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A evolução da organização de interesses

3. A organização por secções e os sistemas de acesso: o impacto das corporações

3.6. A evolução da organização de interesses

Observando a organização da Câmara no termo do regime (Quadro n.º 1), existia a única Secção de Autarquias Locais. Só tinha sido criada uma secção para os ramos de ordem administrativa (Interesses de Ordem Administrativa), moral (Interesses de Ordem Espiritual e Moral) e cultural (Interesses de Ordem Cultural) dos interesses sociais. Os primeiros e os últimos possuíam, respectivamente, oito e quatro subsecções, de acordo com os interesses

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Cf.: Cópia da Acta da 107.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 20.10.1965 (AHP/Sec. XXVIII/Cx. 146/n.º 3/fls. 113-116); Cópia da Acta da 136.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 23.10.1973 (AHP/EN/CC/Cx. 24/Acórdão n.º 1/XI, fls. 26-28).

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Cf.: carta do presidente da Câmara Corporativa ao presidente do Conselho, em 17.9.1965 (AOS/CO/PC-48A, fls. 145-148); Projecto A (AOS/CO/PC-48A, fl. 153); Projecto B (AOS/CO/PC-48A, fl. 154).

161 Carta do presidente da Câmara Corporativa ao presidente do Conselho, em 17.9.1965, fl. 145v.

162 Cf. carta do presidente da Câmara Corporativa ao presidente do Conselho, em 29.9.1965 (AOS/CO/PC-48A,

específicos. No ramo administrativo, estavam as Subsecções de Política e Administração Geral, Defesa Nacional, Justiça, Obras Públicas e Comunicações, Política e Economia Ultramarinas, Finanças e Economia Geral, Relações Internacionais e Política Social. Já no ramo cultural, encontravam-se as Subsecções de Ciências e Letras, Ensino, Belas-Artes e Educação Física e Desportos.

O ramo económico estava estruturado em nove secções distintas, pela seguinte ordem: Lavoura, Comércio, Indústria, Pesca e Conservas, Transportes e Turismo, Imprensa e Artes Gráficas, Espectáculos e, finalmente, Crédito e Seguros. Em cada uma, os interesses específicos subdividiam-se entre um mínimo de duas subsecções (Pesca e Conservas) e um máximo de onze (Indústria).

Quadro n.º 1: Distribuição das secções da Câmara Corporativa, por legislatura (va.) Leg t Esp M Cult Lav Com Ind PC TT IAG Esp CS AL Adm

I 25 1 3 4 1 4 1 2 1 - 1 1 6 II 25 1 3 4 1 5 1 1 1 - 1 1 6 III 25 1 3 4 1 5 1 1 1 - 1 1 6 IV 25 1 3 4 1 5 1 1 1 - 1 1 6 V 25 1 3 4 1 5 1 1 1 - 1 1 6 VI 27 1 3 4 1 6 1 1 1 - 1 1 7 VIIA 35 1 4 6 1 7 2 3 1 - 2 1 7 VIIB 45 1 4 6 4 9 2 3 3 3 2 1 7 VIII 48 1 4 7 5 10 2 3 3 3 2 1 7 IX 51 1 4 7 5 12 2 4 3 3 2 1 7 X 51 1 4 7 5 12 2 4 3 3 2 1 7 XI 52 1 4 7 5 11 2 4 3 3 3 1 8

Nos casos em que as secções não possuíam subsecções, os dados do Quadro n.º 1 estão ajustados à terminologia da organização da Câmara Corporativa. Assim sucedeu durante as primeiras cinco legislaturas, ou seja, ao longo de quase 19 anos, que correspondem a quase metade de todo o período em que foram emitidos pareceres (mais de 39 anos). Em 1953, seis das 12 secções não integravam interesses especializados. Em 1957, já só eram cinco em 13. A partir de 1960, e até ao termo do regime, somente duas estariam nessas circunstâncias.

Quando as subsecções se referiam a interesses específicos, articulados a outros mais genéricos, as secções, apenas contabilizamos, no Quadro n.º 1, as primeiras, classificando-as como se das segundas se tratassem. Por exemplo, a Secção de Pesca e Conservas passou, em 1960, a possuir duas Subsecções: Pesca e Conservas de Peixe. No Quadro n.º 1, estas duas estão registadas como secções.

