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5.1 Diferentes escritas nas disciplinas

5.1.3 A escrita no fórum de discussão

O movimento do fórum de discussão é um pouco diferente das atividades apresentadas anteriormente, pois os questionamentos, as reflexões, as opiniões, os argumentos podem ser abordados e respondidos pelos colegas, pelo tutor e também pelo professor da disciplina durante o desenvolvimento da atividade.

Nessa ferramenta, a linguagem usada também apresenta sua especificidade, pois apesar da preocupação das alunas-professoras em expressarem-se de forma clara e objetiva há um pouco de informalidade, o que permite a utilização de emoticons e abreviações próprias da Internet. Como o objetivo de ilustrar essa escrita, trazemos um excerto do fórum para discussão da resolução dos problemas sobre fração, em que Su comenta a postagem de uma colega:

Olá Aluna 14!!!!

Esse problema você resolveu fazendo o MMC e eu utilizando as frações equivalentes. Mas se eu simplificar os 6/8 vai dar 3/4. Realmente é como a tutora falou o que precisamos na resolução dos problemas é a nossa justificativa de como resolvemos.

Abs

Su (Fórum de discussão, LM2 – AIII-2).

As alunas-professoras trouxeram diferentes perspectivas sobre o fórum de discussão, que na visão de Branca deve ser desenvolvido em pequenos grupos, “pois quando

[a atividade é] realizada em grupos maiores dependendo da extensão do assunto abordado fica uma discussão muito maçante, repetitiva e cansativa” (Entrevista).

Alice destacou que tem dificuldades pessoais para se socializar desde criança e, por isso, nos trabalhos em grupo,

[...] tenho medo de errar, quando vou fazer provas dou um jeito de ficar sempre com as mesmas pessoas, em fóruns o que escrevemos fica muito visível, sei que contribuem para nossa aprendizagem, pois sempre releio o que meus amigos escrevem e utilizo, mas nunca acho que tenho nada para contribuir, nas wikis, procuro ser a primeira [a participar], é difícil complementar o que o outro escreve. (Entrevista).

Já Andréia indicou que podem ser espaços de aprendizagem, mas para que isso, de fato aconteça, é fundamental o acompanhamento de perto do tutor e também do professor da disciplina, pois alguns alunos conseguem subterfúgios para obter nota e não participar efetivamente. “Muitas vezes, encontramos frases copiadas de vários lugares e/ou comentários

do tipo “gostei muito”, “concordo com você” sem, no entanto, provocar de fato uma discussão produtiva” (Entrevista). Nesse mesmo sentido, a aluna-professora completa que para que essa atividade promova a aprendizagem é preciso:

[...] um acompanhamento mais próximo do professor com os alunos, pois poucos foram os professores que entraram nos fóruns para dialogar com os alunos. [...] penso que se houvesse maior interferência do docente, o fórum poderia se constituir num espaço de diálogo semelhante a uma sala de aula. (Entrevista).

De acordo com Su, para que ocorra aprendizagem também é preciso a participação dos tutores indicando os caminhos e “fazendo novos questionamentos daquilo

que os alunos não estão desenvolvendo de acordo com as leituras. Pois só na nota que é falado sobre o nosso desempenho, assim fica vaga a discussão. E muitas vezes o fórum se torna pobre em discussões” (Entrevista).

As alunas-professoras relataram diferentes aspectos do fórum de discussão, dentre eles a necessidade de que os estudantes sejam divididos em pequenos grupos para que a atividade seja desenvolvida de forma satisfatória.

O fórum de discussão em pequenos grupos auxilia para que não haja um número muito grande de postagens e torne difícil a leitura de todas elas pelos membros do grupo, e para que não sejam apresentadas muitas opiniões sobre os mais diferentes âmbitos do tema do fórum, o que inviabilizaria uma discussão mais aprofundada.

Assim, conforme relatou Branca, as discussões se tornariam repetitivas, cansativas e maçantes o que não proporcionaria alcançar os objetivos da atividade, mas ao contrário, poderia desmotivar a participação dos estudantes. Portanto, o professor e os tutores da disciplina necessitam estar atentos no momento de elaboração e do planejamento dessas atividades para que elas não percam seus objetivos.

