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Em todo estudo estatístico, iniciamos por definir a pesquisa, os dados a serem coletados, sua organização e a forma como serão analisados.

Para que tenhamos uma visão global dos dados apresentados, precisamos, primeiramente, agrupá-los e identificar suas variáveis para que possamos montar uma tabela para representá-los.

Segundo Novaes e Coutinho (2008), iniciamos pela coleta dos dados, anotando-os na ordem em que foram obtidos, como “[…] uma matriz de respostas no qual cada linha corresponde a um sujeito da pesquisa e cada coluna a uma característica observada” (p.20).

Ao construir uma tabela, consideramos os três passos, sugeridos por Wainer (1992) com o intuito de comunicar os dados e não só armazená-los, para serem melhores representados:

• Ordenar fileiras e colunas de uma maneira que faça sentido – estruture os valores da tabela em ordem decrescente e quando temporal sempre do passado para o futuro.

• Arredondar os valores – os humanos não entendem facilmente nem memorizam mais que dois algarismos decimais, além de que, estatisticamente, dois algarismos já são suficientes para representar um número.

• Linhas e colunas são importantes – o espaçamento entre as colunas e entre as linhas favorece a percepção do fato que pretendemos demonstrar.

Para Duval (2003), as tabelas significam uma forma simples de representar informações e são largamente utilizadas não só em livros ou no meio acadêmico, mas também na mídia, como uma das principais formas de comunicação.

Considerando a tabela, como sendo uma forma de apresentação que resume conjuntos de dados coletados, devemos seguir sua montagem, conforme as normas de apresentação tabular, sugeridas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como segue:

Corpo: conjunto de linhas e colunas que contém informações sobre o

fenômeno observado;

Cabeçalho: inscrito no espaço superior para indicar, complementarmente o título e o conteúdo das colunas;

Coluna indicadora: parte da tabela que especifica o conteúdo das

Linhas: inscritos nas colunas indicadoras, para indicar, complementarmente ao título, o conteúdo das linhas;

Casa ou célula: espaço destinado a um só número (os dados);

Título: inscrito no topo, para indicar a natureza e as abrangências

geográficas e temporal dos dados numéricos; e

Fonte: inscrita a partir da primeira linha de seu rodapé, para identificar o

responsável (pessoa física ou jurídica) ou responsáveis pelos dados numéricos.

A Figura 3.1 mostra um exemplo de uma tabela que devemos seguir, conforme as normas do IBGE.

Figura 3.1. Elementos de uma tabela.

Fonte: Secretaria de Planejamento, orçamento e coordenação. IBGE (1993).

A Figura 3.2 apresenta os exemplos de tabelas simples e de dupla entrada, ou seja, tabelas que organizam dados que possuem mais de uma característica encontrada nos livros didáticos de diferentes disciplinas. Elas retratam o uso frequente de tabelas e a necessidade de conhecimento do leitor para a realização de sua leitura, bem como de sua construção.

Figura 3.2: Tabelas simples e de dupla entrada. Fonte:

Assunto 1: Moreira e Sene. Geografia, Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2007, p. 464. Assunto 2: Favaretto e Mercadante. Biologia, E. Médio. São Paulo: Moderna, 2005, p. 315. Assunto 3: Bianchi; Albrecht e Daltamir. Univ. Química, EM. São Paulo: FTD, 2005, p. 60. Assunto 4: Paraná. Física, Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 351.

As características apresentadas nas tabelas são denominadas variáveis, podem ser numéricas, quantitativas ou qualitativas, ou não numéricas que só são somente representadas qualitativamente.

Observamos que a maioria das tabelas encontradas nos livros didáticos não segue as normas descritas pelo IBGE. Em todas elas, encontramos uma falha do tipo: títulos, notas, fontes e, em grande maioria, suas laterais

encontram-se fechadas, significando que os autores não encontram-seguem normas estabelecidas para a construção de tabelas. Acreditamos que os autores não consideram seus livros didáticos, como sendo trabalhos científicos, portanto, não se preocupam com a forma da apresentação tabular.

Quanto à leitura dos dados contidos em uma tabela, podemos classificar o nível de leitura que estamos realizando. Assim, verificamos qual o conhecimento a respeito da leitura de dados obtidos por meio de uma tabela que nossos alunos têm adquirido ao longo dos anos escolares, pois ao fazermos a análise das duas propostas curriculares que serão detalhadas no próximo capítulo deste estudo, podemos notar que a leitura de dados contidos em tabelas e gráficos inicia-se na 2ª série e sua construção, tem início na 4ª série, ambas do Ensino Fundamental.

Existem autores que classificam os níveis de leitura possíveis de serem realizadas, sobre os dados contidos em uma tabela. Utilizaremos como referência as ideias de Howard Wainer, para a realização de nosso estudo.

Wainer (1992, p. 18), além de ter escrito os três passos que orientam para a construção de uma tabela, também estabeleceu uma estrutura teórica para gráficos que seria fruto de uma revisão de Bertin6 (1967) e que pode ser generalizada e empregada “na medida de numerações com apresentações em forma de tabela”.

Para Wainer (1992), os tipos de perguntas gráficas ou tabulares que utilizaremos para medir o nível de leitura em que um indivíduo se encontra, devemos classificá-lo em:

 Nível básico – nível em que as questões somente extraem da tabela os dados que estão explícitos;

 Nível intermediário – é o nível em que as questões exigem a interpolação ou a percepção da relação existente entre os dados de uma tabela;

 Nível avançado – é o nível em que as questões abordam um maior entendimento das estruturas dos dados em sua totalidade, comparando tendências, analisando questões implícitas e privilegiando a visão global da tabela.

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Jacques Bertin, foi um cartógrafo que escreveu, em 1967, sobre as etapas do processo de leitura e os níveis de leitura dos dados de um gráfico. (Cazorla, 2002)

Wainer (1992) considera que do ponto de vista da construção é comum encontrar tabelas “pobres” que contemplam no máximo cinco questões e que, geralmente, só exploram o nível básico. O autor ainda argumenta que o nível de dificuldade exigido em questões criadas com base em uma tabela refere-se, no geral, à manipulação algébrica dos valores constantes nesta em lugar de aprofundar o nível de inferência.