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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM DANILA PEQUENO SANTANA

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

DANILA PEQUENO SANTANA

O ENFERMEIRO COMO AGENTE SOCIAL:

A

IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA APLICADA A SAÚDE NA

ENFERMAGEM

(2)

ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

DANILA PEQUENO SANTANA

O ENFERMEIRO COMO AGENTE SOCIAL:

A

IMPORTÂNCIA DA SOCIOLOGIA APLICADA A SAÚDE NA

ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Enfermagem da Universidade do Estado do Mato Grosso – Campus de Tangará da Serra, como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem, sob a orientação do Profº Me. Raimundo Nonato Cunha de França.

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DANILA PEQUENO SANTANA

O ENFERMEIRO COMO AGENTE SOCIAL:

A IMPORTÂNCIA DA

SOCIOLOGIA APLICADA A SAÚDE NA ENFERMAGEM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus Tangará da Serra, como requisito parcial, para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem.

Resultado: ___________________________________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________ Presidente da Banca: Marinês da Rosa

(Representante do Orientador)

___________________________________________________________ Examinadora: Fernanda Luiza de Mattos Silvestre

(Professora do Departamento de Enfermagem)

___________________________________________________________ Examinadora: Ana Lúcia Andruchak

(Coordenadora do Trabalho de Conclusão de Curso)

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que auxiliaram direta e indiretamente na realização deste estudo, em especial ao Prof. Me. Raimundo Nonato Cunha de França, primeiramente por ministrar-me a disciplina de Sociologia Aplicada à Saúde de forma brilhante, e pelo auxilio, orientação e cordialidade com que me ajudou no desenvolvimento deste trabalho.

À professora Ana Lúcia Andruchak por sua disponibilidade em ajudar e à professora Marinês da Rosa por suas contribuições inestimaveis para esta pesquisa.

À meus amados pais, Maria D’arc Pequeno Santana e Jurandy Ferreira Santana pelo amor e dedicação, e, principalmente, pelo exemplo de seres humanos e pela educação que me proporcionaram.

À minha amada irmã Denise Pequeno Santana, por seu apoio incodicional em todos os momentos de minha vida e seu exemplo de bondade o qual procuro me espelhar.

Às pessoas especiais que modificaram minha vida e me marcaram para sempre, Aline Goltschalg, Pamela Polliana Godoi Silva, Wesley Souza.

Aos meus colegas que me auxiliaram durante o percurso, especialmente à Alânda Novaes, Gleicielly Marques, Liniker Willen Pacheco.

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RESUMO

O Enfermeiro Como Agente Social: a importância da sociologia aplicada à

saúde na enfermagem

Esta monografia tem como objetivo a análise da importância da disciplina Ciências Sociais no curso de graduação de Enfermagem, suas principais contribuições e evidenciar o papel do enfermeiro como agente social. Para atingir tal empreendimento, este estudo tem como guisa metodológica estudo quantiqualitativo, revisão bibliográfica e documental, bem como do levantamento histórico e social da Enfermagem. Assim como, a técnica de pesquisa da aplicação de questionários semi-estruturados como forma de captação de opiniões acerca da percepção dos acadêmicos de Enfermagem sobre a relação da Enfermagem com as Ciências Sociais. Procura-se evidenciar como os mecanismos sociais interferem na saúde e na profissão enfermagem. Seguindo as diretrizes curriculares nacionais do curso de enfermagem fica evidente a preocupação geral em determinar a questão social no processo saúde-doença, evidenciando o papel fundamental da sociologia para identificar esse processo. A profissão enfermagem vem se transformando e adquirindo aspectos mais independentes, o que depende muito da implantação de uma visão crítica nos cursos de enfermagem por parte dos docentes, para que o futuro profissional possa entender sua profissão em sua totalidade, sendo a sociologia uma disciplina fundamental nesse contexto. A enfermagem enquanto uma profissão da área da saúde, reconhecida por lei e tendo seu objeto de atuação definido, o cuidado, vem se construindo historicamente e delimitando seu papel na sociedade e cabe a sociologia através da interdisciplinaridade auxiliar na compreensão desse papel social como bem demonstrou este trabalho.

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Abstract

How The Nurse Social Agent: the importance of applied sociology to health

in nursing

This monograph has an objective of analysis the importance of discipline Social Sciences in the undergraduate Nursing, its main contributions and evidences the nurse's role as social agent. To achieve this venture, this study has the way to methodological study quantitative and qualitative, bibliographical review and documentary, and the lifting historical and social Nursing. As well as, the technique for research of the questionnaires’ application were semi-structured as a form of apperception of views about the perception of nursing students on the relationship of Nursing with the Social Sciences. Demand-if evidence as the social mechanisms interferes in health and nursing profession. Following the national curricular guidelines of the nursing course evident the general concern in determining the social question in health-disease process, highlighting the crucial role of sociology to identify this process. The profession Nursing has transforming and become more independent aspects, which depends very much the implantation of a critical view in nursing courses on the part of teachers, for the future professionals can understand their profession in its totality, being the sociology a discipline so important in this context. Nursing as a profession of health’s area, recognized by law and having your object of action defined, care, has been building up historically and delimiting your role in society and being the sociology through the interdisciplinary help understand this social role as well demonstrated in this work.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA QUANDO À GÊNERO 28

FIGURA 2 - DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA POR FAIXA ETÁRIA 29

FIGURA 3 - DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA QUANTO À ESCOLARIDADE 30

FIGURA 4 - DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA QUANTO À RELIGIOSIDADE 31

FIGURA 5 - LEITURA DO PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO 32

FIGURA 6 - LEITURA DOS EMENTÁRIOS 33

FIGURA 7 - ESTUDO DA SOCIOLOGIA 34

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Sumário

LISTA DE FIGURAS ... 8

INTRODUÇÃO... 10

Capítulo I 1. REFERENCIAL TEÓRICO ... 13

1.1 ESTRUTURA SOCIAL DA SAÚDE NO BRASIL ... 13

1.2 HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA APLICADA A SAÚDE... 15

1.3 A SOCIOLOGIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM... 17

1.4 O PAPEL SOCIAL DO ENFERMEIRO... 20

Capítulo II 2. CAMINHOS METODOLÓGICOS ... 23

2.1 METODOLOGIA... 23

2.2 LOCAL DE ESTUDO... 23

2.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA... 24

2.4 INSTRUMENTOS DE MEDIDA E COLETA DE DADOS ... 25

2.5 ANÁLISE DOS DADOS... 25

2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS ... 26

Capítulo III 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO... 27

3.1 ANÁLISE QUANTITATIVA ... 27

3.2 ANÁLISE QUALITATIVA ... 35

3.2.1 Importância da sociologia... 36

3.2.2 Contribuições da sociologia ... 37

3.2.2.1 Conhecimento da estrutura social... 37

3.2.2.2 Análise crítica... 38

3.2.2.3 Relação entre processo saúde-doença e fatores sociais ... 40

3.2.2.4 Relacionamento interpessoal... 40

3.2.2.5 Enfermeiro como agente social: identidade profissional ... 41

3.2.3 Análise do plano político pedagógico e ementas... 42

CONSIDERAÇÕES FINAIS... 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 49

APENDICES ... 52

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INTRODUÇÃO

Mesmo antes de ingressar no curso de enfermagem notou-se a importância das ciências sociais para a formação de um aluno com visão crítica que pudesse não apenas absorver informações, mas questioná-las. Entende-se que tais disciplinas auxiliam no entendimento do mundo e da sociedade, fazendo refletir e até mesmo auxiliar no desenvolvimento do caráter, como seres sociais integrados em uma sociedade e buscando o melhor para ela. Ao ingressar no curso de enfermagem teve-se a certeza da importância dessa disciplina para formação de um bom enfermeiro, crítico e participante, que como um agente promotor de saúde poderia auxiliar muito no desenvolvimento da sociedade, porém percebia-se essa disciplina tão interessante percebia-sendo pouco valorizada por acadêmicos que não visualizavam sua importância, o que levou a escolha desse tema para esclarecer, afinal qual seria a importância das Ciências Sociais para a Enfermagem?

