REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
YouTube
como
fonte
de
informac
¸ão
de
raquianestesia,
anestesia
peridural
e
anestesia
combinada
raquiperidural
Serkan
Tulgar
∗,
Onur
Selvi,
Talat
Ercan
Serifsoy,
Ozgur
Senturk
e
Zeliha
Ozer
MaltepeUniversity,FacultyofMedicine,DepartmentofAnesthesiologyandReanimation,Istanbul,Turkey
Recebidoem4demarçode2016;aceitoem16deagostode2016
DisponívelnaInternetem18demaiode2017
PALAVRAS-CHAVE
YouTube; Anestesia; Raquidiana; Peridural
Resumo
Introduc¸ão: Asmídiassociais comooYouTubetornaram-se umapartedocotidianoemuitos estudosavaliaramvídeosdoYouTuberelacionadosàsaúde.Nossoobjetivofoiavaliarosvídeos disponíveisnoYouTubeparaidentificaraexistênciadeconformidadecomasinformac¸õesem livrosdidáticosesuasuficiênciacomofontedeinformac¸ãoparaopaciente.
Materialemétodo: Uma pesquisa no site YouTube foi feita com as palavras-chave spinal anesthesia, epiduralanesthesia,combinedspinal-epidural anesthesia(raquianestesia, anes-tesiaperidural,anestesiacombinadaraquiperidural).Emprimeirolugar,avaliamos180vídeos e observamossuas característicase seeramreferentes àanestesia neuraxial. O questioná-riodeavaliac¸ãodaqualidadedovídeo(Q1)relativaàanestesianeuraxialfoicriadocomum livrodidáticocomo referênciaeoquestionário2(Q2)foicriadoparaavaliarasinformac¸ões aopaciente.
Resultados: Apósexclusões, 40 vídeos foramincluídos noestudo. Nãohouve diferenc¸anos escoresdeQ1ouQ2quandoosvídeosforamagrupadosemquatrocategoriasdeacordocom aordemdeaparecimento,tempodeuploadoutaxadetempodevisualizac¸ão(p>0,05).Não houvediferenc¸aestatísticaentreosescoresdeQ1ouQ2paraosvídeosraquianestesia,peridural oucombinada(p>0,05).Osvídeospreparadosporuminstitutodesaúdeobtiveramescoresmais elevadosemambosQ1eQ2(10,87±4,28vs.5,84±2,90,p=0,044e3,89±5,43vs.1,19±3,35,
p=0,01,respectivamente).
Conclusão:Osvídeoselaboradosporinstitutos,sociedadesetc.apresentaramum valor edu-cativomaior,masaindamuitoincompleto.Osvídeosdevemserpreparadosemconformidade comasdiretrizesatualizadasedisponíveis,comexplicac¸õesadequadasedetalhadassobrecada procedimento,seguranc¸adopacienteeperguntasmaisfrequentes.
©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:serkantulgar.md@gmail.com(S.Tulgar).
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.08.007
KEYWORDS
Youtube; Anesthesia; Spinal; Epidural
YouTubeasaninformationsourceofspinalanesthesia,epiduralanesthesiaand combinedspinalandepiduralanesthesia
Abstract
Introduction:SocialmediaasYouTubehavebecomeapartofdailylifeandmanystudies evalua-tedhealth-relatedYouTubevideos.OuraimwastoevaluatevideosavailableonYouTubeforthe conformitytotextbookinformationandtheirsufficiencyasasourceforpatientinformation.
Materialandmethod:A search ofthe YouTube website was performed using the keywords ‘‘spinal anesthesia, epidural anesthesia, combined spinal epidural anesthesia’’. Firstly, 180videoswereevaluatedandthecharacteristicsofthevideowerenoted,andthefeaturesof thevideotoowerenotedifthevideowasregardingneuraxialanesthesia.Questionnaire1(Q1) evaluatingthevideoqualityrelatingtoneuraxialanesthesiawasdesignedusingatextbookas referenceandquestionnaire2(Q2)wasdesignedforevaluatingpatientinformation.
