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Entre os terminais aqui apresentados os considerados para esta pesquisa serão o

4. Planejamento de Terminais de Passageiros: o Acesso 1 Introdução

4.4. Terminais Marítimos e Fluviais

O planejamento de terminais portuários marítimos e fluviais varia de acordo com o grau de utilização da estrutura por parte das embarcações que recebe, ou seja, o porte das embarcações e o volume de passageiros por elas movimentados definem o tipo de porto. Sengundo Amaral (2006) os portos que atendem a navios de cruzeiro se dividem em:

Portos Principais (Turnaround): portos para embarques e desembarques em larga escala,

concentrando o término e o início de um cruzeiro. Estão localizados próximos a grandes aeroportos internacionais, com fácil acesso a estes terminais e próximos aos maiores mercados consumidores de cruzeiros, permitindo a criação de roteiros atrativos;

Portos de Trânsito (home ports): portos para escalas durante um cruzeiro, sem embarques e

Devemos observar que o entendimento do autor quanto a embarques e desembarques refere-se a procedimentos de alfândega e despacho de bagagem. Podemos também acrescentar portos que funcionam nas duas situações, para uso misto, no caso da maioria dos portos brasileiros, como Recife, Rio de Janeiro, Belém e Manaus, os portos atendem as duas situações.

O autor destaca que as estações (terminais) “possuem uma grande diferença entre a qualidade dos serviços oferecidos a bordo e os encontrados em terra, fator que prejudica a avaliação geral dos cruzeiros por parte dos clientes”. Desta forma, os terminais, se preparados qualitativamente para receber esta demanda, certamente contribuiriam para uma melhor avaliação da experiência turística por parte do visitantes no destino turístico.

Amaral sugere a divisão da infra-estrutura qualitativa em dois blocos:

Infra-estrutura básica: segurança; limpeza; banheiros (casas de banho); telefones (aptos a

realizar ligações nacionais e internacionais); estacionamento; assentos para espera; e ar- condicionado;

Infra-estrutura ampliada: área para alimentação; pontos de compras (lojas de souvenirs,

farmácia, jornais e revistas); e fingers (mangas) para embarque e desembarque;

A composição sugerida pelo autor não atende plenamente todas as necessidades de operação, pois a chegada de médios e grandes navios a um porto envolve não apenas as necessidades diretas dos passageiros, mas também dos demais usuários, como operadores turísticos, que atendem a estes viajantes. Os cruzeiros atuais oferecem, em média, um dia nas cidades de trânsito, durante esta curta estada, é oferecido aos clientes passeios, como city tours, que mobilizam dezenas de veículos e profissionais.

Para atender adequadamente esta demanda, tais operadores também necessitam de condições especificas de operação: locais cobertos e seguros para estacionamento dos veículos, espaço para receber e direcionar os passageiros, para venda de serviços opcionais, entre outros.

Como destacado por Palhares, (Capítulo 2), os portos, primeiramente, devem oferecer uma infra-estrutura eficiente para a recepção dos navios (atracação e abastecimento), todavia, tal fato não é suficiente para a manutenção da qualidade receptiva. O porto e seu terminal devem oferecer também as condições necessárias aos passageiros e operadores turísticos, de forma a diminuir as discrepâncias destacas por Amaral entre os serviços a bordo e os em terra.

Bem receber um navio, inclui garantias operacionais a todos os usuários do sistema portuário. Muitos portos brasileiros possuem condições físicas e operacionais de receber grandes navios, entretanto, as condições em terra dificultam a complementaridade da cadeia produtiva.

Em relação ao planejamento de áreas portuárias, Inskeep (1994) destaca aspectos estruturais dos portos, tais como área para docagem e profundidade, mas não faz referências aos terminais e as facilidades que devem existir nestas áreas para um bom desenvolvimento do turismo de cruzieros. Estas facilidades estão relacionadas a funcionalidade do porto, se principal ou de trânsito, e ainda a sua natureza, se fluvial ou marítima.

