• Nenhum resultado encontrado

Rev. Bras. Anestesiol. vol.68 número1

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Bras. Anestesiol. vol.68 número1"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

ESPECIAL

Riscos

ocupacionais,

danos

no

material

genético

e

estresse

oxidativo

frente

à

exposic

¸ão

aos

resíduos

de

gases

anestésicos

Lorena

M.C.

Lucio,

Mariana

G.

Braz

,

Paulo

do

Nascimento

Junior,

José

Reinaldo

C.

Braz

e

Leandro

G.

Braz

UniversidadeEstadualPaulista(Unesp),FaculdadedeMedicinadeBotucatu,DepartamentodeAnestesiologia,Botucatu,SP,Brasil

Recebidoem13dedezembrode2016;aceitoem24demaiode2017 DisponívelnaInternetem24dejunhode2017

PALAVRAS-CHAVE

Anestésicos inalatórios; Exposic¸ão ocupacional; Poluic¸ãoambiental; Testesde

genotoxicidade; Instabilidade genômica; Estresseoxidativo

Resumo

Justificativaeobjetivos: OsResíduosdeGasesAnestésicos(RGA)presentesnoarambientedas SalasdeOperac¸ão(SO)sãoassociadosariscosocupacionaisdiversos.Opresenteartigo propõe--seadiscorrersobreexposic¸ãoocupacionalaosRGAeseuimpactoemprofissionaisexpostos, comênfaseemdanosgenéticoseestresseoxidativo.

Conteúdo: Apesar do surgimento de anestésicos inalatórios maisseguros, a exposic¸ão ocu-pacional aos RGA ainda é preocupac¸ão atual. Fatores relacionados às técnicas anestésicas e estac¸ão de anestesia,alémda ausência desistema deexaustão degases em SO, contri-buem para poluic¸ãoanestésica.Para minimizaros riscosàsaúdeem profissionaisexpostos, recomendam-se limitesmáximosde exposic¸ão.Entretanto,em paísesem desenvolvimento, aindacareceamensurac¸ãodeRGAederegulamentac¸ãofrente àexposic¸ãoocupacionalaos RGA. OsRGA sãocapazesde induzirdanosnomaterial genético,como danosnoDNA avali-ados pelotestedo cometae aumentonafrequência demicronúcleos em profissionais com exposic¸ãoprolongada.Oestresseoxidativotambéméassociadoàexposic¸ãoaosRGApor indu-zirlipoperoxidac¸ão,danosoxidativosnoDNAecomprometimentodosistemaantioxidanteem profissionaisexpostos.

Conclusões: Portratar-sedequestãodesaúdepública,éimprescindívelreconhecerosriscos ocupacionaisrelacionadosaosRGA,inclusivegenotoxicidade,mutagenicidadeeestresse oxi-dativo.Urgeanecessidadedemensurac¸ãodosRGAparaconhecimentodessesvaloresnasSO, especialmenteempaísesemdesenvolvimento,denormatizac¸ãodasconcentrac¸õesmáximas segurasdeRGAnasSO,alémdeseadotarempráticasdeeducac¸ãocomconscientizac¸ãodos profissionaisexpostos.

©2017SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mail:mgbraz@hotmail.com(M.G.Braz). https://doi.org/10.1016/j.bjan.2017.05.001

(2)

KEYWORDS

Inhaledanesthetics; Occupational exposure; Environment pollution;

Genotoxicitytesting; Genomicinstability; Oxidativestress

Occupationalhazards,DNAdamage,andoxidativestressonexposuretowaste anestheticgases

Abstract

Backgroundandobjectives: Thewasteanestheticgases(WAGs)presentintheambientairof operatingrooms(OR),areassociatedwithvariousoccupationalhazards.Thispaperintendsto discussoccupationalexposuretoWAGsanditsimpactonexposedprofessionals,withemphasis ongeneticdamageandoxidativestress.

Content: Despitetheemergenceofsaferinhaledanesthetics,occupationalexposuretoWAGs remainsacurrentconcern.Factorsrelatedtoanesthetictechniquesandanesthesia worksta-tions,inadditiontotheabsenceofascavengingsystemintheOR,contributetoanesthetic pollution.Inordertominimizethehealthrisksofexposedprofessionals,severalcountrieshave recommendedlegislationwithmaximumexposurelimits.However,developingcountriesstill requiremeasurementofWAGsandregulationfor occupationalexposuretoWAGs.WAGsare capableofinducingdamagetothegeneticmaterial,suchasDNAdamageassessedusingthe cometassayandincreasedfrequencyofmicronucleusinprofessionalswithlong-termexposure. OxidativestressisalsoassociatedwithWAGsexposure,asitinduceslipidperoxidation,oxidative damageinDNA,andimpairmentoftheantioxidantdefensesysteminexposedprofessionals.

Conclusions:The occupationalhazardsrelated toWAGsincludinggenotoxicity, mutagenicity andoxidative stress, standasapublic healthissue andmustbe acknowledgedby exposed personnelandresponsibleauthorities,especiallyindevelopingcountries.Thus,itisurgentto stablishmaximumsafelimitsofconcentrationofWAGsinORsandeducationalpracticesand protocolsforexposedprofessionals.

©2017SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

ResíduosdeGasesAnestésicos(RGA)sãopequenas quantida-desdeanestésicosinalatóriospresentesprincipalmenteno arambientedasSalasdeOperac¸ão(SO)edeRecuperac¸ão Pós-Anestésica (SRPA). Anestésicos halogenados, entre os quaishalotano,isoflurano,sevofluranoedesflurano,eogás óxidonitroso(N2O),sãoosprincipaisconstituintesdosRGA,

porenquadrarem orol de anestésicos deuso clínicomais frequente.1

Segundo estimativada instituic¸ão americana Occupati-onal Safety and Health Administration (OSHA), mais de 200.000 profissionais de saúde encontram-se sob risco de doenc¸asocupacionaisdevidoàexposic¸ãocrônicaaosRGA.2

Oconhecimentodessesriscos,porsetratardeumaquestão desaúdepública,eaadoc¸ãodepráticaseregulamentac¸ões formaisparareduzirapoluic¸ãodoarambientenasSOem níveismínimossegurosdeexposic¸ão,sãofundamentais3.O

presenteartigo temcomo finalidade mostraros impactos daexposic¸ãoocupacional aosRGA na saúdedos profissio-naisexpostos, comênfase em tópicos maisrecentemente exploradosnaliteratura,bemcomoadefinic¸ãode genoto-xicidade,mutagenicidade e estresseoxidativo aplicadosà anestesiologia.