Há uma gama de estudiosos tanto no campo das ciências sociais, como nas ciências da saúde que refletem sobre o tema das mais diversas formas, que auxiliaram na busca dessa resposta como base bibliográfica. Nessas leituras evidencia-se a importância da sociologia para mostrar o caráter multicausal da doença e os fatores sociais que interferem na saúde do individuo, contrariando o modelo biomédico vigente em muitas instituições de ensino de enfermagem. Restringe-se a visão do papel do enfermeiro se não se considera o fator social da saúde e da profissão em si. Nota-se a importância da história na construção social da enfermagem como profissão até mesmo com relação aos mitos preconceituosos que se enraizaram na sociedade, como a visão de que o enfermeiro é um ajudante do médico, abnegado, obediente e uma profissão ligada ao sexo feminino. Mesmo que muitos desses fatores se observem até hoje na profissão, a mesma vem se transformando e adquirindo aspectos mais independentes, o que depende muito da implantação de uma visão crítica nos cursos de enfermagem por parte dos docentes, para que o futuro profissional possa entender sua profissão em sua totalidade, sendo a sociologia uma disciplina fundamental nesse contexto.

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a saúde, entender sua posição profissional e as políticas nacionais vigentes no Brasil. Por ser uma matéria obrigatória para a formação do enfermeiro é necessário que o acadêmico compreenda sua importância podendo assim aproveitar ao máximo uma disciplina tão esclarecedora e intrigante como a Sociologia. Objetiva-se com esse estudo, analisar a importância da Sociologia da saúde aplicada à Enfermagem na formação do enfermeiro, bem como o perfil de formação do Enfermeiro através do Plano Político Pedagógico do curso, averiguando os conteúdos relacionados aos temas discutidos nos conteúdos de Sociologia e Enfermagem e identificando como os conhecimentos das ciências sociais interferem na percepção dos acadêmicos de Enfermagem à cerca da saúde/doença. Espera-se com isso, buscar a aproximação das Ciências Sociais e a Enfermagem demonstrando sua importância na formação acadêmica, a influência da construção histórica da ciência enfermagem sobre a percepção da população à cerca da profissão e, principalmente, auxiliar a produção cientifica da ciência Enfermagem, contribuindo para o aprimoramento da mesma e sua interlocução com as outras ciências, especialmente as humanidades.

A metodologia utilizada nesse estudo é de pesquisa descritiva do tipo qualitativa, a partir da revisão bibliográfica e documental dos temas centrais aqui discutidos, elementos quantitativos necessários como a aplicação de questionário semi-estruturado com os acadêmicos de Enfermagem sobre a relação da Enfermagem com as Ciências Sociais e elaboração de gráficos para melhor compreensão do assunto. Os autores que nos deram subsídios teóricos para elaboração da pesquisa foram: Durkheim (1958-1917), Gianini (1995), Guareschi (1994), Ito et. al. (2006), Montagner (2008), Nakamae (1987), Nunes (1976-2009) e Oliveira (1998).

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CAPÍTULO I

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 ESTRUTURA SOCIAL DA SAÚDE NO BRASIL

Para se entender a correlação entre Sociologia e Saúde é necessário o entendimento da estrutura social na qual o sistema de saúde está inserido e, conseqüentemente, a enfermagem. Guareschi (1994) classifica duas grandes teorias em Sociologia como as matrizes de todas as outras teorias sociais, duas maneiras diferentes de encarar a realidade e a sociedade, são elas: Teoria Positivista-Funcionalista e Teoria Histórico-Crítica ou Teoria Crítica como comumente é designada.

A teoria positivista diz que a realidade não pode ser modificada, já a funcionalista acrescenta que tudo forma um sistema organizado, tudo tem sua função. O pressuposto dessa teoria é que tudo está organizado, equilibrado e procura à harmonia, eles comparam a sociedade a um organismo (biologicismo). Para eles a mudança só ocorre se tudo mudar, se deixar de existir e isso só pode vir de fora, de alguém que queira destruir o que existe.

A teoria histótico-crítica tem o pressuposto de que tudo o que é criado é histórico, relativo, transitório e não é absoluto sempre faltando algo para completá-lo e é a partir dessa visão que se desenvolve esse trabalho. Ainda segundo o autor toda sociedade é formada por dois elementos essenciais, que são as forças e relações de produção, que constituem a base da sociedade (infra-estrutura). Todo agrupamento humano precisa de normas, leis, estatutos, e depois de um tempo surgem as tradições. Tudo que é criado pelo grupo constitui a superestrutura.

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homens porque é a forma mais simples que eles desenvolveram para se organizarem em sociedade. Segundo a autora, o método materialista histórico-dialético criado por Karl Marx trata de descobrir pelo movimento do pensamento as leis fundamentais que definem a organização dos homens durante a história da humanidade. A partir dessa lógica, para pensar a realidade é possível aceitar a contradição, refletir sobre a realidade partindo do empírico e chegar ao concreto. Assim, a diferença entre o empírico e o concreto seriam as abstrações do pensamento.

Para Santos (2006) só existe conhecimento em sociedade quanto maior for o seu reconhecimento, sendo maior também a capacidade para conformar a sociedade, entender o presente e o passado e dar sentido e direção ao futuro, sendo isto verdade qualquer que seja o tipo e o objeto de conhecimento.

Nakamae (1987) afirma que as características mais próprias da formação capitalista, no que se relaciona à saúde, não deixaram de estar marcadamente presentes nas decisões políticas e estruturais do sistema, em que a questão da saúde se reduziu à questão da atenção à saúde, privilegiando-se a atenção médica, assimilada a idéia de saúde à ausência de doença. Articulou-se a noção de saúde com a de capacidade produtiva não podendo ocultar a real função do aparato de atenção à saúde no capitalismo, a de manutenção, recuperação e reprodução da força de trabalho. O hospital foi privilegiado na atenção à saúde pelas transformações dos procedimentos médicos com os avanços técnicos e científicos, mas também pela expansão das indústrias ligadas ao setor saúde. A própria atenção à saúde virou opção de investimento, área de acumulo de capital, tomando feições de indústria, assim se transformou a saúde em produto oferecido como mercadoria, como uma indústria, impuseram profundas alterações nas relações de trabalho, com progressivo assalariamento de profissionais liberais e divisão técnica e social.

O autor conclui que essa divisão técnica se deu seguindo a perspectiva de separação de classes, onde a escola historicamente dividiu o ensino criando uma escola secundária especial para os filhos da classe trabalhadora, se especializar em quadros médios, enquanto os das classes dominantes e camadas médias continuavam nos estudos literários nas universidades, se dando assim a atual conformação da equipe de enfermagem. As classes são levadas a desenvolver a sua prática social dentro das condições materiais que lhes impõe o lugar que ocupam no processo produtivo, imbuídas de expectativas que não se concretizam.

