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Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 número1

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Academic year: 2018

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Os

efeitos

da

lidocaína

e

do

sulfato

de

magnésio

na

atenuac

¸ão

da

resposta

hemodinâmica

à

intubac

¸ão

orotraqueal:

estudo

unicêntrico,

prospectivo,

duplamente

encoberto

e

aleatorizado

Fabricio

Tavares

Mendonc

¸a

,

Lucas

Macedo

da

Grac

¸a

Medeiros

de

Queiroz,

Cristina

Carvalho

Rolim

Guimarães

e

Alexandre

Cordeiro

Duarte

Xavier

CentrodeEnsinoeTreinamentodoHospitaldeBasedoDistritoFederal,UnidadedeAnestesiologiaeMedicinaPerioperatória, Brasília,DF,Brasil

Recebidoem3demarçode2015;aceitoem17deagostode2015 DisponívelnaInternetem21demarçode2016

PALAVRAS-CHAVE

Laringoscopia; Intubac¸ão intratraqueal; Lidocaína;

Sulfatodemagnésio; Fenômenos

fisiológicos cardiovasculares

Resumo

Justificativaeobjetivos: Arespostahemodinâmicaaosestímulosdasviasaéreaséum fenô-menocomumeseucontroleéimportanteparadiminuirasrepercussõessistêmicas.Oobjetivo deste trabalhoé compararos efeitosda administrac¸ãoendovenosa de sulfatode magnésio

versuslidocaínanahemodinâmicadessereflexoapósalaringoscopiaeintubac¸ãoorotraqueal.

Métodos: Esteestudoduplamenteencoberto,aleatorizado,unicêntricoeprospectivoavaliou 56pacientes,ASA1ou2,entre18e65anos,escaladosparacirurgiaseletivassobanestesia geralcomintubac¸ão orotraqueal.Foramalocados em doisgrupos, oMrecebeu 30mg·kg−1

desulfatodemagnésio eoL,2mg·kg−1de lidocaína,eminfusãocontínua,imediatamente

antesdainduc¸ãoanestésica.Osvalores depressãoarterial(PA),frequênciacardíaca (FC)e índicebiespectral(BIS)foramaferidosnosdoisgruposemseismomentosrelacionadoscoma administrac¸ãodosfármacosdoestudo.

Resultados: EmambososgruposhouveaumentonaFCePAapósalaringoscopiaeintubac¸ão, emrelac¸ãoaosvaloresbasais.NoGrupoMobservou-seelevac¸ãoestatisticamentesignificativa, mas clinicamentepouco importante,nosvalores daspressões arteriaissistólicaediastólica apósaintubac¸ão.Nãohouvediferenc¸anosvaloresdeBISentreosgrupos.Dospacientesque receberam osulfato demagnésio, 3(12%) apresentaram episódiode hipertensão,ao passo que apenas um dos que receberam lidocaína (4%) apresentou esse sinal, sem diferenc¸a estatística.

Conclusão:Sulfatodemagnésioealidocaínaapresentamboaeficáciaeseguranc¸anocontrole hemodinâmicoàlaringoscopiaeintubac¸ão.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mail:fabricio.tavares@me.com(F.T.Mendonc¸a). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.02.001

(2)

KEYWORDS

Laryngoscopy; Trachealintubation; Lidocaine;

Magnesiumsulphate; Cardiovascular physiological phenomena

Effectsoflidocaineandmagnesiumsulfateinattenuatinghemodynamicresponse totrachealintubation:single-center,prospective,double-blind,randomizedstudy

Abstract

Backgroundandobjectives: Hemodynamicresponsetoairwaystimuliisacommon phenome-nonanditsmanagementisimportanttoreducethesystemicrepercussions.Theobjectiveof thisstudyistocomparetheefficacyofintravenousmagnesiumsulfateversuslidocaineonthis reflexhemodynamicsafterlaryngoscopyandtrachealintubation.