Results:Afterexclusions,40videoswereincludedinthestudy.TherewasnodifferenceinQ1 orQ2scoreswhenvideosweregroupedinto4quartersaccordingtotheirappearanceorder, timesinceuploadorviewstolengthrate(p>0.05).Therewasnostatisticaldifferencebetween Q1orQ2scoresforspinal,epiduralorcombinedvideos(p>0.05).Videospreparedbya health-careinstitutehaveahigherscoreinbothQuestionnaires1and2(10.87±4.28vs.5.84±2.90,
p=0.044and3.89±5.43vs.1.19±3.35,p=0.01respectively).
Conclusion:Videospreparedby institutes,societies,etc. wereofhighereducationalvalue, butwerestillverylacking.Videosshouldbepreparedinadherencetoavailableandup-to-date guidelinestakingintoconsiderationappropriatestepbystepexplanationofeachprocedure, patientsafetyandfrequentlyaskedquestions.
©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Ossitesdemídiasocialedecompartilhamentodevídeos, como o YouTube, tornaram-se parte da vida diária e o número de vídeos relacionados à saúde aumenta diaria-mente. Relatou-se que, depoisdo médico do paciente, o YouTube é a principal fonte de informac¸ão sobre temas relacionados à saúde.1---3 É de conhecimento geral que os
pacientesprocuraminformac¸õesadicionaisapósas consul-tasmédicas.4
As mídiassociaissãousadascom frequênciapelos pro-fissionais de saúde para acompanhar as inovac¸ões e os progressos em seu próprio campo, observar outras práti-cas, avaliar e enviar comentários aos donos dos vídeos e interagir com seus pares.5---10 Os estudantes de medicina
tambémrecorremàsmídiassociais,especialmenteaossites decompartilhamentodevídeoscomooYouTube,paraobter materiaisrelacionadosaoensinomédico.11---13
Infelizmente,muitosestudosdemonstraramquea confia-bilidade,ainteligibilidadeeaconformidadecomospadrões demuitosvídeosmédicosnãosãosupervisionadasou apro-vadascomo adequadas ou corretaspelos profissionais em suasespecialidades.Portanto,muitosestudosinvestigaram aconfiabilidadedas fontesdeinformac¸õesrelacionadasà saúde na internet14---19 devido ao risco significativo de os
pacientesouseusparentesencontrareminformac¸ões incom-pletas,falsasouirrelevantesquandopesquisamumtópico relacionado àsaúdeon-line.Convencer aspessoas expos-tasa essa poluic¸ão informativaque ainformac¸ão em sua fonteestáerradae,depoisdisso,fornecerasinformac¸ões corretasémaisdifícildoquedarinformac¸õesaumapessoa quenãotenhasidoexpostaàdesinformac¸ão.Poroutrolado,
umapequenaquantidadedeinformac¸õesimprecisas adqui-ridas pelos profissionais de saúde pode acarretar grandes problemas.
Em pacientes que estão prestes a passar por pro-cedimentos cirúrgicos eletivos, é muito comum que busqueminformac¸õesnainternetouemfontesdiferentes, mesmoapósrecebereminformac¸õesdeseucirurgiãoe/ou anestesiologista.8,20 É natural que os pacientes procuram
informac¸õesadicionais sobreo procedimento a que serão submetidos.
Raquianestesia, anestesia peridural e anestesia com-binada raquiperidural são métodos anestésicos comuns usados para anestesia regional. Considerando a populari-dade dos sites de compartilhamento de vídeos como o YouTube e o número de visualizac¸ões dos vídeos relaci-onados, há uma alta probabilidade de que os pacientes busquem informac¸ões audiovisuais sobre esses procedi-mentos também. Além disso, umaetapa importante para que os estudantes de medicina desenvolvam habilidades envolve a observac¸ão de procedimentos em manequins ou pacientes, antes de executarem tais procedimentos e depoisdoaprendizadocomlivrodidáticooucom professor-doutor.21,22
Umestudoprévioavaliouaqualidadeprocedimentalde 22punc¸õeslombarese16vídeosderaquianestesiapostados noYouTubeantesdemarc¸ode2009.17Porém,deacordocom
Material
e
métodos
UmabuscanositedoYouTube(http://www.youtube.com) foi feita em 15/12/2015 com as palavras-chave ‘‘raquianestesia, anestesia peridural e anestesia com-binada raquiperidural’’.Todas asdatas, todos ospaísese o idiomainglêsforamescolhidos àmedida queo filtrodo YouTubeapresentava osresultados apartir dos mais rele-vantesatéosmenosrelevantes.Osprimeiros60resultados paracadabuscafeitaforamregistrados.
