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Rev. Bras. Reumatol. vol.57 número1

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Academic year: 2018

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ww w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r

REVISTA

BRASILEIRA

DE

REUMATOLOGIA

Artigo

original

Prevalência

e

impacto

nas

atividades

diárias

da

dor

musculoesquelética

idiopática

em

crianc¸as

da

Índia

Ganesh

Kumar,

Amieleena

Chhabra,

Vivek

Dewan

e

Tribhuvan

Pal

Yadav

Dr.RamManoharLohiaHospitalandPostGraduateInstituteofMedicalEducationandResearch,DepartamentofPediatrics,NovaDelhi, Índia

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem1deagostode2014 Aceitoem1demarçode2015

On-lineem18dejulhode2015

Palavras-chave:

Dormusculoesqueléticaidiopática Prevalência

Impacto

r

e

s

u

m

o

Objetivos:Estudaraprevalênciadedormusculoesqueléticaidiopática(DMEI)emcrianc¸as emidadeescolareseuimpactonasatividadesdiárias.

Métodos:Foramavaliadaseanalisadas1.018crianc¸asemidadeescolaraparentemente sau-dáveisentrecincoe16anosquantoàpresenc¸adeDMEIeseusproblemasassociados.Foram aplicadosostestesdesignificânciapadrão.

Resultados:RelataramDMEI165(16,2%)crianc¸as,emsuamaiorpartedosexomasculino (55,2%). Osmembrosinferiores(52,1%)foramalocalizac¸ãomaiscomumdador. A histó-riadedorpresentehaviamaisdeumanofoiencontradaem15%dascrianc¸as;37%delas queixaram-sededesconfortoduranteacaminhada,30,9%,tinhamdorduranteo exercí-ciofísico,29,2%tinhamdificuldadedefrequentarasaulase4,2%sofriaminterferênciana participac¸ãoempassatempos.Ascrianc¸asforamaindasubagrupadasempré-adolescentese adolescentes.Houvediferenc¸aestatisticamentesignificativanadurac¸ãodadorenadurac¸ão decadaepisódiodedornosdoisgrupos(p=0,01).Umaquantidadesignificativadecrianc¸as comDMEI(21,2%)relatouabsentismoescolar(p<0,001). Umaquantidadesignificativade adolescentestinhahistóriapositivadepráticadeesportesdecontato(p=0,001).Os distúr-biosdosonotambémforamrelatadoscomomaioresemcrianc¸ascomDMEI(29%vs.5,7%, p=0,001).Outrosproblemasassociadosencontradosemcrianc¸ascomDMEIforamocansac¸o duranteodia(51,1%),acefaleia(47,3%)eadorabdominal(24,8%).

Conclusões:AprevalênciadeDMEIencontradaemcrianc¸asentrecincoe16anosfoide16,2%. Umapercentagemsignificativadessascrianc¸asrelatainterferêncianasatividadesdiárias, incluindoabsentismoescolar.

©2015ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCC BY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Autorparacorrespondência.

E-mail:tribhuvanpal@gmail.com(T.P.Yadav).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2015.03.005

(2)

Idiopathic

musculoskeletal

pain

in

Indian

Children–Prevalence

and

impact

on

daily

routine

Keywords:

Idiopathicmusculoskeletalpain Prevalence

Impact

a

b

s

t

r

a

c

t

Objectives:Tostudytheprevalenceofidiopathicmusculoskeletalpain(IMSP)inschoolgoing childrenanditsimpactondailylife.

Methods: Onethousandeighteenapparentlyhealthyschoolchildrenaged5-16yearswere assessedandanalysedforIMSPanditsassociatedproblems.Standardtestsforsignificance wereapplied.

Results: Onehundredandsixtyfive(16.2%)childrenmostlymales(55.2%)reportedIMSP. Lowerlimbs(52.1%)werethemostcommonlocationofpain.Morethan1yearofpain his-torywaspresentin15%.Thirtysevenpercentchildrencomplainedofdiscomfortduring walking,30.9%,hadpainduringphysicalexercise,29.2%haddifficultyattendinglessons and4.2%hadinterferenceinpursuinghobbies.Thechildrenwerealsofurthersub grou-pedintopreadolescentsandadolescents.Therewassignificantdifferenceinpainduration anddurationofeachpainepisodeinthetwogroups (p=0.01).Asignificant numberof children(21.2%)withIMSPreportedschoolabsenteeism(p<0.001).Asignificantnumberof adolescentshadhistorypositiveforcontactsports(p=0.001).Sleepdisturbanceswerealso reportedtobehigherinchildrenwithIMSP(29%vs.5.7%,p=0.001).Otherassociated pro-blemsinchildrenwithIMSPfoundweredaytimetiredness(51.1%),headache(47.3%)and abdominalpain(24.8%).