Methods:Thissingle-center,prospective,double-blind,randomizedstudyevaluated56patients ASA 1or2, aged18 to65 years,scheduled for electivesurgeriesundergeneralanesthesia with intubation.The patients wereallocated intotwo groups:Group Freceived30mg·kg−1

ofmagnesiumsulphateandGroupL,2mg·kg−1oflidocaine,continuousinfusion,immediately

beforetheanestheticinduction.Bloodpressure(BP),heartrate(HR),andbispectralindex(BIS) weremeasuredinbothgroupsatsixdifferenttimesrelatedtoadministrationofthestudydrugs.

Results:InbothgroupstherewasanincreaseinHRandBPafterlaryngoscopyandintubation, comparedtobaseline.GroupMshowedstatisticallysignificantincreaseinthevaluesofsystolic anddiastolicbloodpressureafterintubation,whichwasclinicallyunimportant.Therewasno difference inthe BISvaluesbetween groups. Among patients receivingmagnesium sulfate, three(12%)hadhighbloodpressureversusonlyoneamongthosereceivinglidocaine(4%),with nostatisticaldifference.

Conclusion: Magnesiumsulfateandlidocainehavegoodefficacyandsafetyforhemodynamic managementinlaryngoscopyandintubation.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Arespostahemodinâmicaaosestímulosdalaringoscopiae intubac¸ão orotraqueal é um fenômeno comum, resultado daliberac¸ãodecatecolaminasendógenasporreflexoà afe-rênciadasviasaéreassuperioresquandosãoestimuladas.1

Essa respostainapropriada pode aumentara morbidade e mortalidadeperioperatória,particularmenteem pacientes com doenc¸as coexistentes, em especial os portadores de doenc¸a cardiovascular.O controledesse reflexoé impres-cindível, pois evita eventos adversos como taquicardia, hipertensão sistêmica, hipertensão pulmonar, arritmias, que podem resultar em acidente vascular cerebral ou infarto agudo do miocárdio decorrentes da instabilidade hemodinâmica, produzida pela laringoscopia e intubac¸ão orotraqueal. Muitosfármacos sãoalvo deestudos, dentre eles, com bons resultados, o sulfato de magnésio1---3 e a

lidocaína.4---6

O mecanismo de ac¸ão do sulfato de magnésio para a atenuac¸ão da resposta hemodinâmica parece resultar da inibic¸ãodaliberac¸ãodecatecolaminaspelamedulaadrenal, mantém a concentrac¸ão plasmática de epinefrina prati-camente inalteradae, ainda,umdecréscimo no aumento da norepinefrina circulante quando comparada com a de umgrupocontrole.2 Temtambémefeitode vasodilatac¸ão

sistêmica e coronariana por antagonizar o íon cálcio na musculaturalisavascular.7alidocaína,quandousadade

formasistêmica,temac¸ãoantagonistanoscanaisdesódio enosreceptoresNMDA,reduzaliberac¸ãodesubstância Pe agedeformaglicinérgica,oquediminuiareatividadedas viasaéreas.8,9

Oobjetivoprincipaldesteestudoécompararosefeitos daadministrac¸ãoendovenosa desulfato demagnésiocom lidocaínanahemodinâmicaduranteaintubac¸ão.

Material

e

métodos

Este estudo duplocego, aleatorizado, unicêntrico e pros-pectivo foiaprovado peloComitê deÉtica em Pesquisa ---FEPECS/SES-DF --- com o número do parecer 799.112 em 22 de setembro de 2014 e é identificado na Plataforma Brasil (http://aplicacao.saude.gov.br/plataformabrasil) como CAAE n◦ 33365114.7.0000.5553 e registrado no

ClinicalTrials (NCT02359370). Após consentimento infor-mado por escrito, 56 pacientes, ASA 1 ou 2, entre 18 e 65 anos, escalados para cirurgias eletivas com intubac¸ão orotraqueal,foramavaliadosquantoàelegibilidade,entre setembro e novembro de 2014 no Hospital de Base do DistritoFederal(fig.1).

