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A frustrada transição para as corporações

3. A organização por secções e os sistemas de acesso: o impacto das corporações

3.9. A frustrada transição para as corporações

Com a I Legislatura em curso, Domingos Fezas Vital (1937: 405-406) considerava que a Câmara ainda não era «integralmente corporativa», uma vez que nem todos os seus membros eram «representantes de organismos corporativos». Os nomeados por parte do Conselho Corporativo tendiam a diminuir, à medida que «os vários ramos da vida nacional forem sendo organizados corporativamente», permitindo, assim, a substituição daqueles por outros já eleitos. Com a nova lei orgânica de 1938, o objectivo parecia ser mesmo este, mas não chegaria a ser alcançado.

Em 1938, os procuradores, por intermédio do Decreto-Lei n.º 29111, passavam a ser os presidentes de cada corporação e membros do respectivo conselho, em número e qualidade suficientes. O Conselho Corporativo designaria as entidades que além dos primeiros acederiam à Câmara, tendo em conta a importância das actividades e a representação dos interesses das empresas e do trabalho.

Como ainda não existiam as corporações, supunha-se a existência de uma fase transitória, em que o Conselho Corporativo seria determinante. Desde logo, publicaria, até 15 de Novembro de 1938, a relação das entidades que comporiam a Câmara. Caso existisse um único grémio ou sindicato nacional ou uma federação da categoria económica representada na secção, o respectivo presidente seria o procurador. Posteriormente, seriam alargadas as possibilidades: para além do presidente da direcção, os governantes também poderiam seleccionar o presidente do conselho geral ou da assembleia-geral (Decreto-Lei n.º 32416). Existindo mais do que um daqueles tipos de organismos, seria aquele conselho de ministros a escolher o presidente das respectivas direcções, tendo em consideração a actividade e a importância relativa. Os organismos de coordenação económica também teriam lugar na instituição, caso interviessem nas actividades representadas. Quanto aos interesses não organizados corporativamente, os mesmos governantes fariam as necessárias nomeações. O mesmo sucederia caso entendessem que os organismos existentes ainda não correspondiam aos interesses dominantes a que era conferida representação, mas apenas se referiam a parte das actividades previstas. Tal como anteriormente, a criação de novas instituições conduziria às substituições necessárias, reguladas, uma vez mais, pelo Conselho Corporativo, que ainda tutelava a representação das casas do povo e das casas dos pescadores. Mantinha-se a norma sobre as profissões, após os trabalhos da Câmara, dos representantes dos sindicatos nacionais, das casas do povo e das casas dos pescadores.

Esta fase transitória tenderia a terminar. À medida que as corporações fossem sendo instituídas, processar-se-ia a substituição dos seus procuradores pelos que estivessem a representar na Câmara os mesmos interesses. A organização que então seria assumida reflectiria aquelas instituições de topo do sistema. O Conselho Corporativo detinha poderes para alterar o número e a designação dos agrupamentos de secções.

Nesta orgânica, não eram referidas quaisquer instituições com representação nas secções morais e culturais. Igreja Católica, misericórdias, academias de belas-artes, universidades, federações desportivas não eram sequer mencionadas. O que se pode compreender com a previsível criação de corporações morais e culturais.

Os sindicatos nacionais das profissões liberais teriam assento na Câmara Corporativa e os seus procuradores eram mesmo distribuídos pelas secções específicas. Nestes casos, eram referidos os seus representantes e não os presidentes dos seus órgãos de direcção.

As autarquias locais mantinham o regime da I Legislatura. Os municípios de Lisboa e Porto eram representados pelos seus presidentes. Os restantes seriam eleitos por categorias: urbanos do continente, arquipélagos da Madeira e dos Açores, rurais de três grupos de províncias. Os procuradores que representavam os interesses sociais de ordem administrativa seriam igualmente designados por aquele restrito conselho de ministros. O seu número não poderia exceder o das corporações que fossem instituídas. Este art. 3.º estava longe de ser claro no que ao termo de comparação dizia respeito: superior ao número de procuradores integrados nas demais secções ou ao próprio quantitativo destas últimas instâncias. No art. 8.º, era expresso que, a título transitório, aquele número estava reportado ao das secções.

Quanto ao perfil destes procuradores, era adoptada uma nova formulação. Na anterior lei orgânica (Decreto-Lei n.º 24683), era expresso que possuiriam um comprovado conhecimento das questões da administração pública e dos problemas que deveriam ser estudados (art. 13.º). Agora, definia-se que seriam «pessoas de superior competência na feitura das leis ou de comprovado conhecimento das questões de administração pública» (art. 3.º).