Acrescentemos, ainda, duas outras justificações para esta classificação adoptada em perspectiva diacrónica. Quase todos os interesses que vieram a ser, em 1953, considerados

como especializados tinham, até então, sido organizados em secções autónomas. É o caso, por exemplo, da Secção de Construção e Materiais de Construção. Criada em 1935, seria considerada, em 1953, uma subsecção específica da Secção de Indústrias Extractivas e de Construção. Em 1960, passaria, ainda que com uma outra denominação (Construção, Vidro e Cerâmica), a estar integrada na Secção de Indústria. Após uma subdivisão em Indústria da Construção, por um lado, e Vidro e Cerâmica, por outro, que perdurou entre 1965 e 1973, seria recuperada, na última legislatura do Estado Novo, sob a sua forma originária. Para todos os efeitos, consideramos estar em presença de uma (entre 1935 e 1965 e de novo entre 1973 e 1974) ou duas secções (1965-1973).

Por outro lado, foram, em 1938, criados dois Agrupamentos: o dos Interesses Económicos, Culturais e Morais e o da Administração Pública. Integravam, respectivamente, 18 e seis secções. Só por si, estas novas estruturas nunca funcionaram. Quer dizer, nunca se processou qualquer reunião de um daqueles agrupamentos específicos, integrando a totalidade das suas secções. Paralelamente, funcionava a Secção de Autarquias Locais, que correspondia a um único agrupamento. Este ensaio terminológico esteve associado à tentativa falhada para criação das corporações, a partir daquele mesmo ano e a uma mais profunda diferenciação no interior da Câmara: os procuradores das autarquias e das corporações e os representantes dos interesses sociais de ordem administrativa.

Tão pouco nos iremos referir aos agrupamentos existentes entre 1938 e 1953, mas sim às secções que então funcionavam, independentemente daquele conceito integrador. Mais uma vez, não ocorreram reclamações para que outras secções do mesmo agrupamento se associassem a reuniões em curso. A linguagem de 1938 caiu em desuso e foi substituída, em 1953, na proximidade de uma segunda tentativa para criar as corporações.

Se compararmos as organizações inicial e final da Câmara Corporativa, verificamos o paralelismo entre os interesses representados. As mais complexas alterações situam-se na composição das Secções do Comércio, pois alguns dos organismos que nela vieram a estar representados, após a criação da corporação, tinham tido assento noutras. Ainda assim, é possível apresentar um esquema uniforme da organização interna da Câmara, tendo em consideração os seguintes grupos de secções: Interesses de Ordem Espiritual e Moral, Interesses de Ordem Cultural, Lavoura, Comércio, Indústria, Pesca e Conservas, Transportes e Turismo, Imprensa e Artes Gráficas, Espectáculos, Crédito e Seguros, Autarquias Locais e Interesses de Ordem Administrativa (Quadro n.º 1).

A sequência adoptada corresponde à organização no termo do regime. De acordo com a terminologia constitucional, os dois primeiros grupos correspondem aos ramos moral e

cultural dos interesses sociais. No penúltimo, encontram-se os representantes das autarquias locais. No último, o ramo de ordem administrativa dos interesses sociais. Os restantes oito equivalem ao ramo económico dos mesmos interesses.

Em termos globais, as grandes transformações ocorrem nos interesses económicos, porque corporativamente organizados. Sempre maioritários, detinham, em 1935, 14 secções diferentes, num total de 25 (56,0%). Em 1974, representavam 38 instâncias específicas, no conjunto das 52 (73,1%).

A evolução que ao longo do tempo havíamos registado a partir do Gráfico n.º 1 não permitiu notar duas variações sectoriais, patenteadas pelo Quadro n.º 1. A estabilidade verificada entre as duas primeiras legislaturas resulta da diminuição de uma secção, nos Transportes e Turismo, e do aumento de outra, na Indústria. Curiosamente, será neste mesmo grupo que terá lugar o outro decréscimo parcial ao longo de todo o período, imediatamente antes do termo do regime. De resto, o número de secções manteve-se ou aumentou.