Foram excluídos do estudo os pacientes com contraindicac¸ão ou histórico de hipersensibilidade às drogasenvolvidasnotrabalho,portadoresdedoenc¸a isquê-mica coronariana, bloqueio atrioventricular em qualquer grau, arritmias cardíacas diagnosticadas, insuficiência cardíaca,insuficiênciarenaldequalquernatureza,usuários debetabloqueadoresoubloqueadoresdecanaisdecálcio, comprevisãodedificuldadeàintubac¸ãoorotraquealecom IMC≥ 35 kg/m2.Tambémforamexcluídosospacientesnos

(3)

Seguimento

Análise

Avaliados para elegibilidade (n = 56)

Excluídos (n = 0)

Analisados (n = 24) Perda de seguimento (n = 0) Selecionados para receber lidocaina (n = 27)

♦Receberam intervenção (n = 24)

♦Não receberam intervenção (n = 3)

-1 não recebeu corretamente as drogas

intravenosas; 1 vomitou durante indução; 1 falha na primeira laringoscopia

Perda de seguimento (n = 0) Selecionados para receber magnésio (n = 29)

♦Receberam intervenção (n = 25)

♦Não receberam intervenção (n = 4)

-1 arritmia; 1 recebeu adrenalina intranasal; 1 entubado videolaringoscópio ; 1 não recebeu sevoflurano durante as avaliações

Analisados (n = 25) Randomizados (n = 56)

Alocação Recrutamento

Figura1 Fluxogramaderandomizac¸ão.

laringoscopia para posicionamento do tubo orotraqueal, bem como qualquer outra condic¸ão que, na opinião dos pesquisadores, poderia oferecer riscos ao paciente ou interferirnosobjetivosdoestudo.

Dos56 pacientesselecionadosparaoestudodeacordo comoscritériosdeinclusão,seteforamexcluídosdurante asaferic¸ões (fig. 1) por questões de seguranc¸a dos paci-entes ouquestões nãoprevistas no protocolo. Quatro do Grupo M(sulfatodemagnésio)foramexcluídospor extras-sístolesventricularesfrequentes,introduc¸ãodeswabnasal de adrenalina antes do término das aferic¸ões, intubac¸ão com videolaringoscópio e falta de sevoflurano no vapo-rizador não verificada durante as aferic¸ões. Três foram excluídos do Grupo L (lidocaína): um por vazamento de fármacos (acesso venoso mal fixado), outro por vômito com consequente broncoaspirac¸ão durante ventilac¸ão sob máscara e outro por falha na intubac¸ão na primeira laringoscopia.

Os pacientes que atenderam aos critérios de inclu-são foram selecionados e receberam um número de identificac¸ão,deacordocomaordemdeinclusãonoestudo. Osexaminadoresresponsáveispelaavaliac¸ãodoperíodode análisenãosabiamemqualdosgruposforamaleatoriamente alocados.Ospacientesforamrandomizadospormeiodeuma listageradaporsorteio.Umpesquisadornãoenvolvidocom a aferic¸ão dos dados alocou aleatoriamente os pacientes emumdosdoisgrupospormeiodeenvelopesseladosque

continhamumasequêncianuméricageradaporsorteio, ano-touseusdadosnafichaclínica,preparouabombadeinfusão eaentregounasalaoperatóriadeformaqueos pesquisa-doresnãotinhamconhecimentodofármacoadministrado.

Ao chegar à sala operatória, inicialmente era feita a identificac¸ãodopaciente, seguidade monitorac¸ãopadrão com cardioscópio (ECG), saturac¸ão periférica de oxigênio (SpO2),pressãoarterialnãoinvasiva(PANI)eíndice

biespec-tral(BIS).Avenócliseerafeitaacritériodomédico anestesi-ologista,deacordocomoportecirúrgico/anestésico(tempo ‘‘admissão’’). Em seguida, era administrada a medicac¸ão pré-anestésica com midazolam na dose de 0,05 mg·kg−1.

