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Rev. Bras. Reumatol. vol.57 número3

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ww w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r

REVISTA

BRASILEIRA

DE

REUMATOLOGIA

Artigo

original

Associac¸ão

entre

doenc¸a

desmielinizante

e

doenc¸a

reumática

autoimune

em

uma

populac¸ão

pediátrica

Ana

Luiza

M.

Amorim

a,∗

,

Nadia

C.

Cabral

b

,

Fabiane

M.

Osaku

a

,

Claudio

A.

Len

a

,

Enedina

M.L.

Oliveira

c

e

Maria

Teresa

Terreri

a

aUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),DepartamentodePediatria,SetordeReumatologiaPediátrica,SãoPaulo,SP,Brasil

bUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil

cUniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),DepartamentodeNeurologiaeNeurocirurgia,SetordeDoenc¸asDesmielinizantes,

SãoPaulo,SP,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem7dejaneirode2016 Aceitoem19deagostode2016

On-lineem28desetembrode2016

Palavras-chave:

Doenc¸asautoimunes Doenc¸asreumáticas Doenc¸asdesmielinizantes Infância

r

e

s

u

m

o

Introduc¸ão:Esclerose múltipla (EM) e neuromielite óptica (NMO) são doenc¸as des-mielinizantes do sistema nervoso central. A autoimunidade entre pacientes com doenc¸as desmielinizantes e seus parentes temsido amplamente investigada e discu-tida.Estudosrecentesdemonstrammaiorincidênciadedoenc¸asreumáticasautoimunes entrepacientesadultoscomEMeNMOeseusparentes,masnãoháestudosnapopulac¸ão pediátrica.

Objetivo:Avaliaraassociac¸ãodeEMeNMOcomdoenc¸asreumáticasautoimunesem paci-entespediátricos.

Método:Foramincluídos22pacientesmenoresde21anoscomdiagnósticodeEMouNMO antesdos 18anoseavaliadosdadosepidemiológicos,clínicos,associac¸ãocomdoenc¸as autoimunes,históriafamiliarde doenc¸asautoimunes,exameslaboratoriais,exames de imagemepresenc¸adeautoanticorpos.

Resultados:Entreospacientesestudados,houveprevalênciadosexofeminino(68,1%).A médiadeidadedeiníciodossintomasfoideoitoanosenovemeseseamédiadeidadedos pacientesnaavaliac¸ãofoi16anosequatromeses.Doispacientes(9%)apresentaramdoenc¸a reumáticaautoimuneassociada,umcasodedermatomiositejuvenilempacientecomNMO eoutrodelúpuseritematososistêmicojuvenilempacientecomEM.Trêspacientes(13%) apresentaramhistóriafamiliardeautoimunidadeemparentesdeprimeirograu.Anticorpo antinuclear(ANA)positivofoiencontradoem80%dospacientescomNMOeem52%dos pacientescomEM.Cercade15%dospacientescomANApositivoapresentaramdiagnóstico definitivodedoenc¸aautoimunereumáticaassociada.

Estudofeitocomacolaborac¸ãoconjuntadossetoresdeReumatologiaPediátricaeDoenc¸asDesmielinizantesdaUniversidadeFederal deSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mails:amorim.analuiza@gmail.com,teterreri@terra.com.br(A.L.Amorim).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.08.004

(2)

Conclusão: Entreos pacientescomdoenc¸as desmielinizantesdiagnosticadas durantea infânciaincluídosnestapesquisahouveumaaltafrequênciadeANApositivo,masuma menortaxadeassociac¸ãocomdoenc¸asreumáticasautoimunesdoqueaencontradaem trabalhosconduzidosemadultos.

©2016ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Association

between

demyelinating

disease

and

autoimmune

rheumatic

disease

in

a

pediatric

population

Keywords:

Autoimmunediseases Rheumaticdiseases Demyelinatingdiseases Childhood

a

b

s

t

r

a

c

t

Introduction:Multiplesclerosis(MS)andneuromyelitisoptica(NMO)aredemyelinating dise-asesofthecentralnervoussystem.Autoimmunityinpatientswithdemyelinatingdisease andintheirfamilieshasbeenbroadlyinvestigatedanddiscussed.Recentstudiesshowa higherincidenceofrheumaticautoimmunediseasesamongadultpatientswithMSorNMO andtheirfamilies,buttherearenostudiesinthepediatricpopulation.

Objective: ToevaluateanassociationofMSandNMOwithautoimmunerheumaticdiseases inpediatricpatients.