Entre a II e VI Legislaturas, a estabilidade é global. Inalterado entre 1938 e 1953, o sistema de organização por agrupamentos não consentiu qualquer variação sectorial. Entre 1953 e 1957, situa-se o início de um crescimento global que, logo de seguida, será extremamente elevado. É na Indústria e na Administração Pública que ocorre uma primeira variação positiva, ainda muito ligeira. Nas secções deste último sector só voltam a ter lugar alterações na última legislatura, mas nas da Indústria ocorrem sempre, à excepção do início do único período completo sob o marcelismo (1969-1973).

Como seria de esperar, o crescimento global e abrupto da VII Legislatura fica a dever-se aos grupos de secções económicas, manifestando, assim, o efectivo impacto das corporações sobre a Câmara. Apenas na Cultura ocorre uma variação, a única ao longo do Estado Novo, anterior à respectiva corporação e sem qualquer relação com esse esforço legislativo do regime.

Abrangente logo na sua primeira fase (VIIA), o crescimento será assim reduzido em cada um dos grupos de secções. Ainda ser ter sido instituída a Corporação da Indústria, as correspondentes instâncias do órgão consultivo da Assembleia Nacional e do Governo sofrem uma ligeira variação, que, em termos absolutos, é idêntica à verificada no Crédito e Seguros e na Pesca e Conservas. Na Lavoura e nos Transportes e Turismo, regista-se um aumento de duas secções.

Numa segunda fase da VII Legislatura, o crescimento será limitado às corporações entretanto criadas. É aqui que ocorre a única inovação num grupo de secções, mais precisamente nos

Espectáculos. Do ponto de vista sectorial, será, em termos absolutos, superior ao registado em 1957. Nos quatro grupos, passam a funcionar duas ou mais secções.

Na VIII Legislatura, o reduzido crescimento fica a dever-se à Lavoura, à Indústria e ao Comércio. Em cada um destes sectores económicos, será criada uma subsecção especializada para os representantes das províncias ultramarinas.

Em 1935, existia a Secção de Interesses Espirituais e Morais, denominada, desde 1953, como Interesses de Ordem Espiritual e Moral. Perdurou até 1974. Nesta altura, a Secção de Interesses de Ordem Cultural, criada em 1953, integrava as Subsecções de Ciências e Letras, Ensino, Belas-Artes e Educação Física e Desportos. Somente a de Ensino não existia desde a I Legislatura, tendo sido criada em 1957. Todavia, Ciências e Letras e Belas-Artes correspondiam a um desdobramento de uma secção originária, que apenas funcionou durante as duas primeiras sessões legislativas do Estado Novo (até Novembro de 1936). Por ocasião da aprovação da lei orgânica de 1938, Salazar ponderou a recuperação da primitiva unificação entre Ciências e Letras e Belas-Artes. Todavia, a nova secção de Educação e Cultura não viria a obter aprovação, tal como a simplificação na outra secção cultural (Desportos)163.

Em 1957, foi criada a Secção da Lavoura, integrando seis subsecções, correspondentes às respectivas secções da corporação pouco tempo antes instituída: Azeite, Cereais, Frutas e Produtos Hortícolas, Pecuária, Produtos Florestais e Vinhos. Em Novembro de 1964, passava a existir uma 7.ª Subsecção, Agricultura, Silvicultura e Pecuária Ultramarinas, que subsistiria até ao termo do regime.

As mais complexas alterações situam-se, portanto, antes de 1957. Com a criação da Câmara Corporativa, existiram quatro secções que agrupamos na categoria da Lavoura: Cereais e Pecuária, Vinhos, Produtos Florestais e Produção Agrícola não Diferenciada. Ao contrário das restantes, a primeira e a última seriam objecto de transformações ao longo do tempo. Em 1938, Produção Agrícola não Diferenciada dava origem a Azeite, Frutas e Produtos Hortícolas, que viriam a autonomizar-se, em 1957, tal como, aliás, Cereais e Pecuária. Com a criação, em 1953, das secções, a denominação adoptada foi Agricultura e Pecuária. Perdurou apenas durante uma legislatura, agrupando as quatro subsecções que então existiam: Cereais e Pecuária, Vinhos, Produtos Florestais e Azeite, Frutas e Produtos Hortícolas. Em 1957, ocorreria, assim, um processo de autonomização na primeira e na última, ao mesmo tempo que a secção passava a ser denominada pela definitiva designação de Lavoura. Estas alterações correspondiam ao processo de criação da corporação e não sofreriam alterações,

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para além das que resultariam do acesso dos procuradores das províncias ultramarinas, até ao fim do regime164.