Alice se sente insegura e demonstra medo de errar quando participa dessas atividades coletivas, principalmente, porque as mensagens postadas ou os trechos inseridos no texto coletivo ficam visíveis para todos os estudantes.

A possiblidade de todos visualizarem as atividades coletivas se, por um lado, tem esse aspecto negativo, como indicado pela aluna-professora, por outro lado é um potencial da EaD e dos AVA, pois elas possibilitam a retomada de uma postagem no fórum para uma discussão posterior, por exemplo. Ou seja, a escrita como principal forma de diálogo

e comunicação nos apresenta algumas características importantes que não ocorrem na sala de aula presencial em que se privilegia a linguagem verbal.

Também é comentado por Andréia que o fórum pode se constituir em um espaço de diálogo semelhante a uma sala de aula. Além de espaço para diálogo, se constitui também de um ambiente de reflexão, de argumentação, de elaboração do pensamento para expor opiniões etc.

Ainda, consideramos que esse espaço proporcionado pelo AVA pode se tornar ainda mais potencializador de aprendizagens do que em uma sala de aula, porque além de as participações ficarem registradas, como já discutido, todos os estudantes precisam se envolver e participar da atividade, o que pode não acontecer na sala de aula presencial quando os alunos estão presentes, mas podem não tomar parte das discussões.

Assim o AVA será potencializador de aprendizagens quando acontecem questionamentos, argumentações, relações entre os conteúdos da postagem de um colega e o referencial, e não quando há uma participação camuflada, assim como ocorre no presencial, quando um estudante posta no fórum de discussão mensagens superficiais apenas concordando com a opinião do colega ou trazendo um excerto do referencial teórico.

Segundo Batista e Gobara (2007), o fórum por si só não possibilita a interação entre os participantes, é preciso que ocorra, nas atividades, a participação intencional de professores e alunos com o objetivo de promover a aprendizagem.

Concordamos com as autoras e destacamos a importância da mediação didática nas atividades, por meio dessa ferramenta, dirigindo e orientando os estudantes para que possam construir conhecimento. Nesse sentido, é crucial a participação efetiva dos professores e tutores durante o fórum de discussão propondo questionamentos, discutindo as ideias apresentadas, sintetizando as opiniões dos alunos, de forma a promover-lhes a aprendizagem.

Contudo, Andréia, assim como os participantes do estudo de Batista e Gobara (2007), explicitou que esse acompanhamento mais próximo por parte dos tutores e professores não aconteceu, de forma efetiva, nas disciplinas cursadas por ela.

No estudo de Bertini e Carneiro (2012), observamos diferentes posturas dos tutores, enquanto alguns participam do fórum colocando questões, comentando as postagens e acrescentando suas reflexões, outros preferem não intervir durante o desenvolvimento da atividade. Uma das participantes desse estudo relatou que costuma postar uma mensagem ao

final do fórum, no entanto, compreendemos que, algumas vezes, para que as discussões continuem se desenvolvendo, é necessária a intervenção do tutor no momento em que surge uma dúvida, uma questão, uma opinião polêmica. Outra tutora comentou que não participa para não conduzir as discussões para algum âmbito que não seja interessante. Novamente, nesse caso, é preciso ter o cuidado para não deixar que as discussões se afastem do objetivo proposto para a atividade.

Dessa forma, no estudo de Bertini e Carneiro (2012), verificamos duas formas diferentes de mediação dos tutores, as quais, consequentemente, terão impacto nas interações dos estudantes, na profundidade das discussões e nas aprendizagens. O mesmo parece acontecer nesta investigação e abordamos essa discussão na próxima seção.

Maria Clara e Kerusca comentaram não gostar dessas atividades. Para Maria Clara, como pode ser verificado no excerto abaixo retirado de sua entrevista, apesar de não gostar indica que essa ferramenta tem pontos positivos.

Maria Clara: Olha, na verdade eu não gosto muito do fórum não. Assim, mas tem pontos positivos. O que eu percebo? Que nós somos direcionados, a gente é cobrado pela nota. Não cobrado, mas o objetivo é ter nota, então quase todos os fóruns são assim: se você não participar três, quatro vezes, tal, sua nota não é legal. Então, às vezes, dá a ideia de que não importa o que você coloca, o que importa é a quantidade de vezes que você participa, nem que seja com coisas bestas.

Pesquisador: Certo.