Finalmente, era expresso que os procuradores designados pelo Conselho Corporativo poderiam pertencer a mais do que uma secção. Tratava-se de uma regra que já se aplicava, de acordo com a orgânica de 1935, às ordens dos profissionais liberais. Mas também já tinha sido aplicada (ACVP n.os 1/I, 15/I e 18/I) com Abel Pereira de Andrade (Justiça e, desde 27 de Novembro de 1936, Política e Administração Geral) e com António César de Almeida Vasconcelos Correia (nomeado para os Transportes, representa, desde 25 de Janeiro de 1937,

a Ordem dos Engenheiros em mais três secções para além daquela e, ainda, o Grémio Nacional dos Bancos e das Casas Bancárias na Secção de Crédito e Seguros)181.

Por intermédio de um outro diploma (Decreto n.º 29112), publicado no mesmo dia, era regulada a representação das misericórdias, das câmaras municipais e das federações desportivas182. A relação das entidades que comporiam a Câmara foi publicada pelo Conselho Corporativo até à data prevista. Continha os interesses representados em cada uma das secções correspondentes aos interesses económicos, morais e culturais. Também esclarecia alguns dos processos de escolha dos respectivos procuradores. Nas Secções de Interesses Espirituais e Morais, Ciências e Letras, Belas-Artes e Educação Física e Desportos, eram indicadas as composições específicas, mas também, até porque a lei orgânica era omissa a esse respeito, estavam explícitos os responsáveis pelas designações. Entretanto, seria publicada uma complementar relação dos procuradores, contendo os organismos escolhidos, os respectivos representantes e os membros da Câmara que eram directamente nomeados183. Da I para a II Legislatura, haveria mais 14 representações. As instituições ou organismos, por si só considerados, indicariam mais oito procuradores e ocorreriam mais seis nomeações. No período experimental, recorde-se, existira somente uma relação de entidades, mas que continha os organismos e os procuradores. Agora, havia uma diferenciação entre as entidades e os procuradores. Estes eram remetidos para uma segunda deliberação do Conselho Corporativo. No caso da Administração Pública, existia um elenco de 20 indivíduos, distribuídos pelo presidente da Câmara pelas seis secções previstas na lei orgânica184.

A nova relação das entidades que compunham o Agrupamento dos Interesses Económicos, Culturais e Morais era genérica e destinada a produzir efeitos na fase transitória, eventualmente prolongados, mas limitados pela criação das corporações. À medida que esta fosse tendo lugar, far-se-iam os ajustamentos necessários na Câmara. A sua estrutura constituía um modelo para as corporações. A relação dos procuradores apenas seria aplicável ao início da legislatura de 1938. No seu decurso, processar-se-iam as substituições impostas pelos designados nas instituições cimeiras do sistema.

181 Na II Legislatura, voltaria a acumular as mesmas três representações, mas por um período menor (entre 20 de

Janeiro de 1939 e 13 de Fevereiro de 1940), e ainda somente duas (entre 28 de Novembro de 1938 e 20 de Janeiro de 1939 e entre 13 de Fevereiro de 1940 e 4 de Março de 1940): ACVP n.os 1/II, 4/II, 7/II e 8/II.

182 Os actos eleitorais teriam lugar em 20 de Novembro. Para escolher o representantes dos municípios dos

Açores, seria necessário repetir o acto eleitoral (Decreto n.º 24492, de 22.3.1939).

183 Cf. DG, 15.11.1938 (relação das entidades); DG, 23.11.1938 (relação dos procuradores). 184

Só que as corporações não foram criadas. No início das III, IV e V Legislaturas, voltaram a ser publicadas apenas relações de procuradores, e não de entidades185. Mas aquelas continham algumas alterações sobre estas últimas, no sentido que envolviam os interesses representados, por confronto com o que tinha sido fixado no início da fase transitória. A identidade entre as duas relações foi tão evidente que, por exemplo, a própria Comissão de Verificação de Poderes da Câmara Corporativa faria referência, logo em 1942, à relação de procuradores como sendo a das entidades (ACVP n.º 1/III).

A eleição das representações das misericórdias, das câmaras municipais e das federações desportivas seria igualmente regulada no início de cada legislatura186. Logo em 1940, o último caso seria diferenciado, pela própria Câmara Corporativa, dos dois restantes, a propósito da substituição de Dario Canas (ACVP n.º 10/II). Não se tratava de uma representação institucional, mas individual. A eleição não recaía sobre uma federação, mas sobre um indivíduo que era, naquele momento, o presidente de uma determinada instituição. Caso deixasse de exercer essa função, perdia o mandato e seria necessária nova eleição, a fixar pelo Governo. Com as misericórdias e com as câmaras, a eleição recaía sobre uma entidade, pelo que o procurador seria quem exercia um determinado cargo (provedor ou presidente). Poderia ser substituído na Câmara, sem recurso a novo acto eleitoral.

