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3. A organização por secções e os sistemas de acesso: o impacto das corporações

3.10. Os efeitos imediatos das corporações

A criação das primeiras quatro corporações, em 23 de Setembro de 1957, implicou uma nova estrutura da Câmara. Por resolução do Conselho Corporativo, publicada em 23 de Novembro do mesmo ano, as Secções da Lavoura, da Pesca e Conservas, dos Transportes e Turismo e do Crédito e Seguros eram reorganizadas de acordo com as secções das respectivas corporações. A orgânica da Câmara não tinha fornecido o modelo, mas seria modificada por influência do que tinha sido adoptado. Finalmente, o período transitório começava, precisamente, no início da VII Legislatura a ter o seu termo.

Do ponto de vista das designações para a Câmara Corporativa, as mudanças eram agora sensíveis. Os (quatro) presidentes das corporações teriam assento em todas as secções correspondentes à sua instituição. Os procuradores assumiriam funções por indicação proveniente dos conselhos das mesmas corporações, de forma paritária entre os patrões e o trabalho (24 cada). Ainda assim, na Secção de Crédito e Seguros, haveria um representante do governo do Banco de Portugal e outro das instituições de previdência social. Neste último caso, seria o Conselho Corporativo a fazer uma nomeação.

De acordo com esta resolução, o presidente da Câmara poderia, depois de ouvir o Conselho da Presidência, convocar para assistir a reuniões e participar em quaisquer discussões das Secções da Lavoura e da Pesca e Conservas os organismos de coordenação económica, que eram, nas leis orgânicas das respectivas corporações, considerados como elementos de ligação entre o Estado e as instituições que coroavam o sistema. Não seriam procuradores, apenas poderiam intervir quando fosse solicitada a sua presença. Era criada mais uma secção na Indústria, na sequência das modificações operadas nas da Lavoura, e a do Comércio via a sua composição modificada. Eram fixados os processos de designação: o sistema B seria aplicado a mais 12 procuradores (oito na Indústria e quatro no Comércio) e as nomeações a mais quatro (um na Indústria e três no Comércio)196.

Apesar de instituídas por diploma governamental, as corporações ainda não estavam em funcionamento. O Conselho Corporativo publicou a já habitual relação dos procuradores. Nela, constavam os membros da Câmara que eram indicados pelas instituições fixadas por aqueles ministros e ainda os nomeados. Ao ser parcialmente perspectivado, o termo da fase

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transitória significaria, no arranque da VII Legislatura, a manutenção do dominante sistema de acesso à Câmara Corporativa que vigorava desde 1938. A aplicação das novas regras seria faseada.

Nos casos das Secções da Lavoura, da Pesca e Conservas, dos Transportes e Turismo e do Crédito e Seguros, era o governo que continuava, em Novembro de 1957, a regular as designações, indicando, à excepção de duas representações, instituições específicas. Os procuradores seriam os titulares de determinados cargos nos organismos que o conselho definira.

As excepções à aplicação do sistema A nas secções que correspondiam às corporações ocorriam no sector dos transportes e turismo. Na Subsecção de Transportes Terrestres e Aéreos, José Penalva Franco Frazão era directamente nomeado como representante das empresas (sistema C). Pelo trabalho, havia apenas um procurador na Subsecção de Turismo e Indústria Hoteleira, e não os dois previstos na resolução publicada no mesmo dia, pela mesma entidade. A representação ficava vaga. O processo de designação dos procuradores das misericórdias, das câmaras municipais e das federações desportivas voltaria a merecer diploma especial (Decreto n.º 41343, de 2 de Novembro de 1957).