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realizado na América Latina em que o mesmo separou os resultados em categorias, os maiores índices de desigualdade na saúde foram na renda, onde quem ganhava menos tinha piores condições de vida, havendo ainda uma relação entre as categorias já que quem tinha menor renda tinha menor escolaridade, o que fazia com que tivessem menos informações sobre manutenção da saúde e direitos garantidos, menos condições de habitação que propiciavam aumento de doenças parasitárias e infecciosas, ocupação menos remunerada e menores condições de trabalho, o que propiciava aumento do stress, e geralmente negros, fator indireto

em relação a menores condições de vida explicados pela história. As características da maioria dos países latino-americanos de dependência, subdesenvolvimento e capitalismo criam grandes contrastes sociais, realçados pela política social geralmente adotada que, ao invés de atenuarem o problema, tornam-no crônico.

A partir da descoberta da correlação entre fatores sociais e processo-saúde doença começou a ser modificado a concepção de saúde enquanto ausência de enfermidade, o que modificou a maneira como se pensava saúde e, conseqüentemente, a enfermagem que nos últimos anos vem demonstrando a importância de se tornar mais crítica e ativa para modificar as distorções quanto à interpretação da Saúde.

1.2 HISTÓRICO DA SOCIOLOGIA APLICADA A SAÚDE

A Sociologia começou a se desenvolver nos estudos da filosofia positiva de Auguste Comte. Vários filósofos se ocuparam de delimitar o estudo da Sociologia, mas foi Émile Durkheim no século XVIII que se incumbiu do papel de conceituá-la e delimitá-la como a ciência que estuda os mecanismos sociais, a partir dos estudos sobre fato social. Segundo Durkheim (1895) fato social, é um processo que ocorre fora das consciências individuais, condutas ou pensamentos exteriores ao indivíduo que ele adquire a partir do convívio social de forma coercitiva, o que não exclui necessariamente a personalidade individual. Assim os valores e condutas de uma profissão são exteriores ao indivíduo, formados historicamente e difundidos a partir da educação.

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doença para conceituar o normal e o patológico. Este autor define que existiram três modelos que desenvolveram a medicina social, cada um inserido dentro de um contexto político que o desencadeou: o primeiro na Alemanha em meados do século XVIII, onde a medicina social foi incorporada às políticas de saúde pública; Na Inglaterra no século XIX; e, por último, na França da segunda metade do século XVIII, representada por uma medicina higienista, sendo este modelo que influenciou a comunidade médica brasileira. Esses ideais surgiram após, e influenciados, pelas duas grandes revoluções na Europa: a revolução industrial e a revolução francesa.

As condições de aparecimento de uma moderna subdisciplina chamada sociologia médica, posteriormente chamada da saúde, são muitas e variam de acordo com os países em questão. No entanto, há unanimidade entre os autores que trabalham o tema em indicar o período após a II Guerra Mundial como o momento de retomada tanto das ciências sociais quanto da sociologia médica no continente europeu. (MONTAGNER, 2008, p. 198)

Nunes (2003) afirma que após a Segunda Guerra Mundial, os países Europeus entraram em crise por causa dos altos custos na guerra, e a população começou a se revoltar com o quadro de saúde. Foi a partir daí que os governos começaram a se preocupar com a saúde e financiar estudos sobre a Sociologia da Saúde, sendo a França uma exceção nesse quadro reaparecendo esses estudos somente na década de 70.

Os Estados Unidos se afirmaram como a grande potência mundial, o que fez com que suas pesquisas sobre Sociologia da Saúde fossem difundidas pelo mundo. Surge então o trabalho de Talcott Parsons em 1951 que, segundo Carapinheiro (1986), tem papel fundamental na delimitação dos estudos da medicina social com sua análise sociológica dos profissionais de saúde e os clientes, que influenciou os estudos de Sociologia médica até 1970.

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No Brasil, a Sociologia da Saúde desenvolve-se a partir da década de 70, com o crescimento da insatisfação da população com a desigualdade social. O governo militar se vendo ameaçado começa a buscar a reestruturação da saúde.

Para Montagner (2008), a institucionalização de um novo espaço de práticas denominada saúde coletiva deve-se a três tipos de fatores “Externas - movimentos sociais e

mudanças históricas das sociedades; Ideológica- políticas públicas e organização corporativa

das profissões; Interna- corpus de conhecimentos e instrumentos técnicos”. As disciplinas da

saúde coletiva se concentraram então em três áreas sendo uma delas as ciências humanas e sociais.

1.3 A SOCIOLOGIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM

Para a correta compreensão da estruturação do ensino de Enfermagem no Brasil é necessário que se entenda o momento histórico, social e econômico do país quando o ensino de enfermagem foi implantado. Parafraseando Nakamae (1987), sendo o Brasil um país capitalista o sistema de saúde e educação do país foi estruturado a partir dessa ótica, em que a educação não é considerada um processo de transmissão de cultura, mas uma instrumentação para o trabalho, um investimento que prepara o indivíduo profissionalmente a fim de que seja mais produtivo para empresa. Dessa forma o que se esperava da formação do enfermeiro era um trabalhador rápido, obediente e, que não questionasse a qualidade do serviço prestado.

Para Ito et. al.(2006), o ensino de enfermagem no país passou por várias fases de

desenvolvimento ao longo dos anos, refletindo as mudanças ocorridas no contexto histórico da enfermagem e da sociedade brasileira, havendo a necessidade de mudanças no ensino de enfermagem de acordo com as exigências encontradas em cada época. Segundo os autores em todas as mudanças curriculares no ensino de enfermagem no Brasil, houve predominância do modelo médico/hospitalar no ensino de graduação desde a criação da Escola Anna Nery que era o modelo para as demais escolas de enfermagem da época, formando um enfermeiro centrado na assistência hospitalar.

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“a educação como possibilidade de transformação, centrada no desenvolvimento da consciência crítica, levando o enfermeiro à reflexão sobre a prática profissional e ao compromisso com a sociedade”. Com a criação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996, há inovações e mudanças na educação nacional, com reestruturação dos cursos de graduação, extinção dos currículos mínimos e a adoção de diretrizes curriculares específicas para cada curso. (ITO et. al.,2006)

O ensino da Sociologia na Enfermagem no Brasil foi incorporado nas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Enfermagem em 2001, caracterizando-a como conteúdo essencial ao curso de graduação em Enfermagem. No seu art. 3° evidencia o perfil do profissional enfermeiro como um agente capaz de conhecer e intervir sobre os problemas de saúde-doença levando em consideração as dimensões bio-psico-sociais, tendo senso de responsabilidade social e promovendo a saúde do ser humano. Em seu art. 5º reforça a necessidade do profissional estabelecer relações com o contexto social, "reconhecendo a estrutura da organização social, suas transformações e expressões", e "reconhecer as relações de trabalho e sua influência na saúde", além de atuar como agente de transformação social e "reconhecer o papel social do enfermeiro para atuar em atividades de política e planejamento em saúde”. Por último em Parágrafo Único, determina que "a formação do Enfermeiro deve atender as necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS) e assegurar a integralidade da atenção e a qualidade e humanização do atendimento". (CNE/CES, 2001 p. 37)

As profissões buscam sua legitimação e reconhecimento social ao atribuir a sua função um monopólio de conhecimentos especializados que dão o direito ao exercício profissional. Silva & Delizoicov (2009) acreditam que o objetivo do estudo da sociologia nas profissões refere-se à compreensão da organização social das profissões. Segundo os autores além do conhecimento científico a profissão é reconhecida quando se estrutura e especializa, sendo importante a autonomia profissional, que depende dentre outros fatores do mercado competitivo, citando como exemplo o distanciamento que os médicos buscaram historicamente das outras profissões, se intitulando os possuidores do saber científico e de maior competência técnica.

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enfermagem, profissão relacionada ao sexo feminino, e o curar ao médico homem, evidenciando assim o porquê da profissão medicina ser considerada superior a enfermagem.

