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Entre os terminais aqui apresentados os considerados para esta pesquisa serão o

2. Sistemas de Turismo, o Produto Turístico e os Transportes 1 Introdução

2.4. O acesso: importância e implicações no Sistema de Turismo

As abordagens relacionadas ao desenvolvimento da componente transporte, nos modelos citados, referem-se as implicações mais genéricas da temática transporte e como algumas

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variáveis podem interferir no funcionamento do sistema, nomeadamente: preço, rotas, horários, conveniência e interface, faz-se necessário um intendimento melhor da questão do

acesso dentro da temática.

Os modelos, de maneira geral, não abordam as questões relativas aos pontos de acesso, que pode desempenhar um papel crítico. Como exemplo, citamos, o aeroporto de Santarém, no Pará, as rotas são viáveis, os preços são competitivos, têm-se demanda para o destino, mas o ponto de acesso impossibilita um tráfego crescente de passageiros, ou seja, uma dimensão não considerada pelos modelos, o acesso, pode provocar sérios problemas tanto para a demanda quanto para a oferta.

Apenas os autores McIntosh e Goeldner (1986) fazem referência a “adequação das facilidades aeroportuárias”, pois “os maiores problemas encontrados são de acessibilidade aos terminais”. Em alguns aeroportos, como a maioria dos terminais internacionais de países europeus e americanos, as preocupações se concentram em relação três grandes aspectos:

A – Acesso ao Complexo Aeroportuário: criar uma interface entre a rede de transportes

pública do município e das localidades próximas, para facilitar a chegada e saída do viajante para o aeroporto e seus terminais;

B – Acesso ao Terminal: interface entre os demais meios de transporte de chegada e saída ao

aeroporto, como taxis, comboios, metros e autocarros, além do estacionamento particular e de locadoras (rent-a-cars) para os terminais. Em grandes terminais, os estacionamentos e locais onde estacionam veículos e param comboios ficam distantes, nestes casos, as facilidades de acesso: escadas rolantes, passadeiras automáticas, passarelas cobertas, contribuem para um rápido e cômoda chegada e saída ao terminal;

C – Acesso entre terminais: em caso de grandes aeroportos, onde existem vários terminais, a

ligação entre eles se faz necessário, uma vez que operações internacionais e nacionais são separadas, para facilitar as conexões entre vôos, diminuir o tempo de deslocamente de passageiros e bagagens;

Estes fatores se tornam mais relevantes se consideramos as viagens de longa distância, superiores a 1000km, na qual, a demanda, pela distância, necessita de apoio mais vitais para satisfazer suas necessidades, o que naturalmente, afeta a qualidade da experiência. Inskeep (1994) destaca que “o transporte orientado para o turismo”, principalmente, “o fornecimento

de serviços localizados próximos a grandes centros de transporte”, como aeroportos e portos, “notadamente de interface modal, devem possuir a estrutura dotada para atender os passageiros (viajantes)”.

As informações sobre o destino podem ser obtidos de vários formas ainda na origem do viajante, sendo assim os serviços eletrônicos também devem fazer parte da estratégia destes pontos de acesso. Informações em meios eletrônicos, como a internet, são muito importantes para o planejamento, conforto e qualidade da experiência turística. Informações como: horários de vôos; como chegar ao centro da cidade; serviços que o terminal oferece; links para empresas atuantes na área; facilidades de estacionamento e aluguel de carro; acesso a internet wireless (sem fio); disponibilidade de salas vips; guia turístico sobre a cidade; etc., podem contribuir decisavamente para o êxito de uma viagem.

Estas informações podem ser acessadas tanto pela demanda quando pela oferta, auxiliando o primeiro quando viaja por conta prória e o segundo quando planeja a viagem do seu cliente. Na origem, o agente de viagem pode utilizar esta facilidade eletrônica para orientar seu cliente sobre algumas informações atualizadas sobre o destino, além de verificar, on line, por exemplo, atrasos e cancelamentos de vôos. O operador turístico (receptivo), no destino, pode usar a mesma ferramenta para informar o passageiro sobre a disponibilidade de algum serviço que ele necessite, como casas de câmbio e caixas eletrônicos (multibanco).

A adaptação dos pontos de acesso face ao tipo de público que utiliza os mesmos deve levar em consideração, sobretudo, os usuários deste sistema, mas como destaca Gunn, com foco na melhor qualidade da experiência do visitante. As pesquisas feitas junto a demanda, como as aplicadas pela Embratur (2007), como veremos no capítulo dedicado ao planejamento dos terminais, devem ser levadas em consideração pois mostram especificidades do perfil destes viajantes.

Aspectos como tipo de organização da viagem, motivo da viagem, tipo e qualidade dos de serviços utlizados, podem servir como base para a melhoria da qualidade do acesso para uma região, especificamente, a Amazônia.

2.5. Conclusão

O entendimento sistêmico do turismo e a composição do produto permitiram compreender a importância do setor de transportes, mais especificamente do acesso na satisfação do cliente, além da melhoria na prestação de serviço qualitativa da oferta. Como destacou Page (1999), há uma grande complexidade nas relações envolventes entre o turismo e o transporte, que afetam a organização, operação, mas também o gerenciamento de atividades associadas com a viagem turística.

Dentro do sistema da oferta, temos duas interações importantes nestes portões de entrada para o destino, a da oferta-demanda, ou seja, como os gestores de terminal se relacionam com o visitante; e a oferta-oferta, ou seja, como os gestores e operadores de turismo se relacionam para oferecer um produto/serviço de qualidade. Sendo o resultado sistêmico esperado, no destaque dado por Gunn (1994), a “satisfação da experiência do visitante” é fundamental.

Segundo Beni (2001) “o transporte turístico constitui em si mesmo um sistema e revela uma estrutura que precisa ser avaliada”. Esta estrutura precisa estar atenda as novas demandas, como dos “novos viajantes”, mais exigentes, com necessidades diferentes dos viajantes de algumas décadas atrás.

Valls (2006) destaca também dois conceitos muito associados ao sistema de transportes e, especificamente, ao acesso: a acessibilidade, que “é a facilidade que tem o turista de chegar o destino”; e a conectividade, “a facilidade que o turista tem de se mover na localidade”. Estes dois conceitos podem ser expandidos para uma das componentes do produto, a liberdade de escolha, referente à variedade de opções aceitáveis de acordo com a necessidade dos visitantes, não somente ao deslocamento em si, mas os produtos e serviços ofertados nos terminais.

O setor de transporte está implícito na “experiência vivida” pelo visitante, desta forma, como destaca Poon (1993), o mesmo desempenha um papel “chave” para a criação do processo de valor. Processo referido na integração em várias escalas: diagonal, vertical e horizontal.

Conclui-se que a compreensão das implicações do acesso dentro do sistema de transportes e na composição do produto contribuem significativamente para um melhor entendimento dos aspectos operacionais e qualitativos que afetam a atividade, não somente na relação da oferta com a demanda, mas também dos que compõem a oferta de uma destinação turística.

3. Os Transportes Turísticos nas Perspectivas das Redes e Clusters