Maria Clara: Então, eu não gosto muito não, mas em contrapartida, tem alguns colegas, então a gente olha, eu abro, costumo ler, de todos que contribuíram bastante assim pra gente, né. As vezes uma ideia que a gente não tinha passa a ter, uma visão, as vezes, tem um texto que a gente precisar ler e eu não entendi daquela forma, a colega entendeu e me fez abrir mais a mente. Então tem esse lado sim. Pesquisador: Sim.

Maria Clara: Mas acho que por causa dessa questão de que você tem que participar um monte de vezes, e eu sempre faço minhas coisas meio corridas, então eu não entro muitas vezes no fórum. E aí vou olhar lá e então você participou duas ou três vezes e, portanto, teve tal nota. Então, aí eu fico meio assim com o pé atrás com essa questão de fórum (Entrevista).

Kerusca não gosta do fórum pelo fato de “[...] a maioria, assim como eu, faz

releitura da participação do colega, aí vc [você] é cobrado por postagens, pois a maioria fica num concordo e discordo, reescrevendo tudo que já postaram e ninguém lê as participações de todo mundo... os fóruns deveriam ser computados pelo teor da mensagem, não participação” (Entrevista).

Em contrapartida, Branca relatou que “os fóruns sempre ajudam muito, por

constante, efetiva e significativa” (Entrevista). Corroborando a afirmação de Branca, Lusmarina e Renata destacaram nessa atividade aspectos da interação entre os colegas, as trocas de ideias e de experiências como sendo as principais contribuições dos fóruns de discussão. Para exemplificar, apresentamos o excerto de Renata.

Eu gosto, principalmente, quando tenho que expor as minhas experiências ao refletir a teoria. Já aqueles que apenas discutem o teórico acho muito longe da realidade e não me empolga... tanto que nos fóruns, logo coloco que diante do que vivo... do que vejo... e diante da característica de cada participante fica algo muito rico, unindo a teoria e a prática. [...] são nesses momentos que o aluno coloca (concretiza ao escrever) aquilo que compreende de fato. Os fóruns, como são mais descontraídos conseguimos através de palavras, frases, brincadeiras que são próprias do nosso grupo falarmos aquilo que sabemos e aquilo que nos aflinge, que possibilita uma reconstrução constante do conhecimento (Renata, Entrevista).

O fórum de discussão é considerado, apesar de argumentos a favor e contra, uma ferramenta que pode proporcionar a aprendizagem dos estudantes, desde que haja a participação ativa e o acompanhamento tanto do tutor como do professor da disciplina, dialogando e participando constantemente das discussões.

Entretanto, a discussão em fórum também tem seus limites, pois alguns estudantes podem apenas acessar e comentar as ideias dos colegas, trazer excertos do material. As alunas-professoras lamentaram que a avaliação nos fóruns aconteceu a partir da quantidade de participações e não pela qualidade das postagens.

Para discutir essa última afirmação das alunas-professoras, apresentamos dois excertos dos critérios de avaliação para os fóruns nas disciplinas de LM1 e LM2.

Participação efetiva no fórum postando várias mensagens contendo opiniões próprias, relações com o material impresso, comentários das ideias dos colegas e sínteses da discussão; presença de reflexões baseadas nos textos da Unidade 2 do material impresso (Mapa de atividade, LM1 – A2-1).

Participou de maneira plenamente satisfatória, trazendo novas contribuições e interagindo com os colegas. Demonstrou leitura, realizou uma síntese do que foi discutido e se posicionou de forma coerente e relevante (opinião própria, ponto de vista) criando argumentos e abrindo novas discussões. Utilizou as opiniões dos colegas, avançou no debate e relacionou as ideias com as leituras do material impresso (Mapa de atividade, LM2 – AIV-1).

Podemos observar, evidenciado nos trechos das falas das alunas-professoras, que é indicado que os critérios de avaliação da participação devam contemplar a postagem de várias mensagens, as sínteses das ideias dos colegas.

Contudo, outros critérios também se fazem importantes para alavancar a aprendizagem, entre eles, se posicionar apresentando opiniões, argumentar, relacionar as ideias dos colegas com as do referencial teórico. Consideramos que são esses critérios da avaliação os mais importantes nessa ferramenta. Para que um estudante consiga ter uma participação significativa e efetiva, como apontando por Branca, é significativo que poste várias mensagens durante todo o desenvolvimento da atividade, pois apenas assim poderá ter a possibilidade de interagir com seus colegas e acessar as diferentes ideias apresentadas e discutidas por eles.

