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REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
de
Revisão
Febre
reumática:
atualizac¸ão
dos
critérios
de
Jones
à
luz
da
revisão
da
American
Heart
Association
–
2015
Breno
Álvares
de
Faria
Pereira
a,∗,
Alinne
Rodrigues
Belo
ae
Nilzio
Antônio
da
Silva
b aUniversidadeFederaldeGoiás(UFG),FaculdadedeMedicina,DepartamentodePediatria,Goiânia,GO,BrasilbUniversidadeFederaldeGoiás(UFG),FaculdadedeMedicina,Goiânia,GO,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem5dejunhode2016 Aceitoem20dedezembrode2016
On-lineem6demarçode2017
Palavras-chave:
Infância Cardite Febrereumática CritériosdeJones Classificac¸ão
r
e
s
u
m
o
Afebrereumáticaaindaéumadoenc¸aprevalentenostemposatuais,sobretudonos paí-sesemdesenvolvimento.Deflagradaporumainfecc¸ãopeloStreptococcus-hemolíticodo grupoA,podeafetarpacientesgeneticamentepredispostos.Acarditereumáticaéamais importantedasmanifestac¸õesclínicas,podegerar sequelasincapacitantese degrande impactoparaoindivíduoe paraasociedade.Atualmente,seudiagnósticoéfeito base-adonosCritériosdeJones,estabelecidosem1992pelaAmericanHeartAssociation(AHA).Em 2015,aAHAprocedeuaumasignificativarevisãodessescritérios,comnovosparâmetros erecomendac¸õesdiagnósticas.Nopresenteestudo,osautoresfazemumaanálisecrítica dessanovarevisãoeenfatizamospontosdemaiorrelevânciaparaapráticaclínica.
©2017PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Rheumatic
fever:
update
on
the
Jones
criteria
according
to
the
American
Heart
Association
review
–
2015
Keywords:
Childhood Carditis Rheumaticfever Jonescriteria Classification
a
b
s
t
r
a
c
t
Rheumaticfeverisstillcurrentlyaprevalentdisease,especiallyindevelopingcountries. TriggeredbyaGroupA-hemolyticStreptococcusinfection,thediseasemayaffectgenetically predisposedpatients.Rheumaticcarditisisthemostimportantofitsclinical manifesta-tions,whichcangenerateincapacitatingsequelaeofgreatimpactfortheindividualand forsociety.Currently,itsdiagnosisismadebasedontheJonesCriteria,establishedin1992 bytheAmericanHeartAssociation(AHA).In2015,theAHAcarriedoutasignificantreview ofthesecriteria,withnewdiagnosticparametersandrecommendations.Inthepresent study,theauthorsperformacriticalanalysisofthisnewreview,emphasizingthemost relevantpointsforclinicalpractice.
©2017PublishedbyElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCC BY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:faria.breno@hotmail.com(B.Á.Pereira).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.12.005
0482-5004/© 2017 Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY-NC-ND (http://
Introduc¸ão
A febre reumática (FR) é uma doenc¸a inflamatória, sis-têmica, deflagrada pelo agente infeccioso Streptococcus
-hemolíticodo grupoA, queocorre empessoas genetica-mentepredispostas. Amanifestac¸ão clínicamaisrelevante dadoenc¸aécardíacaesecaracteriza,namaioriadasvezes, porvalvulite, em especial das valvas mitral e aórtica,que podesecronificareoriginarsequelasincapacitantes.
Osníveisdeevidênciaindicadosaolongodotextosãoos referendadospeloProjetoDiretrizesdoConselhoFederalde Medicina(CFM)comaAssociac¸ãoMédicaBrasileira(AMB)e listadosnatabela1.