Conclusions: PrevalenceofIMSPinschoolchildrenaged5-16yrswasfoundtobe16.2% andasignificantpercentageofthesechildrenexperienceinterferencewithdailyactivities includingschoolabsenteeism.

©2015ElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-ND license(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

Entreascrianc¸ascomdormusculoesquelética(DME)crônica,a dorsemcausaidentificávelempontosapendicularesouaxiais docorpoconstituiumaproporc¸ãosignificativa(5%a15%)eé chamadadedormusculoesqueléticaidiopática(DMEI).1

Diver-sosautoresconsideramapresenc¸adedurac¸ão(<seissemanas atrêsmeses)efrequência(umaatrêsvezes/semana)variáveis paradefiniraDMEI.2,3

Emboraconsideradabenigna,principalmentenaliteratura ocidental,relata-sequeaDMEItemumefeitosignificativonas atividadesdiárias,noaspectopsicossocialenaqualidadede vidarelacionadacomasaúde.4-8

ADMEItemsidoumaáreanegligenciadadepesquisana Índiaeháescassezdedadossobreseusdiversosaspectos, incluindosuaprevalência.

Fez-seesteestudocomoobjetivoprincipaldedeterminara prevalênciadedormusculoesqueléticaidiopáticaemcrianc¸as emidadeescolarecomoobjetivosecundáriodedeterminar seuimpactonasatividadesdiáriasdessascrianc¸as.

Materiais

e

métodos

Desenhodoestudo

Estudotransversal.

Durac¸ãodoestudo

Demarc¸ode2010adezembrode2011.

Cálculodotamanhodaamostra

Otamanhodaamostrafoicalculadoconsiderandoa prevalên-ciamédiadeDMEIcomo10%,umerro␣de2%eumintervalo

deconfianc¸ade95%.Chegou-seaovalorde864pacientesa seremincluídosnoestudo.

Entradanoestudoecoletadedados

Paraopropósitodesteestudo,foramconsideradoscomoDMEI quaisquer dores musculoesqueléticas axiais/apendiculares queperduram por≥seis semanasedefrequênciade pelo menosumavez/semana,semcausaidentificávelnahistória detalhadaenoexameclínico.

(3)

Tabela1–Perfildecrianc¸ascomesemDMEI

SemDMEI(N=853) DMEI(N=165) p

Média± SD Min-Max IC95% Média± SD Min-Max IC95%

Idade(anos) 11,43± 3,177 5-16 11,21-11,64 11,04± 3,013 5-16 10,57-11,50 0,389 Altura(cm) 140,95± 18,072 96-187 139,7-142,17 140,61± 16,068 112-173 138,1-143,0 0,805 Peso(kg) 39,83± 13,540 16-66 38,92-40,74 35,72± 12,477 17-68 33,80-37,63 <,0,001 IMC(kg/m2) 19,37± 3,22 10,2-31,72 19,15-19,58 17,55± 3,37 9,36-31,22 17,03-18,07 <,0,001

anoiteemdecorrênciadador)eabsenteísmo escolar (defi-nidocomofaltaremmaisde10%dasaulas). Asinformac¸ões obtidasforamconfirmadascomospais.