Historicamente o homem tem uma posição superior à mulher, e a medicina à enfermagem, o que ficou culturalmente enraizado na sociedade. Para ela, a sociologia contribui através do estudo de classe social para compreender essas questões complexas, pois possui instrumentos que permitem perceber essas visões dominantes historicamente.

Assim as Ciências Sociais abrem um campo permanente de diálogo na perspectiva de desconstruir o cuidado como uma atividade essencialmente (aqui entendido como essencialista na dimensão da natureza) feminina e como uma relação de poder outorgada e consentida pelos médicos. (OLIVEIRA, 1998, p. 91)

Para Laraia (1986), homens e mulheres se diferenciam anatômica e fisiologicamente através do dimorfismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existentes sejam determinadas biologicamente. Muitas atividades atribuídas às mulheres em uma cultura podem ser atribuídas aos homes em outra. O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que o autor chama de endoculturação. Homens e mulheres agem de modo diferente em função da educação diferenciada.

O cuidado então é entendido como um conhecimento específico da enfermagem que é estudado pela sociologia numa relação de interdisciplinaridade. Para Amorim & Oliveira (2005) a enfermagem é uma profissão do cuidado, mas seus integrantes o reconhecem apenas como atividade primária assumindo tarefas que não cabem a enfermagem.

Borges, Lima & Almeida (2008) constatam que a enfermagem executa o cuidado acriticamente seguindo as expectativas da instituição o que causa a falta de clareza do conceito de cuidado e prejudica a enfermagem enquanto profissão. Itoet. al. (2006) apontam

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1.4 O PAPEL SOCIAL DO ENFERMEIRO

O fortalecimento da enfermagem enquanto profissão é essencial que os profissionais tenham conhecimento do papel da profissão na sociedade. Pires (2009) afirma que profissão é a qualificação e especialização de um grupo de trabalhadores que dominam conhecimentos específicos e fundamentam sua realização, controlando a reprodução do conhecimento a partir do ensino e da pesquisa.

A enfermagem enquanto uma profissão da área da saúde, reconhecida em Lei e tendo seu objeto de atuação definido, o cuidado, vem se construindo historicamente e delimitando seu papel na sociedade.

Stacciarini et al. (1999) evidenciam que a enfermagem no Brasil surgiu para

atender as necessidades da saúde pública, mas acabou se direcionando a assistência hospitalar em decorrência do modelo biomédico vigente na instituições de ensino de enfermagem, que tem até hoje influenciado o ensino da enfermagem no Brasil.

Guareschi (1994) esclarece em seu livro o significado da palavra ideologia que etimologicamente é o estudo das idéias, mas passou a significar o conjunto de idéias, valores e maneira de pensar de pessoas e grupos. Segundo ele os seres humanos são em grande parte o que os outros dizem ou acham que eles são e à medida que percebem o que os outros pensam vão formando sua identidade. Através da linguagem e da comunicação que são produções históricas, são transmitidos significados, representações e valores existentes em determinado grupo, que é chamado ideologia de grupo. Para Silva, Padilha & Borenstein (2002) a identidade profissional é originada no cotidiano das práticas sócias da profissão e da representação social da mesma que é um fenômeno histórico, social e político. Como é de caráter histórico apresenta alterações na sua configuração conforme as mudanças históricas internas e externas a profissão. Para o autor a prática social da enfermagem se divide em assistência, ensino e pesquisa. No que se refere ao status da profissão o autor demonstra os preconceitos referentes a profissão formulados a partir da história da profissão enfermagem.

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É importante ressaltar que a enfermagem em diversos países é a que tem o maior número de profissionais da saúde o que demonstra seu reconhecimento social.

Apesar disso, há um paradoxo constatado na enfermagem, pois aquilo correntemente designado por assistência de enfermagem não é, na sua maioria, praticado por enfermeiros. As pessoas em geral não percebem a diferenciação no interior da equipe de enfermagem, e denominam de enfermeiro todos os membros da equipe. No comando da equipe de enfermagem, o enfermeiro, em função de sua posição e de seu preparo técnico-científico, deveria estar sempre voltado para o progressivo aprimoramento da assistência de enfermagem e a crescente qualificação dos demais membros da equipe, porém em sua quase totalidade, se encontra literalmente preso a atividades burocráticas e gerenciais nos serviços de saúde, o que o impede de exercer as atividades de aprimoramento da assistência, orientação e acompanhamento equipe, nem realizar o cuidado direto. Portanto não é sem razão que o público não percebe essas diferenciações, já que os enfermeiros encontram-se distantes dos usuários no hospital e serviços de saúde na comunidade, ocupado em tempo integral com a administração da unidade. Surge então, uma crise de identidade relacionada a uma percepção de conflito de si mesmo e sua prática gerada pela indefinição de papéis. Deve-se esclarecer o lugar e função dentro e fora da exploração econômica imposição ideológica realizadas pelo capital. Primeiro existe a separação entre o trabalho médico e de enfermagem, onde as funções manuais cabem a enfermagem, depois a própria divisão da enfermagem.

Outro atributo da profissão destacado por Pires é o papel do enfermeiro como educador e pesquisador. Cocco (1991) reflete que a prática educativa do enfermeiro não é neutra, onde o usuário submete-se ao cuidado segundo as decisões profissionais. Geralmente na relação entre saúde e educação se tem uma premissa de que há uma troca entre profissional e usuário, mas essa troca não é sobre saberes e interesses, mas de uma submissão por parte da clientela em troca de medicamentos e atendimento.

Para a autora, os profissionais da saúde, formados pela classe dominante, agem como detentores do saber e não se dispõem a compartilhar esse conhecimento, o que contraria o processo de formação da cidadania onde a população deveria compreender o processo de saúde para haver assim a prevenção.

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Retomando Pires (2009) se as instituições de saúde priorizassem a promoção da saúde e tratasse o indivíduo como uma pessoa integrada na sociedade à profissão de enfermeiro seria mais valorizada e a clientela seria mais bem acolhida e se instruiria com sua doença retirando novas forças dela. A autora acredita que o processo de cuidar é mais que cuidar de uma parte do corpo e sim cuidar de seres humanos com suas individualidades. Como se constata em vários estudos essa visão restrita da saúde vem diminuindo e dando lugar a promoção da saúde e a importância da prevenção e educação em saúde.

Para Trezza et al. (2008) a enfermagem como prática social é uma profissão dinâmica sujeita a transformações permanentes e incorporando reflexões sobre problemas e ações. Aponta o problema da divisão do trabalho parcelado dos enfermeiros onde tarefas simples são executadas por profissionais menos qualificados e o comando e supervisão aqueles que detêm o saber, o que segundo o autor prejudica o processo de cuidar.

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CAPÍTULO II

2.

CAMINHOS METODOLÓGICOS

2.1 METODOLOGIA

O caminho metodológico seguido neste trabalho consiste na utilização de pesquisa descritiva do tipo quantiqualitativa, bem como da revisão bibliográfica e documental dos temas centrais aqui discutidos, bem como análise e comparação desses documentos. Utiliza-se também de técnicas de pesquisa como da aplicação de questionário semi-estruturado com vista à captação de opiniões acerca da percepção dos acadêmicos de Enfermagem sobre a relação da Enfermagem com as Ciências Sociais e elaboração de gráficos para melhor compreensão do assunto.

Segundo Gil (1996), o estudo descritivo visa descrever as características de determinada população ou fenômeno estabelecendo relações entre as variáveis. Para o autor a pesquisa bibliográfica é a pesquisa elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados na internet. Richardson (1999) define método quantitativo como o emprego de quantificação na coleta de informações e tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, garantindo a precisão de resultados. Para Lakatos (2008) no estudo qualitativo ocorre a analise e interpretação profunda dos aspectos procurando descrever a complexidade do comportamento humano.

