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Parte II. A Amazônia 6 A formação da Amazônia

% CMA¹ Nacional Internacional Nacional Internacional Nacional Internacional Nacional Internacional Nacional Internacional Nacional Internac.

7.3. A Evolução dos Transportes na Amazônia: o acesso

O transporte na Amazônia desempenha um papel fundamental no deslocamento de pessoas e cargas pela região. Muitos municípios do interior somente são acessados pelos modais fluviais ou aéreos, o que leva a duas situações limites, enquanto o primeiro possui um custo mais baixo, irregular, pouco eficiente e demorado; o segundo possui um custo elevado,

regular, mais eficiente e rápido. Esta situação, contudo, é recente, pois até meados do século XX, a única forma de acessar a região era via aérea ou marítimo-fluvial, em penosas e demoradas viagens.

Apesar da abertura dos portos regionais a navegação estrangeira a partir da década de 60 do século XIX, o que melhorou o abastecimento de algumas cidades ao longo do rio Amazonas, somente a apartir dos grandes projetos militares, um século mais tarde, que a Amazônia passa a ser efetivamente conectada ao restante do Brasil.

Mesmo assim, para entendernos a evolução, o dinamismo, a configuração da rede de transportes e como se dá os acessos para a Amazônia, temos que nos remeter ao seu desenvolvimentos econômico. Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas - (1998), os principais pontos geradores de movimento de transportes são chamados de “polós de desenvolvimento”, por reunir condições econômicas predominantes, mas não exclusivas, geradoras de tráfego. Os pólos são classificados de acordo com características predominantes na sua evolução econômica:

1 – Pólos Dotados de Nível mais Elevado de Desenvolvimento Urbano: pólos que

concentram alto grau de urbanização, desenvolvimento industrial e de serviços, incluindo as capitais Belém e Manaus, e algumas cidades pequenas, como Santarém.

2 – Pólos Predominantemente Minerais: cidades e regiões que se desenvolveram a partir da

exploração de recursos minerais e de grande potencial para os próximos anos, neste conjunto destacamos a cidade de Macapá e as províncias minerais de Carajás e Trombetas, a primeira no leste do Pará e a segundo a oeste do mesmo estado.

3 – Pólos Predominantemente Agropecuários e Florestais: cidades e regiões que se

desenvolveram a partir de atividades do campo, possuem baixo desenvolvimento urbano e pouca qualificação de infra-estruturas, tais como estradas, portos e aeroportos. Destacamos neste grupo, as regiões noroeste e sudoeste do Maranhão, o norte do Tocantins e sudoeste do Pará.

4 – Pólos de Fronteira: cidades e regiões de fronteira, com recursos naturais significativos e

que são importantes pontos de acesso ao território amazônico brasileiro, por se encontrarem ao longo das fronteiras com os países pan-amazônicos. Entre estas cidades e regiões, destacamos: Cruzeiro do Sul, no Acre, na fronteira com a Bolívia; Benjamin Constant, no

Amazonas, na fronteira com o Peru; e Bacia do Oiapoque, no Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa.

O IPEA ainda propõe 4 critérios básicos para entendermos a configuração da rede de transportes para a Amazônia: 1º – conexão dos pólos entre si e destes com os países da Bacia Amazônica; 2º - a geografia da região, intensamente irrigada por rios e de alevados índices pluviométricos, o que favorece a navegação e encarece a modal rodoviário; 3º - da integração nacional, por questões estratégicas, de soberania, econômicas e sociais; e 4º - esforço de cooperação internacional, de integração dos países amazônicas e da região com o mundo.

Todavia, deve-se ressaltar que a apresentação dos dados até este momento e da análise seguinte, tem como foco os fluxos turísticos, ou seja, a partir da configuração da rede de transportes, poderemos entender como os fluxos chegam a região alvo da pesquisa. Desta forma, identificando os principais centros econômicos da região, podemos melhor entender os pontos de acesso para a região:

7.3.1. O transporte aéreo como fator de integração e acesso

O acesso aéreo é vital para o desenvolvimento turístico na Amazônia, fato revelado pelo meio de transporte utilizado para chegar a região (Tabela 4). Com exceção do estado do Tocantins, onde predomina o modal rodoviário e o Pará, com quase a metade no modal aéreo, os demais estados todos apresentam um elevado índice de utilização do modal aéreo para acessar a região. A distância dos mercados emissores, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, no Brasil; Estados Unidos e Europa, favorecem o uso deste meio de transporte.

Quadro 4: Meio de transporte utilizado para chegar aos estados da Região Norte (em %) Transporte Acre Amapá Amazonas Pará Rondônia Roraima Tocantins

Avião 77 83 93 59 71 73 20

Ônibus 12 11 1 3 26 10 22

Carro 11 5 2 7 3 17 54

Outros 0 1 4 31 0 0 4

Fonte: O autor, com base nas Scretarias Estaduais de Turismo, 2006; Embratur, 2006; e Revista Exame, 2007.

As chegadas e partidas nacionais por via área no entando, ocorrem somente nos aeroportos centrais, como Belém e Manaus, nas demais cidades, somente com elevados índices de conexão e/ou escalas. Este dado aponta para a melhoria urgente dos terminais aéreos, pois

funcionam como um cartão de visita, um dinamizador do destino turístico, além de aglutinar (juntar) a oferta de novos serviços e produtos, entre eles, aluguel de automóveis, casas de câmbio, agência de viagens e turismo, lojas de artesanato, etc.

A partir destes grandes centros, as companhias regionais desempenham um papel fundamental, elas ligam as capitais aos centros econômicos do interior, como Marabá, Santarém e Parintins, que possuem terminais aéreos mais precários que os encontrados em algumas capitais.