Histórico

Osanestésicosinalatóriossãofármacosdeusoamploe roti-neiroemanestesiageral.Ademonstrac¸ãopúblicainéditado

dietiléter comoanestésicoinalatório porWilliamMorton, em 1846, no MassachusettsGeneral Hospital,em Boston, nos Estados Unidos, possibilitou a realizac¸ão de procedi-mento cirúrgicolivre de dor e deu lugar a umadas mais significativasdescobertascientíficasdamedicina.4

A prática da anestesiologia assistiu, desde então, a profunda evoluc¸ão nesse campo, à medida que outros anestésicos seconsagraram,taiscomo N2O,clorofórmioe

tricloroetileno.Entretanto,a elevadatoxicidadee orisco de explosão dentro do ambiente cirúrgico relacionados a esses agentesdescontinuaram seu uso e fomentaram a procuraporanestésicosmaisseguros.5Nadécadade1950,

sintetizou-seoprimeirocompostoderivadodoíonfluoreto, o fluoroxeno, que chegou a ser testado clinicamente, mas logo foi descartado por ser extremamente tóxico. O halotano é um hidrocarbono halogenado sintetizado em 1957,cuja reduzidaflamabilidadeem relac¸ãoaosagentes entãodisponíveisconsolidou-ocomooprincipalanestésico inalatório da época, e perdura até hoje.6 Seguiu-se, em

1960, o metoxiflurano, que teve seu uso limitado devido à elevada nefrotoxicidade.7 Nessa mesma época, relatos

de raroscasos dehepatite fatal relacionadosao halotano impulsionaramabuscaporagentesinalatóriosnovosemais segurossintetizadosnadécadade1960,taiscomoenflurano em1963eseuisômeroisofluranoem1965,alémdo sevoflu-ranoedodesflurano(popularizadosemmeadosdadécada de1990).7,8Oxenônio,reconhecidoporserumgásinertee

(3)

altocustoelimitadadisponibilidade.5Assim,o anestésico

inalatórioidealaindanãoexiste, sendoimportante tópico deinvestigac¸ão.4,7

Resíduosdegasesanestésicos(RGA)

Apoluic¸ãodoambientecirúrgicocomRGAdeve-se essen-cialmente a três causas:técnicas anestésicas, estac¸ão de anestesiaeSOcomousemsistemadeexaustãodegases.9

Quanto àstécnicasanestésicas, podem-seenumerarcomo principais fatores:1) Induc¸ão e/ou manutenc¸ão da anes-tesiageral comanestésicos inalatórios, principalmentena induc¸ãoanestésicaem pacientespediátricoscommáscara facial; 2) Falha no desligamento tanto da válvula que controla o fluxo (fluxômetro) de gás quanto do vapori-zador (quando a SO está sem paciente); 3) Escoamento de líquido anestésico no preenchimento do vaporizador; 4)Realizac¸ãodeflushing(lavagemdocircuitocomaltofluxo deoxigênio)aofimdoprocedimentocirúrgicopara acele-rara recuperac¸ão daanestesia inalatória (práticacomum e extremamentedanosa); 5)Problemas com acoplamento da máscara facial, seja por material impróprio para uso, tamanho inadequadoou ainda por dificuldades relaciona-dasàviaaéreadopaciente;6)Vazamentodegásdecorrido deinsuflac¸ãoinsuficientedobalonetedoTuboOrotraqueal (TOT) oude máscara laríngea,ou ainda pelo uso de TOT sem balonete; 7) Uso de Fluxo de Gases Frescos (FGF) intermediário (2---4 L.min-1) e principalmente alto fluxo

(>4L.min-1);108)Usodecapnógrafodotiposidestreamsem

retornodosgasesaoaparelhodeanestesia;e9)Usode sis-temarespiratóriodeMapleson,principalmenteemanestesia pediátrica.10,11

Emrelac¸ãoàestac¸ãodeanestesia,inúmeros componen-tes podemsermotivo deescape deanestésicos para oar ambiente. Eventuais vazamentos podem ser provenientes deválvulaseconexõesdocircuitorespiratório,defeitosem pec¸asebalõesreservatórios.9,12

As SOpodemounãotersistemadeexaustãodegases. Quandohásistemadeexaustão,elepodesertotal(quando hásucc¸ãocentralqueretiraoardaSOpormeiodepressão negativa,levandotodaacorrentedearcomgásanestésico paraoexterior,semrecirculac¸ãodoar)ouparcial(quando hásucc¸ãocentralqueretiraoardaSOpormeiodepressão negativa, que leva parcialmenteo ar com gás anestésico paraoexterior,havendorecirculac¸ãodoar).JánasSOsem sistemadeexaustão,hásimplesmenteacirculac¸ãonatural dacorrentedearoriundadeaparelhosdearcondicionado nãocentrais.12

RiscosambientaisdosRGA

Os RGA eliminados das SO para o meio externo chegam à atmosfera inalterados e causam impacto ambiental. Os danos ambientais causados pelos gases anestésicos dependemdoseupesomolecular,daproporc¸ãodeátomos halogenadosedasuameia-vidanaatmosfera.Comodados dameia-vidaatmosféricaaproximadadosgasesanestésicos têm-se:N2O ---114anos,desflurano---10anos,halotano

---seteanos,sevoflurano---cincoanoseisoflurano---trêsanos.13

Todososanestésicosinalatóriosem usocontêmcompostos halogenados que se assemelham aos clorofluorocarbonos

e, portanto, apresentamefeitos deletérios na camada de ozônio. O N2O, além de ser um dos gases depletores da

camadadeozônio, apreendearadiac¸ão térmicaemanada da superfície terrestre e contribui para o fenômeno de aquecimentoglobalconhecidocomo‘‘efeitoestufa’’.13