Oprimeiropesquisadoravaliou180vídeoseregistroua datade upload,o númerode visualizac¸ões, adurac¸ão do vídeo,o idioma,arelevância parao termopesquisado,as característicasdovídeo eseovídeo erasobreaanestesia neuraxialeseusaspectos.
Todososautoreschegaramaumconsensosobreo dese-nho do estudo e os critérios de exclusão antesdo início. Apósaprimeiraavaliac¸ão,osvídeoscomdurac¸ãosuperiora 15 minutos, aqueles não relacionados à anestesia neura-xial, em idioma diferente do inglês e os repetidos foram excluídos.
Após a avaliac¸ão iniciale asexclusões, cincorevisores avaliaramaqualidadeeaadequac¸ãodovídeocomofontede informac¸ãoparapacientes.Essaavaliac¸ãofoifeitapormeio dedoisquestionárioselaboradospelosautores.Osrevisores tambémforamsolicitadosaclassificarcadavídeocomo des-tinado ao ensinomédico,profissionais desaúde, informar opaciente, propagandadeproduto, promoverinstituic¸ão, indefinido, outros. O objetivo do vídeo foi determinado comoaopc¸ãoescolhidapornomínimotrêsrevisores.Caso umaclassificac¸ãonãofosseescolhidapornomínimotrêsdos revisores,umareclassificac¸ãoerafeitaatéquenomínimo trêsrevisoresconcordassemcomaclassificac¸ão.
O questionário que avaliou a qualidade do vídeo (Q1) emrelac¸ãoàanestesianeuraxialfoielaboradotendocomo referência um livro didático.23---25 Uma reunião temática
foi feita na qual todos os autores chegaram a um con-senso sobre as perguntas do Q1. O segundo questionário (Q2) foi elaborando com o mesmo método, com base em uma página de perguntas e respostas no site da Socie-dade Americana de Anestesia Regional, disponível em:
https://www.asra.com/page/41/regional-anesthesia-for-surgery.Osquestionárioscontinhamdezecincoperguntas, respectivamente.Cadacritériodeavaliac¸ãofoiclassificado como ‘‘nenhum, médio e bom’’, com base em certos aspectos.
Havia uma rubrica para cada um dos avaliadores. As classificac¸ões ‘‘nenhum, médio e bom’’ para Q1 foram zero, um ou dois e para Q2 foram zero, dois ou quatro pontos, respectivamente. Alguns itens continham duas perguntas. Nesse caso, os avaliadores foram instruídos a escolher‘‘nenhum’’ caso ambas asperguntas nãofossem respondidas;‘‘médio’’casoumaperguntafossetotalmente respondidae duas fossemparcialmente/inadequadamente respondidas;‘‘bom’’casoambasasperguntasfossem ade-quadamenterespondidas.Portanto,cadavídeorecebeuuma pontuac¸ãode0a20pontos.Aclassificac¸ãofoifeitacomuma rubricaaqualcadarevisortinhaacessoequefoidesenhada por umdos autores. O vídeo foi aceito como muito ruim (0-4 pontos), ruim-médio (5-8 pontos), médio (9-12 pontos), bom (13-16 pontos) ou muito bom (17-20pontos).
Análiseestatística
Aconfiabilidadeentreavaliadores(CEA)foicalculadapara cada vídeo com o coeficiente de Fleiss para
calcu-lar o escore (disponível em https://www.statstodo.com/ CohenKappaPgm.php). Uma avaliac¸ão descritiva foi feita para cada vídeo: <0 sem concordância; =0,0-0,20
concordância não significativa; =0,21-0,40 concordância
moderada; =0,41-0,60 concordância em grande parte; =0,61-0,80 concordância significativa; =0,81-1,00
con-cordânciaexcelente.
Todasasoutrasavaliac¸õesestatísticasforamfeitascom oprogramaSPSS16.0(SPSS,Chicago,IL,EUA).OtesteUfoi usadoparaa comparac¸ão de medianasentredois grupos. MaisdeumgrupofoicomparadocomAnova.Adistribuic¸ão normalfoiavaliadacomotestedeShapiro-Wilk.Otestepost hocdeTukeyfoiusadoparaacomparac¸ãodosgruposcom distribuic¸ãonormaleotestedeTamhaneparaacomparac¸ão dosgrupossemdistribuic¸ãonormal.