A VII Legislatura começava com novas regras no acesso à Câmara Corporativa, mas a sua aplicação não seria imediata e eram logo contrariadas no próprio dia pelo órgão que as definira. Os efeitos da resolução do Conselho Corporativo que determinava um significativo aumento das designações por concertação entre mais do que uma entidade eram imediatamente anulados por parte dos mesmos governantes. Estes continuavam a determinar a esmagadora maioria das instituições que representariam interesses específicos na Câmara. Como resulta das sessões do Conselho Corporativo, a grande mudança do início da VII Legislatura residia no plano da organização das representações, no que à sua articulação concerne. Tratava-se do efeito das novas corporações, mas apenas no plano meramente estrutural. Numa primeira reunião daquele grupo de governantes, era alterado o número e a composição de algumas secções e subsecções da Câmara Corporativa, «em ordem a assegurar, mormente através dos dirigentes da Organização Corporativa, mais perfeita representação dos diferentes interesses naquela Câmara»197. Na subsequente reunião, procedia-se à constituição das sessões nos exactos das anteriores legislaturas198. A novidade tinha residido no objecto da anterior sessão e nas suas deliberações, que, contudo, resultavam

197 Cópia autêntica da Acta da 84.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 21.11.1957 (AHP/Sec. XXVII/Cx.

121/n.º 26/fl. 14).

198 Cf. Cópia autêntica da Acta da 85.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 22.11.1957 (AHP/Sec. XXVII/Cx.

da criação das corporações. As denominações das suas secções também seriam adoptadas na Câmara. E as suas leis orgânicas tinham remetido para os seus conselhos a eleição dos procuradores.

A resolução do Conselho Corporativo consistia, portanto, numa consequência óbvia da legislação já publicada. A relação dos procuradores no início da VII Legislatura não comportava quaisquer novidades em face das correspondentes deliberações dos mesmos governantes que antecederam, desde 1938, o arranque dos trabalhos da Câmara Corporativa. Numa primeira fase, tinham sido criadas as condições que iriam permitir a transição para um novo período no que aos sistemas de designação dos membros da Câmara dizia respeito. Ainda teria de decorrer um ano até se verificarem os primeiros resultados práticos da mudança preconizada no início do VII período legislativo do Estado Novo. Em Julho de 1958, os presidentes das quatro corporações assumiam o seu lugar na Câmara Corporativa: António Pereira Caldas de Almeida, na Lavoura, Daniel Duarte Silva, na Pesca e Conservas, José Augusto Correia de Barros, nos Transportes e Turismo e Rafael Duque, no Crédito e Seguros (ACVP n.º 6/VII). Era o ministro das Corporações e Previdência Social, Henrique Veiga de Macedo, que comunicava à Câmara Corporativa a realização das respectivas eleições e os seus resultados199.

Em Fevereiro, este governante chamara a atenção de Salazar para a necessidade dos conselhos das corporações reunirem pela primeira vez, por ocasião de um pedido de entrevista que lhe fora remetido, por parte da Associação da Imprensa Estrangeira, e que, desta feita, não lhe parecia conveniente recusar. Em Julho, dirigira-se a Salazar a propósito da aprovação dos regimentos das corporações, chamando-lhe a atenção para a urgente admissão dos seus presidentes na Câmara Corporativa. E frisava que, inevitavelmente, ocorreria um nada pacífico acréscimo de quatro procuradores200.

Em Novembro de 1958, tomavam assento os procuradores eleitos pelos conselhos das mesmas corporações (ACVP n.º 8/VII). Na Pesca e Conservas, o novo processo de designação tinha sido já aplicado em 12 de Agosto. Nos Transportes e Turismo e na Lavoura, ocorrera em Outubro. E o Conselho da Corporação do Crédito e Seguros escolhia, em 21 de Novembro, os seus representantes201.

199 Cf. Ofício de 9.7.1958 (AHP/Sec. XXVII/Cx. 121/n.º 21/fls. 3-6). As eleições tinham sido realizadas em

Abril: a 24 (Lavoura), a 25 (Crédito e Seguros), a 26 (Pesca e Conservas) e a 29 (Transportes e Turismo).

200 Cf. cartas do ministro das Corporações e da Previdência Social ao presidente do Conselho, em 11.2 e

17.7.1958 (AOS/CP-162, fls. 450-451 e 467-468).