Method: 22patientsyoungerthan21yearsoldwithMSorNMOdiagnosedbeforetheageof 18yearswereevaluatedregardingepidemiologicaldata,clinicalpresentation,association withautoimmunediseases,familyhistoryofautoimmune diseases,laboratoryfindings, imagingstudiesandpresenceofauto-antibodies.

Results: Amongthepatientsstudied,therewasaprevalenceoffemales(68.1%).Themean ageofsymptomsonsetwas8yearsand9monthsandthemeancurrentagewas16years and4months.Twopatients(9%)hadahistoryofassociatedautoimmunerheumaticdisease: onecaseofjuveniledermatomyositisinapatientwithNMOandanotherofsystemiclupus erythematosusinapatientwithMS.Threepatients(13%)hadafamilyhistoryof autoimmu-nityinfirst-degreerelatives.ANAwasfoundpositivein80%ofpatientswithNMOand52%of patientswithMS.About15%ofANA-positivepatientswerediagnosedwithrheumatologic autoimmunedisieses.

Conclusion: Amongpatientswithdemyelinatingdiseasesdiagnosedinchildhoodincluded inthisstudytherewasahighfrequencyofANApositivitybutalowerassociationwith rheumatologicautoimmunediseasesthanthatobservedinstudiesconductedinadults.

©2016ElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-ND license(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

Otermodoenc¸asdesmielinizantesrefere-seaogrupode pato-logias que apresentam, emcomum, a perda da bainhade mielina,comrelativapreservac¸ãoaxonal.Dentresuas diver-sas categorias, destacamos as de causa inflamatória, em especialaesclerosemúltipla(EM),doenc¸aneurológicamais incapacitanteaatingiradultosjovens,eaneuromieliteóptica (NMO).Os aspectosclínicosepatológicosdessascondic¸ões levamacrerquesetratadedoenc¸asautoimunes inflamató-rias,quelevamàdeteriorac¸ãoprogressivadediversasfunc¸ões doorganismo.1–4

AEMpodeenvolverqualquerpartedoSNCemdiferentes momentosdesuaevoluc¸ão.Ossintomasiniciaismaiscomuns são paresiaem umou mais membros, sinais de liberac¸ão piramidal (espasticidade, hiper-reflexia, sinal de Babinski e clônus), ataxia, disartria, parestesias, incontinência ou retenc¸ãourináriaefecaloudisfunc¸ãosexual.5

ANMOoudoenc¸adeDeviccaracteriza-sepelaproduc¸ão deanticorposcontraabarreirahematoencefálica.Os primei-rossintomasocorrementrea3aea4adécadasdevida,sob

aformadeneuriteópticae/oumielitecomextensão longi-tudinal.Aneuriteópticasemanifestacomreduc¸ãoagudada acuidadevisualbilateral,comrecuperac¸ãoparcial.Amielite secaracterizaporsintomasmotoresbilaterais,comperdade forc¸aimportante,alterac¸õessensitivaserecuperac¸ãoparcial pós-surto.6

A autoimunidade que cerca os pacientes com doenc¸as desmielinizantes e seus parentes tem sido amplamente investigada e discutida. Estudosrecentes demonstramque pacientes com EM e NMO, bem como seus parentes, têm maior risco de apresentar, em algum momento, diagnós-ticoassociadodedoenc¸asreumáticasautoimunes.Nenhum desses trabalhos, no entanto, foi direcionado à populac¸ão pediátrica.7,8

(3)

de uma populac¸ão pediátrica eseus parentes de primeiro grau.

Pacientes

e

métodos

Foram incluídos todos os pacientes com idade atual até 21anoscomdiagnósticodeEM,de acordocomoscritérios deMcDonald,ouNMO,deacordocomcritériosrevisadosem 2006,emacompanhamentonosservic¸osdedoenc¸as desmi-elinizantesdoDepartamentodeNeurologiaeNeurocirurgia edosetor deReumatologiaPediátricadoDepartamentode PediatriadaEscolaPaulistadeMedicina(EPM),da Universi-dadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),emumestudotransversal retrospectivodeavaliac¸ãodeprontuários.O diagnósticode lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESj) e dermatomio-site juvenil (DMJ) foi feito de acordo com os critérios da literatura.6,9–11Todosospacienteserammenoresde18anos

aodiagnósticodadoenc¸adesmielinizanteoureumática autoi-mune.