O caso do Comércio é mais complexo, porque, entre 1935 e 1960, começou por existir apenas uma única secção, que reunia somente representantes da actividade considerada como não diferenciada. Os organismos reportados ao comércio por processo ou por produto podiam ser distribuídos por outras secções (Lavoura, no caso do Grémio do Comércio de Exportação de Vinhos, ou Pesca e Conservas, no caso do Grémio dos Exportadores de Conservas de Peixe). Só que o mesmo continuou a ocorrer após a criação, em 1957, da Secção de Comércio (a União dos Grémios de Industriais e Exportadores de Produtos Resinosos, por exemplo, que estivera na Lavoura e na Indústria, esteve no Comércio, mas regressaria à Indústria).

Em 1960, seriam instituídas quatro subsecções: Comércio de Exportação, Comércio Armazenista e de Importação, Comércio Retalhista Diferenciado e Comércio Retalhista Misto. Em 1964, seria criada uma outra, Comércio Ultramarino, tendo as cinco subsistido até 1974. As alterações da VII Legislatura ocorriam paralelamente à criação da corporação165. Resta referir que, com a introdução dos interesses específicos (1953), as actividades comerciais não diferenciadas seriam associadas ao Crédito e Previdência. Ambas constituiriam as duas subsecções de uma única secção: Comércio, Crédito e Previdência. Logo no início da VII Legislatura, seria formada a autónoma Secção de Comércio.

É na Indústria que as modificações são mais complexas, tanto pela sua frequência, como pela sua profundidade (Quadro n.º 2). Ainda assim, são manifestas algumas continuidades. As secções da I Legislatura, por exemplo, persistiram até ao final, ainda que se tenham verificado alguns desdobramentos, anexações ou alargamentos de âmbito. As mudanças de 1960 coincidem com a estrutura da corporação, criada em 1958, tal como as de 1973. O mesmo não ocorreu em 1965, quando o Conselho Corporativo procedeu a alterações na Câmara, independentemente da organização específica daquela instituição de topo do sistema166. Para começar a funcionar em 1935, o legislador criou as Secções de Minas, Águas Minerais, Pedreiras e Produtos Químicos, de Produtos Têxteis, de Electricidade e de Construção e Materiais de Construção. Em 1974, somente a última mantinha a denominação exacta, mas assim não tinha ocorrido em todos os períodos. Seguindo a trajectória daquelas quatro

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Cf., as alterações introduzidas no regimento da Corporação da Lavoura por intermédio das Portaria n.os 19175, de 9.5.1962, e 21595, de 23.10.1965.

165 Sobre a Corporação do Comércio, cf. as alterações introduzidas no regimento pela Portaria n.º 21599, de

23.10.1965.

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instâncias originárias, teremos ocasião de referir os processos relacionados com 18 das 26 autonomizadas da Indústria que constam do Quadro n.º 2.

Quadro n.º 2: Distribuição e denominações das Secções da Indústria, por legislatura (va.)

Secções t I II III IV V VI VIIA VIIB VIII IX X XI

Minas, Águas Minerais, Pedreiras e Produtos

Químicos 1 1

Minas, Pedreiras e Águas Minerais 6 1 1 1 1 1 1 Indústrias Metalúrgicas e Químicas 4 1 1 1 1 Indústrias Metalúrgicas 2 1 1

Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas 5 1 1 1 1 1 Indústrias Químicas 7 1 1 1 1 1 1 1 Produtos Têxteis/Indústrias Têxteis 7 1 1 1 1 1 1 1

Têxteis e Vestuário 4 1 1 1 1 Curtumes e Calçado 4 1 1 1 1 Têxteis, Calçado, Curtumes e Indústrias Derivadas 1 1 Electricidade/Electricidade e Combustíveis 7 1 1 1 1 1 1 1