201 Sobre as respectivas actas, cf. AHP/Sec. XXVII/Cx. 121/n.º 19/fls. 9-11 (Pesca e Conservas), fls. 12-16

Na sessão plenária de abertura da 2.ª sessão legislativa da VII Legislatura, em 25 de Novembro de 1958, o presidente da Câmara Corporativa, Luís Supico Pinto, regozijava-se com a aprovação dos regimentos daquelas quatro instituições e com a criação das equivalentes para a Indústria e o Comércio202. A eleição de procuradores implicava uma redução das nomeações do Conselho Corporativo. As novas regras para a designação dos procuradores começavam a ser aplicadas no preciso momento em que se perspectivava que fossem alargadas nos seus efeitos. Com a Corporação da Indústria e do Comércio, novas alterações estruturais teriam, forçosamente, de ocorrer. O termo da fase transitória conheceria mais um avanço, que seria induzido pela criação das Corporações da Imprensa e Artes Gráficas e dos Espectáculos, em 1959.

Ainda antes das novas secções da Câmara em Setembro de 1960, o presidente da Corporação do Comércio assumiria, em Fevereiro, o seu lugar de procurador (ACVP n.º 17/VII). Mais uma vez, era o ministro da tutela, Veiga de Macedo, que comunicava, em 21 de Janeiro, a Supico Pinto a eleição de Manuel Alves da Silva por parte do conselho da corporação203. Com o Decreto-Lei n.º 43178 era completada a transição iniciada com a VII Legislatura. Doravante, apenas as Secções de Interesses de Ordem Espiritual e Moral, de Interesses de Ordem Cultural, de Autarquias Locais e de Interesses de Ordem Administrativa não corresponderiam a corporações e os seus membros não seriam indicados pelos conselhos destas últimas, mas ficavam expressas as entidades a quem incumbiria tal responsabilidade. Ao Conselho Corporativo caberiam, nos termos exactos deste diploma, nove nomeações, para além daquelas que teriam de ocorrer para o sector da administração.

Entre as corporações havia uma diferenciação. As instâncias integradas nos grupos da Imprensa e Artes Gráficas e dos Espectáculos seriam compostas por dois procuradores, para além do presidente. Todavia, haveria um único representante das entidades patronais no segundo grupo, integrando todas as subsecções. No Crédito e Seguros, haveria ainda o representante do Banco de Portugal e das instituições de previdência social. Nas restantes, haveria quatro procuradores. Para esta função, poderiam ser eleitos os membros dos conselhos da corporação e das secções ou da junta disciplinar, pertencentes ao sector da secção da Corporação. Caso algumas destas últimas não pudessem ser constituídas, os representantes das respectivas actividades seriam designados pelo Conselho Corporativo ou pela forma que este fixasse. Esta norma aplicar-se-ia, aliás, a qualquer instância da Câmara. A fase transitória não estava definitivamente encerrada. Continuaria a estar prevista a criação de novas

202 Cf. ACC n.º 31, 26.11.1958, p. 477. 203

corporações. Quando assim sucedesse, os respectivos representantes substituir-se-iam aos que estivessem a representar os mesmos interesses na Câmara.

Nas restantes secções, as alterações eram mínimas. Os representantes do Sindicato Nacional dos Artistas Teatrais e da União de Grémios dos Espectáculos deixavam de integrar a Secção de Belas-Artes. Ambos estariam, doravante, integrados na Corporação dos Espectáculos. Os procuradores que, até então, integravam, naquela qualidade, a Câmara não perderiam o lugar em 1960. Ambos seriam eleitos para o sector dos Espectáculos, em qualidades bem distintas. O primeiro representaria os profissionais na Subsecção de Teatro, Música e Dança. O segundo seria o presidente da Corporação.