Saúdeocupacionaleexposic¸ãoaosRGA

Apossibilidadederiscosàsaúderelacionadosàexposic¸ão aosanestésicosinalatóriostemsidomuitodiscutidanas últi-masdécadas.14Diversosprofissionais(médicoseveterinários

anestesiologistasecirurgiões,enfermeiroseprofissionaisda saúdeafins,alémdeestudantes)atuantesemSOe/ouSRPA sãoosprincipaisexpostosaosRGA.1

Oprimeiroestudoquechamouaatenc¸ãodacomunidade científicaparaosriscosassociadosàexposic¸ãoaosRGAfoi conduzidoporVa˘ısman, naUnião Soviética, em 1967.Sua pesquisaenvolveu198homense110mulheres anestesiolo-gistasexpostosprincipalmenteadietiléter,N2Oehalotano,

e demonstrou nãoapenas sintomas como fadiga, cefaleia e irritabilidade, mas também evidenciou, pela primeira vez,efeitoadverso nosistemareprodutivo.Foram,então, relatados18casosdeabortoespontâneo em31 gestac¸ões emanestesiologistasexpostasaRGA.15 Talachadosuscitou

grande preocupac¸ão quanto à seguranc¸a dos profissionais expostos. Em 1974, a American Society of Anesthesiolo-gists(ASA)publicou,nosEstadosUnidos,oestudointitulado

Occupational diseaseamong operating room personnel: a national study. Report of an ad hoc committee on the effect of trace anesthetics on the health of operating room personnel.16 Comparou-se, por meio de

questioná-rio,umgrupode49.585profissionaisexpostosaosRGAcom umgrupoconstituídode23.911 indivíduossemexposic¸ão. Observaram-senasmulheres expostasrisco aumentadode abortoespontâneo,anomaliascongênitas,cânceredoenc¸as hepáticase renais.Já osanestesiologistas dosexo mascu-linoincorreramemriscoaumentadodedoenc¸ashepáticase filhoscomanormalidadescongênitas.16

Posteriormente, tais estudosforam revistos por outros autores, que verificaram inúmeros erros metodológicos e vieses (por exemplo, viés de respondedor na análise dos questionários e fatores confundidores,tais como estresse psicológico e longas jornadas de trabalho). Isso veio a enfraquecer, sobretudo, a evidência da associac¸ão cau-salentreexposic¸ãoaosanestésicosinalatóriosedesfechos reprodutivosnegativos(abortoespontâneoeanormalidades congênitas).14

Limitesdeexposic¸ãoocupacionalaosRGA

Diante doexposto, houve necessidade de recomendac¸ões formaisparareduziraexposic¸ãoocupacionalaosRGA,com destaqueparaoNationalInstituteforOccupationalSafety andHealth (NIOSH), em 1977,17 que sugeriu a adoc¸ão de

limitesdeexposic¸ãoaosRGAemquaisquerambientes pas-síveis deadministrac¸ão desses agentes.Determinaram-se, assim,comolimitesdeexposic¸ãoocupacional:duaspartes pormilhão(ppm)---ceiling---aosagenteshalogenadosede 25ppm---Time-Weighted Average(TWA)--- aoN2Odurante

(4)

scaven-gers)quepermitemumaeficienterenovac¸ãodoarnasSO.17

Instituíram-se,assim,nosEstadosUnidos,protocolose con-dutas técnicas em anestesia para evitar o vazamento de gásanestésicoparaaSO,taiscomocuidadoscommáscara facial,vaporizadores,fluxômetrosetestesparaidentificar vazamentosemsistemasdealtaedebaixapressão.A vigi-lânciaaoestadodesaúdedosmédicosexpostos,com exa-mesfísicos e laboratoriais,conforme a necessidade, tam-bémfoiabordada,bemcomoanecessidadedemonitorizaro arambienteparadeterminarasconcentrac¸õesdosRGA,com documentac¸ãopormeioderelatórioseinspec¸õesseriadas.17

Após a regulamentac¸ão dessas medidas de seguranc¸a adotadas em relac¸ão à exposic¸ão ocupacional aos RGA, outros países também implantaram legislac¸ão própria. O

British Government HealthServices Advisory Committee, por exemplo, estabeleceu valores limites em TWA de 8h de100ppm paraN2O, 50ppm paraenflurano e isoflurano

e10ppmparahalotano,porseremessesvaloresmuito infe-rioresaosquecausamefeitosadversosrelatadosemestudos experimentais.18Outrosexemplosdenac¸õescomlegislac¸ão

própriasãoFranc¸a,Suíc¸a,Alemanha,Áustria,Holanda, Itá-lia,Suécia,Noruega,DinamarcaePolônia.14

No Brasil, a exposic¸ão ocupacional aos RGA ainda é assuntopoucoexploradoecarecederegulamentac¸ãopela legislac¸ão trabalhista. Os limites máximosde gases anes-tésicos seguros ao trabalhador são ausentes, assim como recomendac¸õessobremonitorac¸ãoefiscalizac¸ão.ANorma RegulamentadoraNR15(sobreatividadeseoperac¸ões insa-lubres)traz referência ao N2O, a serlimitado em ‘‘doses

asfixiantes’’. Por sua vez, a NR 32 (norma de seguranc¸a e saúde no trabalho em estabelecimentos de assistência à saúde), apesar de enderec¸ar o tema maisdiretamente citando os direitos da trabalhadora gestante exposta aos RGA,ofazdeformapoucoclaraeinsuficiente.11

Estudo nacional feitona década de 1980 comparou as concentrac¸õesde halotano noar e nosangue de animais expostosàpoluic¸ãodasaladeexperimentac¸ãocomesemo sistemaVenturi.19 Osautoresmostraramaeficiênciadesse

sistema antipoluic¸ão na exaustão de RGA. A maioria dos anestesiologistas de centros cirúrgicos brasileiros usa os maisvariadostiposdeanestésicosinalatórios(dehalotano até desflurano) sem protocolos de conduta para reduc¸ão devazamentosedepoluic¸ãoemSO,asquaisnãotêm sis-temadeexaustãoparaeliminac¸ãodeRGA.Valedestacarum trabalho,feitonoDepartamentodeAnestesiologiada Facul-dade deMedicina deBotucatu (Unesp), oqual mensurou, pelaprimeira vez, asconcentrac¸õesambientaisdos anes-tésicosem SO decentro cirúrgicobrasileiro,com metade deSOcomsistemaparcialdeexaustão,emregimede6---8 trocasdear/h,emetadedeSOsemsistemadeexaustão, sendo que as últimas SO refletem a realidade de muitos hospitais em países em desenvolvimento.20 A média das

concentrac¸ões dos halogenados isoflurano, sevoflurano e desfluranoestavaacimade5ppmeparaoN2Oestavamaior

doque 170ppm(TWA).Deacordocomasnormas interna-cionaispreconizadaspeloInstitutoAmericanodeArquitetos (1993),21 recomendam-senomínimo 15 trocasde ar/h,a

fimdeassegurarqueoarcirculantenasSOseja completa-mente preenchidopor ar novo. Adicionalmente,o idealé queseusesistemacomfluxodearunidirecionaloulaminar, oqualpermitequetodaacontaminac¸ãogeradanoambiente sejalevadaparaforadeleomaisrapidamentepossível.22