A fase transitória prolongou-se indefinidamente. As entidades que compunham as secções da Câmara foram sendo alteradas pelo Conselho Corporativo, quando o elenco dos procuradores era definido no início de cada uma daquelas legislaturas subsequentes. Eram aplicados os seus poderes de modificação dos interesses que estavam representados nas secções, se bem que não decorressem da criação das corporações, mas estivessem circunscritos à existência de novos organismos do sistema.

As modificações sobre a constituição das secções não foram muito significativas. Para além da terminologia empregue para definir os interesses, houve lugares suprimidos e outros que foram introduzidos.

Em 1942, deixou de constar o representante do comércio de lanifícios ou algodões na Secção de Indústrias Têxteis. A responsabilidade por esta supressão proveio do Ministério da Economia: em 1938, tinha sido nomeado um procurador, mas, entretanto, deveria ser atribuída ao Grémio dos Exportadores de Algodão em Rama, cuja formação, todavia, parecia

185 Cf., sempre no DG: 23.11.1942 (III Legislatura), 24.11.1945 (IV Legislatura); 24.11.1949 (V Legislatura). 186 Cf.: Decreto n.º 32356, de 4.11.1942 (actos eleitorais em 15.11.1942); Decreto n.º 35105, de 6.11.1945 (em

«comprometida»187. Em 1945, foram acrescentados três representantes do trabalho industrial nas Secções de Produtos Florestais, de Minas Pedreiras e Águas Minerais e de Electricidade e Combustíveis, ainda que, nas duas últimas, o organismo seleccionado (Sindicato Nacional dos Mineiros de Carvão do Distrito do Porto) fosse o mesmo, tal como o procurador indigitado (Manuel Pinto de Oliveira). Também a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho teria representação na Secção de Educação Física e Desportos. Em 1949, o trabalho industrial passava a ter representação na Secção de Indústrias Metalúrgicas e Químicas. Nas duas instâncias que tinham sofrido alterações no início da anterior legislatura, o organismo escolhido já seria diferente, tal como o respectivo procurador.

De acordo com as leis orgânicas de 1934 e de 1938, os representantes dos sindicatos nacionais dos agrónomos, silvicultores e veterinários teriam assento nas quatro secções da lavoura. À semelhança das três ordens de profissionais liberais igualmente referidas naqueles diplomas (advogados, médicos e engenheiros), não estavam, porque tal se mostrava desnecessário, incluídas na relação de entidades que antecedeu a II Legislatura. O mesmo se diga da correspondente relação de procuradores, ainda que, agora, as justificações remetessem para as indicações fornecidas pelas próprias instituições. Agrónomos, silvicultores e veterinários não estavam organizados de acordo com a fórmula corporativa, médicos e engenheiros indicariam os seus representantes em 1939 e os advogados não o chegariam a fazer.

Iniciada em 1942, a legislatura subsequente traria novidades somente no que a agrónomos, silvicultores e veterinário dizia respeito, mas quando estava prestes a findar, por dissolução da Assembleia Nacional. O Sindicato Nacional dos Veterinários fez chegar ao Conselho Corporativo a solicitação de uma representação na Câmara. Finalmente, tinha sido constituído, depois de estar previsto na orgânica da Câmara de 1935188. Os governantes entenderam que estava subentendido na lei orgânica de 1938 a formação de dois organismos distintos: no primeiro, seriam reunidos agrónomos e silvicultores; no segundo, os veterinários. Ao conselho, caberia escolher aquele a que seria conferida representação naquele órgão consultivo, de acordo com a actividade e a importância relativa dos dois organismos. Como só existia um único, a deliberação era facilitada189.

A representação do Sindicato Nacional dos Veterinários era comunicada à Câmara Corporativa, que reconheceria os poderes de António Jacinto Ferreira (ACVP n.º 19/III). Este novo procurador tomaria parte nas quatro secções da Lavoura até ao final da III e IV

187 Ao Dr. Ribeiro da Cunha (AOS/CO/PC-18A, fl. 197).

188 Sobre o alvará do Sindicato Nacional dos Veterinários, cf. BINTP, n.º 8, 29.4.1944, p. 203.

189 Cf. Certidão da Acta da 42.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 14.1.1945 (AHP/Sec. XXVII/Cx. 12/n.º

Legislaturas. Nesta última, contudo, apenas estaria referido, na relação dos procuradores, como membro da Secção de Cereais e Pecuária. Esta correlação com uma única instância específica contrariava a deliberação do Conselho Corporativo que a antecedera190. Aliás, Jacinto Ferreira subscreveria pareceres que eram da responsabilidade das instâncias de Vinhos e de Produtos Florestais.