Com este diploma de 1960, a representação das Ordens dos Advogados, dos Engenheiros e dos Médicos seria definida em novos moldes. Os respectivos bastonários seriam procuradores por direito próprio. No caso dos engenheiros, passariam a ter assento em todas as subsecções da Lavoura (seis), para além das que pertenciam à Indústria (nove).

Para os representantes dos Interesses de Ordem Administrativa, mantinha-se o limite de um terço do total. A formulação sobre os critérios para a sua nomeação seria ligeiramente modificada: «pessoas de superior competência e com comprovado conhecimento das questões da administração pública» (art. 1.º/§1.º). De 1934 para 1938, ficara de lado o comprovado conhecimento dos problemas que deverão ser estudados por cada uma das secções. De 1938 para 1960, era excluída a feitura das leis como domínio de especial competência dos procuradores.

Continuaria a existir uma relação de procuradores a emitir pelo Conselho Corporativo, mas contendo apenas aqueles que este grupo de governantes nomeasse. Seria enviado à Câmara Corporativa até oito dias antes do início de cada legislatura e já não seria publicada no Diário

do Governo. Até àquela data, também as restantes entidades deveriam remeter à mesma

instituição os documentos comprovativos da eleição ou escolha dos procuradores ou a indicação das pessoas a quem competisse a representação por inerência dos cargos. Os organismos corporativos e quaisquer outras entidades passavam a relacionar-se directamente com a Câmara e não com o Conselho Corporativo.

O Acórdão da Comissão de Verificação de Poderes do início de cada legislatura, lido e aprovado na sessão preparatória, já não seria um simples elenco dos procuradores. Conteria, também, a sua distribuição pelas secções, ou melhor, a efectiva constituição destas últimas. A lista dos procuradores seria publicada no Diário do Governo.

Quando este diploma de 1960 foi publicado, as primeiras quatro corporações já tinham designado os seus procuradores, ainda que entre a definição das novas regras e a sua aplicação

tivesse decorrido um ano. O processo seria mais célere, mas não seria alargado a todas as secções.

Já referimos que a admissão do presidente da Corporação dos Espectáculos, Artur Campos Figueira de Gouveia, na Câmara marcou o início da Legislatura VIIB. Ao contrário do que sucedera com os correspondentes cargos das quatro corporações criadas em 1957, não seria o ministro da tutela a comunicar à Câmara a realização da eleição, mas o director-geral do Trabalho e das Corporações fazê-lo, em 25 de Outubro de 1960, dando conta do resultado obtido a 22 de Agosto. Em 10 de Novembro seria publicada a admissão como procurador (ACVP n.º 20/VII)204. Após esta data ocorreriam os restantes actos eleitorais nos conselhos desta e das demais corporações. O presidente da Corporação do Comércio tinha sido admitido na Câmara Corporativa em 1 de Fevereiro de 1960.

Em Novembro de 1960, os sectores da Indústria, do Comércio e dos Espectáculos já eram compostos por representantes indicados por mais de uma entidade (ACVP n.º 23/VII). Contudo, o Conselho Corporativo ainda recorreria a instituições específicas nas Secções da Imprensa e Artes Gráficas (ACVP n.º 24/VII). Neste caso, ficava vago o lugar de presidente da corporação, o mesmo ocorrendo na Indústria, sector onde haveria outras duas representações por preencher, ambas entre os patrões. Vítor Galo, o presidente da Corporação da Indústria, era, na ocasião, membro da Assembleia Nacional. No caso dos Espectáculos, seria eleito, nos termos do Decreto-Lei n.º 43178, o mesmo representante das entidades patronais para as três subsecções, João António Ortigão Ramos205.

Estas alterações nos sistemas de designação dos membros da Câmara Corporativa, com a nova prevalência de uma necessária concertação entre mais do que uma entidade, produziram efeitos sensíveis. Com a legislatura a decorrer, a taxa de renovação foi extraordinariamente elevada. Só por efeito das corporações em 1958 (Lavoura, Pesca e Conservas, Transportes e Turismo e Crédito e Seguros) e em 1960 (Comércio, Indústria e Espectáculos), deram entrada 61 novos procuradores.

