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Nossa proposta de pesquisa baseia-se em um estudo em que temos, como objetivo comparar os ganhos de aprendizagem entre três grupos de alunos da 1ª série do Ensino Médio que tiveram contato com conceitos elementares da Estatística por meio das aulas de Geografia (GG), de Matemática (GM) e de aulas de Matemática aplicadas de forma interdisciplinar (GI).

Nosso estudo trata-se de uma pesquisa quase-experimental. Mas antes de explicitar o que entendemos por este tipo de delineamento, dissertaremos sobre a pesquisa experimental.

A pesquisa experimental tem como objetivo explicar o que ocorre quando dois ou mais fenômenos são relacionados. Segundo Rudio (2008, p.73), a pesquisa experimental estuda “a relação entre fenômenos procurando saber se

um é causa do outro”.

De fato, Rudio (2008) considera uma pesquisa como experimento, quando o investigador submete os alunos a uma experiência, observando seu resultado e, em consequência, manipula o outro grupo chamado experimental, a uma dada experiência, efetuando as verificações necessárias por meio de um grupo controle e observa os resultados.

Para que pudéssemos observar a existência de uma relação entre as variáveis, consideramos o Grupo Interdisciplinar (GI), como sendo o grupo experimental, aquele que será submetido a um trabalho com noções de Estatística de forma interdisciplinar e os dois grupos, Geografia (GG) e o de Matemática (GM) como grupos-controle, pois neles não haverá nenhuma influência do pesquisador, servindo, assim, de parâmetro para comparação dos

resultados obtidos, dentro de condições que foram preestabelecidas, na qual relataremos no momento da descrição da intervenção.

Os autores Fiorentini e Lorenzato (2006), caracterizam pesquisa experimental pela validação de hipóteses,

As pesquisas experimentais caracterizam-se pela realização de “experimentos” que visam verificar a validade de determinadas hipóteses em relação a um fenômeno ou problema (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p.104).

Experimentos, segundo os autores, que fazem parte da investigação, são manipuláveis, ou seja, fazem uma interferência em algumas variáveis e observam os efeitos causados.

Para Fiorentini e Lorenzato (2006, p. 104), a pesquisa experimental trata-se de um tipo de investigação em que “o pesquisador tenta reproduzir um fenômeno

para observá-lo sob controle”. Essa idéia de pesquisa reforça a fala de Rudio

(2008) quando diz que um grupo de alunos submete-se a uma experiência e é comparado com outro em que não ocorre a influência do pesquisador.

Nosso interesse nesta pesquisa é observar se existe ou não uma relação no resultado final dos efeitos produzidos pelas diferentes intervenções de ensino. Os dados obtidos serão quantitativa e qualitativamente analisados.

Todavia, a pesquisa experimental tem sido bem-sucedida nas ciências naturais e experimentais e tem sofrido várias adaptações para sua aplicação nas Ciências Humanas.

Na área educacional, nas condições da escola, é muito difícil alocar aleatoriamente os alunos aos grupos experimental e controle. Nesse caso, o procedimento padrão tem sido a escolha aleatória da turma para receber ou não a intervenção de ensino. Esta limitação tem consequências no delineamento para realização do estudo e, por essa razão, este tipo de procedimento tem sido chamado de quase-experimental.

Resolvemos, portanto, investigar por meio de um estudo quase-experimental, qual é o desempenho dos alunos da 1ª série do Ensino Médio, diante de diferentes abordagens do ensino de Estatística.

Para isto, propomos três formas de ensino de Estatística. A primeira, da perspectiva do professor usuário da Estatística, neste caso, o professor de Geografia, que supomos não estar preocupado com os fundamentos matemáticos dos conceitos e procedimentos de Estatística e sim em seu uso nos conhecimentos geográficos. Este grupo denominamos de GG.

A segunda forma, sob uma perspectiva do professor de Matemática que, em geral, está preocupado com os aspectos matemáticos dos conceitos e procedimentos da Estatística e pouco preocupado com sua aplicação nos outros campos do conhecimento. Este grupo denominamos de GM.

A terceira forma de ensino de Estatística, sob uma perspectiva Matemática, porém aliada à interdisciplinaridade, isto é, além do cuidado com os aspectos matemáticos, os conteúdos foram trabalhados de forma contextualizada nas diversas áreas do conhecimento, como sugerido pelos PCN do Ensino Médio (1999). Este grupo denominamos de GI.

Ao realizarmos o presente trabalho com as três turmas, objetivamos comparar o conhecimento adquirido pelo aluno quanto ao desenvolvimento da Estatística pela intervenção de um professor da disciplina de Geografia e de dois professores da disciplina de Matemática, sendo um deles (a pesquisadora) que tratou o assunto de forma interdisciplinar para, assim, podermos analisar o impacto destas formas de ensino no desempenho dos alunos.

O trabalho contou com a colaboração dos professores de Geografia e Matemática de uma mesma Escola Estadual. As formas de ensino foram aplicadas a três turmas da 1ª série do Ensino Médio constituídas por 35 alunos cada, totalizando 105 alunos. Suas idades variaram de 15 a 17 anos. Sendo as turmas distribuídas aleatoriamente aos professores.

O delineamento da investigação constou de três etapas: pré-teste, intervenção de ensino, pós-teste. Na primeira etapa, aplicamos o pré-teste nas três turmas que contou com sete questões abertas sobre Estatística, com assuntos diversos que dizem respeito às disciplinas cursadas pelos sujeitos da pesquisa. Após 15 dias da aplicação, os três professores iniciaram a intervenção de ensino.

O período de intervenção durou seis encontros de duas horas/aula cada. Após 15 dias do término desse período, foi aplicado um pós-teste para avaliar o desempenho dos alunos, agora já orientados sobre a Estatística por três professores distintos cujas formações eram diferentes.

Durante a intervenção, os conteúdos trabalhados enfocaram a leitura de dados pontuais (pontos de máximo e de mínimo), na leitura de dados globais (variação e comparação), no cálculo da média aritmética e na construção de gráficos e tabelas.

A análise do estudo, tanto quantitativa como qualitativa, será procedida integralmente em cima dos instrumentos diagnósticos (pré e pós-teste). Contudo, para garantir que houve ensino dos conteúdos entre a aplicação de um e outro instrumento (intervenção de ensino), aulas serão acompanhadas em cada um dos grupos, sendo o GI já ministrado pela própria pesquisadora.

C

APÍTULO

II

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para realizarmos um estudo, é necessário que tenhamos um suporte de teorias como base, na qual todas as etapas da pesquisa sofrerão influência de seus pressupostos.

A Interdisciplinaridade será abordada e nos fornecerá subsídios para o trabalho a ser realizado com outras áreas de conhecimento. Relataremos o Letramento, o Pensamento e o Raciocínio Estatístico que vêm sendo muito discutidos nos últimos tempos, pois a Estatística, cada vez mais, está sendo utilizada pelo cidadão comum e a pauta mais discutida é como nós, educadores, devemos letrar nossos alunos estatisticamente.

Ainda neste capítulo, abordaremos a Educação Estatística, do ponto de vista de diversos autores e a Teoria de Registros de Representação Semiótica, que diz respeito à mudança de registro, segundo o olhar de Duval.