Entre estas companhias regionais (baseadas na Amazônia), destaque para a Pumaair, atuante desde 2002, possui sua base operacional em Belém; a Rico Linhas Aéreas, fundada em 2001 como companhia aérea, tem base em Manaus; e a Meta – Mesquita Transportes Aéreos, atuante desde 2001, recentemente transferiu sua base operacional de Boa Vista, sua sede, para Belém, o que contribuiu para o aumento do número de cidades atendidas.

A Tabela 4 (página seguinte) apresenta os dados das três principais companhias regionais, observa-se, num primeiro momento, uma grande concorrência entre elas, nas ligações entre os centros regionais e cidades menores, como Belém, Santarém e Manaus, a cidades como Altamira, Monte Dourado e Itaituba.

Esta intensa concorrência levou a falência muitas companhias regionais na última década, Tavaj (1972 a 2004), Penta (1989 e 2001) e Taba (1976 e 1999) foram as mais recentes vítimas. Mesmo entre as companhias que se mantém operacionais, muitas vem reduzindo suas operações. A Rico, por exemplo, recentemente, deixou de atender os estados de Acre, Roraima e Rondônia; a Pumaair, que voava até São Luis, com escala em Imperatriz, ambas no Maranhão, também reduziu suas operações.

Além das dificuldades econômicas e sociais próprias da região, as companhias regionais também enfrentam a concorrência de outras congeneres baseadas em outras regiões (Tabela 5). O que torna as operações bastante irregulares e impossíveis de serem previstas no curto prazo. Cidades, hoje, atendidas, no mês seguinte podem ficar sem vôos regionais. Esta irregularidade dos serviços aéreos em algumas localidades atrapalha o desenvolvimento econômico e turístico dos pólos onde estão inseridas.

Tabela 4: Companhias regionais baseadas na Amazônia

Estado Sede Companhia N Estados / Países Cidades Atendidas Hub / Base27

Amazonas Rico Linhas Aéreas 8 Amazonas Borba, Coari, Manaus, Manicoré, Tabatinga, Tefé Maués, Parintins Manaus

4 Pará Altamira, Belém,

Itaituba e Santarém

Pará Puma Air 3 Pará

Altamira, Belém, Monte Dourado e Santarém Belém Roraima Meta – Mesquita Linhas Aéreas 6 Pará Altamira, Belém, Itaituba, Monte Dourado, Oriximiná, e Santarém Belém

1 Roraima Boa Vista

1 Suriname Paramaribo

1 Guiana (Inglesa) Georgetown

Fonte: o autor, com base nos sites das cias aéreas: www.pumaair.com.br (Puma Air), www.voerico.com.br (Rico Linhas Aéreas) e www.voemeta.com (Mesquita Linhas Aéreas)

A concentração operacional nas capitais, tanto de companhias regionais quanto nacionais, é um reflexo natural da presença da maior parte da demanda nestes locais, além de precariedade de serviços no terminais interioranos, o que onera ainda mais a operação, sobretudo, de companhias regionais.

Para atuar nestes localidades, de pouca demanda, terminais precários e altos custos, até meados da década de 90, as companhias aéreas categorizadas como regionais possuiam subsídios fiscais para manterem os vôos. A supressão desta apoio governamental, sem a melhoria da infra-estrutura, que possibilitasse a manutenção por conta própria destas rotas por parte das companhias regionais, causou a consequente diminuição de frequências e mesmo o cancelamento de vôos.

Novamente, a questão dos pontos de acesso, e seus terminais, afetam decisivamente a demanda, reduzindo quase a zero a possibilidade de se criar produtos turísticos de projeção nacional e internacional. Como um operador, mesmo nacional, poderar programar em seus

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Segundo a ICAO (Organização Internacional de Aviação Civil), hub ou base é a cidade e/ou aeroporto no qual uma determinada companhia aérea inicia, finaliza, realizada um elevando número de conexões entre vôos em relação proporcional a sua malha aérea.

cadernos de viagem roteiros para estas cidades se, a qualquer momento, as frequências podem ser simplesmente canceladas?

Tabela 5: Companhias regionais não baseadas na Amazônia

Estado Sede Companhia N Estados / Países Cidades Atendidas Hub / Base Ceará TAF Transportes Aéreos Fortaleza 1 Amapá Macapá Fortaleza 1 Pará Belém

1 Guiana Francesa Cayena

Goiás Sete 8 Pará

Belém, Carajás, Conceição do Araguaia, Marabá, Ourilândia do Norte, Redenção, Santana do Araguaia e São Félix do Xingu

Belém

Minas

Gerais Total

2 Amazonas Manaus e Parintins

Belo Horizonte e Belém 7 Pará Altamira, Belém, Carajás, Itaituba, Porto Trombetas, Santarém e Tucuruí

Paraná Cruiser 3 Pará

Itaituba, Novo Progresso e Santarém Cuiabá e Santarém São Paulo Trip e Total¹ 13 Amazonas Barcelos, Carauari, Coari, Eirunepé, Fonte Boa, Humaitá, Labréa, Manaus, Santa Izabel, São Gabriel da Cachoeira, São Paulo de

Olivença, Tabatinga e Tefé

Manaus

3 Rondônia Ji-Paraná, Porto

Velho e Vilhena Manaus

Fonte: O autor, com base nos sites das cias aéreas: www.aircruiser.com.br (Cruiser), www.voetaf.com.br (TAF), www.total.com.br (Total), www.voesete.com.br (Sete) e www.voetrip.com.br (Trip)