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A Proposta Curricular do Estado de São Paulo na disciplina de

4.2 A Proposta Curricular do Estado de São Paulo e o ensino de Estatística …

4.2.2 A Proposta Curricular do Estado de São Paulo na disciplina de

Em todas as culturas, a Matemática e a Língua Materna constituem dois componentes básicos dos currículos escolares, e a escola é lugar de ler, escrever e contar, ou seja, responsável pela alfabetização no universo das letras e dos números. Pelas novas linguagens presentes na sociedade contemporânea, esperamos que a escola se amplie, abrangendo as novas tecnologias.

Para acompanhar tal contexto, a competência da leitura e escrita contemplada nesta nova proposta vai além da linguagem verbal, pois as múltiplas linguagens estão presentes no mundo contemporâneo, na vida cultural e política, bem como nas designações e conceitos científicos e tecnológicos usados atualmente.

Com os novos adventos, a nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo, propôs um papel de destaque para a Matemática, desvinculando-a da área das Ciências da Natureza, como já foi dito anteriormente.

Segundo a Proposta Curricular (2008), três foram as razões para fazer da Matemática uma área específica:

− O fato de que uma parte da especificidade da Matemática resulta esmaecida quando ela é agregada seja ao grupo das linguagens em sentido amplo, ou seja, ao grupo das ciências. A Matemática compõe com a língua materna um par fundamental, mas de caráter complementar: é impossível reduzir um dos sistemas simbólicos ao outro.

− A incorporação da Matemática à área de Ciências pode distorcer o fato de que a Matemática, mesmo oferecendo uma linguagem especialmente importante e adequada para a expressão científica, constitui um conhecimento específico da educação básica.

− O tratamento da Matemática como área específica pode facilitar a incorporação crítica dos inúmeros recursos tecnológicos de que dispomos para a representação de dados e o tratamento das informações, na busca da transformação de informação em conhecimento (PROPOSTA CURRICULAR: MATEMÁTICA, 2008, p. 29-30).

Os currículos escolares consideram a disciplina de Matemática, como um eixo fundamental, pois todo cidadão está em contato direto com números, medidas, formas, operações; todos lêem e interpretam textos e gráficos, vivenciam relações de ordem e de equivalência, argumentam, tiram conclusões válidas com base em proposições verdadeiras e fazem inferências. Portanto, compreender a Matemática que nos cerca é essencial para todo cidadão.

Apoiados nas competências e habilidades exigidas nos exames do ENEM, foram elaborados três eixos, segundo a nova proposta, que norteiam a ação educacional nas competências básicas a serem desenvolvidas pelos alunos ao longo do Ensino Básico:

• O eixo expressão/compreensão: a Matemática compõe com a língua

materna um par complementar, como meio de expressão e compreensão da realidade, ou seja, os objetos matemáticos constituem instrumentos para a leitura de um texto ou a interpretação de um gráfico, até para a compreensão de fenômenos históricos, sociais, econômicos e naturais.

• O eixo argumentação/decisão: a Matemática como instrumento para o

desenvolvimento do raciocínio lógico, com dois pontos cruciais, na construção das formas válidas de raciocínio lógico e na capacidade de sintetizar, de tomar decisões baseada nos elementos disponíveis. As situações-problema são mais nítidas na Matemática, por esse motivo aprende-se a resolver problemas, primeiramente, nela e depois nas outras disciplinas, o que viabiliza a capacidade de argumentação, de análise e articulação das informações, facilitando a tomada de decisões.

• O eixo contextualização/abstração: a Matemática é o lugar adequado

para aprender a lidar com o concreto e o abstrato. As abstrações são simplificações que representam um afastamento provisório da realidade com a intenção de compreendê-la. Os objetos matemáticos, mesmo sendo considerados abstratos, são exemplos mais imagináveis para se compreender a permanente articulação entre as abstrações e a realidade.

A disciplina de Matemática é um meio para o desenvolvimento de várias competências, tais como a capacidade de expressão pessoal, de compreensão de fenômenos, de argumentação e de tomada de decisões e tem como foco principal nas ações educacionais, a transformação da informação em conhecimento.