Indústrias Extractivas, Energia e Combustíveis 2 1 1

Indústrias Extractivas 3 1 1 1 Energia e Combustíveis 3 1 1 1 Construção e Materiais de Construção 8 1 1 1 1 1 1 1 1 Construção, Vidro e Cerâmica 2 1 1

Indústrias da Construção 2 1 1

Vidro e Cerâmica 2 1 1

Alimentação 4 1 1 1 1

Alimentação, Bebidas e Tabaco 1 1

Cortiças/Cortiça 4 1 1 1 1

Indústrias Derivadas de Produtos Florestais 1 1 Outras Indústrias Transformadoras 1 1

Indústrias Transformadoras Diversas 5 1 1 1 1 1 Indústria Ultramarina 4 1 1 1 1

Serviços Industrializados 1 1

t 91 4 5 5 5 5 6 7 9 10 12 12 11

No caso da primeira secção referida, o início da II Legislatura significava uma modificação na sequência da denominação (Águas Minerais sucediam a Pedreiras) e um primeiro desmembramento. A criação dos agrupamentos significara uma estabilidade no número global de instâncias da Câmara Corporativa, mas tinha ocorrido um aumento no número de secções da Indústria, compensado pela diminuição nos Transportes e Turismo. Os representantes dos

Produtos Químicos passaram para uma nova instância, que também incluía as Indústrias Metalúrgicas. No cômputo geral, a Indústria possuiria, até à diferenciação e eventual articulação entre interesses genéricos e específicos, cinco secções.

Até 1960, a Secção de Minas, Pedreiras e Águas Minerais permaneceria inalterável, na sua autonomia e denominação, ainda que, em 1953, tivesse passado a constituir uma das subsecções da Secção de Indústrias Extractivas e de Construção. Com a criação da corporação, processar-se-ia a sua anexação com Energia e Combustíveis, que também remontava, ainda que já com nova terminologia, a 1935. A nova Subsecção seria conhecida como Indústrias Extractivas, Energia e Combustíveis. Ocorria um evidente alargamento de âmbito, com recurso a uma designação que recuperava parte de uma outra, anteriormente usada para classificar interesses genéricos. Aquela convergência de 1960 terminaria em 1965, quando passaram a coexistir duas secções autónomas: Indústrias Extractivas, por um lado, Energia e Combustíveis, por outro. Assim perdurariam até ao termo do regime.

Em resumo, esta primeira secção de 1935 sofreu uma desagregação (Produtos Químicos), logo em 1938. Convergiu, em 1960, com uma outra (Energia e Combustíveis), igualmente originária, quando o seu âmbito é alargado (de Minas, Pedreiras e Águas Minerais para Indústrias Extractivas). Em 1965, aquela junção terminaria, sendo recuperada a diferenciação anterior a 1960.

Observemos agora o processo evolutivo das representações dos Produtos Químicos. A autonomização da secção já referida e a relação com a Indústria Metalúrgica teve início em 1938 e estendeu-se até 1953 (Indústrias Metalúrgicas e Químicas). Com a nomenclatura dos interesses específicos, verificou-se uma nova separação, tendo sido, até à criação da corporação, ambas integradas na Secção de Indústrias Transformadoras. Em 1960, a denominação da Subsecção de Indústrias Metalúrgicas seria acrescida com Metalomecânicas. Assim, perdurariam até 1974: Indústrias Químicas e Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas.

Como já referimos parte da trajectória da Secção de Energia e Combustíveis, desde o momento em que ficou associada a Indústrias Extractivas, em 1960, até à sua definitiva autonomização, em 1965, valerá a pena observar os seus antecedentes, correlacionando-os com a originária Electricidade. Logo em 1938, esta última assumiria uma nova denominação, Electricidade e Combustíveis, que perduraria até à associação referida. Com a nomenclatura de 1953, seria mesmo uma das três principais secções da indústria, mas a única que não possuiria subsecções. Isto significa que, com a criação da corporação, os anteriores interesses

genéricos passaram a estar associados a outros específicos, sem que àqueles tivesse sido reconhecida autonomia.