Osdistúrbiosdosonoforamavaliadospormeiodaescala de distúrbios do sono para crianc¸as.9,10 Todas as crianc¸as

foramperguntadasquantoàparticipac¸ãoemesportesde con-tato, como futebol, luta livre, kabaddi, artes marciais etc. Sereferissemparticipac¸ão,entãoeramsolicitadosotipoea frequênciadaatividadedesempenhada. Outrasinformac¸ões registradas para cada caso foram: escolaridade dos pais, ocupac¸ãodospais,condic¸ãosocioeconômica,11história

fami-liardeDME,idade(emanos),sexo,estatura(emcm),peso(em quilogramas)ehipermobilidade dasarticulac¸ões, conforme critériosdeBeightons.12

Foifeitoumexameclínicoparadeterminarcausas específi-cas,comoartrite,miosite,doresdecrescimento,fibromialgia, distrofiamuscularreflexa,trauma,doenc¸asdotecido conjun-tivoeosteocondrite.Ascrianc¸ascomsuspeitadeapresentar algumadessascausasconhecidaseramencaminhadaspara umaavaliac¸ãomaisaprofundadaeexcluídasdoestudo. Tam-bémforamexcluídasascrianc¸ascomdormusculoesquelética quetinham evidência clínicade doenc¸as sistêmicas crôni-cas, como tuberculose, doenc¸a cardíaca, doenc¸a renal, má absorc¸ão etc., e aquelas que tinham tomado vitamina D, suplementosdecálcio,esteroidesouanticonvulsivantesnos últimosseismeses.

OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticadainstituic¸ão.

Análiseestatística

Asvariáveiscontínuasforamapresentadascomoamédia±DP easvariáveiscategóricasforamapresentadascomonúmeros absolutosepercentuais. Acomparac¸ãodas variáveis contí-nuascomdistribuic¸ãonormalentreosgruposfoifeitacom otestetdeStudent.Osdadoscategóricosnominaisentreos gruposforamcomparadospelotestedequi-quadradoouteste exatodeFisher,conformeapropriado.Paratodosostestes,foi consideradoumvalordep<0,05comoestatisticamente sig-nificativo. AanáliseestatísticafoifeitacomoprogramaSPSS paraWindows,versão17.0(SPSS,Chicago,Illinois).

Resultados

Foramavaliadas1.026crianc¸asemidadeescolarentrecinco e16anosàprocuradedormusculoesquelética. Dessas,oito foram excluídas (uma por artrite, uma por miosite, uma porosteocondriteecincopordormusculoesqueléticahavia menosdeseissemanas). As1.018crianc¸asemidadeescolar

restantesforamincluídasnaanálisefinal. Dessas,165(16,2%) tinhamDMEI,commédiadeidadede11,04(±3,01)anos;91 (55,2%) eram dosexomasculino e 74 (44,8%)dofeminino. Amédiadeidade,peso,alturaeIMCdascrianc¸ascomesem DMEIestárepresentadanatabela1.

Amaiorparte(38,2%)doscasosocorreuemcrianc¸asentre 13e16anos,33,9%tinhamentrenovee12anose27,9% ocor-reramentreoscincoeosoitoanos.

OsmembrosinferioresforamolocalmaiscomumdeDMEI (52,1%),seguidosdomembrosuperior(31,5%),pescoc¸o(29,1%), daregiãolombar(26,7%),torácica(17,6%)epartesuperiordas costas (10,9%). Adorem múltiplos locais(54,5%)era mais comumdoqueemumúnicolocal(45,5%).

Ahistóriadadorhaviadeseismesesaumanoemaisdeum anoestavapresenteem15%dascrianc¸as,28,5%nosúltimos três aseis mesese41,2%haviaseissemanasatrêsmeses. Ahistóriadadurac¸ãodadorfoisemelhanteemmeninose meninas(p=0,436).

Dos casos, 40% doscasostinham episódios de dorcom durac¸ão superior a 30 minutos, enquanto 60% tinham dor comdurac¸ãoinferiora30minutos.Nãohouvediferenc¸a esta-tisticamente significativa na durac¸ão dos episódios de dor entremeninosemeninasetambémentrepré-adolescentes eadolescentes(p=0,430,p=0,130).

Episódios de dor quasediários, dois a quatro episódios dedorporsemana,umatrêsepisódiosporsemanaeuma vezporsemanaforamencontradosem28,4%,23,1%,25,4% e23,1%,respectivamente. Adiferenc¸anafrequênciadedor entremeninosemeninasnãofoisignificativa(p=0,869).