2.2 LOCAL DE ESTUDO

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45'' W (Tangará da Serra, 2007), instituição criada em 15 de dezembro de 1993, através da Lei Complementar nº 30 e mantida pela Fundação Universidade do Estado de Mato Grosso – FUNEMT. Criou-se então a sede da Instituição em Cáceres, e os demais CampiUniversitários

em Sinop, Alta Floresta, Nova Xavantina, Alto Araguaia, Pontes e Lacerda, Médio Araguaia – Luciara, Vale do Teles Pires – Colíder, Vale do Rio Bugres – Barra do Bugres e Tangará da Serra. Em 1999, a UNEMAT é credenciada como Universidade, ganhando sua autonomia institucional. (UNEMAT, 2008)

Em 2006 é criado o Curso de Bacharelado em Enfermagem na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) – Campus de Tangará da Serra, autorizado pela Resolução N. 024/2005 CONSUNI-UNEMAT de 17 de Dezembro de 2005 e respaldado legalmente na Lei 9.394/96 (LDBEN), sendo que o ingresso no curso se dá através de concurso vestibular semestral, sendo as disciplinas ministradas em horário integral e os estágios e atividades de campo ocorrendo em períodos diversos. O intuito do curso é formar profissional crítico, reflexivo e humanista, competente técnica e politicamente, capaz de atuar na atenção individual, coletiva, educar em saúde, gerenciar serviços de saúde e de enfermagem e produzir conhecimentos em saúde. (UNEMAT, 2008)

Atualmente o curso conta com oito semestres sendo que com a mudança da matriz curricular ocorrida no curso os dois primeiros semestres se encontram na matriz nova de dez semestres e os outros seis na matriz antiga de oito semestres.

2.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

(26)

que ela tem, assim como a preservação do anonimato através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

2.4 INSTRUMENTOS DE MEDIDA E COLETA DE DADOS

Foram utilizadas como instrumento de coleta de dados o questionário semi-estruturado que, segundo Richardson (1999) cumpre a função de descrever características de determinado grupo e medir variáveis. Utilizou-se também a análise dos ementários da disciplina Sociologia Aplicada a Saúde, tanto na matriz de dez semestres, quanto na matriz de oito semestres realizando comparação entre ambas. Além disso, analisou-se rigorosamente o Plano Político Pedagógico do curso de Enfermagem da UNEMAT – Campus de Tangará da Serra, bem como comparação com os Planos Políticos Pedagógicos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

Os questionários foram aplicados de forma direta e respondidos em sala de aula de forma coletiva ou entregue aos acadêmicos para responderem em tempo disponível e recolhidos em data determinada em comum acordo. Ele conta com uma parte de perguntas fechadas para obter o perfil dos acadêmicos e quantificar suas respostas, com informações referentes à idade, sexo, semestre e temas ligados ao foco temático, e perguntas abertas para que o acadêmico pudesse expressar suas opiniões. Para a preservação da identidade dos entrevistados atribui-se a letra A para cada acadêmico seguido de um número que, vai de A1 a A50.

2.5 ANÁLISE DOS DADOS

(27)

manifestações sociais das instituições e expressão de seus valores construídos historicamente. A maneira escolhida para a organização quantitativa dos dados foi através da criação de gráficos que favorecem uma melhor visualização dos resultados.

2.6 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS

Os dezesseis acadêmicos selecionados para a amostra qualitativa estão abaixo listados informando em qual semestre eles estudam. Importante frisar que para a análise quantitativa participaram todos os cinquenta alunos distribuídos entre o 2º e 8º semestres (A1 à A50).

ACADÊMICO SEMESTRE

A4 2º Semestre

A6 2º Semestre

A7 3º Semestre

A9 3º Semestre

A13 4º Semestre

A15 4º Semestre

A19 5º Semestre

A25 5º Semestre

A28 6º Semestre

A33 6º Semestre

A43 7º Semestre

A44 7º Semestre

A42 8º Semestre

A38 8º Semestre

(28)

CAPÍTULO III

3.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para a melhor compreensão do estudo esse capitulo foi dividido em duas partes. Na primeira, apresenta-se gráficos de cunho qualitativo, baseado na resposta do questionário aplicado com cinquenta acadêmicos do curso de enfermagem. Na segunda parte encontra-se a análise qualitativa das falas dos quatorze alunos selecionados de todas as turmas pesquisadas.

3.1 ANÁLISE QUANTITATIVA

(29)

FIGURA

1 – DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA QUANTO À GÊNERO

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(30)

FIGURA 2 – DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA POR FAIXA ETÁRIA

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(31)

FIGURA

3

-

DISTRIBUIÇÃO

ACADÊMICA

QUANTO

Á

ESCOLARIDADE

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(32)

FIGURA

4

DISTRIBUIÇÃO

ACADÊMICA

QUANTO

À

RELIGIOSIDADE

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(33)

FIGURA 5 – LEITURA DO PLANO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(34)

FIGURA 6 – LEITURA DOS EMENTÁRIOS

82% 18%

Ementas

Leu

Não leu

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(35)

FIGURA 7 - ESTUDO DA SOCIOLOGIA

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

(36)

FIGURA 8 - PERCEPÇÃO ACADÊMICA SOBRE A IMPORTÂNCIA DA

SOCIOLOGIA NA ENFERMAGEM

Fonte: Adaptado pelo pesquisador/ Pesquisa de Campo – 2010.

3.2 ANÁLISE QUALITATIVA

Para analise dos dados levantados optou-se por, agrupar as falas convergentes dos acadêmicos, o que permitiu construir três categorias de análise:

a) Importância da sociologia;

b) Contribuições da sociologia;

Subdivide-se em cinco sub-categorias: Conhecimento da estrutura social, Análise crítica, Relação entre processo saúde-doença e fatores sociais, Relacionamento interpessoal, Enfermeiro como agente social: Identidade profissional;

(37)

3.2.1 Importância da sociologia

Segundo Zaccara & Nunes (1976), quando se dava à implantação do ensino da sociologia nos cursos de saúde após a tomada de consciência por alguns segmentos das escolas da importância dos fatores sociais na saúde, o ensino ficou restrito ao que cada segmento atribuiu ao papel das ciências sociais na estrutura curricular, decididas por quem promovia a introdução de seu ensino, ocorreu conseqüentemente uma limitação. Assim, o ensino das ciências sociais aparece associado aos aspectos preventivos, psicológicos, sociais, educativos, demográficos e ambientais na análise da problemática de saúde. Ao retomar esse estudo em 2009, Nunes com o auxilio de Barros, concluiu que o aspecto social era também parte do modelo biológico, aparecendo mais como um elemento descritivo do que explicativo, sem descrever as condições concretas de produção dos fenômenos sociais e de explicá-los observando as variáveis que operam através delas. A partir dessa época havia a certeza dos docentes de que, apesar das dificuldades do ensino das ciências sociais nas escolas de graduação da saúde, sua validade era incontestável, mas a diferença na linguagem e abordagem implicava prejuízos notáveis.