Após 2 minutos (tempo 2 pós-MDZ), era iniciada a infu-são com o fármaco do estudo, na dose de 2 mg·kg−1 de

lidocaína2%,semvasoconstritor(Xylestesin,Cristália®)ou

30mg·kg−1desulfatodemagnésio,ambosdiluídosem15mL

desoluc¸ãoeinfundidosem10minutosatravésdebombade infusão contínua (BIC). Ao término da infusão (tempo fim BIC),erafeitapré-oxigenac¸ãoeinduc¸ãoanestésicavenosa com fentanil 2 mcg/kg, seguido de propofol 2 mg·kg−1 e

rocurônio0,6mg·kg−1(tempopós-Ind).Alaringoscopiaera

feita3 minutosapós otérmino dainjec¸ãode rocurônioe se ovalor doBIS fosse igualou inferiora 50 (tempo pós--IOT). Seessevalor doBISnãofosse atingido,incremento venosode1mg·kg−1depropofoleraadministrado. Apósa

(4)

6minutosapósaintubac¸ão(tempos3’pós-IOTe6’pós-IOT). HipertensãofoiconsideradaquandoosvaloresdaPAforam maioresdoque20%dosvaloresbasaisouPAS>140mmHg. HipotensãofoiconsideradaquandoosvaloresdePAforam menoresdoque20%dos valoresbasaisouPAS<90mmHg. Foiconsiderada taquicardiaquandoaFC foimaiordoque 20%dos valoresbasaisouaFC>100bpm.Foiconsiderada bradicardia quando os valores da FC foram menores do que50bpm.

O desfecho primário foi determinar osefeitos da lido-caínae dosulfatodemagnésio (GruposLcontraM) sobre aPASimediatamenteapósaintubac¸ão(pós-IOT).Os desfe-chossecundários foramaavaliac¸ãodemudanc¸as nasPAS, PAD, FC e BISantes e após aadministrac¸ão dos fármacos usadosnoestudo,suasmudanc¸asdentrodos6minutosapós aintubac¸ão,alémdaverificac¸ãodeeventosadversoscomo usodeambasastécnicas.

ConsiderandoodesfechoprincipaldePAsistólica imedia-tamentepós-intubac¸ão(PASpós-IOT),umavariânciade24%, comumadiferenc¸anoefeitode20%,erroalfa 5%bicaudal epoderde80%,o tamanhocalculado daamostraseriade 25 pacientesemcadagrupo.

A análise estatística foi feita com o programa XLStat paraExcel.OtestedeShapiro-Wilksfoiusadopara deter-minaradistribuic¸ão normaldasvariáveiscontínuas.Todas asvariáveiscontínuasforamexpressascomomédiae des-vio padrão. As variáveis categóricas foram expressas em número de pacientes ou porcentagem (%). As variáveis quantitativasque apresentaramdistribuic¸ão normalforam analisadas pelo teste t de Student para amostras inde-pendentes;asvariáveisquenãoapresentaramdistribuic¸ão normal foram analisados pelo teste U não paramétrico de Mann-Whitney; e para as variáveis categóricas foram aplicados teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher, conformeapropriado.Ovalordepfoiconsiderado significa-tivoquandomenordoque0,05.Osdadosforamexpressos comomédia±SD(desviopadrãodamédia)ouemnúmeros absolutos.

Resultados

Em ambos os grupos não houve diferenc¸a estatística em relac¸ãoaidade,gênero,peso,alturaeIMC,bemcomona classificac¸ão de estado físico pela ASA. Fármacos usados como anti-hipertensivos pelos pacientes do estudo foram diuréticos,antagonistasdereceptordeangiotensina(ARA) einibidoresdaenzima conversoradeangiotensina(IECA), semdiferenc¸aestatísticanonúmerodehipertensos oude usuáriosdecadaumadasclassesdemedicac¸ão(tabela1).