Dividiram-se as crianc¸as com DMEI em dois grupos para análise adicional – crianc¸as com menos de 10 anos (pré-adolescentes)emaisde10anos(adolescentes).Os ado-lescentestiveramumadurac¸ãomaislongadahistóriadador. Amaiorpartedosadolescentestinhaumhistóricodedorde durac¸ãosuperioratrêsmeses,enquanto amaiorpartedos pré-adolescentestevedurac¸ãodadorinferioratrêsmeses.Do mesmomodo,afrequênciadedorfoimaioremadolescentes, emboraadiferenc¸anãotenhasidoestatisticamente signifi-cativa. Osepisódiosdedortendemadurarmaistempoem adolescentesemcomparac¸ãocom ospré-adolescentes.Um número significativamente maiordeadolescentes queixou--sededorintensa,emcomparac¸ãocomospré-adolescentes (13,7%vs.1,3%p<0,01)(tabela2).

Osmembrosinferioresforamolocaldedormaiscomum em adolescentes (44,3%), em comparac¸ão com os pré--adolescentes(29,9%).

(4)

Tabela2–Descric¸ãodadoremcrianc¸aseadolescentes

Descric¸ãodador Total <10anos N=77

>10anos N=88

p

Durac¸ãodador

>1ano 25(15,1) 6(7,8) 19(21,6) 0,010

6meses-1ano 25(15,1) 9(11,7) 16(18,1) 0,010

3-6meses 44(26,6) 20(26) 24(27,3) 0,004

6meses-3semanas 71(43,2) 42(54,5) 29(33) 0,017

Frequênciadador

Quasediária 47(28,4) 22(28,6) 25(28,4) 0,303

1vez/semana 38(23,1) 15(19,5) 23(26,2) 0,300

1-2vezes/semana 42(25,4) 24(31,2) 18(20,4) 0,308

2-4vezes/semana 38(23,1) 16(20,7) 22(25) 0,101

Durac¸ãodador

<30min 100(60) 45(58,4) 55(62,5) 0,011

>30min 65(40) 32(41,6) 33(37,5) 0,061

Descric¸ãodador

Leve 90(54,6) 53(68,8) 37(42) 0,053

Moderada 62(37,6) 23(29,9) 39(44,3) 0,071

Intensa 13(7,8) 1(1,3) 12(13,7) 0,001

dor. Noentanto,não houvediferenc¸a estatisticamente

sig-nificativa quando as dificuldades foram comparadas entre

pré-adolescenteseadolescentes(tabela3).

Osdistúrbios dosono, cefaleia, dorabdominal, cansac¸o durante o diae sentir-setriste foram observadosem uma quantidade estatisticamente significativa de crianc¸as com DMEI,emcomparac¸ãocomaquelassemDMEI.Noentanto, acomparac¸ãodeocorrênciadessasqueixasassociadasentre pré-adolescentes e adolescentes não apresentou diferenc¸a estatisticamentesignificativa(tabela4).

Dascrianc¸ascomDMEI,21,2%relataramabsentismo esco-lar,emcomparac¸ãocom2%naquelassemDMEI.Adiferenc¸a foi estatisticamente significativa (p≤0,0001). No entanto, encontrou-sequeoabsentismoescolarfoisemelhanteentre pré-adolescenteseadolescentes(p=0,852).

Ahistóriadapráticadeesportesdecontatoestavapresente emumaquantidadesignificativa(p<0,001)decrianc¸ascom DMEI(55,2%),emcomparac¸ãocomcrianc¸assemDMEI(29,7%). Adurac¸ãorelatadadapráticaesportivafoide30minutosa umahora. Ascrianc¸ascostumavampraticaressesesportes deumaacincovezesporsemana,comumamédiadetrês vezesporsemana.Houvetambémumaquantidade signifi-cativamentemaiorde adolescentescomhistóriadeprática

de esportesde contato (69,3%vs. 38,9% p=0,001); 33% das crianc¸as jogavamfutebol,20,9% praticavamkabaddi, 20,9% lutalivre,14,3%estavamenvolvidasnoboxe,enquanto11% praticavamartesmarciais. Nãohouvediferenc¸a estatistica-mentesignificativanadurac¸ãoda atividadedesempenhada emcada grupo(crianc¸ascomesemDMEI)(p=0,50). Entre-tanto, houve uma diferenc¸a estatisticamente significativa no númerode vezesnasemana emquesedesempenhava a atividade nesses dois grupos (p=0,007). Na análisemais aprofundada da história de esportes de contato em pré--adolescentes eadolescentes, nãofoi encontradadiferenc¸a estatisticamentesignificativaentreosdoisgruposnadurac¸ão efrequênciadosesportespraticados(p=0,165,p=0,162).