Foramcoletadasasseguintesinformac¸ões:dados demo-gráficos,idadeatual,idade deiníciodossintomas etempo de evoluc¸ão da doenc¸a; sinais e sintomas da doenc¸a des-mielinizante, história de recorrências, número de surtos e intervaloentreeles;doenc¸as autoimunesassociadas; histó-riafamiliardedoenc¸asautoimunes;exameslaboratoriaise presenc¸ade anticorpo antinuclear (ANA), fator reumatoide (FR),anticorposcontraantígenosextraídosdonúcleo (anti--ENA),antiaquaporina, anticardiolipinaeanti-DNA; análise delíquidocefalorraquidiano(LCR)eexamesdeimagemcomo ressonânciamagnética(RM)decrânioeRMdecoluna.

Ascaracterísticasdemográficaseclínicasforamdescritas emfrequênciasabsoluta,relativa,medianaevaloresmínimos emáximos,deacordocomanaturezadasvariáveis.

Resultados

Foramselecionados22pacientescomdiagnósticodedoenc¸a desmielinizante: 17 com EM (77,3%) e cinco com NMO (22,7%).Atabela1resumeascaracterísticasdemográficasdos pacientes.

AsqueixaspredominantesdospacientescomEMforam ocomprometimentovisual(41%),detroncoencefálico(41%) emotorpiramidal(35%).TodosospacientescomNMO apre-sentaramcomprometimentovisualemalgummomentoda

Tabela1–Característicasdemográficasdapopulac¸ão doestudo

EM n=17

NMO n=5

Total n=22

Sexofeminino 10(58,8) 5(100) 15(68,2) Idadeatual(meses) 223(140-252) 235(144-249) 224(140-252) Idadedeiníciodos

sintomas(meses)

150(84-204) 120(8-168) 132(8-204)

Tempodeevoluc¸ão dadoenc¸a(meses)

12(12-120) 57(20-88) 24(12-120)

EM,esclerosemúltipla;NMO,neuromieliteóptica. Resultadosexpressosemn(%)emediana(variac¸ão).

evoluc¸ãodadoenc¸a.Outrasqueixasfrequentesforamo com-prometimento motor piramidal (60%), o comprometimento sensitivo (40%) e o comprometimento esfincteriano (40%) (tabela2).Atabela2descreveascaracterísticasclínicasdos pacientescomdoenc¸asdesmielinizantes.

Apresentaram recorrências 14 pacientes com EM, com médiade2,5surtosporpaciente,comintervalomínimode ummêsemáximode108meses entreeles. Todosos paci-entescom NMOapresentaramhistória derecorrência,com médiadetrêssurtosporpaciente,comintervalomínimode doismesesemáximode29mesesentreeles.

Entreospacientesincluídosnesteestudo,apenasdois(9%) apresentaramhistóriadedoenc¸areumáticaautoimune asso-ciada. Oprimeiro apresentou diagnóstico de basede EMe cercadeumanoapósoprimeirosurtoevoluiucomquadro clínico-laboratorialcompatívelcomLESj.Osegundo apresen-toudiagnósticodeDMJ,evoluiucomdiagnósticodeNMOcerca dedezanosapósoiníciodossintomasdadoenc¸aautoimune. Apenastrês(13%)pacientesapresentaramhistóriafamiliar deautoimunidadeemparentesdeprimeirograu.Dois paci-entescomEM(umdelescomdiagnósticodeLESjassociado àdoenc¸adesmielinizante)apresentaramhistóriafamiliarde lúpus eritematososistêmico. Umpaciente com diagnóstico deNMOapresentouhistóriafamiliardeartritereumatoide.

Dentre os pacientes com EM, nove (53%) apresentaram ANApositivo,inclusiveopacientecomdiagnósticodeLESj. Opadrãopredominantefoionuclearpontilhadofino(88%).O pacientecomdiagnósticoassociadodeLESjapresentou tam-bémanticardiolipinaIgMpositivaeantinucleossomopositivo. Dentre os pacientes com NMO, quatro (80%)apresentaram ANApositivo, inclusiveopacientecomdiagnósticodeDMJ.

Tabela2–Característicasclínicasdapopulac¸ãodoestudo

EM n=17

NMO n=5

Total n=22

Comprometimentomotor(tetraparesia/hemiparesia/paraparesia) 6(35,3) 3(60) 9(40,1) Comprometimentocerebelar(dismetriaeataxiademarcha) 3(17,6) 0 3(13,6) Comprometimentosensitivo(hipoestesiatáctilsuperficialeprofunda/hipoestesiadolorosa) 4(23,5) 2(40) 6(27,3) Comprometimentovisual(baixadeacuidadevisualedefeitopupilaraferente) 7(41,2) 5(100) 12(54,5) Comprometimentodetroncoencefálico(diplopia,nistagmo) 7(41,2) 0 7(31,8) Comprometimentoesfincteriano(vesical/anal) 1(5,9) 2(40) 3(13,6)