Em 1960, portanto, a pré-existente Secção de Electricidade e Combustíveis não passava por si só a subsecção, mas fá-lo-ia com uma outra que já funcionava nessa qualidade (Minas, Pedreiras e Águas Minerais). A nova Subsecção de Indústrias Extractivas, Energia e Combustíveis resultava da convergência entre duas instâncias anteriores, só que uma tinha subsistido como secção e a outra como subsecção.

Relativamente a Produtos Têxteis, a trajectória também não é linear. Em 1938 e em 1960, as mudanças são ao nível das denominações: Indústrias Têxteis, primeiro, e Têxteis e Vestuário, depois. Na derradeira legislatura do Estado Novo, ocorre uma convergência com outra secção, criada com a corporação: Curtumes e Calçado. Em 1973, portanto, o âmbito é substancialmente alargado: Têxteis, Calçado, Curtumes e Indústrias Derivadas. Resta referir que Indústrias Têxteis foi uma das três (1953) e quatro (1957) Subsecções de Indústrias Transformadoras, até 1960.

A Secção de Construção e Materiais de Construção é a única, no sector da Indústria, que não sofre qualquer alteração no início da II Legislatura. Somente com a corporação a denominação seria modificada: Construção, Vidro e Cerâmica. Em 1965, tem ainda lugar uma subdivisão, dado que ocorre uma autonomização entre Indústrias da Construção e Vidro e Cerâmica. As designações iniciais serão retomadas em 1973. As duas anteriores secções convergem numa única, tal como sucedera entre Têxteis e Vestuário e Curtumes e Calçado. De referir, ainda, que Construção e Materiais de Construção constituíram, entre 1953 e 1960, uma das duas subsecções da Secção de Indústrias Extractivas e de Construção (a par, como já notámos, de Minas, Pedreiras e Águas Minerais).

Todas as secções originárias da Câmara Corporativa persistiam no final do regime, independentemente das denominações, que, no geral, interferiam com o âmbito dos interesses representados. Tinha ocorrido uma precoce (1938), mas durável, autonomização (Produtos Químicas), que, por associação então efectuada, significaria uma posterior instância (Indústrias Metalúrgicas). Entre Minas, Pedreiras e Águas Minerais e Electricidade ocorreria uma fusão (Indústrias Extractivas, Energia e Combustíveis), mas que seria por tempo, ainda assim, reduzido (1960-1965). A Produtos Têxteis seria associada uma instância, entretanto (1960) criada (Curtumes e Calçado). Com Construção e Materiais de Construção, ocorreria uma subdivisão (Indústrias da Construção e Vidro e Cerâmica), mas que seria apenas temporária (1965-1973).

Relativamente às outras instâncias deste sector, comecemos por notar a criação, em 1957, da Secção de Outras Indústrias Transformadoras, que adoptaria uma nova denominação, precisamente a que tinha sido adoptada com a criação da corporação: Indústrias Transformadoras Diversas. Por aqui passaram várias das representações que viriam a dar lugar a estruturas especializadas e autónomas. São os casos de Alimentação e de Cortiças. Ambas foram criadas em 1960 e, em 1973, adoptaram outra terminologia: Alimentação, Bebidas e Tabaco e Indústrias derivadas de Produtos Florestais. A criação da Secção de Outras Indústrias Transformadoras destinou-se a conferir representação a cinco interesses até então integrados nas secções da Lavoura. Foram os casos das indústrias de moagem, de panificação, de resinosos, de cortiça e de lacticínios. Note-se que este processo coincidiu com a instituição da Corporação da Lavoura.

Registe-se, ainda, a criação das Subsecções de Indústria Ultramarina, em 1964, e de Serviços Industrializados em 1973. Esta última impediu que a diminuição da X para XI Legislaturas fosse maior (dadas as convergências já assinaladas).

A evolução do número de secções da Indústria encontra-se justificada. Em 1938, Produtos Químicos autonomizam-se, mas associam-se a outros sem representação (Metalurgia). Em 1953, novo desdobramento, precisamente nesta nova instância. Em 1957, era criada a Subsecção de Outras Indústrias Transformadoras, por desdobramento das instâncias da