Assim, é necessário padrão de qualidade acompa-nhado de inspec¸ões de rotina e mensurac¸ão regular das concentrac¸õesdeRGAnasSOparaaveriguaroseuadequado funcionamento. Ressalta-se, também, que há reduzida quantidade de estudos que abordam a exposic¸ão ocupa-cional aos RGA e os seus possíveis efeitos deletérios em paísesemdesenvolvimento,comonoBrasil,oquedificulta apercepc¸ãodesseimpactonapopulac¸ãoenosprofissionais desaúde.20,23---26

Apreocupac¸ãocomaexposic¸ãoocupacional,quantoàs limitac¸õesdas concentrac¸õesde RGA,é temapertinente, devidoaospotenciaisriscosàsaúdedosprofissionais expos-tos. É fato bem documentado que tal exposic¸ão, mesmo que porbreve período,podeserefletir em sinaise sinto-mascomocefaleia,irritabilidade,fadiga,náusea,tontura, dificuldadedejulgamentoecoordenac¸ão.1Alterac¸õesmais

graves em indivíduos expostos, inclusive danos renais e hepáticosecondic¸õesneurodegenerativas(comodoenc¸ade Parkinsone alterac¸õesproprioceptivas),tambémjáforam relatadas.27,28

PotencialgenotóxicoemutagênicodosRGA

Umdosimportantesfocosdeváriaspesquisaséemrelac¸ão ao potencial de induc¸ão de danos no material genético (genotoxicidadeemutagenicidade)dosanestésicos inalató-riosavaliadosemanimais,29,30pacientes31---33eprofissionais

ocupacionalmente expostos.20,34,35 Defato,biomarcadores

genéticos têm sido muito empregados para monitorar a exposic¸ão humana a agentes genotóxicos e/ou mutagêni-cos com potencial de efeito carcinogênico.36 Dentre os

principaismarcadoresdegenotoxicidadeemutagenicidade, figuramotestedocometaeomicronúcleo(MN).

O teste do cometa é um método sensível e de baixo custoparamensurar danosnoácidodesoxirribonucleico ---DNA,consolidadocomoimportanteferramentaparaavaliar genotoxicidadeemestudosderiscoocupacional.37Tal

meto-dologiaconsistenaimersãodecélulaseucarióticasem gel de agarose, lise da membrana celulare posterior eletro-forese. Sobcondic¸õesalcalinas deeletroforese(pH> 13), osnucleoidescomdanosnoDNA(quetemcarganegativa) migram parao polopositivo,imitando a aparênciadeum cometa(cabec¸aecauda).Assim,osfragmentosresultantes dequebras de fitassimplese/ouduplas deDNA,alémde sítiosálcali-lábeis,migramemdirec¸ãoaoanododacubade eletroforese.37 Quantomaiorapresenc¸adematerial

gené-tico danificado,maioré amigrac¸ão desses fragmentosde DNA.Dessaforma,aextensãodacaudareflete, proporcio-nalmente,aquantidadededanosnoDNA(fig.1).37

Apesar de os mecanismos de genotoxicidade e muta-genicidade dos anestésicos halogenados não serem com-pletamente elucidados, possíveis explicac¸ões incluem o metabolismooxidativocapazdegerarEspéciesReativasde Oxigênio(ERO)eainduc¸ãodedanodiretoaogenoma,em qualquerfasedociclocelular.23Poroutrolado,oN

2Ooxidao

íoncobaltopresentenacobalamina(vitaminaB12),levando à inibic¸ão da metionina sintetase com produc¸ão reduzida de metionina etetra-hidrofolato e seussubprodutos timi-dinaeácidosnucleicos(inclusiveoDNA).38 Taisalterac¸ões

(5)

Figura1 ImagensrepresentativasdotestedocometaemlinfócitosmostradanosnoDNAprogressivamentemaiores,de1-3.

e a distúrbios neurocomportamentais em indivíduos sob exposic¸ãocrônicae/ouelevadasconcentrac¸õesdeN2O.38

EmestudopioneirorealizadonaregiãoNortedoBrasil,25

os efeitos da exposic¸ão ocupacional aos RGA no material genéticoforamobservadosdurantearesidênciamédica.Os autoresverificaramaumentosignificativodelesões primá-riasnoDNAemmédicosresidentesaosoito,16e22meses expostosaoisoflurano,sevofluranoeN2Oemrelac¸ãoaum

grupocontrole,em SOsemsistemadeexaustãodegases. Poroutrolado,nãohouveaumentodedanosbasaisem linfó-citosavaliadosemanestesiologistasexpostoscronicamente aoisoflurano,sevoflurano,desfluranoeN2Oemcentro

cirúr-gicocomsistemaparcialdeexaustão,emhospitaldeensino nosudestedoBrasil.20

Os danos basais no DNA, detectados pelo teste do cometa, têm sido avaliados na populac¸ão croni-camente exposta aos RGA, porém os resultados são controversos.35,39,40 Na Turquia, por exemplo,

observou--se aumento significativo de danos no DNA em linfócitos em 66 profissionais (anestesiologistas, enfermeiros e téc-nicos) expostos a halotano, isoflurano e N2O em relac¸ão

aumgrupocontrole.39 Distintamente,estudopolonêsnão

mostroudiferenc¸as quantoaosdanosnoDNAem100 pro-fissionaisexpostosaN2O,isoflurano,sevofluranoehalotano

emrelac¸ãoaogrupocontroleneminterferênciadetempo deexposic¸ãoemrelac¸ãoaosresultados.35