Não afirmarmos que os critérios foram seguidos ou não na avaliação dos fóruns de discussão, mas destacamos que houve a preocupação de indicar as questões abordadas anteriormente no planejamento e na elaboração dessas atividades.

Os fóruns de discussão também possibilitam compartilhar ideias, experiências, práticas de sala de aula, principalmente no caso das participantes desta investigação que atuavam como professoras e, portanto, tinham experiência docente. As discussões permitem compreender um conceito, um conteúdo, a partir da opinião e dos argumentos do outro, além de levar a refletir sobre algum aspecto que um aluno ainda não tinha pensando. As práticas de sala de aula explicitadas pelas alunas-professoras, no fórum, puderam auxiliar os outros alunos, que ainda não são professores, na compreensão de dimensões da docência no que se refere ao ensino da matemática.

As interações que acontecem por meio dessa ferramenta possibilitaram minimizar a distância espacial entre os participantes, pois as alunas-professoras expuseram sentimentos, emoções e acontecimentos de suas vidas particulares, podendo ajudar a diminuir o isolamento, apontando pela literatura da área, que acontece na EaD. As alunas-professoras se fortaleceram, a partir das relações que estabeleceram entre si nos fóruns, com o sentimento de pertencimento a um grupo, a uma turma. Por exemplo, no início da mensagem de Renata, no fórum AIV-1 de LM2, ao se referir a uma expressão utilizada por uma colega: “Plagiando

nossa colega de turma Aluna 15, já virando abóbora vou pontuar algumas questões” (grifo da aluna-professora). Esses aspectos podem aproximar os alunos, mesmo a distância, fazendo com que se sintam acolhidos, ouvidos, fazendo parte de um grupo. Renata utiliza a expressão

virando abóbora para se referir ao horário em que se comunicava com o grupo, que normalmente ocorria próximo à meia noite.

Ainda, no fórum de discussão a escrita é não linear e são abordados diferentes aspectos de determinado tema nas mensagens postadas pelos participantes. Podemos fazer um paralelo ao que Borba, Malheiros e Zulatto (2007) chamam de multiálogo, que ocorrem nos

chats, pois há conversas simultâneas sobre diferentes assuntos relacionados direta ou indiretamente a determinado tema que está sendo tratado. “A ideia de multiálogo está relacionada à multiplicidade de diálogos existentes ao mesmo tempo [...]. Além disso, eles não são lineares, ou seja, na tela não são apresentados perguntas e respostas sequencialmente” (p. 43).

Para exemplificar essa afirmação dos autores, apresentamos um excerto na ordem em que aparecem as postagens de três alunas no fórum de discussão sobre o conteúdo de medida de LM2.

Aluna 17: Olá pessoal,

Medir para mim tem a ver com o que vc [você] fará com essa medida e dependendo do resultado terá que mudar de plano do que iria fazer afinal nem tudo que se mede dá certo e medir seria o ato de tirar conclusões sobre um determinado espaço. Aluna 18: Olá pessoal!

O metro é a medida padrão mais utilizada pelo homem para se medir, com sua unidade múltiplo e submúltiplo o chamado sistema métrico decimal.

As medidas de volume faz parte do sistema métrico decimal, para se medir volume o chamado m3, também os múltiplos e submúltiplos.

Maria Clara: Olá Aluna 18 e turma, além do volume medimos também perímetro e área.

O perímetro faz-se necessário, por exemplo, quando temos um canteiro e necessitamos construir um cercado. Então descobrimos suas medidas e somamos para saber quanto de cerca será preciso fazer.

A área é uma medida de superfície, utilizada para descobrimos, por exemplo, quando necessitamos cobrir alguma extensão. Para calcularmos área, utilizamos as medidas de base e comprimento ou largura e altura e multiplicamos, encontrando assim o m² - metro quadrado (Fórum de discussão, LM2 – AII-1).