O período de cruzeiros marítimos nos portos brasileiros, em particular na Amazônia, estende- se de outubro a março, e até meados de abril, em alguns destinos. Carneiro (2006) afirma que “ao planejar a implantação de Terminais Portuários de Turismo, é necessário que os gestores municipais se conscientizem de que estes espaços devem ser utilizados também pela população local durante o restante do ano”. Como exemplo, o autor cita o do porto de Barcelona, que, “ao revitalizar sua área portuária com novos terminais de passageiros, aproveitou a infra-estrutura para construir edifícios de escritórios, restaurantes, shoppings, enfim, parte do porto foi transformada em um complexo comercial, cultural e de entretenimento”.

A Amazônia, por deter um intenso movimento fluvial de passageiros e cargas, o planejamento de terminais ao longo dos rios da região deve estar atento a este fator. A maioria das cidades da região, inclusive em muitas capitais, muitos portos são improvisados em precários trapiches de madeira ou nos barrancos na orla das cidades interioranas. Situação operacional impensável para a recepção de cruzeiros marítimos e fluviais.

A construção de portos mistos, para uso das embarcações regionais e internacionais, é uma saída, também como uma opção viável economicamente para a exploração destes terminais. Além da viabilidade econômica, geralmente os navios de cruzeiros utilizam os portos a partir das primeiras horas da manhã até o final da tarde, início da noite, justamente nos horários de pico nos centros urbanos. Desta forma, os terminais devem ser planejados de forma a facilitar as operações de um cruzeiro, sem criar mais transtornos à cidade, pois no entorno destes espaços se desenvolvem uma variedade de serviços que terminam por gerar um grande movimento comercial na área portuária, contribuindo com o aumento de problemas urbano, como congestionamentos e poluição.

4.5. Conclusão

O planejamento de terminais de transporte é um enorme desafio não somente para os gestores destes, mas também para os urbanos. A localização dos terminais, no caso dos aeroportos, afastados do centro da cidade; e dos portos, no centro, impõem ações ao mesmo tempo diferentes, mas complementares.

O desafio dos aeroportos é a conectividade, facilitar o acesso da cidade e das regiões próximas torna-se importante para que estes se tornem importantes pontos de acesso a um determinado destino turístico. Enquanto os portos, geralmente, bem localizados, a poucos minutos das principais atrações de uma cidade, os desafios são torná-los eficientes, modernos e diminuir os problemas urbanos causados por sua localização.

A interface modal ou mobilidade, nas palavras de Krippendorf, torna-se um elemento decisivo no planejamento dos terminais de transporte atuais. A integração em nível internacional e nacional favorece a chegada de viajantes, todavia, somente a conectividade dentro do pólo possibilitará uma maior dinamização do terminal, atraindo ainda mais visitantes, interessados em conhecer a cidade-sede (pólo) e as integrantes do cluster regional.

A visão mais pró-ativa dos gestores de terminal da importância destes pontos de acesso para as regiões nas quais estão inseridos possibilitará um maior desenvolvimento não somente do pólo, mas do próprio terminal, tornando-os mais atrativos, comercial e economicamente. Entretanto a viabilidade desta nova visão se tornará possível com uma maior participação da iniciativa privada neste processo.

A participação da iniciativa privada na gestão total ou parcial dos terminais pode também trazer mais dinamismo e novos investimentos para o setor. O modelo atual, baseado na gestão pública, de economia mista, não consegue dar as resposta que o setor de transportes necessita para se desenvolver. Atualmente, o compasso evolutivo acelerado do setor de transportes esbarra na ineficiência, burocracia e falta de investimentos do setor público.

Outro aspecto importante, o da satisfação do cliente, passa pelas necessidades de todos os intervenientes no terminal, ou seja, a boa infraestrurura para a recepção de uma aeronave ou embarcação, por si só não satisfaz o cliente, mas do conjunto associados aos serviços disponíveis, dos operadores e a dos próprios viajantes.

5. Tendências