Diagnóstico
Atualmente,odiagnósticodefebrereumáticaaindasebaseia emumgrupodecritérios:oscritériosdeJones.Essescritérios foramrevistosaintervalosirregularesporassociac¸ões médi-casamericanas–correntemente,aAmericanHeartAssociation
(AHA).Deacordocomaúltimarevisão,publicadaem2015,1
foramfeitasduasprincipaismudanc¸asemrelac¸ãoaogrupo decritériosatéentãovigentes,de1992.2
Aprimeiraconsistiuemumaestratificac¸ãodosindivíduos suscetíveisemdoisgrupos, baseadaemconsiderac¸ões epi-demiológicasderiscoparaseadquiriradoenc¸a.Considera-se grupodebaixoriscoaqueleemqueaincidênciadeFRémenor doque2/100.000escolares(entre5-14anos)poranoouque tenhaumaprevalênciadecarditereumáticacrônicaem qual-quergrupoetáriomenorouiguala1/1.000porano.Crianc¸as pertencentesacomunidadescomníveissuperiores aesses teriamriscomoderadoaaltoparaadquiriradoenc¸a.
Asegundaimportantealterac¸ãofoiincluirapossibilidade deseusaremoscritériosdeJonesparafazerdiagnósticode recidivasdefebrereumática(atéentãoasuafinalidadeera somentediagnosticarepisódiosiniciaisdadoenc¸a).
- NodiagnósticodesurtosiniciaisdeFR:
Paraosindivíduosdebaixorisco,ainterpretac¸ãodos crité-riosdiagnósticospermaneceamesmadarevisãoantecedente aesta,de1992.2Nessescasos,ter-se-áaltaprobabilidadede
umsurtoinicial(1◦episódio)defebrereumáticaquando,na
evidênciadeinfecc¸ãopréviapeloStreptococcus-hemolíticodo grupoA,sepreencheremdoiscritériosmaioresouummaior edoismenores.
Alémdisso,independentementedaclassificac¸ãoderisco, passou-seaconsiderarosachadosecodopplercardiográficos
sugestivos de cardite – ainda que não acompanhados por soproououtrossinaisclínicos(a“carditesubclínica”) como suficientesparacontemplarumsinalmaiordoscritérios.
Notocanteaoenvolvimentoarticular,paraosindivíduos de risco moderado a alto, a poliartralgia e a monoartrite (enãoapenasapoliartrite,comodantes)passaramtambéma sersuficientescomoumoutrosinalmaiordoscritérios. Ade-mais,monoartralgiatambémpassouaserconsideradacomo umsinalmenorparaessegrupoderisco.
Emambos osgrupos derisco nãohouve alterac¸õesnos demaissinaismenoresdoscritérios.Coreiaisolada,de etiolo-gianãodefinida,continuaasersuficienteparaodiagnóstico, mesmonaausênciadasoutrasmanifestac¸ões1(D).
- Nodiagnósticoderecidivasdadoenc¸a(FRrecorrente):
Para pacientesquejátenhamtidoo surtoinicialdeFR, oscritériospermanecemosmesmosrelacionadosacimapara aspopulac¸õesdebaixoriscoederiscomoderadoaalto–o quemudaéonúmeromínimodecritériosaserem preenchi-dos.Para essesindivíduos,além dopreenchimentode dois critériosmaioresoudeummaioredoismenores(comono surtoinicial),pode-seconsiderartambémapossibilidadedo preenchimentodetrêscritériosmenorescomodiagnósticode recidivadadoenc¸a,independentementedogrupoderiscoa queopacientepertenc¸a(tabela2).
Existem algumas características peculiares às manifestac¸ões clínicas de febre reumática que, quando encontradas,elevamovalorpreditivopositivodorespectivo achado.Emboranãosepossadizerquehajaumquadroclínico típicodefebrereumática,asformasdeacometimentomais comunssão:
• Artrite – as grandes articulac¸ões, como joelhos,
cotove-los,punhosetornozelos,sãoasmaisafetadas.Opadrão doenvolvimentoémigratórioetotalmenteresolutivo,na maiorpartedasvezes,nãodeixasequelas.Éexcelentea respostaaosinflamatóriosnãohormonais,comremissão dossintomasem48-72horas1,3(D)4(B).