Resultados
Apósexclusões,40 vídeosforamincluídosnoestudo. Des-ses,23eramrelacionadosàraquianestesia,10àanestesia peridural e sete à anestesia combinada raquiperidural. O processodeavaliac¸ãodosvídeoseoscritériosdeexclusão sãoapresentadosna tabela1.O tempoparao uploaddos vídeosvarioude0-98meses,commédiade39,6±23,2.O tempomédiodedurac¸ãodosvídeosfoide280±180 segun-dos(90-900s).
Osvídeosforamclassificadoscomodestinadosaoensino médico ou aos profissionais de saúde (24), informar o paciente(cinco),propagandadesite(dois),propagandade instituic¸ão(um)eindefinido(cinco).
AmédiadosescoresdoQuestionário1(Q1)queavaliou aqualidadedoprocedimentonosvídeosfoide7,14±3,88 (0,6-15,4). De acordo com os escores do Q1, oito vídeos foramclassificadoscomomuitoruins;19comoruim-médios; seiscomomédios esete comomédio-bons.Nenhum vídeo foiclassificadocomo muitobom.Oupload deapenasdois dos13vídeosclassificadoscomomédiosoumédio-bonsfoi feitoporumaorganizac¸ãooficial(p.ex.,hospital,instituto ousociedade).
AmédiadosescoresdoQuestionário2(Q2)queavalioua informac¸ãoparaopacientefoide1,93±4,13(0-15,9).Um vídeofoi classificadocomo muitoruim,três como médios e dois como médio-bons; 17 não receberam classificac¸ão dosrevisores.Todososvídeosclassificadoscomomédiosou médio-bons foramidentificados como de informac¸ão para o paciente pelos revisores e todos haviam sido prepara-dospor umainstituic¸ão acadêmica ou hospital.Osvídeos foram agrupados de acordo com o upload (ou não) por umainstituic¸ãodesaúdeeosresultadosdosquestionários 1 e 2 foram comparados. Os vídeos preparados por uma instituic¸ãodesaúdeobtiveramosescoresmaisaltosemQ1 e Q2 (10,87±4,28vs. 5,84±2,90, p=0,044 e 3,89±5,43 vs.1,19±3,35,p=0,01;respectivamente).Afigura1 mos-traosresultadosdosquestionários deacordocomafonte doupload.
Tabela1 Processodeselec¸ão(númerodevídeos)
Palavra-chave Aceito Rejeitado
Raquianestesia (60)
Espinhal(23) Nãosatisfazoscritériosde
inclusão(12)
Epidural(1) Nãoespinhal,mas
anestesiarelacionada(6)
Combinada(2) Anestesianãorelacionada
(6)
Duplicac¸ão(11) Anestesia
peridural(60)
Epidural(9) Nãosatisfazoscritériosde
inclusão(19)
Combinada(2) Duplicac¸ão(16)
Nãoepidural,mas
anestesiarelacionada(2)
Anestesianãorelacionada
(12)
Combinada(60) Combinada(3) Nãosatisfazoscritériosde
inclusão(9) Duplicac¸ão(34)
Nãoneuraxial,mas
anestesiarelacionada(3)
Anestesianãorelacionada
(11)
12,5
10,0
Questionário 1 Questionário 2
7,5
5,0
2,5
0,0
Outros Instituição
Fonte de postagem
Escores dos vídeos (média)
Figura 1 Distribuic¸ão dos resultados dos questionários de acordocomafontedepostagemdovídeo.
ouvisualizac¸ões edurac¸ão dovídeo (p>0,05). Nãohouve diferenc¸aestatísticaentreosescoresdeQ1ouQ2paraos vídeosderaquianestesia,anestesia periduralouanestesia combinada(p>0,05)(fig.2).
Osresultadosdasavaliac¸õesdeQ1eQ2sãoapresentados nasfiguras3e4QuandoQ1foiavaliado,80%dosvídeosnão incluíraminstruc¸õespassoapasso,50%nãoapresentaram osmateriais(agulha,cateteretc.)aseremusados,70%não incluíama monitorac¸ão do paciente, 50%não forneceram informac¸õessobreosmedicamentosusadosoudescreveram aadministrac¸ão deanestesiainfiltrativa, maisde90% não mencionaramascontraindicac¸õese 80%nãomencionaram
as complicac¸ões. Em geral, todos os vídeos incluíram o objetivodovídeoeotítuloeconteúdoestavamem concor-dância;60%dosvídeosdescreveramparcialoutotalmenteas estruturasanatômicasapropriadasequase80%enfatizaram aimportânciadaesterilizac¸ão.