Existemevidênciasdainterac¸ãoentreradicaislivres deri-vadosdeoxigênioounitrogênio combasesdeDNA,oque resultaemdanosqueproduzembasesoxidadas,sítios abá-sicos e/ou quebras em fitasde DNA. O teste do cometa, tradicionalmenteusadoparaavaliardanosbasais noDNA, tambémpodesermodificadocomousodeenzimas específi-casparaavaliac¸ãodeoxidac¸ãonasbasesnoDNA(pirimídicas e púricas). Esse enfoque foi encontrado em apenas um estudona literatura,queavalioudanosoxidativosnoDNA em enfermeiras expostas cronicamente a RGA, e mostrou aumentodepurinasoxidadas.41

OsMNsãocorpúsculosextranuclearesformadosapartir defragmentosdecromossomooudecromossomosinteiros queforamexcluídosdonúcleoprincipalda‘‘célula filha’’ duranteadivisãocelular(fig.2).Suaocorrênciarepresenta instabilidade genéticae comprometimento na viabilidade celularcausadospordefeitos genéticosouexposic¸ão exó-gena a agentes genotóxicos/mutagênicos.42 A associac¸ão

entreMNdetectadosemlinfócitosperiféricosecâncertem suporte teórico.Umestudo dotipocoortefeitopelo pro-jetointernacionalHUman MicroNucleus(HUMN)de1980 a 2002,queenvolveu10paísese6.718indivíduos,relacionou afrequênciadeMNemlinfócitosperiféricosaaumentode riscodecânceremumapopulac¸ãoconsideradasaudável.43

Figura2 Fotomicrografiadecélulabinucleada(linfócito)que contémummicronúcleo.

EstudoquecomparouSOcomconcentrac¸õesabaixodos limitesrecomendadosdeRGA(comsistemadeexaustãode gases)naAlemanha,comoutrasSOcomaltasconcentrac¸ões deRGA(semsistemadeexaustão)emumpaísdolesteda Europa,constatouaumentosignificativodeMNem linfóci-tossomente nosprofissionais expostos aosRGAnasSOde hospitaldo leste da Europa.44 Na Eslovênia, estudo

mos-trouqueprofissionaisdosexofemininoexpostasaisoflurano, halotanoeN2O(dosquaissomenteisofluranoestavaacima

dos limites de concentrac¸ão recomendados em SO) tive-ram frequência significativamente maior de MN e outras alterac¸õescromossômicasem linfócitosdoquetecnólogas deradiologiaecontroles.45

OusodeMNemcélulasbucais(avaliadopelotesteBuccal MicronucleusCytomeAssay)ébemconsolidadoevalidado internacionalmente,sendoamplamentedifundidonaúltima décadaporestudosdebiomonitoramentohumanopara ava-liar exposic¸ão a agentes genotóxicos e/ou carcinógenos, alémde doenc¸as neoplásicas oudegenerativas. Suas van-tagensincluem:1)Coletaminimamenteinvasivadecélulas damucosabucal;2)Elevadasensibilidade;3)Especificidade emdetectarosefeitosdaexposic¸ãoaagentesgenotóxicos inaladosouingeridos; 4)Facilidadedearmazenamentode amostrasemtemperaturaambientesemnecessidadede cul-tivocelular;e5)Baixocusto.46OtestedoMNbucaltambém

(6)

Camada cómea

Camada espinhosa

Camada granulosa

Camada germinativa

Célula com cariorrexe

Célula com cromatina condensada

Célula com picnose

Célula com cariólise Célula binucleada

Célula basal

Célula basal com MN

Célula diferenciada

Célula diferenciada com MN

Tecido conjuntivo

Célula diferenciada com

NBUD

Figura3 Esquemaquerepresentacortedemucosabucal,comsuascamadas,diferentestiposcelularesealterac¸õesdetectadas pelotestedemicronúcleobucal.MN,micronúcleo;NBUD,nuclearbuds(protrusõesnucleares).Fonte:FiguraadaptadadeThomas etal.42

camadasdamucosaoraleosdiferentestiposcelularesque podemserdetectadosnoteste domicronúcleobucal.42 A

frequênciadeMN nas célulasesfoliadas bucaistemainda correlac¸ão positiva com aquela encontrada em linfócitos, mostrandoqueefeitosgenotóxicose/oumutagênicos obser-vadosna correntesanguínea, assim como seus potenciais riscos (a exemplo da associac¸ão com câncer), são detec-tadosna mucosaoral.48 Ademais, ascélulasesfoliadas da

mucosaoral representam aprimeira barreira biológicade contato com os anestésicos inalatórios. Na literatura, há somentedoisrelatosdousodotestedeMNbucalem profis-sionaiscronicamenteexpostosaosRGA.Oprimeirofoifeito naÍndiaeobservou-seaumentosignificativodeMNem diver-sosprofissionais(cirurgiões,anestesiologistas,enfermeiros etécnicos)expostosahalotano,enflurano,isoflurano, sevo-flurano, desflurano e N2O.34 O segundo foi realizado em

Botucatu,SP, o qualmostrouque anestesiologistas expos-tos em média por 16 anos aos RGA mais modernos têm aumentodeMNealterac¸õescitotóxicas,alémdemudanc¸as naproliferac¸ãocelulardamucosaoral.20

EstresseoxidativoeRGA

Por definic¸ão, estresse oxidativo é o desequilíbrio entre a produc¸ão de ERO e as defesas antioxidantes (fig. 4). Radicais livres são moléculas instáveis com elétrons não pareados, sendo extremamente reativos. Quando esses radicaislivres e demaismoléculas surgemem decorrência dereac¸õesoxidativasnossistemasbiolo´ıgicos,passamaser denominadosdeERO,epodemdarinícioaumacascatade

Albumina

Radiaçño Hipóxia

Citocinas ultravioletaRaios

Pró-oxidantes

Quimio-terapia

Vitaminas A e E antioxidantesEnzimas

Antioxidantes

Estresse oxidativo

Grupo tiol

Figura4 Representac¸ãodoestresseoxidativocomo desequi-líbrioentrefatorespró-oxidantes(àesquerda)eantioxidantes (àdireita).

reac¸õescommoléculasbiológicas.49 Importantesexemplos

(7)