Osdistúrbiosdosonoforamavaliadospormeiodaescala dedistúrbiosdosonoparacrianc¸as.Houvediferenc¸a estatisti-camentesignificativanoescoremédionascrianc¸ascomesem DMEI(média±DPvariac¸ão,38,29±9,61,7-56vs.23,18±7,13, 8-38,p<0,001).Osdistúrbiosmaiscomumenteobservadosem crianc¸ascomDMEIforamosdistúrbiosparainiciaremanter osonoeosdistúrbiosdetransic¸ãosono-vigília.

Foi encontrada hipermobilidade em21,8% dos casos de DMEI,emcomparac¸ãocom17,8%sem,masadiferenc¸anãofoi estatisticamentesignificativa(p=0,226).Adiferenc¸aentrea

Tabela3–ImpactodaDMEInasatividadesdiáriasentreadolescentes(>10anos)epré-adolescentes(<10anos)

Atividade N(%)

Crianc¸ascomDMEI

<10anos >10anos p

Dificuldadedesentar-sedurante asaulas

49(29,2)

22(28,6) 27(30,7) 0,767

Dorduranteacaminhada 66(37,5)

34(44,2) 32(36,4) 0,308

Dorduranteoexercíciofísico 51(30,9)

20(29,9) 31(35,2) 0,464

Interferênciaempassatempos 7(4,2)

(5)

Tabela4–Comparac¸ãodosproblemasassociadosemcrianc¸ascomesemDMEI

Queixa SemDMEI(N=853) DMEI(n=165) p DMEI (N=165)

p

N◦(%) N(%) <10anos >10anos

Cefaleia 93(10,9) 78(47,3) <,0,0001 31(40,3) 47(53,4) 0,091 Dorabdominal 46(5,4) 41(24,8) <,0,0001 15(19,4) 26(29,5) 0,141 Sentir-setriste 60(7) 74(45) <,0,0001 34(44,2) 40(45,5) 0,867 Cansac¸oduranteodia 75(9) 85(51,5) <,0,0001 35(45,5) 50(56,8) 0,145 Distúrbiosdosono 49(5,7) 48(29) <,0,0001 12(15,5) 36(40,9) 0,002 Absentismoescolar 17(2) 35(21,2) <,0,0001 15(19,4) 20(19,3) 0,852 Hipermobilidade 152(17,8) 36(21,8) 0,226 16(20,7) 26(29,5) 0,31 Esportesdecontato 253(29,7) 91(55,2) <,0,001 30(38,9) 61(69,3) 0,001

ocorrênciadehipermobilidadeempré-adolescentese adoles-centestambémnãofoiestatisticamentesignificativa(p=0,31).

Quasemetade(50,2%)dascrianc¸ascomDMEIpertenciaà

classesocioeconômicabaixa,31,5%pertenciamàclassemédia e16,7%àclassealta.ADMEIocorreuemfrequência

significa-tivamente maiornaclasse socioeconômicamaisbaixa,em

comparac¸ãocomasclassesaltaemédia(p=0,032,p=0,004). ADMEIfoisignificativamentemaisprevalentenascrianc¸as commenorescolaridadematerna(73,3%vs.26,7%p<0,0001),

enquanto a condic¸ão de escolaridade do pai não

apresen-toudiferenc¸aestatisticamentesignificativa(53,3%vs.46,7% p=0,226).

Emcrianc¸ascomDMEI,aocorrênciadehistóriadedoresno corpoemambosospaisfoisignificativamentemaiornospais decrianc¸ascomDMEIdoquenosdecrianc¸assemDMEI(pai3%

vs.0,6%p<0,0001;mãe23,6%vs.3,8%p<0,004).Uma quanti-dadesignificativadepaisdeadolescentesrevelouumahistória

dedoresnocorpo,emcomparac¸ãocomospré-adolescentes

(43,2%vs.13%,p=0,001).