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Tabela3–Presenc¸adeautoanticorposnapopulac¸ão doestudo

EM n=17

NMO n=5

Total n=22

ANA 9(52,9) 4(80) 13(59,1) Padrão NPF 8(88,9) 3(75) 11(84,6) Outrospadrões 1(11,1) 1(25) 2(15,4) Diluic¸ão 1:160 3(33) 1(25) 4(30,8) 1:320 3(33) 2(50) 5(38,5) 1:640 1(11) 0 1(7,7) 1:1280 2(22) 1(25) 3(23,1) ACL IgM 1(5,9) 1(20) 2(9,1)

IgG 0 0 0

Outros Antiaquaporina a 3(60) a

ACL,anticardiolipina;ANA,anticorpoantinuclear;EM,esclerose múltipla;NMO,neuromieliteóptica;NPF,nuclearpontilhadofino. Resultadosexpressosemn(%).

a Oanticorpoantiaquaporinafoiavaliadosomentenospacientes

comdiagnósticodeNMO.

Opadrãopredominantefoionuclearpontilhadofino(75%).O pacientecomdiagnósticoassociadodeDMJapresentou anti-cardiolipinaIgMpositiva.Emexameposterioresseanticorpo foinegativo.Aotodo, 15%dospacientescom ANApositivo apresentaram diagnóstico conclusivo de doenc¸a reumática autoimuneassociadaàdoenc¸adesmielinizante.

TrêsdospacientescomdiagnósticodeNMO(60%) apresen-taramantiaquaporinapositivo.Atabela3resumeapresenc¸a deautoanticorposnapopulac¸ãodoestudo.

Não foram observados anticorpos anti-ENA, anti-DNA ou fator reumatoide. Nenhum dos pacientes deste estudo apresentouqualquercitopenia(anemia,leucopenia, plaque-topenia),queda do complementoou alterac¸ões de ureia e creatinina.

SomenteospacientescomdiagnósticodeEMforam sub-metidosapunc¸ãolombar.Desses,seis(35,3%)apresentaram bandasoligoclonaisnolíquorcefalorraquidiano.

Quatropacientes (23,5%)com EMreceberamtratamento com glatiramer enove (52,9%) receberam tratamento com betainterferona.Outrasdrogasassociadasforamprednisona (5%) e imunoglobulina (5%). O paciente com diagnóstico deLESjrecebeutambémácidoacetil-salicílico, hidroxicloro-quina,azatioprina,alémdepulsoterapiacom metilpredniso-lonaeciclofosfamida.TodosospacientescomNMOreceberam tratamentocomprednisonaeazatioprinaeumpaciente rece-beu também imunoglobulina endovenosa.O paciente com diagnóstico associado de DMJ recebeutambém tratamento commetotrexato.

OspacientescomdiagnósticodeEM-LESjeNMO-DMJ apre-sentaramdiversosepisódiosdesurtoseremissõesaolongode suaevoluc¸ãoeatualmenteencontram-seemremissão,sem sequelasneurológicas.

Discussão

Diferentesestudosdemonstramaassociac¸ãoentreasdoenc¸as desmielinizanteseoutrasdoenc¸asautoimunes.8Os

resulta-dosdeumarevisãosistemáticarecenteapontamparaolúpus eritematososistêmico(LES) eaartritereumatoidecomo as

doenc¸asautoimunesreumáticasmaisfrequentemente asso-ciadasàEM.8

Em 2000, um estudo de caso-controle comparou paci-entes com EM e controles sem doenc¸as desmielinizantes, em sua maioria adultos, quanto à ocorrência de doenc¸as autoimunes que incluíram tireoidite autoimune, gastrite autoimune, doenc¸a deAddison,artritereumatoide,pênfigo vulgar,esclerodermia,cirrosebiliarprimária,LESe espondi-liteanquilosante.PacientescomEMapresentaramumamaior prevalênciadessascondic¸ões(20%)emcomparac¸ãocomos controles sem EM (13%), bem como seus parentes de pri-meirograu(45%contra27%,respectivamente).7Em2006,um

estudocaso-controleencontrouresultadossemelhantes,que apontaramaindaparaaimportânciadosgenes HLA-DRna determinac¸ão da autoimunidade que envolve os pacientes comEMesuasfamílias.12

EstudocompacientesemsuamaioriaadultoscomNMO também mostrou que cerca de um terc¸o dos pacientes apresentoudiagnósticodeoutradoenc¸aautoimune,como sín-dromedeSjögren,colangiteesclerosanteprimáriaepúrpura trombocitopênicaimune.13