Membrana

Peroxidação lipídica

(i) MDA ↑

(i) Grupos carbonila ↑

(i) Produtos finais de glicação ↑ (ii) Produtos finais de lipoxidação ↑ (ii) S-Glutationilação ↑

(iii) Nitrosina↑

Produtos de degradação proteica

(i) 8-OH-dG ↑ (ii) Migração de DNA (cometa) ↑ (ii) 4-HNE ↑

Núcleo

Oxidação proteica Estresse

oxidativo Quebras de fitas de DNA

Figura5 Biomarcadoresdedanooxidativoemmacromoléculas.Oestresseoxidativogeradanosemmacromoléculas,porexemplo,

noDNA,noslipídiosenasproteínas.Apresenc¸adeestresseoxidativo emmacromoléculaspodeserdetectadapelos subprodu-tosresultantesdeoxidac¸ão.MDA,malonaldeído;4-HNE,4-hidroxinonenal;8-OH-dG,8-hidroxi-2’-desoxiguanosina.Fonte:Figura adaptadadeLeeetal.52

dano proteico ocorre pela formac¸ão de grupos proteicos chamados carbonila, que podem induzir proteólise nas basesdoDNA(danooxidativonoDNA),assimcomoquebras emfitassimplese duplasdomaterialgenético(como,por exemplo,aconversãodeguanidinaem8-hidroxiguanidina). Emúltimaanálise,osradicaislivres podemsertóxicosem tecidosouórgãos,comconsequentelesãocelular,necrosee apoptose.51 Há,defato,umarelac¸ãoentregenotoxicidade

e estresse oxidativo.52 O estresse oxidativo se relaciona,

principalmente, com a induc¸ão de danos em macromo-léculas, inclusive ácidos nucleicos, lipídios e proteínas, causandodanocelular,alémdeumagamadedoenc¸as.51

Oestresseoxidativotemsidoobjetodeestudopormeio dousodediversosbiomarcadores(fig.5).Ébemconhecido ousodesubprodutosdeoxidac¸ãoproteica(proteínas carbo-niladas,S-glutationilac¸ãoenitrotirosina),oxidac¸ãodoDNA (ex.8-hidroxi-2’-desoxiguanosinaou8-OH-dG, fosforilac¸ão de resíduos de histona e aumento de migrac¸ão de DNA pelotestedocometa)eperoxidac¸ãolipídica(malonaldeído ou MDA e 4-hidroxinonenal ou 4-HNE, entre outros) para determinar a avaliac¸ão de estresseoxidativo.52 Sob outra

óptica, pode-se avaliar o estresse oxidativo pela reduc¸ão dasdefesasantioxidantes,sejapormeiodamensurac¸ãode agentesantioxidantes enzimáticos(ex: superóxido dismu-taseouSOD,glutationaperoxidaseouGPX,catalaseouCAT) ounãoenzimáticos(ex:ácidoascórbicoouvitaminaC,␣

--tocoferolouvitamina E,albumina, ácidoúrico), sejapor testesquequantificamacapacidadeantioxidante.

Possível relac¸ão entre exposic¸ão ocupacional aos RGA e estresseoxidativo tem sidoestudadaa partir daúltima década,masaindaéumcamporelativamentepouco explo-rado. Estudo conduzido em SO sem sistema de exaustão de gases mostrou, em profissionais expostos, em média, pornoveanosaohalotanoeN2O,aumentodeperoxidac¸ão

lipídicapelassubstânciasreativasaoácidotiobarbitúricoe reduc¸ãoem grupos antioxidantestióis,massemalterac¸ão em teste de capacidade antioxidante.53 Enfermeiros que

atuamemSOsemqualquersistemadeexaustãodegases,

expostos em média a 14,5 anos, principalmente a isoflu-rano,sevoflurano, desfluranoe N2O, tiveram aumentode

quebras no material genético e diminuic¸ão de enzima e capacidadeantioxidantequando comparadoscom ogrupo não exposto.54 Por outro lado, estudo feito em

profissi-onais turcos expostos a enflurano, halotano, isoflurano, sevofluranoe desflurano em SO comsistema de exaustão parcialobservou,noplasma,reduc¸ãodasenzimas antioxi-dantesGPX e SODe dos microelementoscobre e selênio, porémcomaumentodozinco,em relac¸ãoaoscontroles.55

Em profissionais expostos a halotano, isoflurano, sevoflu-rano, desflurano e N2O, com atuac¸ão de 3---11 anos em

centro cirúrgico com sistemade exaustão de gases anes-tésicos, verificou-se correlac¸ão negativa entre danos no material genético e capacidade antioxidante.56 Em outro

estudo,aosecompararemenfermeirasexpostas(5---27anos) ao isoflurano e sevoflurano (baixas concentrac¸ões) e N2O

(altas concentrac¸ões) com um grupo controle, detectou--se aumento de danos oxidativos em bases no DNA e de marcador de lipoperoxidac¸ão, reduc¸ão em enzima anti-oxidante GPX, mas sem alterac¸ão das concentrac¸ões de

␣-tocoferol,nas profissionais expostas.41 Assim,a maioria

dosestudosmostraqueaexposic¸ãocrônicaaosRGAinduz tantodanosoxidativosquantodeclínionosmarcadoresde defesaantioxidante.41,53---56Naabordagemfeitaemmédicos

durante a residênciamédica em anestesiologia e cirurgia (portanto em menor tempo de exposic¸ão), osquais eram expostosaRGAem SOsemqualquersistemadeexaustão, verificou-seaumentononívelbasaldelesõesnoDNAcom alterac¸õesnasenzimasCATeGPX,havendocorrelac¸ão nega-tivaentrelesõesnoDNAeenzimaantioxidanteGPX,quando comparadoscomumgrupocontrole.25

Conclusão

(8)

levaraoestresseoxidativo.Dessaforma,urgeaimplantac¸ão de legislac¸ão apropriada em nosso país, assim como em paísesemdesenvolvimento,quantoaolimitedeexposic¸ão ocupacional aos anestésicos inalatórios. Também é fun-damental que haja conhecimento das mensurac¸ões dos anestésicos em SO e SRPA. Destaca-se, ainda, a necessi-dadedemaisestudosdebiomonitoramentopara detectar alterac¸ões precoces causadas pelos RGA nos profissio-nais expostos, favorecendo intervenc¸ões no meio, pela implantac¸ãodesistemasdeexaustãoefetivosnasSO,enos indivíduos,valendo-sedemedidaseducativaseprotocolos queasseguremousodetécnicasanestésicasparareduzira poluic¸ãodoarambiente.