Não houve diferenc¸a estatística entre os grupos nos valoresda FC, PAS, PAD e BISnos tempos admissão, pós--midazolam,apósabombadeinfusãoeapósainduc¸ão.Em ambososgruposhouveaumentona FC,PASe PAD,apósa laringoscopia,em relac¸ão aosvalores basais. Observou-se noGrupoMelevac¸ãoestatisticamentesignificativanos valo-resdePAS(p=0,018)ePAD(p=0,0467)namedidapósIOT (fig. 2), masdepequena importânciaclínica. Verificaram--semaioresvalorespressóricosno3◦

e6◦

minutospós-IOT noGrupoM,porémsemsignificânciaestatística.Apósesse período, ambos os grupos apresentaram reduc¸ão gradual nos valores pressóricos. Houve uma tendência a maiores valoresdeFCnomomentopós-bombadeinfusãocontínua (fimBIC) no Grupo M, também semdiferenc¸a estatística. Não houve diferenc¸a estatística nos valores de FC nos momentosaferidos(fig.3).Emambososgruposobservou-se aumentodafrequênciacardíacaapóslaringoscopia,seguido de queda gradual. Quanto aos valores de BIS, em ambos osgruposhouve umamesmatendênciaem quedagradual atéainduc¸ão,seguidadeaumentoapósaintubac¸ão,sem diferenc¸aestatística(fig.4).

Observou-se uma tendência à hipotensão no Grupo L, definidacomoquedasuperiora20%daPASbasalouPAS<90 mmHg, porém sem significância estatística (p=0,062). Em nenhum paciente foi usada atropina ou efedrina. No GrupoM,3 pacientes(12%)apresentaramepisódiode hiper-tensão(aumento acima de 20% da PAS basal), contra um (4%)noGrupoL,semdiferenc¸aestatísticaentreosgrupos.

Tabela1 Dadosdemográficoseclínicosdospacientes

GrupoL GrupoM p

Idade(anos) 48,54±12,28 43,32±13,63 0,1651

Peso(kg) 71,30±14,48 71,08±13,29 0,95

Altura(cm) 164±10 168±9 0,1328

IMC(kg/m2) 26,47±3,6 25,22±3,69 0,2372

Gênero(n) 0,879

Masculino 13 13

Feminino 11 12

Estadofísico(n) 0,32

ASAI 11 15

ASAII 13 10

HAS(n) 7 3 0,098

Fármacosemuso(n)

Diuréticos(n) 4 1 0,143

ARA 4 3 0,641

IECA 3 0 0,068

Valores expressos em média±DP e números; não houve diferenc¸a estatística entre os grupos. IMC, Índice de massa corpórea;

(5)

0

Admissião 2’pós-MDZ fim BIC pós-Ind pós-IOT 3’pós-IOT 6’pós-IOT

20 40 60 80 100 120 140 160

PAS - L PAS - M

PAD - L PAD - M

∗ ∗

Figura2 Médiasdaspressõesarteriaissistólicas(PAS)e dias-tólicas(PAD).Houvediferenc¸aestatísticanomomentopós-IOT (*p=0,0180paraPAS;e*p=0,0467paraPAD).MDZ,Midazolam; BIC,Bombadeinfusãocontínua;Ind,Induc¸ãoanestésica;IOT, Intubac¸ãoorotraqueal.

NoGrupoM, 7 (28%) pacientesapresentaramtaquicardia, contra3 (12%)noGrupoL,tambémsemdiferenc¸a estatís-tica.Nãohouveepisódiosdebradicardiaemambososgrupos (tabela2).