Uma coorte retrospectiva, no entanto, demonstrou não haver maior risco de doenc¸as reumáticas autoimunes em pacientescomEM(RR:0,9;comCI:0,7-1,03),aocontráriode seus parentes, queapresentaram riscoaumentado para as mesmas (RR: 1,2; com CI: 1,1-1,4).14 Esses achados podem

estar relacionados a possíveis vieses e uso de diferentes critérios diagnósticospara asdiversasdoenc¸as autoimunes avaliadas.14

Doispacientes(9%)comEMouNMOincluídosnopresente estudoapresentaramdoenc¸asreumáticasautoimunes:LESje DMJ,respectivamente.EmboraoLEStenhasidodescritoem associac¸ãocomdoenc¸asdesmielinizantes,emnossarevisão da literatura foram encontradas apenas duas publicac¸ões que relacionaram essas doenc¸as à dermatomiosite.15,16 O

primeiro relato se refere a um adulto do sexo masculino com diagnóstico prévio de EM que, após tratamento com interferon beta-1A, desenvolveu lesões cutâneas típicas de dermatomiosite(pápulasdeGottroneheliótropo)efraqueza muscular proximal,combiópsiacutâneacompatível como diagnóstico.15 A segunda publicac¸ão trata-se de uma série

de casos de pacientes com NMO de início na infância e adolescênciaemqueumdospacientesapresentou diagnós-ticoassociadodeDMJ.Nãofoidetalhadaaevoluc¸ãoclínica ou o tratamento recebido por esse paciente. Neste estudo nãoforamavaliadososantecedentesfamiliaresdedoenc¸as autoimunesdospacientescomNMO.16

As manifestac¸ões neurológicas dos pacientes com LES podem mimetizar as alterac¸ões encontradas nos pacien-tes com EMeNMO, especialmente nosperíodos emquea doenc¸aapresentamaioratividade.Amielitetransversa,por exemplo,apesarderara,jáfoidescritadiversasvezescomo manifestac¸ãoneurológicadepacientescomLES,associadaou nãoàneuriteóptica.Nessespacientesadiferenciac¸ãoentre atividade do LESou coexistência de EMou NMO podeser complexa.17

(5)

oueventostromboembólicos.18Nomesmoestudo,foipossível

correlacionarosautoanticorposadeterminadospadrõesde apresentac¸ãoclínicadaEM.Assim,pacientescomANA posi-tivo,principalmente emaltos títulos,apresentaramdoenc¸a de menor durac¸ão e pouca evoluc¸ão para incapacidade. Já a presenc¸a do anti-␤2 glicoproteína I esteve asso-ciada a doenc¸a de curso mais arrastado, com maiores limitac¸ões.18

OestudodeHilárioetal.encontrouANApositivoem12,6% decrianc¸assaudáveiseem36,2%decrianc¸ascomdoenc¸as reumáticasautoimunesvariadas.19 Estudosmostramque a

positividadedoANA empacientes com EMpodevariar de 20-60%enospacientescomNMO,aproxima-sede45%.18,20,21

ApositividadedoANAentreospacientescomdoenc¸as desmi-elinizantesincluídosnopresenteestudofoidecercade59%, dentreosquais15%(doispacientes)apresentaramdiagnóstico finalde doenc¸areumáticaautoimuneassociada. Sugere-se, dessaforma, queos pacientes portadores de doenc¸as des-mielinizantesequeapresentemANApositivorecebamuma investigac¸ãocomplementarmaisdetalhadaafimdeexcluira possibilidadededoenc¸asautoimunesassociadas.

Em suma,observamos entre os pacientes com doenc¸as desmielinizantesdiagnosticadasduranteainfânciaincluídos nesta pesquisa umaalta frequência de ANA positivo, mas umataxa deassociac¸ãocom doenc¸asreumáticas autoimu-nesmenordoqueaencontradaemtrabalhosconduzidosem adultos,apesardesignificativaparaapopulac¸ãodesteestudo.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

r

e

f

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n

c

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Imagem

Tabela 2 – Características clínicas da populac¸ão do estudo
Tabela 3 – Presenc¸a de autoanticorpos na populac¸ão do estudo EM n = 17 NMOn=5 Totaln= 22 ANA 9 (52,9) 4 (80) 13 (59,1) Padrão NPF 8 (88,9) 3 (75) 11 (84,6) Outros padrões 1 (11,1) 1 (25) 2 (15,4) Diluic¸ão 1:160 3 (33) 1 (25) 4 (30,8) 1:320 3 (33) 2 (50)

Referências

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