Discussão

Amaiorpartedascrianc¸ascomDMEIestavanafaixados13 aos16anos(38,2%),seguidapelasfaixasdenovea12anose

cincoaoitoanos. Nosubagrupamentoemqueascrianc¸as

foram classificadas como adolescentes e pré-adolescentes,

55,3%eram adolescentes.Estudosanteriorestambém

mos-traramumamaiorprevalênciacomoaumentodaidadeea

DMEIfoimaiscomumnafaixaetáriaadolescente.4,5 Omotivo

damaiorprevalênciaemadolescentespoderiaseroaumento da atividade edos estressorescom aprogressão da idade. Outrosfatoresqueinfluenciampoderiamseraorganizac¸ão dosservic¸osde saúde, aeconomia, asdiferenc¸as culturais oualgunsoutrosfatoresdesconhecidos.13,14 Contudo,arazão

exataportrásdetaltendêncianãoéconhecida.

Ascrianc¸ascomDMEItinhamumIMCmenoremnosso estudo,o que é contrárioàs conclusões de Stovitz et al.15

Essesautoresencontraramqueadorestámaisassociadaa crianc¸asobesaseacimadopeso. Noentanto,algunsestudos nãoencontraramessaassociac¸ão.16Oporquêdeascrianc¸as

comumIMCbaixoteremumamaiorincidênciadesíndromes dolorosaspodeserumassuntoquerequerinvestigac¸ão.

A leve predominância do sexo masculino (55,2%) deste estudo é semelhante a um estudo com adolescentes

americanas,17 masdiscordadeoutrostrabalhos.

Hipotetiza--se que essa predominância seja decorrente de fatores genéticos,hormonaiseambientais.7,18,19 Noentanto,Zapata

etal.relataramemseuestudoqueadormusculoesquelética nãotem predilec¸ãoporgêneroemadolescentes.20 Arazão

exatadadisparidadedegêneronoscasoscomDMEInos dife-rentesestudosnãofoielucidada.

O local mais comum de DMEI foi nos membros inferi-ores(52,1%), seguidopelos membrossuperiores (31,5%).Os membrosinferiorestambémforamolocalmaiscomumem adolescentes (44,3%).Issoconcordacom estudosanteriores relacionadoscomadormusculoesqueléticaidiopáticafeitos porDeInocencioetal.4ePaladinoetal.18Poroutrolado,em

seuestudocomadolescentes,Zapataetal.relataramqueo localmaiscomumeraaparteinferiordascostas.20Amaior

incidênciadedornosmembrosinferiorespoderiaser decor-rente doaumentona atividade físicacom aprogressão da idade.

Nopresenteestudo,56,8%dascrianc¸astiveramdor persis-tentepormaisdetrêsmesese43,2%tinhamhistóriadedor deseissemanasatrêsmeses.Emumaanálisemais aprofun-dadadadorempré-adolescenteseadolescentesdetectou-se que21,6%dosadolescentesqueixavam-sededorhaviamais de um ano, enquanto a maior parte dos pré-adolescentes (54,5%)tinhamdorcom durac¸ãoinferioratrêsmeses;82% dascrianc¸ascomdormusculoesqueléticaidiopáticativeram maisdeumepisódiodedorporsemanaeasrestantes tive-rampelomenosumepisódiodedorporsemana.Issoestá de acordo com estudos anteriores feitos por Konijnenberg et al.5 eEl-Metwally et al.7 Episódiosde dordiários foram

observadosem28,4%dascrianc¸as(tantoadolescentesquanto pré-adolescentes) nopresente estudo.Esse número émais elevadodoqueoencontradoemestudosanteriores.18,19

Adorsentidaduranteacaminhadafoioproblema associ-adomaisprevalente,presenteem44,2%dospré-adolescentes e36,4%dosadolescentes. Umpoucomaisdeumterc¸odos indivíduostambémrelatoudificuldadeemsentar-sedurante asaulaseinterferênciaempassatempos,oquepodeafetara atenc¸ãoeconcentrac¸ãoelevar,assim,aumadeteriorac¸ãono desempenhoescolar.