Quando Q2 foi avaliado, mais de 80% dos vídeos não responderamaqualquerdasperguntas.Apenascercade5% dosvídeospuderamserclassificadoscomo bonsdeacordo comQ2.
Quandoos vídeos foram avaliados para astécnicas de esterilizac¸ão,13usarampovidonaiodada(Betadine---marca local),umusou povidona iodadae álcoolisopropílico, um usoupovidonaiodadaeálcool,seisusaramálcool isopropí-licoedoisusaramclorexidinaparaesterilizac¸ão;17vídeos nãomencionaram o agenteusado.Campos estéreis foram usados emtrês dos vídeosqueusaram álcoolisopropílico, emumqueusoupovidonaiodadaeemumqueusou clorexi-dina.Osvídeosqueusaramclorexidinaeramde2014-2015, osqueusaram álcoolisopropílico eramposterioresa 2012 etodososqueusaramcamposestéreiseramposterioresa 2012. Osvídeos compostagem maisrecenteeramos que usaram povidona iodada. Anestesia neuraxialfoi feitaem posic¸ãosentadaem26,decúbitolateralem10eemquatro vídeosoposicionamentonãofoimencionado.
Quandoaconfiabilidadeentreavaliadores(CEA)foi ava-liada,ocoeficienteficouentre0,61-0,80em setevídeos
(concordância significativa), 0,41-0,60 em 31 (concordân-cia em grande parte) e 0,21-0,40 em dois (concordância moderada).Ocoeficientemaioremenorfoi0,69±0,07e
0,37±0,09,respectivamente.Emgeral,aCEAfoialtapara todososvídeos.
Discussão
Osresultadosdenossoestudomostraramqueembora exis-tammuitosvídeossobreraquianestesia,anestesiaperidural e anestesia combinada no site de compartilhamento de vídeosYouTube, maisdametade dessesvídeos éde baixa qualidadeemrelac¸ãoàstécnicasdosprocedimentosequase completamente inadequada para fornecer informac¸ão ao paciente.
As mídiassociaisadquiriram popularidade em todosos aspectosdavida,bemcomodamedicina.Hámuitosestudos queavaliaramaqualidadedosvídeosdoYouTubeesua uti-lidadeparafornecerinformac¸õesaospacientesemelhorar ahabilidadenaformac¸ãomédica.1---3,8,11Noquedizrespeito
à anestesia, estamos cientes de apenas um estudo feito porRössleretal.17 queavaliouosvídeospostadosantese
durante2009.Nesseestudo,16vídeossobreraquianestesia e 22 sobrepunc¸ão lombar foramavaliados e a qualidade dosvídeosfoibaixa;alémdisso,osautoresrelataram que algumastécnicasassépticasquepoderiamserconsideradas perigosasforamusadas. Emnossoestudo, também desco-brimos que a qualidade dos vídeos é geralmente baixa. Técnicas apropriadas de esterilizac¸ão foram definidas ou demonstradas em apenas 45% dos vídeos; 20% dos vídeos foramclassificadoscomodequalidadeextremamentebaixa. Por outro lado, observamos que os vídeos postados mais recentemente mostravam uma adesãomelhor àstécnicas deassepsia.
20
15
10
5
0
1 2 3
7
18 32 32 34
24 24
29 3
12
6 7
17
8
7 7
4 8
29
24 37
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
2429
16 8
Quartil A
4 1 2 3 4
20
15
10
5
0
Quartil B
20
15
10
5
0
3 2
1
Quartil C
4
20
15
10
5
0
Raquianestesia Anestesia peridural Anestesia combinada raquiperidural
Questionário 1 Questionário 2
Figura2 Distribuic¸ãodasequênciadosresultadosdabusca(QuartilA),tempodepostagem(QuartilB)evisualizac¸ão/durac¸ãodo vídeo(QuartilC),deacordocomotipodeanestesianeuraxial.
povidona iodada para a preparac¸ão da pele.26---29 Esses
estudostambém relataram um aumentono uso de álcool isopropílicoe/ouclorexidinanosúltimosanos.