• Cardite–ofolhetoatingidoéoendocárdioemmaisde90%
doscasos,naformadeinsuficiênciamitral,manifesta-se comosoprosistólicoapical.Emaproximadamentemetade dasvezes,podeseracompanhadadesoprodiastólicobasal, decorrente de insuficiência aórtica. A concomitância de insuficiênciamitraleaórticaemumpacientepreviamente sadioéaltamentesugestivadefebrereumática. Ocasional-mente,miocarditeepericarditepodemestarpresentes.Na ausênciadevalvulite,essasmanifestac¸õessãoexcepcionais nafebrereumática1(D)4(B)5(D)6(B).
Tabela1–Níveldeevidênciacientíficaportipodeestudo–OxfordCentreforEvidence-basedMedicine–última atualizac¸ãomaiode200119
Grauderecomendac¸ão Forc¸adeevidênciacientífica
A Estudosexperimentaisouobservacionaisdemelhorconsistência B Estudosexperimentaisouobservacionaisdemenorconsistência C Relatosdecasosestudosnãocontrolados
Tabela2–CritériosdeJones–Revisão2015
1◦surtodeFR:
-2critériosmaiores;ou -1maior+2menores
RecidivadeFR(FRrecorrente): -2critériosmaiores;ou -1maior+2menores;ou -3menores
Critérios
Populac¸õesdebaixorisco Populac¸õesderisco moderado/alto
Critériosmaiores:
-Cardite(clínicaousubclínica); -Artrite(apenaspoliartrite); -Coreia;
-Eritemamarginado; -Nódulosubcutâneo
Critériosmaiores:
-Cardite(clínicaousubclínica); -Artrite(poliartrite,
poliartralgiae/oumonoartrite); -Coreia;
-Eritemamarginado; -Nódulosubcutâneo
Critériosmenores:
-Poliartralgia -Febre(≥38,5◦C)
-Elevac¸ãodeVHS(≥60mmna
1ahora)e/ouPCR≥3mg/dL (ou>quevalordereferência indicado)
-IntervaloPRprolongado, corrigidoparaaidade(só quandonãohouvercardite)
Critériosmenores:
-Monoartralgia -Febre(≥38◦C)
-Elevac¸ãodeVHS(≥60mmna
1ahora)e/ouPCR≥3mg/dL (ou>quevalordereferência indicado)
-IntervaloPRprolongado, corrigidoparaaidade(só quandonãohouvercardite)
Comprovada evidência de infecc¸ão prévia pelo Streptococcus
B-hemolíticodogrupo-A(culturapositivadeorofaringe, positivi-dadeemtestesrápidosdedetecc¸ãodeantígenosestreptocócicos, títuloselevadosdeanticorposantiestreptocócicos).
• Coreia–movimentosdesordenados,involuntários,
abrup-tos, de grupos musculares estriados esqueléticos. As
queixassãodetropec¸osàdeambulac¸ão,falaarrastadaou “enrolada”,deixarcairoujogarobjetos,comopratos,copos, cadernoseescritaruim.Atingemaisosexofeminino,na faixaetáriadaadolescência.Hámuitalabilidadeemocional, comfacilidadeparaalternânciaentrechoroeriso.Impõe-se odiagnósticodiferencialcomlúpuseritematososistêmico, emespecialnoscasosdedifícilcontroleterapêutico1,3(D). • Eritemamarginadoenódulossubcutâneos–sãoraros,mas
altamenteespecíficosdefebrereumática.Oeritema margi-nadoéumalesãomacularcomhalohiperemiadoecentro opaco.Geralmentenãoé pruriginosoepoupaa face.Os nódulos subcutâneos são indolores e estão usualmente localizados nas superfícies extensoras das articulac¸ões e ao longo dos tendões. Estão associados à presenc¸a decardite1,3,7–9(D).
• Examescomplementares:
◦ Há elevac¸ão dos reagentes séricos da fase aguda da
inflamac¸ão, velocidade de hemossedimentac¸ão e pro-teínaC-reativasãomanifestac¸ões menoresda doenc¸a. Leucocitose e leve anemia são frequentes achados inespecíficos1,3,7–9(D).