Este valor estava longe de constituir a esmagadora maioria das alterações efectuadas na composição da Câmara após as eleições nos conselhos das corporações. É que 41 procuradores foram reconduzidos ou transferidos de secção. Isto significa que as instituições

204 Cf.: AHP/Sec. XXVII/Cx. 121/n.º 1/fl. 6.

205 Sobre as actas das eleições de procuradores nos conselhos das corporações, cf. AHP/Sec. XXVII/Cx. 121/n.º

3/ fls. 5-9 (Espectáculos, em 14.11.1960), 11-20 (Indústria, em 15.11.1960) e fls. 21-24 (Comércio, em 15.11.1960). Os ofícios do ministro das Corporações e Previdência Social, Veiga de Macedo, em 17 e 18.11.1960, comunicam a deliberação da 96.ª sessão do Conselho Corporativo, em 16.11.1960, sobre a designação dos representantes nas Secções da Imprensa e Artes Gráficas (cf. AHP/Sec. XXVII/Cx. 121/n.º 5/fls. 3-5).

de topo do sistema reconheceram uma elevada percentagem dos membros da Câmara que haviam sido designados no início da legislatura pelo Conselho Corporativo. Esteve longe de ocorrer uma ruptura na deslocação das competências sobre o acesso a este órgão auxiliar da Assembleia Nacional e do Governo. No que restava da 4.ª sessão legislativa de 1960-1961 não ocorreram quaisquer substituições nas secções económicas.

A estrutura da Câmara Corporativa foi alterada em 1957 e 1960. No que às designações concerne, o período que definíramos com a Legislatura VIIA é caracterizado pela crescente aplicação das regras publicadas na resolução do Conselho Corporativo de 23 de Novembro de 1957. O acesso por parte dos representantes das quatro corporações criadas em 1958 e 1959 da segunda etapa da mesma VII Legislatura. A nova orgânica entra em funcionamento e termina o monopólio por parte do Governo na atribuição do cargo de procurador, directa ou indirectamente, por intermédio de nomeação ou de indicações quanto às instituições que representam interesses económicos.

Na subsequente legislatura, o Conselho Corporativo começaria por fixar as entidades responsáveis por três representações na Câmara. No caso das universidades, caberia, como até então, aos respectivos reitores. Quanto às federações desportivas, seria por intermédio da eleição dos presidentes das entidades legalmente constituídas. Já os professores do ensino secundário e primário seriam designados pelo Conselho Permanente da Acção Educativa da Junta Nacional da Educação206. Só neste último caso se tratava de uma novidade, já que os dois anteriores correspondiam à prática instituída desde 1935. Ainda assim, seria o ministro da Educação Nacional a indicar as individualidades que iriam assegurar tais representações, considerando que aquele conselho permanente apenas tinha sido auscultado. Os mesmos procedimentos seriam adoptados na IX Legislatura207.

Formalmente, o Conselho Corporativo seria responsável, em 1961, pelas nomeações de 47 procuradores, mas 39 integravam as Secções de Interesses de Ordem Administrativa208. A VIII Legislatura tinha início com a aplicação das regras introduzidas em 1957 e em 1960. Correspondendo ao Decreto-Lei n.º 43178, já não seria publicado por aqueles governantes qualquer relação de entidades ou de procuradores. As representações das misericórdias, das federações desportivas e dos municípios mereceriam diploma especial até 1965. Desde 1969, seriam só as últimas entidades a proceder a eleições específicas. As misericórdias eram já

206 Cf. Cópia da Acta da 99.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 30.10.1961 (AHP/Sec. XXVIII/Cx. 133/n.º

2/fls. 56-57).

207 Cf.: AHP/Sec. XXVIII/Cx. 133/n.º 2/fl. 92 (VIII Legislatura); AHP/Sec. XXVIII, Cx. 146/n.º 3/fl. 94 (IX

Legislatura).