Defato,vários estudosdescobriram que tantoa quali-dade dos procedimentosmédicos quantoo seu valor edu-cativosãobaixosemvídeosencontradosnoYouTube.1,3,8,30
Algunsestudos,alémdenotarabaixaqualidadedosvídeos, sugeriram veementemente que alguns vídeos contêm informac¸ões erradas que podem acarretar consequências negativas.31---34 Vários relatos declararam que os vídeos
postadospor profissionais desaúdeou instituic¸ões acadê-micas têm uma qualidade superior, em comparac¸ão com os postados por indivíduos, e que a visualizac¸ão desses vídeospodeserbenéficaparaospacientes.2,35,36 Emnosso
O objetivo do vídeo foi explicado (oralmente ou por escrito)? Esse objetivo apresentou correlação com o título do vídeo?
Informações apropriadas sobre as referências anatômicas referentes ao procedimento foram fornecidas?
O paciente recebeu informação sobre cada aspecto do procedimento?
Informações sobre as agulhas/cateteres utilizados foram fornecidas para cada procedimento?
A monitoração adequada foi demonstrada ou sua importância enfatizada?
As técnicas de esterilização apropriadas foram demonstradasou sua importância enfatizada? (Luvas, soluções e campos estéreis, precauçõespara esterilização apropriada
durante o procedimento etc.)
O nome do anestésico local foi mencionado e sua dosagem explicada? Em caso de anestesia por infiltração, o processo foi explicado? Os métodos de verificação, como LCR para punção dural ou dose teste para anestesia
peridural, foram demonstrados e informações adequadas fornecidas? O procedimento para controlar o nível da anestesia foi demonstrado ou explicado?
As contraindicações aos procedimentos foram explicadas oralmente ou por escrito?
As complicações que podem ocorrer durante ou após o procedimento foram explicadas?
0%
Ruim Moderado Bom
10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Figura3 Questionárioparaavaliac¸ãodoprocedimentoedistribuic¸ãodasrespostas.
Qual é a diferença entre anestesia regional e anestesia geral? Caso eu escolha a anestesia regional,
isso significa que ficarei acordado durante a cirurgia? Quais são os diferentes tipos de
bloqueios realizados para anestesia regional? Posso solicitar o tipo de anestesia
que vou receber? Que tipos de procedimentos cirúrgicos são indicados para anestesia regional?
75% 80% 85% 90% 95%
Ruim Moderado Bom
100%
Figura4 Questionárioparaavaliac¸ãodainformac¸ãoprestada aopacienteedistribuic¸ãodasrespostas.
de qualidade educacional superior àqueles postados por indivíduos.7,18,37,38Dosvídeosincluídosemnossoestudo,60%
foramavaliadoscomodestinadosaoensinomédicooua pro-fissionaisdesaúde.Considerandoquemuitosvídeossãode fatopostadosparafins educacionais,e não parafornecer informac¸ões aos pacientes, uma maior adesão às diretri-zesapropriadasseráútilparaaumentaraqualidadedesses vídeos.
Aoavaliaraqualidadedoprocedimento,descobrimosque a qualidadeda definic¸ão doobjetivo do vídeo e a demo-nstrac¸ão das referências anatômicas foram altas. Porém, nãodedicaramatenc¸ãoàscomplicac¸ões,contraindicac¸ões, importânciadeumamonitorac¸ãoadequadaefornecimento deinformac¸ões detalhadasao paciente.Monitorac¸ão ade-quada foi demonstrada em um número muito pequeno de vídeos. Alguns vídeos demonstraram a administrac¸ão imediatade medicamentoapós a punc¸ãoperidural, antes de aguardar o fluxo de líquido cefalorraquidiano. Alguns vídeosnãoseatentaramaoscuidadosapropriadosdos pro-cedimentos de esterilizac¸ão. Acreditamos que taisvídeos sãoprejudiciaiscasosejamusadosparafinseducacionaisou desenvolvimentodehabilidades.Muitopoucosvídeosforam
classificadoscomodealtaqualidade,oquedemonstraainda maisanecessidadedepadronizac¸ãoevídeosdealta quali-dade,especialmenteparafinseducacionais.