◦ Antiestreptolisina-O–métodomaisusadoemnossopaís
para evidenciar umainfecc¸ão prévia pelo Streptococcus
-hemolíticodogrupoA.Oidealseriaquecada comu-nidade promovesse estudosquepudessemestabelecer quaisníveis,oupontosdecorte,desdeanticorpo deve-riamserconsideradoselevados.Comoessanãoénossa realidade atual, consideram-se, para crianc¸as, níveis acimade320UToddcomoelevados.Outrosmétodosde
documentac¸ãodeinfecc¸ãoprecedentepeloStreptococcus
-hemolíticodogrupoAestãolistadosnatabela21(D). ◦ Antidexirribonuclease B – a exemplo da
antiestreptolisina-O, é outro anticorpo contra pro-dutoestreptocócico,maspersisteemníveiselevadospor maistemponosorodepacientescomfebrereumática. Como a coreia frequentemente ocorre meses depois dainfecc¸ãopeloStreptococcus-hemolíticodogrupoA, tempercentualdepositividademaiordoqueosoutros métodosdedocumentac¸ãodessainfecc¸ãoempacientes comessamanifestac¸ãoclínica8,9(D).
◦ Ecodopplercardiograma–éconsideravelmentemais
sen-síveldo quea auscultapara detectar lesões cardíacas valvulares na fase agudada doenc¸a.Quando disponí-vel,devesersolicitadoemtodososcasossuspeitosde febrereumáticaafimdesedetectaremlesõesvalvulares “silenciosas”10(D)11(A)12–14(B).
Tratamento
Aprimeiramedidaterapêuticaéaerradicac¸ãodoagente infec-ciosodeflagrador,oStreptococcus-hemolíticodogrupoA15(D):
penicilinabenzatina,IM,1.200.000U,paracrianc¸ascompeso maiorde20kg;600.000Uparacrianc¸ascompesoaté20kg.
Opc¸ões
• Para pacientes com doenc¸as hemorrágicas (não podem
receber medicac¸ões IM): penicilina-V oral (50mg/kg/dia, quatrotomadas)ouamoxicilina(50mg/kg/dia,trêstomadas diárias),ambaspor10dias.
• Para pacientes atópicos à penicilina e derivados:
eritro-micina (40mg/kg/dia, quatro tomadas, por 10 dias) ou azitromicina,(20mg/kg/dia,umavezaodia,portrêsdias). Não devem ser usados tetraciclinas (alta prevalência de resistência),sulfonamidas(nãoerradicamoagente), cloran-fenicol(altatoxicidade)15(D).
Tratamentodasdistintasmanifestac¸õesclínicas:
• Artrite3,8(D):anti-inflamatóriosnãohormonaispor
aproxi-madamente7-10dias,VO,preferencialmente:
◦ Ácidoacetilsalicílico(80-100mg/kg/dia); ◦ Naproxeno(10-20mg/kg/dia);
◦ Ibuprofeno(30-40mg/kg/dia); ◦ Cetoprofeno(1,5mg/kg/dia)
• Cardite3(D):prednisona(1a2mg/kg/dia),VO,máximode
60mg/dia. Usar dose plena, fracionada em duas ou três tomadasdiárias,durante15dias;depois,reduzir20%a25% dadose,porsemana.
• Obs.: em caso de artrite e cardite concomitantemente,
nãohánecessidadedesefazer usodeanti-inflamatórios nãohormonais;quandosepromoveareduc¸ãogradualda prednisona,nãoénecessáriointroduziranti-inflamatórios nãohormonais,desdequeseprocurenãoultrapassar25% emcadareduc¸ãosemanal.
• Coreia: haloperidol, VO, na dose de 1mg/dia (e não por
movimentos)ouatédosemáximade5mg/dia.Durac¸ãodo tratamentoportrêsmeses3(D)16(B).
Obs.: doses próximas à dose máxima podem cau-sarimpregnac¸ão ou síndrome extrapiramidal. Como opc¸ão indica-seoácidovalproico(30mg/kg/dia,VO,10mg/kg/diano inícioeaumentade10mg/kgsemanalmente)3(D)17(B).
Profilaxia
Profilaxiaprimária–reconhecimentoetratamentoadequados das infecc¸ões de vias aéreas superiores, como faringo--amigdalites, causadas pelo Streptococcus -hemolítico do grupoA.Arecomendac¸ãodeantibióticoséamesmausadana erradicac¸ãodoagentequandodotratamento,comodescrito acima15(D).