Financiamento

Fundac¸ão de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),processo n◦ 2013/21130-0. L.M.C.L.

rece-beu Bolsa de Doutorado Sanduíche da Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamentodePessoaldeNívelSuperior(Capes), pro-cesson◦14527-13-8.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

1.NIOSH.Wasteanestheticgases:occupationalhazardsin hospi-tals.TheNationalInstituteforOccupationalSafetyandHealth ofTheUnitedStatesofAmerica.2007.

2.OSHA. Anestheticgases:guidelines for workplaceexposures. OccupationalSafetyandHealthAdministration.2000. 3.McgregorDG.Occupationalexposuretotraceconcentrationsof

wasteanestheticgases.MayoClinicProc.2000;75:273---7. 4.WhalenFX,BaconDR,SmithHM.Inhaledanesthetics:an

histori-caloverview.BestPractResClinAnaesthesiol.2005;19:323---30. 5.CampagnaJA,MillerKW,FormanSA.Mechanismsofactionsof

inhaledanesthetics.NEnglJMed.2003;348:2110---24. 6.Moppett I. Inhalational anaesthetics.Anaesth Intensive Care

Med.2012;13:348---53.

7.TorriG.Inhalationanesthetics:a review.MinervaAnestesiol. 2010;76:215---28.

8.UrbanBW,BleckwennM.Conceptsandcorrelationsrelevantto generalanaesthesia.BrJAnaesth.2002;89:3---16.

9.Yasny JS, White J. Environmental implicationsof anesthetic gases.AnesthProg.2012;59:154---8.

10.BakerAB.Lowflowandclosedcircuits.AnaesthIntensiveCare. 1994;22:341---2.

11.OliveiraCRD.Occupationalexposuretoanestheticgases resi-due.RevBrasAnestesiol.2009;59:110---24.

12.BriggsG,MaycockJ.Theanaestheticmachine.Anaesth Inten-siveCareMed.2013;14:94---8.

13.Ishizawa Y. Specialarticle: generalanesthetic gases andthe globalenvironment.AnesthAnalg.2011;112:213---7.

14.TankóB, MolnárL,FülesdiB, etal. Occupationalhazardsof halogenatedvolatileanestheticsandtheirprevention:review oftheliterature.JAnesthClinRes.2014;5:426.

15.Va˘ısmanAI.Workingconditionsintheoperatingroomandtheir effect on the health of anesthetists. Eksp Khir Anesteziol. 1967;12:44---9.

16.CohenEN, BrownBW,BruceDL.Occupationaldiseaseamong operatingroom personnelanationalstudy---reportofanad hoccommitteeontheeffectoftraceanestheticsonthehealth

ofoperatingroompersonnel.AmericanSocietyof Anesthesio-logists.Anesthesiology.1974;41:321---40.

17.NIOSH. Criteria for a recommended standard: occupational exposuretoanestheticgasesandvapors.1977.

18.HealthandSafetyExecutive(UK).Occupationalexposurelimits. 1996.

19.VaneLA,AlmeidaNetoJTP,CuriPR,etal.Oefeitodosistema Venturininaprevenc¸ãodepoluic¸ãodesalacirúrgica.RevBras Anestesiol.1990;40:159---65.

20.SouzaKM,BrazLG,NogueiraFR,etal.Occupationalexposure toanestheticsleadstogenomicinstability,cytotoxicityand pro-liferativechanges.MutatRes.2016:791---2,42-8.

21.AIA.AmericanInstituteofArchitects.Guidelinesfor construc-tionandequipmentofhospitalsandmedicalfacilities.1993. 22.TurpinBJ, HuntzickerJJ.Identification ofsecondary organic

aerosolepisodes and quantitation ofprimary and secondary organicaerosolconcentrationsduringSCAQS. AtmosEnviron. 1995;29:3527---44.

23.Chinelato AR, Froes NDTC. Genotoxic effects on professio-nalsexposedtoinhalationalanesthetics.RevBrasAnestesiol. 2002;52:79---85.

24.AraujoTK,daSilva-GreccoRL,BisinottoFMB,etal.Genotoxic effectsofanestheticsinoperatingroompersonnelevaluatedby micronucleustest.JAnesthesiolClinSci.2013;2:26.

25.CostaPaesER,BrazMG,LimaJT,etal.DNAdamageand anti-oxidantstatusinmedicalresidentsoccupationallyexposedto wasteanestheticgases.ActaCirBras.2014;29:280---6. 26.ChaoulMM,BrazJR,LucioLM,etal.Doesoccupational

expo-suretoanestheticgasesleadtoincreaseofpro-inflammatory cytokines?InflammRes.2015;64:939---42.

27.Mastrangelo G, Comiati V, dell’Aquila M, et al. Exposure to anesthetic gases and parkinson disease. BMC Neurol. 2013;13:194.

28.Casale T, Caciari T, Rosati MV, et al. Anesthetic gases and occupationally exposed workers. Environ Toxicol Pharmacol. 2014;37:267---74.

29.RochaTL,Dias-JuniorCA,Possomato-VieiraJS,etal. Sevoflu-raneinducesDNAdamagewhereasisofluraneleadstohigher antioxidative status in anesthetized rats. Biomed Res Int. 2015;2015:264971.

30.Braz MG, Karahalil B. Genotoxicity of anesthetics evaluated invivo(animals).BiomedResInt.2015;2015:280802.

31.BrazMG,BrazLG,BarbosaBS,etal.DNAdamageinpatients whounderwentminimallyinvasivesurgeryunderinhalationor intravenousanesthesia.MutatRes.2011;726:251---4.

32.OroszJE,BrazLG,FerreiraAL,etal.Balancedanesthesiawith sevofluranedoesnotalterredoxstatusinpatientsundergoing surgicalprocedures.MutatResGenetToxicolEnvironMutagen. 2014;773:29---33.

33.Nogueira FR, Braz LG, Andrade LR, et al. Evaluation of genotoxicity of general anesthesia maintained with desflu-rane in patientsunder minor surgery. Environ Mol Mutagen. 2016;57:312---6.

