O gênero adquire centralidade na produc¸ão de convenc¸ões eróticas e, nesses cenários, essa distinc¸ão tambémécrucialparahierarquizar---eatémesmo excluir --- categorias de pessoas (Piscitelli, 2009, p. 15); entre-tanto, se a base da identidade de gênero é a repetic¸ão estilizadaeperformativadeatosatravésdotempo, enão uma identidade universal dada a priori e aparentemente ‘‘perfeita’’, então as possibilidades de ‘‘transformac¸ão do gênero devem ser encontradas na relac¸ão arbitrária entreessesatos,napossibilidadedeumaformadiferente de repetic¸ão, na quebra ou repetic¸ão subversiva destes estilos’’(Butler,1997apudGrunvald,2009,p.37).

Assim, tais discursos de interdic¸ão assumem aspectos motivacionais na realidade dessas atletas e impulsionam o aprofundamento de suas experiências esportivas na modalidade. A relac¸ão com a treinadora Rose, conside-rada ideal de performance feminina na modalidade, e seusucessoesportivoabrem possibilidadesparaque essas atletas projetem trajetórias similares no esporte. Para a concretizac¸ãodesseprojetoesportivo,elastêmque resis-tiràsinterdic¸õesediscriminac¸õespresentesemseusgrupos desociabilidade,emqueacategoria‘‘superac¸ão’’setorna marcante.

Considerac

¸ões

Finais

Esteartigotevecomoobjetivorefletirsobreasconstruc¸ões degêneroefeminilidadesvivenciadasporatletasdo levan-tamentodepesoemsuasexperiênciasesportivas.

Oquesenotaéqueoespac¸odetreinamentodessas atle-tas apresenta-se como lócusde normatizac¸ões degênero esexualidade. Talprocessoé erguidosobreosistema dis-cursivo cultural desexo-gênero-sexualidade e é difundido atravésdasrelac¸õesdepoderestabelecidasnaorganizac¸ão eapropriac¸ãodoespac¸odetreinamentoeem seusgrupos desociabilidade.

Asexperiênciasdogrupodeinformantesdestapesquisa apontam para visões de mundo balizadas pela dicotomia masculino/feminino na modalidade escolhida. É notória a percepc¸ão pelas atletas da subversão que elas operam ao escolherumamodalidade culturalmente identificada e direcionadaaossujeitosdiscursivamenteclassificadoscomo masculinos.

A partir desuas experiênciasperformativas degênero em suas trajetórias esportivas,os corpos dessasmulheres

apresentam-secomodissidenteseabjetos;reflexosdas mar-cascorporais adquiridas, que são,acimade tudo, marcas depoder.Taisdissidênciasexpõemosaspectosconstruídos dosistemasexo-gênero-sexualidadeeabremmargempara subversõesdosideaisdeumafeminilidadenormalizada.

Essasmarcassãoestigmassociaisetêmsido constante-mentedesidentificadas pelogrupo deinformantes.Assim, tal dissidência é ‘‘punida’’ por processos e discursos dis-criminatóriosquecolocamsistematicamenteemsuspeic¸ão suassexualidades. Essasexperiências,apesardesofríveis, sãopercebidas como motivadoras para acontinuidade da trajetóriaesportiva.

Aoseposicionarcomoatletasdeumamodalidade espor-tivaextremacomo o levantamentode peso,essas atletas tensionamdeformasubversiva asnormatizac¸õesculturais de gênero e feminilidade e abrem margem para a refle-xãosobreamultiplicidadede gênerospossíveisnocampo esportivoenasociedade.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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