3 DINAMIZANDO O CURRÍCULO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
3.1 CARACTERÍSTICAS DO DESENVOLVIMENTO E A
IMPORTÂNCIA DO LÚDICO
FIGURA 5 – AMBIENTE AGRADÁVEL E ACOLHEDOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
FONTE: <http://naescola.eduqa.me/desenvolvimento-infantil/pais-ou-professores-quem-deve-impor-limites-na-educacao-infantil/>. Acesso: 15 dez. 2020.
A criança na Educação Infantil requer uma atenção especial no planejamento das ações pedagógicas, sabendo que o lúdico toma dimensões importantes, pois é nesse momento em que a criança deseja muitas coisas que não são possíveis realizar de imediato. Vygotsky (2007) destaca que na fase pré-escolar o pensamento da criança se apresenta de modo ilusório e imaginário a fi m de satisfazer os desejos da criança pequena. Com isso, a fantasia deve permear as atividades da Educação Infantil e precisam estar asseguradas nas propostas curriculares, bem como nos projetos políticos pedagógicos.
Para transformar o ambiente educacional em lúdico, é preciso uma postura sensível frente à concepção de infância, de sujeito, para que as práticas sejam ressignifi cadas para atender as demandas pedagógicas da criança pequena, sendo necessário romper com os modelos de práticas educativas que limitam as interações, os jogos, brincadeiras, a dinamicidade para que a aprendizagem se torne prazerosa.
Nessa perspectiva, a instituição de Educação Infantil precisa romper com um modelo arraigado em práticas engessadas, tradicionais, que acompanham a educação por anos, e acabam impedindo as crianças de vivenciarem situações de aprendizagem de modo interativo, dinâmico e prazeroso. Para Maluf (2012), as atividades lúdicas podem ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer atividade que proporcione interações, de modo que a criança associe o ato, o pensamento, o sentimento de uma forma completa.
A importância da ludicidade na Educação Infantil se dá pela qualidade das interações, no jeito de agir, sentir e pensar do sujeito, que torna a experiência plena e signifi cativa, o que pode acontecer em situações de: contação de histórias, músicas, jogos, brincadeiras que devem acontecer diariamente no ambiente da Educação Infantil (MALUF, 2012).
Para Maluf (2012), a música e o ato de contar histórias na Educação infantil torna o momento mágico e são práticas imprescindíveis ao dia a dia escolar, uma vez que ao se aproximarem dos livros essa prática se torna um hábito para alcançar informações, aprendizagem e prazer. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil destacam a atividade de contar histórias como um recurso didático capaz de promover mudanças signifi cativas na vida de quem ouve, sendo a escola esse ambiente adequado para que tais ações aconteçam.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) (BRASIL, 1998) também aponta a importância das instituições de Educação Infantil resgatar o repertório de histórias que as crianças escutam em casa, bem como em diversos contextos culturais que se constituem em uma rica fonte de formação, de valores, ética, emoções no desenvolvimento da subjetividade e sensibilidade da criança pequena. Esse documento ainda destaca que todo professor que atua com a criança deve se preocupar em contar histórias sistematicamente, especialmente ao contribuir para a aprendizagem dos pequenos.
Vale destacar que esse momento deve ser preparado pelo professor educador, planejado de maneira agradável e convidativo para ouvir histórias, instigando o interesse, a curiosidade da criança pela leitura. As histórias são fontes de aprendizagem que podem transformar o imaginário, ampliar os horizontes e auxiliar na construção de saberes signifi cativos para vida escolar e social.
Assim como as histórias, a música desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das emoções, sentimentos, bem como a capacidade de percepção e atenção da criança em contato com diversos gêneros musicais.
Além disso, a música pode proporcionar prazer e satisfação do corpo e mente, o que pode facilitar a aprendizagem, deixar o ambiente escolar mais agradável, especialmente para convivência e relacionamento com os outros.
O professor precisa compreender essa importância e oportunizar esse contato, visando ao desenvolvimento pleno do sujeito. A criança precisa ser sensibilizada pelo mundo dos sons, gestos e movimentos, o que permite maior integração do desenvolvimento motor, as habilidades cognitivas, por exemplo, a atenção e memória. Desta maneira, no ambiente da Educação Infantil, ao explorar as estratégias de contação de história e musicais, permite a criança experimentar
momentos de plenitude e alegria.
Após essa compreensão, é possível repensar a concepção de Educação Infantil dando outro sentido ao fazer musical, ao formar um repertório infantil que priorize a expressividade e as manifestações artísticas e culturais; e o ensino e a aprendizagem acontecem de forma mais agradável e prazerosa.