Segundo os autores houve crescimento das ciências sociais e humanas em saúde, porém, poucas questões novas surgiram nas três décadas e meia. Ainda nos anos 1960, foram apontadas as seguintes dificuldades para o desenvolvimento das ciências sociais na saúde: a estrutura e foco do sistema de atenção à saúde; a estrutura de poder dentro da escola médica; a cultura do estudante de medicina, aqui encarado como o estudante da área de saúde em geral; e a influência dos cientistas sociais. No entanto, vem acontecendo no campo da saúde o reconhecimento da necessidade de formação de profissionais reflexivos, mas do ponto de vista da legitimidade as dificuldades ainda são grandes. Essa dificuldade na relação entre ciências sociais e saúde é demonstrada nas seguintes falas:

“Porque o que nós aprendemos em nada influenciou, seria importante se passasse na sociologia algo mais direto na nossa profissão e não apenas vida de sociólogos [...] explicação dos métodos utilizados por eles. Seria importante se as aulas fossem mais criativas mais voltadas para área de saúde de forma bem direta e chamativa [...]” (A4)

“Pois a disciplina não tem foco diretamente para essa profissão.” (A6)

(38)

A partir dessas falas demonstra-se que há dificuldades na relação entre as disciplinas ciências sociais e da saúde, em que os alunos percebem a importância da sociologia, mas a desqualificam em relação às outras disciplinas em decorrência dos aspectos didáticos do professor, falta de aulas práticas e aplicabilidade dos conhecimentos teóricos na realidade profissional, além de uma visão restrita e reducionista dos acadêmicos que estão mais interessados em se preparar para o mercado de trabalho do que para desenvolver senso crítico e atuar na sociedade com visão transformadora. Seria importante uma aproximação das duas disciplinas, em que o professor sociólogo se aproximasse mais das questões sociais relacionadas à saúde, sendo importante, todavia explicitar os modelos sociológicos para a compreensão do todo e que se ocorra uma valorização das ciências humanas por parte das universidades, que são as responsáveis por desenvolver esse caráter crítico nos acadêmicos, o que conseqüentemente aproximaria os acadêmicos das ciências sociais e humanas, fazendo com que os mesmos reconheçam sua importância para o curso.

Segundo Oliveira (2008) as ciências sociais contribuem, sobretudo na ótica qualitativa oferecendo instrumental teórico e analítico para elaboração de pesquisa em enfermagem, que antes eram na maioria das vezes desenvolvidas dentro de uma abordagem positivista não dando significados sociais, culturais e políticos aos dados sustentando uma postura conservadora e hegemônica na área da saúde. Com a introdução da subjetividade na análise reconceitua-se as relações sociais principalmente no mundo do trabalho.

“A disciplina de socióloga nos mostra o diferencial entre um profissional mecânico e um pesquisador. Ensina a observar os fatos e pesquisá-los e não considerá-los como mero acaso.” (A25)

“A sociologia contribuirá para desenvolver na enfermagem o espírito de pesquisa, observação, tornando a enfermagem uma ciência.” (A25)

(39)

3.2.2 Contribuições da sociologia

3.2.2.1 Conhecimento da estrutura social

Segundo Nakamae (1987), a enfermagem é parte integrante do sistema de atenção à saúde brasileira, e por isso é importante conhecer a realidade da saúde nas condições de formação social brasileira, atentando-se para o fato de que no Brasil o modo de produção é capitalista, em que não se visa apenas à produção de mercadoria, mas de lucro.

Para a explicitação da realidade não há um manual, já que a partir da ótica do materialismo histórico ela não é absoluta, ela constantemente se transforma. O esforço consiste em ir além do mundo da aparência, das representações sem supor que essa aparência é ilusão sem base real. O autor relata que todos os fenômenos e acontecimentos fazem parte de uma totalidade e podem apresentar-se como caóticos, mas a reflexão exaustiva apontará para uma estrutura que está em constante movimento, sendo de extrema importância determinar as relações sociais envolvidas para revelar os mecanismos básicos desse movimento.

“Analisar o social do individuo é uma das formas de conhecer o individuo como um todo .” (A9)

“[...] a disciplina é de suma importância para que possamos compreender o comportamento humano, e da sociedade como um todo.” (A38)

“[...] forme um enfermeiro mais social, consciente nas mudanças que acontece no mundo e para formação pessoal.” (A43)

(40)

3.2.2.2 Análise crítica

Sengundo Guareschi (1994), a palavra crítica vem do grego kritein, que significa

julgar, sendo uma pessoa crítica aquela que tem a convicção que tudo o que é histórico tem dois lados incorporando na definição de realidade o futuro e a mudança.

Para Nakamae (1987) é importante aguçar o olhar evitando as pressuposições e preconceitos que impedem uma real visão das incompatibilidades que marcam as relações entre a teoria e a prática da enfermagem, bem como o seu ensino em nível superior, como condição indispensável para que se aponte saídas para as dificuldades registradas, realizando-se uma análirealizando-se que ultrapasrealizando-se a mera aparência da realidade, decorrente da percepção ingênua da mesma.

Chirelli (2002) define que o enfermeiro deve ser consciente, buscar ser crítico-reflexivo, para atuar na realidade em que está inserido de forma consciente sendo que esta visão deve ser difundida na universidade em que os alunos possam ter uma visão crítica sobre a realidade aprendendo os determinantes dos problemas de saúde na sua complexidade sócio-histórica, para que exerça uma ação transformadora e atuante, conduzindo uma consciência autônoma e crítica.

“Contribui para que o profissional seja realmente ativo, com opiniões formadas, uma visão crítica, coerente e realista das diversas situações.” (A33)

“[...] a capacidade de análise social de maneira crítica e metodológica, favorece e muito um bom desempenho de um profissional da área de humanas.” (A42)

As ciências sociais buscam através das análises que fazem da sociedade, principalmente aguçarem essa visão crítica dos profissionais, e no âmbito da saúde é imprescindível o ensino do aluno de forma crítica e reflexiva.

(41)

Historicamente a enfermagem foi sendo construída para essa visão técnica e restrita da realidade e os esforços para mudar essa visão são grandes, pois já está enraizado na formação acadêmica.

3.2.2.3 Relação entre processo saúde-doença e fatores sociais

Segundo Gianini (1995) a consciência da relação entre o processo saúde-doença pela atividade social e o ambiente é conhecida há muito tempo, e desde cedo é estudada pela Epidemiologia. Ele destaca as conseqüências das organizações sociais como estruturas, onde a doença é produto direto ou indireto das condições gerais de determinada classe social, sendo, portanto, necessário conhecer as leis estruturais gerais e que condicionam a reprodução de classe.

“Para poder aprender e entender o paciente bio-psico-socio-espiritual e culturalmente.” (A13)

“[...] tendo que compreender uma pessoa por inteiro, ou seja, entender o paciente biopsicosocioespiritualcultural.” (A15)

“Ampliará a visão holística, a possibilidade de agir nos focos dos problemas principalmente no que tange a saúde coletiva.” (A42)

(42)

3.2.2.4 Relacionamento interpessoal

Segundo Laraia (1986), a nossa herança cultural, desenvolvida através de inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Chirelli (2002) demonstra a importância dos currículos de enfermagem dever atender as necessidades de formação para o trabalho na sociedade atual, formando um profissional que possa interagir com a natureza e o mundo social, tendo com um dos pontos fundamentais o respeito à cultura dos sujeitos.

“Aprender a conviver com culturas, gostos, pessoas diferentes de nós. Aprender a respeitar as diferenças.” (A6)

“Contribuirá diretamente na relação enfermeiro/paciente e familiares, pois o convívio é freqüente [...]” (A7)

“[...] não tivemos o social, saber lidar com a pessoa, a relação inter pessoal, que no caso teremos que aprender no nosso dia-a-dia.” (A15)

A sociologia, através do estudo das diferentes conformações sociais e suas culturas, oferece à enfermagem subsidio para saber agir com respeito às diferentes culturas, tendo um relacionamento interpessoal com os indivíduos da sociedade de forma adequada para a melhoria e prevenção de saúde. Através de seus estudos sobre a conformação da estrutura social e divisão das classes dentro da área da saúde explica as diferenças históricas que ocorreram entre as profissões favorecendo a autonomia do enfermeiro como um agente detentor de um conhecimento específico e, por isso mesmo, merecedor do respeito dos demais membros da equipe, de modo que isso não ocorre em muitas instituições devido a fatores históricos e sociais.