Profilaxiasecundária–usoperiódicoeporlongoprazode antibióticosquemantenhamconcentrac¸õesinibitórias míni-masparaoStreptococcus-hemolíticodogrupoA,paraimpedir recidivasdefebrereumáticaempacientesquejá apresenta-ramumprimeirosurtodadoenc¸a.Adrogamaisusadaemais efetivaé:
• Penicilina benzatina, IM, a cada 21 dias, 1.200.000 U,
paracrianc¸ascompesomaiordoque20kge600.000Upara crianc¸ascompesoaté20kg.
Comoopc¸ão,indica-separa:
• Pacientescomdoenc¸ashemorrágicas(nãopodemreceber
medicac¸ões IM):penicilina-Voral(250mg,duas vezesao dia,todososdias).
• Pacientes atópicos à penicilina ederivados: eritromicina
(250mg, duas vezes por dia) ou sulfadiazina (500mg parapacientesaté30kg,1gparamaioresde30kg),ambas emtodososdias15(D).
Durac¸ãodaprofilaxiasecundária:
• Pacientes que não apresentaram cardite – a profilaxia
deve durar até os 21 anos ou até cinco anos após o últimoepisódio,emcasosderecidivas.Aopc¸ãoquedurar mais.
• Pacientesqueapresentaramcarditepréviacomlesãovalvar
moderadaasevera–aprofilaxiadeveduraratéos40anos ouaté10anosapósoúltimoepisódio,emcasoderecidivas (aopc¸ãoquedurarmais);enoscasosemquepersistiro riscodereinfecc¸ão(altoriscodeexposic¸ãoaoStreptococcus
-hemolíticodogrupoA),aprofilaxiadevedurarportodaa vida.
• Pacientesqueapresentaramcarditepréviacom
insuficiên-cia mitral leve residual ouresoluc¸ão da lesão valvar – a profilaxia deveduraraté os25anosouaté 10anosapós oúltimosurto,aopc¸ãoquecobrirmaiorperíodo15(D).
Obs.:Osantibióticose/ouposologiasaquirelacionadosnão sãoeficazesnaprofilaxiadeendocarditeinfecciosa.Os pacien-tesqueapresentamlesõesorovalvularesdevemsesubmeter aesquemasprofiláticosespecíficos18(D).
Conclusão
A revisãodos critérios de Jones incorporoumudanc¸as que havia muito eram reivindicadas pela comunidade médica. Trêsforamospilares principaisdessarevisão.Emprimeiro lugar,foiincluída,noscritériosdeJones,apossibilidadedo diagnósticoderecidivasdefebrereumática–antesa finali-dadedoscritérioseradiagnosticarapenasoprimeiroepisódio. A recidiva da doenc¸a pode agora ser diagnosticada com a presenc¸adetrêscritériosmenores.
Asegundaalterac¸ãofoiadivisãodosindivíduossuscetíveis àfebrereumáticaemdoisgrandesgruposbaseadana preva-lênciadadoenc¸a(umdebaixoriscoeoutroderiscomoderado a alto). Para os indivíduosque têm risco moderadoa alto, manifestac¸ões articulares“atípicas” foram incluídas, tanto noscritériosmaiores(poliartrite,poliartralgiae/ou monoar-trite),quantonosmenores(monoartralgia).
E,porfim,considerando-seasinúmeraspublicac¸õesnos últimosanosacercadotema,passou-seaconsideraracardite subclínica,diagnosticadaatravésde alterac¸õesno ecocardi-ograma,comoumcritériomaiorparaodiagnósticodefebre reumática–enãosomenteacarditeclínica(presenc¸adesopro) comoanteriormente.
Assim,considerandoaaltaprevalênciadadoenc¸a, espe-cialmente nos países em desenvolvimento, a revisão dos critériosdeJonesfoiumaimportantemedidaparaaumentar asensibilidadediagnóstica,resultaassimnoreconhecimento mais precoce da doenc¸a, em um melhor desfecho clínico para o indivíduo e, consequentemente, em uma reduc¸ão doimpactosocialdessaenfermidade.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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