(6)

para descric¸ão da dor, já que elas são apropriadas para crianc¸asacimadequatroanoseproporcionamuma aborda-gemconfiáveleválidaparamensurarador.7

Associac¸õescomo cansac¸o durante o dia, distúrbios do sono esensac¸ãode tristeza foram significativamente mais comuns em crianc¸as com DMEI (p≤0,001). No entanto, quandoessesforamcomparadosentreospré-adolescentese adolescentes,umamaiorquantidadedeadolescentesrelatou cansac¸odurante odia(56,8%)edistúrbiosdosono(40,9%). Essa diferenc¸a não foi estatisticamente significativa. Essas associac¸õespodemnãosó diminuiraprodutividadenestes adultosjovenscomoatémesmoafetarváriasáreasdavida. Estudospréviostambémrelataramassociac¸õessimilarescom ador. Poroutrolado,asmudanc¸asdehumoredistúrbiosdo sonopodeminfluenciarnasmodulac¸õesdadoreresultarem umcicloviciosodedorcrônica.3,13Oestressepsicológicopode

amplificaraassociac¸ãoentredoresono.Aassociac¸ãocom sentimentodetristeza,estresseedistúrbiosdosono provavel-menteémaisforteemadolescentesqueaindadesenvolvema suacapacidadederegularasemoc¸ões,aatenc¸ãoearesposta emocionalaoestresse.21

Outras dores, como a cefaleia e a dor abdominal, esti-veram significativamente associadas à DMEI. No entanto, nãohouvediferenc¸aestatisticamentesignificativaentre pré--adolescenteseadolescentescomDMEI.Nãoforamanalisadas essas síndromesdolorosasassociadas/estressores em deta-lhes nas crianc¸as estudadas; contudo, sabe-se de estudos anterioresqueascrianc¸ascomsíndromesdedoridiopática têmoutrasdoressomáticas.3,8

Encontrou-seumaelevac¸ãoestatisticamentesignificativa noabsentismoescolaremtodasascrianc¸ascomDMEI,oque concordacom estudosanteriores.2,22 Isso provavelmenteé

decorrentedosdistúrbiosdosonoedadificuldadedesentar-se pelaslesõesdecorrentesdador,oqueresultaemdeteriorac¸ão nodesempenhoescolareemtaxasmaiselevadasde absen-tismoescolar.

Semelhantemente a estudos anteriores,23,24 a história

positiva de prática de esportes de contato foi significa-tivamente maior em crianc¸as com DMEI (p<0,001). Uma quantidadetambémsignificativamente maiorde adolescen-tespraticavaesportesdecontato(p<0,001). Oenvolvimento emesportesdecontatopodeaumentaraschancesdelesões levese,talvez,aschancesdeDME.

Nesteestudo,nãohouveassociac¸ãosignificativaentrea DMEIe o testede hipermobilidade positivo, o queestá de acordocomestudosanteriores,7,25 enquantoalgunsestudos

têm mostrado uma correlac¸ão positiva.19,26 Essa

dispari-dadeentreosdiferentesestudosjustifica anecessidadede mais estudosmaiores para determinar se essa associac¸ão existe.

Nesteestudo,encontrou-sequeaDMEIémaisprevalente nogruposocioeconômicomaisbaixo,naquelescom menor escolaridade materna enas crianc¸as com história familiar positivadedoresnocorpo,oqueestádeacordocomestudos anteriores.24,25 Atransmissãofamiliardadorpoderiaocorrer

porfatoresbiológicose/oupsicológicos.Alémdisso,algumas famíliaspodemterumatendênciadeexpressarsentimentos pormeiodesintomassomáticos;assim,ador musculoesque-léticapoderiaserumaexpressãodeestresseemocionalem crianc¸assuscetíveis.20,27

Umavezqueosdadosdesteestudoforamcoletadospor recordac¸ão,umadeterminadaquantidadedeviésdememória nãopodeserdescartada,oquepoderiaserumalimitac¸ãodo estudo.

Paraconcluir,aprevalênciageraldeDMEIencontradaem escolaresentrecincoe16anosfoide16%.EssaDMEIexercia umainterferênciasignificativanasatividadesdiáriasdessas crianc¸as.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Imagem

Tabela 1 – Perfil de crianc¸as com e sem DMEI
Tabela 3 – Impacto da DMEI nas atividades diárias entre adolescentes (&gt; 10 anos) e pré-adolescentes (&lt; 10 anos) Atividade
Tabela 4 – Comparac¸ão dos problemas associados em crianc¸as com e sem DMEI

Referências

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