Na V Legislatura, o Sindicato Nacional dos Veterinários voltaria a constar apenas na Secção de Cereais e Pecuária. Também não tinha sido adstrito às restantes instâncias da Lavoura na antecedente reunião do Conselho Corporativo191. O novo procurador, Alfredo Vidigal das Neves e Castro, apenas subscreveria um parecer, na qualidade de agregado às directamente responsáveis pela sua emissão.

Este caso demonstra o grau de autonomia das deliberações do Conselho Corporativo. Na V Legislatura, o representante do Sindicato Nacional dos Veterinários foi, definitivamente, remetido para uma única secção, ao arrepio do que estava disposto na lei orgânica da Câmara Corporativa. Já no anterior período legislativo não constara das relações de procuradores, ainda que o conselho assim o tivesse determinado. E nem sequer se poderá invocar que aquele organismo não era composto por profissionais liberais, porque este tipo de terminologia não era utilizado no diploma. Ainda que estivesse associado a três ordens já existentes, estas constituiriam sindicatos nacionais, nomenclatura empregue na referida disposição para agrónomos, silvicultores e veterinários.

Entre a II e a V Legislaturas, os procuradores dos Interesses de Ordem Administrativa constavam da relação de procuradores. Mas não eram, à excepção da última, distribuídos pelas secções. A integração nestas instâncias específicas ficaria a cargo do presidente da Câmara Corporativa, se bem que o restrito conselho de ministros tivesse, em 1942 e em 1945, sugerido directamente as fórmulas que seriam efectivamente adoptadas. Só que, nestes dois momentos, não as publicitariam. O mesmo sucederia, por exemplo, com as substituições operadas em 1946, que implicavam a transferência de Afonso de Melo da Secção de Justiça para a de Política e Administração Geral. Na V Legislatura, a proposta seria do conhecimento geral, porque constava da relação de procuradores, no Diário do Governo, e não de um

190 Cf. Certidão da Acta da 45.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 19.11.1945 (AHP/Sec. XXVII/Cx. 13/n.º

5/fls. 4-20). A relação dos procuradores foi publicada em 24.11.1945.

191 Cf. Cópia autêntica da Acta da 50.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 19.11.1949 (AHP/Sec. XXVII/Cx.

extracto de acta que seria do conhecimento reservado do presidente e da Comissão de Verificação de Poderes da Câmara192.

Também entre as II e a V Legislaturas seriam nomeados pelo Conselho Corporativo 20 representantes dos Interesses de Ordem Administrativa. À excepção da primeira, António Vicente Ferreira teria assento nas Secções de Obras Públicas e Comunicações e de Política e Economia Coloniais. Na V legislatura, a relação de procuradores apenas continham 19 nomeações. Um ano volvido, Pedro Teotónio Pereira seria indigitado para a Secção de Finanças e Economia Geral (ACVP n.º 14/V), perfazendo-se, assim, o número dos anteriores períodos. Referia-se que o representante da Ordem dos Advogados só em 1954 assumiria o seu lugar como membro da Secção de Justiça (ACVP n.º 3/VI).

Na VI Legislatura, a orgânica da Câmara Corporativa seria modificada (Decreto-Lei n.º 39442). Ainda se estava numa fase transitória, dado que a nova estrutura somente teria aplicação enquanto não fossem instituídas as corporações. O Conselho Corporativo poderia alterar a composição das secções, tal como o seu número e designação. Neste particular, a grande novidade face à orgânica de 1938 residia na necessidade da decisão ser publicada no

Diário do Governo. Recorde-se que, desde aquela data, as alterações tinham ficado limitadas

aos interesses representados e constaram sempre das relações de procuradores, publicitadas na folha oficial.

No que às designações dos membros da Câmara Corporativa diz respeito, este diploma de 1953 introduziria modificações mínimas. Ainda para mais, reportar-se-iam, sobretudo, aos representantes dos Interesses de Ordem Administrativa. Para as secções económicas e para as Autarquias Locais, permaneciam em vigor todas as disposições de 1938. No caso dos Interesses Espirituais e Morais e da Cultura, as relações de procuradores seriam, como até agora, esclarecedoras.