34.ChandrasekharM,RekhadeviPV,SailajaN,etal.Evaluationof geneticdamageinoperatingroompersonnelexposedto ana-estheticgases.Mutagenesis.2006;21:249---54.

35.SzyfterK,StacheckiI,Kostrzewska-PoczekajM,etal.Exposure tovolatileanaestheticsisnotfollowedbyamassiveinduction ofsingle-strandDNAbreaksinoperationtheatrepersonnel.J ApplGenet.2016;57:343---8.

36.NorppaH.Cytogeneticbiomarkersandgeneticpolymorphisms. ToxicolLett.2004;149:309---34.

37.TiceRR, AgurellE, AndersonD, etal. Singlecell gel/comet assay:guidelinesforinvitroandinvivogenetictoxicology tes-ting.EnvironMolMutagen.2000;35:206---21.

(9)

39.Sardas¸S,AygünN,GamliM,etal.UseofalkalineCometassay (singlecellgelelectrophoresistechnique)todetectDNA dama-gesinlymphocytesofoperatingroompersonneloccupationally exposedtoanaestheticgases.MutatRes.1998;418:93---100. 40.ErogluA,CelepF,ErciyesN.Acomparisonofsisterchromatid

exchangesinlymphocytesofanesthesiologiststo nonanesthesi-ologistsinthesamehospital.AnesthAnalg.2006;102:1573---7. 41.Wro´nska-NoferT,NoferJR,JajteJ,etal.OxidativeDNAdamage

and oxidative stress in subjects occupationally exposed to nitrousoxide(N2O).MutatRes.2012;731:58---63.

42.ThomasP,HollandN,BolognesiC,etal.Buccalmicronucleus cytomeassay.NatProtoc.2009;4:825---37.

43.BonassiS,ZnaorA,CeppiM,etal.Anincreasedmicronucleus frequencyinperipheralbloodlymphocytespredictstheriskof cancerinhumans.Carcinogenesis.2007;28:625---31.

44.WiesnerG,HoeraufK,SchroegendorferK,etal.High-level,but notlow-level,occupationalexposuretoinhaledanestheticsis associatedwithgenotoxicityinthemicronucleusassay.Anesth Analg.2001;92:118---22.

45.BilbanM,JakopinCB, OgrincD.Cytogenetictestsperformed onoperatingroompersonnel(theuseofanaestheticgases).Int ArchOccupEnvironHealth.2005;78:60---4.

46.BonassiS,CoskunE,CeppiM,etal.TheHUmanMicroNucleus projectoneXfoLiatedbuccalcells(HUMN(XL)):theroleof life--style,hostfactors,occupationalexposures,healthstatus,and assayprotocol.MutatRes.2011;728:88---97.

47.Bolognesi C, Bonassi S, Knasmueller S, et al. Clinical appli-cation of micronucleus test in exfoliated buccal cells: a

systematicreviewandmetanalysis.MutatResRevMutatRes. 2015;766:20---31.

48.CeppiM,BiasottiB,FenechM,etal.Humanpopulationstudies withtheexfoliatedbuccalmicronucleusassay:statisticaland epidemiologicalissues.MutatRes.2010;705:11---9.

49.Betteridge DJ. What is oxidative stress? Metabolism. 2000;49:3---8.

50.Gasparovic AC, Jaganjac M, Mihaljevic B, et al. Assays for the measurement of lipid peroxidation. Methods Mol Biol. 2013;965:283---96.

51.Halliwell B. Free radicals, antioxidants, and human dise-ase: curiosity, cause, or consequence? Lancet. 1994;344: 721---4.

52.Lee YM, Song BC, Yeum KJ. Impact of volatile anesthe-tics on oxidative stress and inflammation. Biomed Res Int. 2015;2015:242709.

53.MalekiradAA,RanjbarA,RahzaniK,etal.Oxidativestressin operatingroompersonnel:occupationalexposuretoanesthetic gases.HumExpToxicol.2005;24:597---601.

54.IzdesS,SardasS,KadiogluE,etal.DNAdamage,glutathione, andtotalantioxidantcapacityinanesthesianurses.Arch Envi-ronOccupHealth.2010;65:211---7.

55.TürkanH,Aydin A,SayalA.Effect ofvolatileanestheticson oxidative stressduetooccupationalexposure.WorldJSurg. 2005;29:540---2.

Imagem

Figura 2 Fotomicrografia de célula binucleada (linfócito) que contém um micronúcleo.
Figura 4 Representac ¸ão do estresse oxidativo como desequi- desequi-líbrio entre fatores pró-oxidantes (à esquerda) e antioxidantes (à direita).
Figura 5 Biomarcadores de dano oxidativo em macromoléculas. O estresse oxidativo gera danos em macromoléculas, por exemplo, no DNA, nos lipídios e nas proteínas

Referências

Documentos relacionados

Os resultados do presente estudo também mostraram que o número de pacientes tratadas com sucesso via pro- tocolo padrão (succ ¸ão orofaríngea de secrec ¸ões, elevac ¸ão

Conclusion: Small dose of propofol (0.5 mg.kg − 1 ) is marginally more effective than lidocaine (1.5 mg.kg − 1 ) for the treatment of resistant post-extubation laryngospasm in

Na atualidade, a técnica guiada por ultrassom para o bloqueio do plexo braquial via axilar assegura a correta localizac ¸ão da agulha em relac ¸ão ao plexo, reduz a neces- sidade

Thus, as perivascular techniques have a shorter exe- cution time, comparable total procedure time, and lower incidence of paresthesia, they are recommended for ultrasound-guided

que a combinac ¸ão de propofol-efedrina ou a administrac ¸ão de efedrina antes da injec ¸ão de propofol é útil para diminuir ou prevenir tanto as alterac ¸ões hemodinâmicas

Studies have demonstrated that the addition of propo- fol as an admixture to ephedrine or administration of ephedrine before propofol injection is useful for decreasing or

Tabela 5 Manejo da terapia insulínica para pacientes com período curto de jejum (até uma refeic ¸ão perdida). Tipo de insulina Dia anterior Dia

Society for ambulatory anaesthesia consensus statement on perioperative blood glu- cose management in diabetic patients undergoing ambulatory surgery. Loh-Trivedi M,