3.2.2.5 Enfermeiro como agente social: identidade profissional

(43)

pessoas e grupos. Segundo ele, nós somos em grande parte o que os outros dizem ou acham que somos, e à medida que vamos percebendo o que os outros pensam vamos formando nossa identidade. Através da linguagem e da comunicação que são produções históricas, são transmitidos significados, representações e valores existentes em determinado grupo, que é chamado ideologia de grupo.

Segundo Lemos (2008) para compreender a identidade profissional dos enfermeiros é necessário conhecer o processo de profissionalização desta profissão. Segundo ela os enfermeiros encontram-se numa busca permanente pela conquista de espaço próprio no setor saúde que tem ênfase na medicina. Foi a partir do Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro que as competências de enfermagem foram se afastando da dominação médica, surgindo à definição legal da profissão de enfermagem, a prestação dos cuidados de enfermagem, que não se resume a um conjunto de tarefas executadas. A autora prossegue afirmando que os enfermeiros, para sair do jugo da medicina entram em áreas exteriores à prestação de cuidados e, como qualquer profissão, a autonomia é um ponto crítico no trabalho dos enfermeiros.

“Em primeiro lugar os específicos da sua área.” (A19)

“[...]o profissional deve estar preparado para lidar com as diversas pessoas, com diversos comportamentos sem se esquecer do seu papel de cuidar. (A7)

“[...] tenha uma visão de como a sociedade se comporta e com isso aprendemos como será o nosso serviço perante a mesma.” (A28)

Evidencia-se na fala dos alunos que eles entendem a importância do enfermeiro ter os conhecimentos específicos de sua área, demonstrando que a profissão para se legitimar tem que ter seu campo próprio de conhecimento, e que os eles entendem que esse conhecimento próprio é o Cuidado. Para uma pessoa saber sua identidade, precisa saber qual seu papel na sociedade, e assim funciona com as profissões.

(44)

3.2.3 Análise do plano político pedagógico e ementas

Segundo Chirelli, (2002) vários projetos pedagógicos de nível universitário da área da saúde estão sendo questionados por não estarem levando à preparação de profissionais para a intervenção em saúde de forma crítica, considerando o contexto em que os problemas de saúde estão sendo gerados, por desarticularem o mundo do ensino do mundo do trabalho e da realidade social e serem muito mais centrados no hospital. Almeida et al.(2010) afirmam

que o projeto político pedagógico pretende ser um avanço que permite ações político-educacionais que provocará mudanças no interior do processo de formação do Enfermeiro, precisando, porém, ser entendido como dinâmico, propondo mudanças nas concepções e, principalmente, nas condutas que mudam com o tempo, não devendo ser entendido como um roteiro burocrático ou um documento, mas como um processo que subsidie a condução das ações na direção de perspectivas.

Realizou-se uma análise detalhada do Plano Político Pedagógico (PPP) do curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), bem como comparação com o Plano Político Pedagógico do curso de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (UFESP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sendo duas dentre as melhores Universidades do Brasil segundo o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE).

Segundo o PPP da UNEMAT, o modelo pedagógico do curso de Bacharel em Enfermagem propõe-se práticas pedagógicas críticas que buscam a formação de um profissional consciente e crítico, capacitado a atuar com senso crítico-reflexivo, com responsabilidade social de agente de promoção de saúde desenvolvendo a ciência de cuidar, devendo comprometer-se crítica, social e eticamente com o sistema de saúde e comunidade. Explicita ainda, a necessidade de constante revisão e desenvolvimento de uma postura pedagógica desafiadora, discutindo a educação numa visão contextualizada, buscando formar o cidadão para viver o seu tempo de maneira crítica/ reflexiva e o mais humana possível.

(45)

Segundo o PPP as ciências humanas e sociológicas contabilizam 270 horas das 3.840 totais do curso, porém não definem quais matérias entram nesse eixo temático, sendo que as que mais se encaixam no eixo são: Sociologia aplicada à Saúde e Psicologia Aplicada ao Processo Saúde Doença que juntas somam 90 horas na matriz antiga e 120 horas na nova.

O PPP da UFMG também apresenta o mesmo caráter de transformação constante, e tem o principio de integralidade como fundamento. Tem duração de quatro anos e meio e é dividido em Bacharelado com aulas apenas em período matutino, e Licenciatura/Bacharelado com aulas no período vespertino e matutino. Defende que o enfermeiro deve ter formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, pautadas em princípios éticos, capazes de atuar com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania e promotor da saúde integral do ser humano. Dentre às 3.585 horas totais do curso 105 se direcionam as ciências humanas que compreendem três disciplinas: Antropologia Filosófica, Introdução à Sociologia e Psicologia Aplicada à Saúde. Tem como sistema de avaliação o rendimento escolar verificado por disciplina, abrangendo os aspectos de assiduidade e aproveitamento, sendo que a apuração do resultado em cada disciplina é realizada por meio de pontos cumulativos, no total de 100 pontos para cada disciplina.

Já o PPP da UNIFESP define o enfermeiro como um profissional de postura transformadora em qualquer nível de desenvolvimento dos programas de saúde, atendendo aos princípios que norteiam o sistema de saúde vigente no país, com profissionalismo, humanismo e competência, com formação generalista, preparado para coordenar de forma ética o processo de trabalho e a equipe de enfermagem e cuidar das pessoas por meio de intervenções de alcance individual e coletivo, através de analise crítica, entendendo seu papel social como cidadão e membro da sociedade. A aprovação ocorre seguindo-se os critérios que levam em conta uma frequência mínima e aproveitamento escolar, por meio de uma nota final. As matérias que se encaixam no eixo das ciências humanas que completam 102 horas são: Fundamento, Métodos e Técnicas da Pesquisa Científica, Filosofia, Psicologia Aplicada à Saúde.

(46)

acordo com essa diretriz, notando-se que aparecem muito mais vezes a visão crítica no PPP da UNEMAT do que as demais instituições, demonstrando que a instituição está se preocupando muito com essa nova forma de ensinar enfermagem. Em relação ao método de avaliação a UNEMAT é a única que utiliza a metodologia de problematização, porém na prática utiliza os mesmos mecanismos de avaliação que as demais instituições.

O Plano Pedagógico da UNEMAT é o único que não específica em qual eixo temático a disciplina pertence. A UNEMAT e a UFMG tem em sua matriz curricular a disciplina Sociologia, porém a UNIFESP, instituição mais antiga, não possui essa disciplina. Em relação às disciplinas humanas a instituição que mais se destaca é a UFMG que além de ter a disciplina Sociologia tem Psicologia e Antropologia Filosófica, sendo que a UNEMAT só possui Psicologia e Sociologia, sendo uma das reclamações dos acadêmicos a não contemplação da antropologia:

“[...] E um conteúdo que poderia ser mais discutido seria sobre antropologia.” (A38)

“Antropologia [...]” (A42)

Em relação à importância do Plano Político Pedagógico, que dá base metodológica para a instituição e preconiza um ensino voltado para uma visão crítica os acadêmicos disseram:

“Considero de suma importância conhecer as ementas, o plano de ensino e o referencial bibliográfico, para que possa aprofundar meus conhecimentos.” (A42)

“Pois acho interessante saber se o plano de ensino está coerente com os ementários das disciplinas.” (A28)

“Para ficar informada sobre quais assuntos serão abordados pelos professores e também sobre o modo de avaliação dos mesmos.” (A44)

Percebe-se que a maioria dos acadêmicos não sabe da importância do Plano Político Pedagógico já que dos 45 alunos entrevistado apenas 05 o leram, os demais muitas vezes nem sabiam o que era o PPP. Os que o consideravam importante geralmente relacionavam com as ementas e referencial bibliográfico.