A organização dos espaços na Educação Infantil é essencial quando pensado na perspectiva de que a criança é o sujeito da sua aprendizagem, deve participar de forma ativa, construindo seus conhecimentos nas relações que faz com o outro e o ambiente; as instituições de educação infantil devem percorrer um grande caminho de aperfeiçoamento, que requer pensar e refl etir acerca das práticas pedagógicas.
Os espaços da sala de aula devem ser organizados para o desenvolvimento social das crianças, bem como possibilitar inúmeras interações para que as aprendizagens se tornem possíveis, por isso, pensar e planejar esse ambiente é tarefa também dos profi ssionais que atuam nesta etapa da educação, tendo em vista que tais espaços compõem uma parte signifi cativa do processo de ensino e de aprendizagem.
Para Horn (2004), a instituição de Educação Infantil é um local privilegiado para o desenvolvimento de atividades pedagógicas que vão além de recepcionar as crianças, de maneira que considerem toda bagagem histórica, cultura familiar, conhecimentos adquiridos antes da escola, com isso, as ações devem valorizar e ir além do ambiente escolar, envolvendo a família e outros membros da sociedade.
O espaço físico é um elemento indispensável a ser observado, especialmente porque precisa ser acolhedor, prazeroso, um local onde as crianças brinquem, criem, recriem suas brincadeiras sentindo-se à vontade e estimuladas a isso.
Para Horn (2004), é nesse espaço em que a criança se relaciona com o mundo e as pessoas, ou seja, é o pano de fundo que se insere as emoções.
Outro aspecto importante é que esse espaço deve ser organizado de acordo com a faixa etária da criança, ao propor desafi os cognitivos e motores possível para o desenvolvimento das suas potencialidades. Para Gandini e Edwards (2002), esse espaço deve ser permeado de objetos que vão retratar a cultura e o meio social em que a criança se encontra, e também vale destacar que a criança é fortemente marcada por esse espaço social, pois nele fazem suas interações, aprendem, constroem, criam, signifi cam e ressignifi cam os seus conhecimentos.
Para Oliveira (2000), a compreensão de que o espaço escolar tem uma fi nalidade pedagógica, possibilita dar signifi cado para os conteúdos,
conhecimentos, valores que serão ensinados neste contexto. O ambiente precisa oferecer condições possíveis para que as práticas pedagógicas se façam com maior qualidade.
Para Hermida (2007, p. 227),
[...] a educação infantil precisa ser muito mais qualifi cada.
Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade; não podendo deixar de lado o desenvolvimento das habilidades sociais, nem o domínio do espaço e do corpo e das modalidades expressivas; deve privilegiar o lugar para a curiosidade e o desafi o.
Considerar a criança como um sujeito é considerá-la em todos os seus aspectos e dimensões, tanto em suas necessidades físicas quanto sociais, psicológicas, emocionais, ou seja, cuidar e educá-las com intencionalidade pedagógica, dando condições para que pensem, criem, argumentem, exponham suas ideias e não apenas repitam o que é ensinado.
Educar e ensinar crianças na Educação Infantil deve ser pensado desde antes do nascimento, nos primeiros dias de vida, desde o ambiente familiar e na inserção no contexto escolar, uma vez que todas as experiências vivenciadas constroem o seu saber, sua identidade enquanto sujeito e cidadão.
2 Considerar a criança como um sujeito é considerá-la em todos os seus aspectos e dimensões, desta maneira, é preciso buscar uma compreensão global, de modo que observe:
a) ( ) Apenas aspectos emocionais e cognitivos, pois a criança na Educação Infantil precisa ser respeitada em todas as suas necessidades.
b) ( ) Cuidar e educar são ações indissociáveis no ambiente pedagógico, uma vez que o professor deve olhar atentamente o seu planejamento para que não privilegie um em detrimento do outros.
c) ( ) Educar na Educação Infantil é um grande desafi o, pois cada criança apresenta uma maneira específi ca de signifi car o mundo e o professor deve compreendê-la somente nas questões pedagógicas.
d) ( ) A Educação Infantil é um ambiente amplo para inúmeras interações, o que não pode fi car de fora do planejamento
do professor, sendo este o aspecto essencial na prática pedagógica: o ensino dirigido.
e) ( ) O professor deve considerar a criança tanto em suas necessidades físicas quanto sociais, psicológicas, emocionais, ou seja, cuidar e educá-las com intencionalidade pedagógica, dando condições para que pensem, criem, argumentem, exponham suas ideias e não apenas repitam o que é ensinado.