INFANTIL
A indissociabilidade do cuidar e educar permeia toda a Educação Infantil, no entanto, é preciso repensar ações que garantam um processo emancipatório das crianças, desta maneira, o trabalho orientado por Projetos na Educação Infantil tem se consolidado uma vez que interferem positivamente no desenvolvimento da criança, desta maneira, essa seção vai abordar a importância de pensar as práticas na Educação Infantil por meio de uma Pedagogia de Projetos.
Para Barbosa e Horn (2008), a vida dos seres humanos é constituída por uma constante elaboração e reelaboração de projetos, assim, todos projetam, mesmo que de forma simples: como realizar uma viagem no fi nal de semana, fazer um curso e outros projetos com maior grau de complexidade, por exemplo, escolher uma profi ssão. No entanto, no campo educacional essa proposta teórica e metodológica emana da Escola Nova e procurara criar novas formas de organização do ensino de modo que articule as características globais do conhecimento, ao buscar estratégias para reestruturar a escola e a sala de aula.
Assim, surge a proposta baseada em projetos que assume o compromisso do ensino com os centros de interesses e unidades didáticas.
O fi lósofo americano John Dewey é um dos principais representantes da pedagogia de projetos, ele acreditava que o conhecimento só é obtido através da ação, experiência, sendo produto do encontro do indivíduo com o mundo.
Nessa perspectiva, entende-se que os seres humanos são dotados do desejo
de conhecer, aprender, movidos pela dúvida e necessidades, que leva constantemente a enfrentar problemas de ordem teórica e prática, buscando construir respostas e explicações que sejam válidas (BARBOSA; HORN, 2008).
O trabalho pedagógico baseado em projetos assume como função principal da escola auxiliar a compreender o mundo por meio da pesquisa, do debate e da solução de problemas que ocorrem no interior das inter-relações entre as atividades escolares e interesses das crianças e das comunidades.
Trabalhar com projetos na Educação Infantil requer quatro passos que nortearão a planifi cação, sendo: decidir o propósito do projeto, realizar um plano de trabalho para a solução, executar o plano projetado e julgar o trabalho realizado. Nesse sentido, Barbosa e Horn (2008) propõe princípios fundamentais para a elaboração de projetos no ambiente escolar, os quais serão descritos no quadro a seguir.
QUADRO 1 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS NO AMBIENTE ESCOLAR
Intencionalidade Toda ação precisa ser compreendida e desejada pelos su-jeitos e apresentar um signifi cado vital, corresponder a um fi m, propósito ou intenção.
Situação problema
Todo pensamento deve surgir de uma situação problema que exige refl exão e análise da difi culdade. As soluções são propostas de modo que estabeleçam conexões com situações reais da vida cotidiana.
Ação Toda atividade se faz de maneira singular e implica o envolvi-mento da razão, emoção, sensibilidade, sentienvolvi-mentos, pensa-mentos e proposições.
Experiência Anterior As experiências e conhecimentos passados são bases para se construir novos e precisam ser considerados.
Investigação Científi ca A ciência se constrói a partir da pesquisa científi ca e a apren-dizagem escolar deve acontecer da mesma forma.
Integração Integrar situações, mesmo que as situações estejam fragmen-tadas é preciso construir relações e explicitar generalizações.
Prova fi nal Verifi car se durante o desenvolvimento do projeto houve aprendizagem ou algo se modifi cou.
Efi cácia social Por meio de inúmeras experiências de aprendizagem o com-portamento solidário e democrática devem se fortalecer.
FONTE: Adaptado de Barbosa e Horn (2008).
O trabalho a partir de projetos visa romper com um modelo tradicional de programas escolares com listas intermináveis de conteúdos obrigatórios, fragmentados, defi nidos previamente, uniformes e autoritariamente cobrados pelos professores. Concomitante a essa proposta, no Brasil ganha força a pedagogia de Paulo Freire (1967) que organiza o ensino por meio dos temas geradores que as atividades educativas partem da realidade socioeconômica e cultural em que estão inseridos os indivíduos. Mas cabe ressaltar que a proposta do trabalho mediado por projetos surgiu com intuito de quebrar o marasmo da escola tradicional e inovar as práticas educativas, criando uma nova postura do profi ssional da Educação.
Edgar Morin (2002) aponta para a necessidade em romper com o paradigma disciplinar, avançando para uma interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade como meio de pensar os problemas que a humanidade construiu, estabelecendo conexões com as disciplinas, pelo compartilhamento de saberes e conhecimentos, dos confrontos, que abrem as fronteiras em função da resolução de situações complexas, como por exemplo, a fome, pobreza, epidemias, terrorismo, aquecimento global e outros (BARBOSA; HORN, 2008).
Essas considerações nos fazem repensar a escola na sociedade contemporânea, uma vez que esta é globalizada, organizada em rede, capaz de integrar diferentes saberes por meio de diferentes linguagens, especialmente a tecnologia digital. A escola nessa perspectiva deve atuar e organização os conhecimentos que foram produzidos e acumulados ao longo dos anos e deixar a função de transmitir apenas os conhecimentos.
Encarar a sociedade contemporânea e suas transformações, é entender que a criança não é um ser incompleto, mas sim protagonista da sua aprendizagem e desenvolvimento, e que este acontece por meio da participação ativa nas relações com seus pares, com os adultos e o ambiente que estão inseridas. Nessa visão as crianças são capazes de criarem teorias, interpretar, perguntar e construir seus próprios conhecimentos.
Na Educação Infantil, essa criança precisa ter contato com as diversas linguagens simbólicas, o que possibilita colocar a criança em uma “ação conjunta e multifacetada de esquemas cognitivos, afetivos, sociais, estéticos e motores”
(BARBOSA; HORN, 2008, p. 28). Essa proposta se enquadra na abordagem baseada em projetos, tendo em vista que não existe uma única forma de