Os representantes dos Interesses de Ordem Administrativa continuavam a estar limitados do ponto de vista numérico. Agora, o referencial já não seria formado pelas restantes secções, mas pelo total de procuradores: não podiam exceder um terço do total. Ficava bem expresso que as alterações sobre a composição das instâncias específicas da Câmara Corporativa não poderiam, em caso algum, colidir com este limite.

192

Sobre a II Legislatura, cf. DS, n.º 5, 1.º Supl., 2.12.1938, p. 24(1) (despacho do presidente da Câmara Corporativa). Sobre a III Legislatura, cf.: Certidão da Acta da 40.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 19.11.1942 (AHP/Sec. XXVII/Cx. 11/n.º 26/fl. 33v); DS, n.º 4, Supl., 2.12.1942, p. 16(1) (despacho do presidente da Câmara). Sobre a IV Legislatura, cf.: Certidão da Acta da 45.ª Sessão do Conselho Corporativo, fl. 19; DS, n.º 1, Supl., 29.11.1945, p. 4(2) (despacho do presidente da Câmara); DS, n.º 4, 4.12.1945, p. 32 (rectificação ao despacho); Certidão da Acta da 46.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 25.11.1946 (AHP/Sec. XXVII/Cx. 13/n.º 6/fl. 30); DS, n.º 60, 2.º Supl., 5.12.1946, p. 42(37) (despacho do presidente da Câmara).

Os membros da Secção de Defesa Nacional deixavam de ser nomeados pelo Conselho Corporativo. A sua representação seria competência do secretário-adjunto do Secretariado- geral da Defesa Nacional e dos sub-chefes dos Estados-Maiores do Exército, Naval e das Forças Aéreas193. Até então, tinha havido apenas dois membros nesta instância específica, ainda que, por ocasião dos trabalhos preparatórios do Decreto-lei n.º 27221, tenha sido ponderada, mas eliminada pelo próprio Salazar, a introdução de um terceiro membro194. Por outro lado, a Ordem dos Engenheiros seria representada ou pelo seu presidente ou pelos presidentes das secções especializadas, por aquele designados. Era o único caso referido no diploma sobre interesses específicos que integravam instâncias económicas da Câmara Corporativa. Contudo, esta ordem também tinha, até então, assento na Secção de Obras Públicas e Comunicações. Note-se que, desde 1942, o Conselho Corporativo escolhia ou o presidente da direcção de um organismo corporativo, ou o presidente do conselho geral ou da assembleia-geral. Para a Ordem dos Engenheiros, era aberta uma possibilidade extra. Na VI Legislatura, seriam indigitados quatro procuradores distintos, para outras tantas secções, o que não voltaria a ocorrer. Junto de Marcelo Caetano, Salazar justificaria esta alteração porque um ajustamento de competências iria conferir uma «mais valiosa» colaboração195.

Ainda de acordo com o diploma de 1953, o presidente da Câmara Corporativa, uma vez eleito, ficaria impedido de exercer a representação que o conduzira à instituição. Por esta razão, poderia ser substituído.

No início da VI Legislatura, voltaria a ser publicada a relação de procuradores, contendo, no entanto, a composição específica dos interesses representados na Câmara Corporativa. As alterações eram, agora, intensas, ainda para mais quando apenas tinham sido, como referimos no ponto anterior, criadas duas novas secções (indústrias metalúrgicas e relações internacionais). Seriam mais 26 representações, na sua esmagadora maioria (20) por nomeação directa. Não era acrescentado qualquer outro caso de concertação entre organismos diferentes, quaisquer que fossem as suas características. Seriam, portanto, poucas (seis) as instituições que acederiam à Câmara. A escolha dos representantes das misericórdias, das

193 Esta disposição seria discutida com o ministro da Defesa Nacional, Santos Costa, e com o presidente da

Câmara Corporativa, Marcelo Caetano, tendo tido origem numa questão colocada por este último para a existência de uma representação da Aeronáutica. Sobre a questão, cf.: cartas do presidente da Câmara Corporativa ao presidente do Conselho, em 19 e 25.11.1952; cartas do presidente do Conselho a Marcelo Caetano, em 20, 24 e 27.11.1952 e 3.8.1953 (J. F. Antunes, 1994: 329-333 e 341); Memorandum P.ª S. E. o

Presidente do Conselho (AOS/CO/PC-18B, fl. 85); carta do presidente da Câmara Corporativa ao presidente do

Conselho, sd (AOS/CO/PC-18B, fls. 86-87).

194 Cf. AOS/CO/PC-7, fls. 502-504.

195 Cf. Comentários de Oliveira Salazar para Marcello Caetano, sobre texto da organização da Câmara