Está cada vez maior a circulação de informações pela mídia em geral e para que ocorra a construção do conhecimento, elas precisam ser articuladas, interconectadas para que produzam uma visão organizada da realidade, levando à compreensão com significado dos assuntos estudados.

A Proposta Curricular (2008) para o ensino da Matemática separa os conteúdos a serem estudados em quatro grandes blocos:

• Números • Geometria • Medidas

• Tratamento da Informação

Desse modo, somente nos ateremos ao bloco Tratamento da Informação, pois é nele que se encontra o interesse que temos para nosso estudo e por não faltar justificativa para falarmos quanto ao ensino na Escola Básica.

O bloco intitulado Tratamento da Informação complementa a atualização curricular proposta e encaixa-se perfeitamente no eixo argumentação/decisão no que diz respeito às competências básicas a serem desenvolvidas pelos alunos, estando, além das fronteiras da organização e análise de dados que, geralmente, são abordadas no Ensino Fundamental.

No Ensino Médio, o bloco Tratamento da Informação, segundo os autores da Proposta Curricular (2008), deve se estender ao estudo das matrizes, ao planejamento de uma pesquisa Estatística, à investigação de temas da Estatística descritiva e de inferência, ao estudo das estratégias de contagem e do cálculo de probabilidade. A ampliação ou redução dos temas está diretamente relacionada com os objetivos didático-pedagógicos do professor, não deixando de identificar as possibilidades cognitivas do grupo de alunos.

Os dados do Quadro 4.2 apresentam a distribuição dos conteúdos do bloco Tratamento da Informação, nas séries do Ensino Fundamental – Ciclo I (1ª a 4ª série) e Ciclo II (5ª a 8ª série) e dos três anos do Ensino Médio.

Quadro 4.2. Divisão dos conteúdos de TI do EF e EM na nova Proposta Curricular do Estado de

São Paulo.

1ª série 2ª série 3ª série 4ª série

− Coletar e organizar informações, por meio de registros pessoais. − Ler e interpretar tabelas simples. − Ler e compreender gráficos de coluna. − Resolver situações com dados organizados por tabelas simples e gráficos de colunas. − Interpretar gráficos e tabelas com informações jornalísticas. − Resolver problemas com dados em tabelas simples e duplas, gráficos de colunas e barras. − Ler dados em gráfico de linha e setor. − Construir gráficos e tabelas.

5ª série 6ª série 7ª série 8ª série

E N S IN O F U N D A M E N T A L − Leitura e construção de gráficos e tabelas. − Média aritmética. − Problemas de contagem. − Construção de gráfico de setores. − Problemas de

contagem. − Problemas de contagem. − Introdução à

probabilidade.

1ª série 2ª série 3ª série

E N S IN O M É D IO NADA CONSTA NO

PROGRAMA − Análise Combinatória. − Probabilidade

− Gráficos estatísticos: Calculo e interpretação de índices estatísticos.

− Medidas de tendência central. − Medidas de dispersão. − Elementos de amostragem.

Observamos que os conteúdos de Estatística encontram-se da 1ª a 6ª série do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio, nas demais séries há outros assuntos fazendo parte do bloco Tratamento da Informação, como a Análise Combinatória, a Probabilidade e a Contagem.

Em nossa sociedade, as linguagens e os códigos se multiplicam-se e os meios de comunicação estão repletos de gráficos, esquemas, diagramas, tabelas, enfim diferentes maneiras de apresentar os assuntos que desejam tratar. Por outro lado, notamos na Proposta Curricular de Matemática (2008), que as competências a serem desenvolvidas com os alunos com o objetivo de atingir uma capacidade para lidar com tais informações estão deixando a desejar.

Existe um distanciamento muito grande entre o último ano do Ensino Fundamental em que a Estatística é vista até o único ano do Ensino Médio em que é estudada. São quatro anos que o aluno não tem contato na disciplina de Matemática com conteúdos de Estatística, mas, que são utilizados por outras disciplinas constantemente, como relatamos anteriormente.

Como o aluno deverá suprir essas necessidades? Entendemos que caberá aos professores das demais disciplinas passarem aos alunos os conhecimentos básicos de Estatística, conforme as necessidades dos assuntos estudados.

4.3 COMPARAÇÃO DA ABORDAGEM DA ESTATÍSTICA NAS DUAS