Esse conhecimento deficiente sobre o Plano Político Pedagógico se deve em parte pela não disseminação da instituição da sua importância, o que deve ser revisto.

(47)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância da sociologia para enfermagem não se restringe apenas a determinação dos fatores sociais que interferem no processo saúde/doença, abrange aspectos bem mais amplos: Identifica através de seus estudos o papel do enfermeiro dentro da sociedade como um agente da saúde que pode promover, proteger e recuperar a saúde dos indivíduos e da comunidade, através da prática do cuidado, do estudo contínuo das patologias e das relações com a sociedade, e da promoção de saberes relacionados á profissão através de produção científica e educação em saúde que deve ser fornecida à população; estuda a dinâmica da relação entre enfermeiros, pacientes e outros profissionais da saúde, hierarquização e relações de poder dentro do espaço hospitalar; auxilia na produção de conhecimento científico, aprimorando a Enfermagem enquanto ciência através da interdisciplinaridade; demonstra como a sociedade se estrutura, e principalmente, a saúde, podendo auxiliar o profissional a entender os problemas estruturantes, administrativos e organizacionais do setor saúde; explica os fatores que determinam a imagem do Enfermeiro perante a sociedade desenvolvida historicamente e que está em constante transformação; fornece visão crítica em relação à sociedade, às políticas de saúde, à profissão, auxiliando a enfermagem a se engajar politicamente, ao ato de cuidar dentre outros temas importantes para profissão formando um agente social capaz de transformar a realidade da saúde de forma crítica e reflexiva.

Nota-se um desenvolvimento em relação à fase de implantação da disciplina, já que atualmente não se discute mais sua relevância para a formação de um profissional da saúde. Esse desenvolvimento é fruto direto das reformas que aconteceram no ensino de enfermagem no Brasil, o que nos fez visualizar a importância do Plano Político Pedagógico estar mais interessado em formar um cidadão crítico, do que um profissional a ser entregue ao mercado de trabalho para colaborar com a produção capitalista. É de suma importância que o enfermeiro saiba que não é uma “engrenagem” da sociedade capitalista, mas um agente social que busca a saúde da população, que trabalha para exercer o melhor cuidado de forma crítica e reflexiva, para entender não só sua profissão, mas a sociedade como um todo podendo transformá-la para melhor.

(48)

relação entre as ciências humanas e sociais e a enfermagem, o que é demonstrada a partir do estudo realizado.

A insatisfação de alguns acadêmicos ao descrever a sociologia como uma disciplina que não abrange o contexto da saúde vai muito além de dificuldades didáticas do professor de sociologia, mas da postura de alguns acadêmicos que foram condicionados desde sua formação básica a desvalorizar as humanidades como sub-disciplinas que não auxiliam em sua busca por um lugar no mercado de trabalho. Essa visão está diretamente relacionada com o modo de produção capitalista de nosso país que prepara os alunos desde a formação básica para o mercado de forma acrítica, fruto de um histórico de dominação do conhecimento que encaram o ensino como uma forma de preparação de mão de obra e não para formação de um indivíduo pensante e ativo na sociedade. Isto, sem dúvida, é reflexo de uma história de subordinação em que desde os primórdios da humanidade, o conhecimento era restrito as classes dominantes já que propiciava a reflexão crítica, uma arma que poderia desestabilizar toda a estrutura social com a tomada de consciência por parte das demais classes de que as coisas poderiam ser diferentes.

Percebe-se que o pensamento positivista-cartesiano está presente no ensino da enfermagem em que se mantêm a visão restrita de que tudo está em ordem ou tende para a melhoria, em confronto com a idéia histórico-crítica de que tudo que é histórico é relativo e pode ser alterado, que condiz mais com os ideários propostos nas diretrizes curriculares nacionais do curso de enfermagem que tem o objetivo de forma um enfermeiro atuante de maneira crítica-reflexiva. Esse paradoxo entre teoria e prática pode ser observado pela maneira prática como o ensino é encarado por alunos que valorizam muito mais as matérias voltadas para a prática hospitalar como Processo de Cuidar, e não percebem a importância das humanidades.

(49)

Um primeiro passo para essa mudança seria as universidades divulgarem a importância dos planos políticos pedagógicos e incentivarem os alunos a lê-los como o fazem com os ementários das disciplinas. Outra medida seria o aumento da carga horária das humanidades, e no que se refere à UNEMAT, a inserção da disciplina Antropologia, apontada pelos acadêmicos como de suma importância para a enfermagem já que é uma profissão que lida diretamente com pessoas. A partir da constatação de que os acadêmicos começam a ter noção da importância da sociologia a partir do quinto semestre, seria interessante se houvesse nesse semestre uma disciplina como a antropologia após a introdução sociológica fornecida no primeiro semestre do curso, pois, a prática de relativizar da antropologia pode contribuir para os profissionais da área da saúde abordando um ponto interessante que é processo saúde/doença sob a ótica cultural. Além do que as noções de alteridade se fazem necessárias na relação do agente de saúde e os demais atores sociais.

(50)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AMORIM, Rita da Cruz; OLIVEIRA, Eleonora Menicucci. O ensino e práticas de cuidado: o caso de um curso de graduação em enfermagem. Acta Paul Enferm 2005; 18(1):25-30.

BARROS, Nelson Filice; NUNES, Everardo Duarte. Sociologia, medicina e a construção da sociologia da saúde. Rev Saúde Pública 2009; 43(1):169-75.

CAMPOS, Reginaldo Zaccara; NUNES, Everardo Duarte. O ensino das ciências sociais nas escolas profissionais da área da saúde no Brasil. Rev. saúde pública São Paulo, 10:383-90, 1976.

CHIRELLI, Mara Quaglio. O Processo de Formação do Enfermeiro Crítico - Reflexivo na Visão dos Alunos do Curso de Enfermagem da FAMEMA. Ribeirão Preto, 2002. Tese de Doutorado, apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Orientar: Mishima, Silvana Martins.

COCOO, Maria Ines Monteiro. A ideologia do enfermeiro: pratica educativa em saúde coletiva. Dissertação apresentada a Universidade Estadual de Campinas da faculdade de educação, 1991. Biblioteca digital da UNICAMP, disposto no site http://libdigi.unicamp.br, acessado dia 26 de abril de 2010 as 17:00 h.

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Departamento de Enfermagem. Projeto Pedagógico: Carga Horária 3840 h. Universidade do Estado de Mato Grosso. Tangará da Serra, 2008.

Departamento de Enfermagem. Projeto Político-Pedagógico: Carga Horária 4395 h. Universidade do Estado de Mato Grosso. Tangará da Serra, 2010.

DURKHEIM, Émile, 1858-1917. As regras do método sociológico; tradução Paulo Neves; revisão da tradução Eduardo Brandão. - 3ª ed. - São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA QUANTO À GÊNERO
FIGURA 2 – DISTRIBUIÇÃO ACADÊMICA POR FAIXA ETÁRIA
FIGURA 3  - DISTRIBUIÇÃO  ACADÊMICA  QUANTO  Á  ESCOLARIDADE
FIGURA 4 – DISTRIBUIÇÃO  ACADÊMICA  QUANTO À RELIGIOSIDADE
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