Discussão

DeformasemelhanteaoencontradoporRamiresetal.10 e

Nooareiet al.7,observamos umatendênciaa aumentoda

frequênciacardíacanoGrupo Maotérmino dainfusão do sulfatodemagnésio,oquefisiologicamentepodeser expli-cadopeloefeitovasodilatadordiretodessefármaco.2,7,10,11

65,00

Admissão 2’pós-MDZ fim BIC pós-Ind pós-IOT 3’pós-IOT 6’pós-IOT 70,00

75,00 80,00 85,00 90,00 95,00

FC - L FC - M

Figura 3 Média das frequências cardíacas. Não houve diferenc¸asestatísticas.FC,Frequênciacardíaca;MDZ, Midazo-lam;BIC,Bombadeinfusãocontínua;Ind,Induc¸ãoanestésica; IOT,Intubac¸ãoorotraqueal.

0

Admissão 2’pós-MDZ fim BIC pós-Ind pós-IOT 3’pós-IOT 6’pós-IOT

10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

BIS - L BIS - M

Figura 4 Média dos valores de índice bispectral (BIS);não houvediferenc¸a estatística.MDZ, Midazolam; BIC,Bomba de infusãocontínua;Ind,Induc¸ãoanestésica;IOT:Intubac¸ão oro-traqueal.

Apesar de sua propriedade vasodilatadora, observou-se maior tendência a hipotensão no Grupo L, porém sem significânciaestatística.Nãohouveconsumodevasopressor nos pacientes estudados, pois a hipotensão foi observada imediatamente antes da laringoscopia, momento que sabidamenteaumentaotônusvasomotor.

A manipulac¸ão da via aérea durante a laringoscopia e intubac¸ão orotraqueal causa alterac¸ões fisiológicas que podemserdeletériasadeterminadonúmerodepacientes.12

A faringe, laringe, carina e traqueia são altamente iner-vadas por fibras simpáticas e parassimpáticas. Respostas reflexas à manipulac¸ão da via aérea incluemtaquicardia, broncoespasmo, aumento da pressão arterial e intracra-niana. Estudos demonstram que a laringoscopia provoca aumento de 20 mmHg na pressão arterial sistólica12---17

e uma simples succ¸ão traqueal causa, no mínimo, um aumentode5 mmHgnapressãointracraniana.12,18,19

A lidocaína e o sulfato de magnésio já são ampla-mente usados com a finalidade de diminuir a resposta hemodinâmica à manipulac¸ão da via aérea, com eficá-cia comprovada.1,3,7,10 O sulfato de magnésio bloqueia a

liberac¸ãodecatecolaminasnoterminalnervosoadrenérgico e na glândula suprarrenal,1,7,10 tem ac¸ão cardioprotetora

e antiarrítmica10,20 e induz a vasodilatac¸ão coronariana e

sistêmica por antagonismo ao íon cálcio na musculatura

Tabela2 Dadosintraoperatórios

GrupoL GrupoM p (n=24) (n=25)

Efedrina(n) 0 0 1,0

Atropina(n) 0 0 1,0

Hipotensão(n) 13 7 0,062

Hipertensão(n) 1 3 0,317

Taquicardia(n) 3 7 0,178

Bradicardia(n) 0 0 1,0

Dadosexpressosemnúmerodepacientes.GrupoL,lidocaína;

GrupoM,sulfatodemagnésio.Nãohouvediferenc¸aestatística

(6)

lisa vascular.1,7,10,21 A lidocaína tem ac¸ão antagonista nos

canaisdesódio,nosreceptoresNMDA,reduzaliberac¸ãode substânciaP,alémdeac¸ãoglicinérgica,8,9oqueresultana

diminuic¸ãodereatividadedasviasaéreas.4

Nooraei et al., em estudo semelhante, compararam o efeito da lidocaína e do sulfato de magnésio nas variá-veishemodinâmicasdalaringoscopiae observarammelhor controledosníveispressóricoscomosulfatodemagnésio, emboracomaumentodaFC.7

