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A EXPERIÊNCIA INFANTIL PARA CONSTRUÇÃO DE NOVOS SABERES

CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DOS SABERES

4.1 A EXPERIÊNCIA INFANTIL PARA CONSTRUÇÃO DE NOVOS SABERES

Pensar na experiência infantil como fator do desenvolvimento requer superar a ideia de que as crianças pouco participam do próprio processo de socialização (BENJAMIN, 1984), de igual modo, Sarmento e Pinto (1997) consideram que crianças são atores sociais que produzem símbolos de representação e crenças em um sistema organizado, ou seja, em sua cultura. Corsaro (2009) destaca que as crianças pequenas assimilam criativamente as informações do mundo adulto de modo singular, inserem-se na cultura dos seus pares e do mundo adulto, por exemplo, no conjunto de atividades ou rotinas, artefatos, valores e preocupações

Para Corsaro (2002, 2009), a socialização infantil consiste na ação da criança de forma interativa, ou seja, muito mais do que passiva ou reprodutiva, entendendo que as crianças criam e participam de suas culturas de modo singular por meio da apropriação de informações do mundo adulto para compreender seus próprios interesses enquanto criança. Nessa perspectiva, as crianças são entendidas como seres sociais que estão mergulhadas em um contexto constituído pelo desenvolvimento da comunicação e da linguagem, sendo essas habilidades peculiares para as aprendizagens.

É importante destacar que desde o nascimento as crianças interagem com o meio e com diferentes sujeitos, mesmo que inicialmente as interações aconteçam apenas no ambiente familiar. Contudo, desenvolvem desde cedo capacidades, habilidades e aptidões humanas que contribuem para o processo de desenvolvimento, o que ocorre sobremaneira na fase de escolarização, especialmente na Educação Infantil. Vygotsky (1998) pontua a importância dessa fase da vida, pois a criança começa a se apropriar das produções históricas e culturais humanas à medida em que se relaciona com os adultos, especialmente porque seu desenvolvimento intelectual depende das relações e interações que realiza com os fatores sociais.

O processo de formação e conhecimento está estritamente ligado às experiências culturais que as crianças vivenciam com as pessoas mais experientes que ela, assim, internalizando novos conhecimentos. Nesse processo de aprender com o outro, desenvolve-se e apropria-se das qualidades humanas no âmbito social e coletivo, de modo que os valores, crenças, linguagem, maneira de agir, ver determinadas situações, pensar, agir em seus instrumentos sociais, materiais e imateriais são formadas ao passo que são vivenciadas e compartilhadas.

Na sociedade atual, a criança pequena exige um olhar específi co acerca das construções de saberes e a relação com a faixa etária, especialmente porque nessa etapa da educação a criança apresenta competências cognitivas diferentes de quando se insere no ensino fundamental; pensar na educação e ensino da criança pequena se tornou uma área do conhecimento e pesquisas. As novas demandas sociais exigem repensar a escola e seu papel na construção dos conhecimentos e na construção dos sujeitos enquanto cidadãos de direito.

Inserir-se na cultura construída ao longo dos anos consiste em apropriar dos valores, das competências e saberes, o que implica inúmeras relações, como: conviver e viver juntos para que elementos como autonomia, cooperação, senso crítico, participação social e crítica aconteçam de modo signifi cativo. Já na Educação Infantil e no ensino fundamental, esses saberes e valores são vividos à medida em que a criança experimenta situações que envolvem tomadas de decisões coletivas, resolvendo problemas coletivos e respeitando valores sociais etc.

As experiências sociais que permitem as interações dos sujeitos com seus pares, com os adultos e com objetos de conhecimento possibilitam desenvolver habilidades de comunicar, falar, expressar, ouvir e, posteriormente, aprender a ler, escrever, a construir conhecimentos, instrumentos, símbolos para o desenvolvimento da inteligência, da imaginação artística. Parrat-Dayan (2010) destaca que a Educação Infantil assume importante tarefa em iniciar a criança na cultura tecnológica e científi ca, ao tempo que descobrem os objetos, as propriedades da matéria, dos seres vivos e a sensibilidade ao meio ambiente.

A Educação Infantil conduz a criança à descoberta da cultura, mesmo que ao nascer a criança já esteja inserida em um ambiente permeado pela cultura familiar, que desempenha um importante papel nas relações com o saber. Mas a escola, em especial na Educação Infantil, a criança aprende e se constrói como pessoa. O fato de o espaço da Educação Infantil possibilitar diversas atividades de convívio, ensinar a criança de forma ativa, dialógica e interativa rompe as barreiras curriculares e contribui para romper com currículos conteudistas, verdades acabadas, integrando saberes na conquista do conhecimento e da diversidade (PARRAT-DAYAN, 2010).

O professor da Educação Infantil ao assumir a perspectiva de que o sujeito aprende e se desenvolve pelas inúmeras interações, pode explorar situações de debates, pesquisas, registros escritos, falados, observações e experiências que ampliam as possibilidades de aprendizagens. Cabe destacar que ao desenvolver habilidades de forma global, ou seja, biopsicossocial, pode contribuir para que a criança pequena encontre menos difi culdades para aprendizagens mais complexas.

A instituição de Educação Infantil assume a função educacional escolar como local de intervenção pedagógica profi ssional distinta da família, sendo para além dos cuidados primários, educando e ensinando intencionalmente as crianças. Desta forma, cabe aos educadores propor situações lúdicas e jogos que possam favorecer as aprendizagens em diversas áreas do saber; sendo esses recursos fonte de atividades que permitem exercitar a imaginação, a descoberta e a construção de novos conhecimentos (PARRAT-DAYAN, 2010).

Toda ação planejada pelo professor constitui ocasião de transmissão de saberes culturais, desenvolvimento da autonomia, participação em situações sociais e cooperação, assim como articular diversas áreas do saber para potencializar a aprendizagem. Ao basearmos nossas práticas em uma perspectiva construtivista da aprendizagem, é preciso uma mudança na visão do ensino, entendendo que as interações são indispensáveis para a aprendizagem e a criança não é passiva, sim ativa em todo processo (PARRAT-DAYAN, 2010).

Diferentes pesquisas revelam que as crianças apresentam vontade própria e possuem habilidades para comunicar e manifestar seus interesses, o que pode favorecer a construção dos conhecimentos, o que se opõe a uma tendência tradicional em que as tarefas muitas vezes são pré-construídas pelo professor, sem espaço para liberdade e construção de novos saberes. Partindo desse pressuposto, a escola é o local que permite a criança a construção de uma cultura, incluindo no domínio dos valores, da ética, da linguagem oral, escrita, tecnológica e científi ca.

4.2 O PROFESSOR NA EDUCAÇÃO