Não houve correlac¸ão entre a qualidade do vídeo e a datadeupload,visualizac¸ão/durac¸ãodovídeoouotipode anestesianeuraxialnovídeo.Estudos anterioresavaliaram acorrelac¸ãoentreonúmerodevisualizac¸õeseaqualidade do vídeo.2,13,17 Não achamos lógico usar as visualizac¸ões
comoumindicadordequalidade,poishaveráumadiferenc¸a entreasvisualizac¸õesdevídeos maisantigos enovos.Em vezdisso,preferimosusarvisualizac¸ões/mêstendooupload comoumindicador.Visualizac¸ões/mêsporqueouploadnão temcorrelac¸ãocomaqualidadedovídeo.
adurac¸ãomédiadeexibic¸ãodevídeo,fontesdetráfegoe dispositivos para nossa análise. Porém,essas informac¸ões nãoestãodisponíveisnositedoYouTube.
Conclusão
Emboraosprofissionaisdesaúdeeospacientesrecorramaos sites decompartilhamentodevídeo como oYouTube para informac¸õesrelacionadasàsaúdeoueducac¸ão,aqualidade damaioriadosvídeossobreraquianestesia,anestesia peri-duralouanestesiacombinadaraquiperiduralnãoéadequada paraessesfins.Osvídeosdevemserpreparadosdeacordo comasdiretrizesatuaisdisponíveis,levaremconsiderac¸ãoa explicac¸ãoapropriadaem detalhesdecadaprocedimento, a seguranc¸a do paciente e as perguntas mais frequentes. Emborasejamdeficientesemmuitosaspectos, recomenda-mosqueosvídeosproduzidosporinstituic¸õessejamvistos parafins educacionaisou informativos,até quevídeos de qualidadesuperiorsejamproduzidos.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.HoM,Stothers L,Lazare D,et al.Evaluation ofeducational contentofYouTubevideosrelatingtoneurogenicbladderand intermittentcatheterization.CanUrolAssocJ.2015;9:320---54.
2.Hassona Y, Taimeh D, Marahleh A, et al. YouTube as a sourceofinformationonmouth(oral)cancer.OralDis.2015,
http://dx.doi.org/10.1111/odi.12434
3.Nason K, Donnelly A, Duncan HF. YouTube as a patient--informationsourceforrootcanaltreatment.IntEndodJ.2015,
http://dx.doi.org/10.1111/iej.12575
4.GuptaHV, LeeRW,Raina SK,etal. AnalysisofYouTube asa sourceofinformationforperipheralneuropathy.MuscleNerve. 2016;53:27---31.
5.TaylorT.TF-6theuseofsocial mediainemergencymedical residenteducation.AnnEmergMed.2014;64:S146.
6.ArnbjörnssonE,EinarA.Theuseofsocialmediainmedical edu-cation:aliteraturereview.CreativeEduc.2014;05:2057---61.
7.RabeeR,NajimM,SherwaniY,etal.YouTubeinmedical educa-tion:astudent’sperspective.MedEducOnline.2015;20:29507.
8.FischerJ,GeurtsJ,ValderrabanoV,etal.Educationalquality ofYouTubevideosonkneearthrocentesis.JClinRheumatol. 2013;19:373---6.
9.SalemJ,BorgmannH,MurphyDG.Integratingsocialmediainto urologichealthcare:whatcanwelearnfromotherdisciplines? CurrUrolRep.2016;17:13.
10.Alotaibi NM, Badhiwala JH, Nassiri F, et al. The current useofsocial mediain neurosurgery.WorldNeurosurg. 2015,
http://dx.doi.org/10.1016/j.wneu.2015.11.011
11.YıldırımB, BasaranO, AlatasOD,etal.Chesttube insertion techniques on YouTube:is social media a reliable source of learningmedicalskills?AmJEmergMed.2015;33:1709---10.
12.DuncanI,Yarwood-RossL,HaighC.YouTubeasasourceof cli-nicalskillseducation.NurseEducToday.2013;33:1576---80.
13.MurugiahK,VallakatiA, RajputK,etal.YouTubeasasource ofinformationoncardiopulmonaryresuscitation.Resuscitation. 2011;82:332---4.
14.Sacchetti P, Zvara P, Plante MK. The internet and patient education---resourcesandtheirreliability:focusonaselect uro-logictopic.Urology.1999;53:1117---20.