208 Cf. Cópia da Acta da 100.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 14.11.1961 (AHP/Sec. XXVIII/Cx. 133/n.º

escolhidas na Corporação da Assistência e as federações passavam a possuir um procurador nomeado pelo Conselho Corporativo209. O Acórdão de Verificação de Poderes n.º 1/VIII da Câmara Corporativa continha a composição das secções e seria publicado no Diário do

Governo, dando assim cumprimento ao que estava disposto naquele diploma. O mesmo

sucederia nos períodos subsequentes210.

Entre as IX e XI Legislaturas, o Conselho Corporativo nomearia 49, 53 e 66 procuradores, sendo, respectivamente 40, 43 e 56 da Administração Pública211. Em 1969, aqueles governantes deixariam de nomear o representante das instituições privadas de assistência. Neste caso, seria a nova Corporação da Assistência a eleger o seu procurador. O mesmo sucederia com as misericórdias e com o próprio presidente do novo organismo superior. Já assim tinha sido no decurso da IX Legislatura.

Recordamos que esta foi a única corporação do último grupo (morais e culturais) a ser criado, em 1966, que possuiria alguns efeitos sobre a Câmara Corporativa. As suas implicações não ocorreram sobre a estrutura, mas apenas ao nível da designação de três dos membros da Secção de Interesses de Ordem Espiritual e Moral. Para tanto, o Conselho Corporativo alteraria a composição daquela secção, permitindo que o presidente da corporação nela tivesse assento (ACVP n.º 10/IX)212. António Lino Neto assumiria funções em Junho de 1967, tal como os representantes das misericórdias e das restantes instituições privadas de assistência. Os eleitos seriam os mesmos procuradores já nomeados pelos governantes no início da legislatura.

As Corporações de Ciências, Letras e Artes e de Educação Física e Desportos nem sequer indicariam alguns dos membros da Câmara. A mensagem dirigida à Assembleia Nacional no início da IX Legislatura pelo Presidente da República, Américo Tomás, continha elevadas expectativas relativamente às consequências destas três instituições de 1966 sobre a Câmara Corporativa. E o objectivo era claro: limitar a intervenção do Governo na designação dos procuradores que integravam a Secção de Interesses de Ordem Administrativa213.

209 Cf.: Decreto n.º 44005, de 2.11.1961 (actos eleitorais em 15.11.1961); Decreto n.º 46624, de 2.11.1965 (em

11.11.1965); Decreto n.º 49336, de 30.10.1969 (em 7.11.1969); Decreto n.º 535/73, de 19.10 (em 30.10.1973).

210 Apenas não localizámos a publicação no DG do acórdão de 1969 (X Legislatura). Sobre os restantes, cf.: DG,

II Série, 12.12.1961, pp. 8628-8633; DG, II Série, 15.12.1965, pp. 9751-9759; DG, II Série, 27.11.1973, pp. 7933-7943.

211 Sobre a IX Legislatura, cf. Cópia da Acta da 109.ª Sessão do Conselho Corporativo, 13.11.1965 (AHP/Sec.

XXVIII/Cx. 146/n.º 3/fls. 201-204). Sobre a X Legislatura, cf. Cópia da Acta da 124.ª Sessão do Conselho

Corporativo, em 12.11.1969 (AHP/Sec. XXVIII/Cx. 174/n.º 22/fls. 6-9). Sobre a XI Legislatura, cf. Cópia da 137.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 30.10.1973 (AHP/EN/CC/Cx. 24/Acórdão n.º 1/XI, fls. 59-62). 212 Cf. Cópia da Acta da 116.ª Sessão do Conselho Corporativo, em 24.5.1967 (AHP/Sec. XXVIII/Cx. 146/n.º

12/fls. 7-8).

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No projecto de resolução elaborado por Gonçalves de Proença para adaptar a organização da