A Aluna 17 expressou o que compreendia por medir e, na postagem seguinte, a Aluna 18 apontou o metro como sendo a unidade mais utilizada, destacando ainda que há múltiplos e submúltiplos dessa unidade e que o metro cúbico é a unidade para medir volume. A aluna-professora Andréia acrescentou à mensagem da Aluna 18 o perímetro e a área, assim como apresentou suas possíveis utilidades. Portanto, vemos que, apesar de tratarem do mesmo tema, foram apresentados diferentes aspectos relacionados à medida.

Esse excerto de Maria Clara pode induzir ao erro, porque ela afirma que, ao multiplicar as medidas de base e comprimento ou de largura e altura, obtém-se o metro quadrado, dando a impressão de que é a multiplicação que faz surgir essa unidade de medida, ou seja, quando se multiplica metro por metro se obtém metro quadrado. No entanto, López e Guzmán (2011) discutem que é a partir do metro que se descrevem as unidades das demais magnitudes que constituem o Sistema Métrico Decimal, sendo o metro quadrado a unidade de medida para a superfície, assim como o metro cúbico é a unidade de medida de volume. A tutora deveria ter mediado essa interação entre os alunos no sentido de clarificar esse aspecto comentado pela aluna-professora.

Compreendemos que esse movimento proporcionado pelas diferentes escritas, possibilitado pelas ferramentas do AVA utilizadas no curso a distância de Pedagogia, pode ter levado as alunas-professoras a reflexões sobre o ensino-aprendizagem de matemática. Assim a exploração das potencialidades dessas diferentes ferramentas propiciou ter esse leque de atividades, quando se pôde elaborar textos individuais e coletivos, discutir sobre diferentes conceitos e temas, refletir sobre práticas de sala de aula, pensar sobre os conteúdos matemáticos abordados, sanar dúvidas, entre outros.

Essa reflexão, que inicialmente é individual, pode se tornar coletiva quando há os olhares dos diferentes atores envolvidos no curso – tutor, professor e estudantes –; a leitura do referencial teórico; as dúvidas sanadas; a participação no fórum de discussão; a síntese das ideias de uma unidade do material impresso; a elaboração dos textos; a observação e a discussão de práticas docentes; e a (re)construção e a (re)significação de conceitos matemáticos.

Esse processo de reflexão pode ser considerado um ciclo que é permeado por diferentes e complexos fatores que interferem na aprendizagem dos estudantes. Inicialmente, o estudante sozinho entra em contato com determinado conceito que é abordado por meio do material impresso – leituras de textos –, de vídeos, entre outros. Nesse momento, o aluno isoladamente reflete sobre esse conceito, o qual pode fazer surgirem incompreensões, dúvidas, incertezas, ideias, sugestões, lembranças de experiências tidas quando estudantes ou professores etc.

Depois desse momento, o estudante, interagindo com o professor da disciplina, com seu tutor e também com os colegas de curso, pode refletir coletivamente, sanando essas dúvidas, incompreensões, confirmando seus conhecimentos sobre aquele conceito, pensando em outros aspectos etc. Após isso, o estudante pode refletir de novo individualmente, para

adequar as novas compreensões ao seu repertório. Percebe-se assim que reflexão coletiva é fundamental para que ocorram aprendizagens como ressalta Shulman (2002).

Essas reflexões são inicializadas pelas atividades propostas, pelos questionamentos, pelo referencial teórico estudado e são catalisadas pelas argumentações do tutor, do professor e dos colegas, por suas histórias de vida e pelas experiências anteriores. Para que aconteça a aprendizagem, nessa perspectiva, a interação deve ser possibilitada pelo estar junto virtual proposta por Valente (2010), pois somente o acompanhamento de perto e a participação efetiva poderão possibilitar aprendizagens.

A partir do exposto, cumpre ressaltar que, na modalidade presencial, os estudantes podem estar presentes, mas não participarem das discussões, não se posicionarem, não prestarem atenção às explicações do professor. Diferentemente, do que acorre no curso a distância nos moldes da Pedagogia UAB-UFSCar, quando sempre deve haver uma participação efetiva, pois, caso não entreguem a atividade, não participem dos fóruns, não auxiliem na elaboração do texto coletivo, não receberão notas ou ainda não terão frequência. E essa participação não pode ser apenas quantitativa, por exemplo, postando três ou quatro mensagens nos fóruns, ela deve contribuir realmente para as discussões trazendo suas próprias