15.HaymesAT.Thequalityofrhinoplastyhealthinformationonthe internet.AnnPlastSurg.2016;76:143---9.
16.LeeK,HotiK,HughesJD,etal.Consumeruseof‘‘DrGoogle’’: asurveyonhealthinformation-seekingbehaviorsand navigati-onalneeds.JMedInternetRes.2015;17:e288.
17.RösslerB,LahnerD,SchebestaK,etal. Medicalinformation on theinternet: quality assessmentof lumbarpuncture and neuroaxialblocktechniquesonYouTube.ClinNeurolNeurosurg. 2012;114:655---8.
18.Camm CF, Sunderland N, Camm AJ. A quality assessment of cardiac auscultation material on YouTube. Clin Cardiol. 2013;36:77---81.
19.GuptaN,SandhuG,AggarwalA, etal.Qualityassessmentof YouTubevideosasasourceofinformationoncolonoscopy. Abdo-men.2015;2,http://dx.doi.org/10.14800/abdomen.953
20.BrooksFM,LawrenceH,JonesA,etal.YouTubeTMasasource ofpatientinformationforlumbardiscectomy.AnnRCollSurg Engl.2014;96:144---6.
21.VozenilekJ,HuffJS,ReznekM,etal.Seeone,doone,teach one:advancedtechnologyinmedicaleducation. AcadEmerg Med.2004;11:1149---54.
22.ZahiriHR,ParkAE,PughCM,etal.‘‘Seeone,doone,teach one’’:inadequacies ofcurrent methodsto trainsurgeons in herniarepair.SurgEndosc.2015;29:2867---72.
23.TurnbullJH,AleshiP.Spinalandepiduralanesthesia.Basic cli-nicalanesthesia.NewYork:Springer;2015.p.211---31.
24.Brown DL. Spinal, epidural, and caudal anesthesia. Miller’s anesthesia.Elsevier;2010.p.1611---38.
25.DrasnerK,LarsonMD.Spinalandepiduralanesthesia.Basicsof anesthesia.Elsevier;2011.p.252---83.
26.Campbell JP, Plaat F,Checketts MR, et al.Safety guideline: skin antisepsis for central neuraxial blockade. Anaesthesia. 2014;69:1279---86.
27.CheckettsMR.Wash&go-butwithwhat?Skinantiseptic soluti-onsforcentralneuraxialblock.Anaesthesia.2012;67:819---22.
28.DarouicheRO,WallMJ,ItaniKMF,etal.Chlorhexidine---alcohol versuspovidone---iodineforsurgical-siteantisepsis.NEnglJ Med.2010;362:18---26.
29.Saha S. Antiseptic solutions for central neuraxial blockade: whichconcentrationofchlorhexidinetouse?Br JHospMed. 2014;75:298.
30.StauntonPF,BakerJF,GreenJ,etal.Onlinecurves:aquality analysisofscoliosisvideosonYouTube.Spine.2015;40:1857---61.
31.SorensenJA,PuszMD,BrietzkeSE.YouTubeasaninformation sourceforpediatricadenotonsillectomyandeartubesurgery. IntJPediatrOtorhinolaryngol.2014;78:65---70.
32.ButlerDP,PerryF,ShahZ,etal.Thequalityofvideoinformation onburnfirstaidavailableonYouTube.Burns.2013;39:856---9.
33.StellefsonM,ChaneyB,OchipaK,etal.YouTubeasasource ofchronicobstructivepulmonarydiseasepatienteducation:a socialmediacontentanalysis.ChronRespirDis.2014;11:61---71.
34.HansenC,InterranteJD, AilesEC, etal.Assessmentof You-Tubevideosas asourceofinformationonmedicationusein pregnancy.PharmacoepidemiolDrugSaf.2016;25:35---44.
35.Günes¸ T, Serinken M, Alur ˙I, et al. YouTube as a source of information on varicose veins. Phlebology. 2015,
http://dx.doi.org/10.1177/0268355515596894
36.Gonzalez-EstradaA,Cuervo-PardoL,GhoshB,etal.Popularon YouTube:acriticalappraisaloftheeducationalqualityof infor-mationregardingasthma.AllergyAsthmaProc.2015;36:121---6.
37.Lee JS, Seo HS, Hong TH. YouTube as a potential training methodforlaparoscopiccholecystectomy.AnnSurgTreatRes. 2015;89:92---7.