Uma comparac¸ão entre os efeitos do sulfato de magnésio e da lidocaína na resposta cardiovascular à intubac¸ãotambémfoifeitaporPurietal.,1em pacientes

coronariopatas submetidos a revascularizac¸ão do miocár-dio. Esses autores encontraram melhor atenuac¸ão das variáveis hemodinâmicas com o sulfato de magnésio. Os resultados hemodinâmicos foram: maior índice cardíaco, incrementomínimonaFCereduc¸ãosignificativana resistên-ciavascularsistêmica.Nesseestudo,osautoresobservaram quetrês pacientesdoGrupoLapresentaramdepressãodo segmentoST,enquantonenhumdoGrupoMapresentou.

Os resultadosacima divergemdopresente estudo pro-vavelmentepelasdiferenc¸asnasdosesusadasdosfármacos estudados.Nooreietal.7usaram60mg·kg−1 desulfatode

magnésioe 1,5mg·kg−1delidocaína ePurietal.1usaram

50mg·kg−1desulfatodemagnésioe1mg·kg−1delidocaína.

Nossoestudousou30mg·kg−1desulfatodemagnésio,pois

segundo Panda et al.3 essa seria a dose ótimadesse

fár-macoparaatenuac¸ãodarespostahemodinâmicaàintubac¸ão empacienteshipertensos.Nesteestudoforamcomparadas as doses de 30, 40 e 50 mg·kg−1 de sulfato de magnésio

e 1,5mg·kg−1 de lidocaínae concluiu-se queo sulfato de

magnésiomantémmelhorestabilidadecardíacacomparado comoprétratamentocomlidocaínaeousodedosesde40e 50mg·kg−1levouamaisepisódiosdehipotensão,com

neces-sidade de intervenc¸ão.3 Portanto, nossa escolha foi usar

30mg·kg−1desulfatodemagnésio,paraevitarcomplicac¸ões

duranteoprocedimento.Adosedelidocaínafoiescolhida combaseemtrabalhodeVivancosetal.4

Nossoestudofoifeitoempacientessaudáveisagendados paracirurgiaseletivas.Anossatécnicadeinduc¸ãoda anes-tesiacausoucertograudehipotensão,quefoibemtolerada nessa populac¸ão. Portanto, nossos resultados não podem estender-seaumacirurgiadeemergênciaoupara pacien-tesidososouASA 3 ou4 pacientesnosquaisa tolerância hemodinâmicapodeserpobre.Omagnésiopode potencia-lizara ac¸ão dedrogas bloqueadorasneuromusculares (BN) deacordocomadoseadministrada,oquenãofoi monito-radononossoestudo.Assim,devemossercautelososaousar MgSO4comumBNnãodespolarizante,22 comoorocurônio,

durantecirurgiasdecurtadurac¸ãoouemsituac¸ões especi-ais,quandoéesperadaumadifícilventilac¸ãocommáscara ouintubac¸ão.

Conclusão

Nossoestudo evidenciouquedoses menoresdesulfato de magnésiosãosuficientesparaatenuac¸ãodaresposta hemo-dinâmicaaintubac¸ãotraqueal,comresultadossemelhantes àlidocaína. Concluímosquenasdosesusadasosulfato de magnésioealidocaínaapresentamboaeficáciaeseguranc¸a nocontrolehemodinâmicoàlaringoscopiaeintubac¸ão,se

confirma como opc¸ão à atenuac¸ão do estímulo das vias aéreas superiores em pacientes submetidos à anestesia geral.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Imagem

Figura 1 Fluxograma de randomizac ¸ão.
Tabela 1 Dados demográficos e clínicos dos pacientes
Figura 2 Médias das pressões arteriais sistólicas (PAS) e dias- dias-tólicas (PAD). Houve diferenc ¸a estatística no momento pós-IOT (*p = 0,0180 para PAS; e *p = 0,0467 para PAD)

Referências

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