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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.5 A sinergia entre gestão ambiental e legislação ambiental

A reorganização do Poder Público para atuar na gestão ambiental é resultado de todos os esforços realizados tanto pela sociedade civil quanto pelos decisores, que de alguma forma, transcreveram as expectativas sociais em normatizações. Para obter os resultados esperados na gestão ambiental, é necessário que os decisores atuem de acordo com a legislação tanto nacional, estadual quanto local.

É de competência dos municípios legislar sobre as atividades fins, que segundo a FAMURS (2005, p. 38): “[...] concentram-se aquelas vinculadas ao controle da poluição, envolvendo as emissões de efluentes líquidos nos corpos receptores, disposição de resíduos sólidos e emissões atmosféricas”. Cabe aos municípios “[...] aplicar e aperfeiçoar o sistema poluidor-pagador, desenvolvendo mecanismos de fiscalização e controle ambiental” (FAMURS, 2005, p. 38).

Os municípios são responsáveis por definir as prioridades ambientais, isto porque são os decisores locais que conhecem detalhadamente as características da comunidade, bem como da região em que participam. Por isso, é recomendado que todo o município elabore um diagnóstico da situação atual para planejar as ações e as interferências necessárias, em prol do meio ambiente.

Para que se efetivem as ações de comando e controle nos municípios, algumas etapas devem ser desenvolvidas e aperfeiçoadas. Segundo a FAMURS (2005), podem ser definidas como:

a) Realização de inventário da situação geral dos seus depósitos de lixo;

b) Verificação junto ao Promotor que responde pela cidade, se existe algum Inquérito Civil em andamento, ou Termo de Ajustamento de conduta;

c) Conforme a legislação ambiental (Lei Federal n° 6.938/81 e Lei Federal n°9.605/98) a omissão da responsabilidade ambiental é crime, e, portanto, os decisores devem buscar junto a SEMA/FEPAM e Ministério Público as orientações necessárias para o desenvolvimento da gestão ambiental local;

d) Elaborar projetos para a captação de recursos, sempre que necessário;

e) Legislar sobre os resíduos sólidos, participando de consórcios de municípios para viabilizar a solução econômica e ambiental;

f) Contribuir para o desenvolvimento de associações, cooperativas que apoiem os trabalhadores que atuam na coleta seletiva do lixo.

As sete ações citadas buscam contribuir para que o município, através da atuação de seus decisores (Prefeito e Secretário Municipal do Meio Ambiente) possa influenciar e determinar os processos tanto individuais, como sociais na comunidade. No entanto, duas estratégias iniciais são indispensáveis, a primeira o planejamento ambiental, que tem como objetivo: “[...] estabelecer compromissos com os próximos anos, visando o desenvolvimento sustentável das comunidades” (FAMURS, 2005, p. 38). A segunda, concentrar esforços para o serviço de limpeza urbana, através de normatizações e fiscalizações, neste sentido FAMURS (2005, p. 38) advoga: “[...] torna-se de grande importância a normatização dos procedimentos de coleta, transporte e destinação final do lixo”.

Desde 1998 a FAMURS vem orientando, que é necessário para a Administração Municipal criar unidades específicas para o trato das questões envolvendo o meio ambiente. O objetivo destas unidades é verificar a quantidade de problemas causados pela falta de um planejamento adequado, ou seja, de políticas que contemplem o impacto ambiental gerado pelos projetos e empreendimentos locais.

Para a constituição do conselho municipal de meio ambiente é necessário atender a Resolução do CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997. O conselho só existe se aprovado por Lei; deverá ser constituído pelo maior número de entidades representantes da sociedade civil possível; o mandato tem tempo mínimo previsto de dois anos. É de responsabilidade deste conselho, identificar os problemas ambientais municipais e contribuir com o poder público municipal com políticas e estratégias para minimizar os impactos ambientais locais. Exercer a ação de fiscalização; estabelecer critérios de orientação das atividades educativas; receber denúncias da comunidade; contribuir na decisão sobre multas; controlar e fiscalizar o uso da verba pública, entre outros. Cabe destacar que, juntamente com os órgãos competentes do município, este deve elaborar o Plano Municipal do Meio Ambiente.

O Fundo Municipal do Meio Ambiente deve ser administrado pelo órgão competente e sua aplicação deve evidenciar “[...] as políticas e programas de trabalho governamentais, observados os princípios da universalidade e equilíbrio, obedecendo aos padrões e normas estabelecidos na legislação pertinente” (FAMURS, 2005, p. 40).

As variáveis essenciais para a gestão ambiental local são inicialmente aquelas que remetem ao comando e controle. Por isso, para que se inicie um processo de gerenciamento é

indispensável que “[...] os Dirigentes Municipais assumam seus compromissos conquistados no Código Estadual de Meio Ambiente (Lei Estadual n° 11.520/00, de 03/08/00), destacando a importância de procedimentos de licenciamento, fiscalização e controle ambiental” (FAMURS, 2005, p. 26).

É orientação da FAMURS (2005) que cada município organize sua gestão de acordo com sua área geográfica; população; caracterização dos principais problemas ambientais e vocação do município. A vocação do município está relacionada à sua estrutura de produção, e, pode ser classificado como: agrícola-diversificado; litorâneo-turístico; estâncias. Assim, destaca-se que para municípios classificados como de porte grande, ou seja, acima de 50.000 habitantes, sugere-se a inserção da gestão ambiental conforme modelo a seguir.

Figura 2: Estrutura organizacional para a gestão ambiental local Fonte: Adaptado de FAMURS (2005).

Uma das formas de controle de poluição, que compete a município é o licenciamento ambiental, ou seja, as licenças de atuação, seja para os indivíduos, sejam para as iniciativas privadas. O licenciamento ambiental está previsto na Resolução do CONAMA 237/97. Em seu art. 2° expressa: “A localização, construção, instalação, ampliação, e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetivas ou potencialmente poluidoras [...] dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente”.

O licenciamento pode ser concedido de três formas: a Licença Prévia (LP) na fase preliminar do planejamento da atividade atendendo as fases de localização, instalação e operação, observando o Plano Diretor Municipal de uso e ocupação do solo. A Licença de Instalação (LI) que consiste autorização do início de implantação, de acordo com o projeto aprovado. E, por fim, a Licença de Operação (LO) que concede a autorização para o início das atividades (FAMURS, 2005).

Independente de o município cumprir ou não, com o seu dever de efetuar licenciamentos, o mesmo deve estar licenciado das atividades municipais de impacto seja pelo Órgão Ambiental Estadual ou Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O quadro Licenciamentos apresenta aqueles que são de competência do município cumprir, ou seja, indispensáveis que estejam regularizados.

Licenciamentos 1. Licença do local onde deposita seus resíduos 2. Licença da estação de tratamento de esgoto 3. Licença de obras públicas

4. Licenciamento de parque de exposição 5. Licenciamento de saibreiras e pedreiras 6. Licenciamento de distritos industriais

Quadro 4: Licenciamentos municipais fundamentais Fonte: Adaptado de FAMURS (2005).

A gestão ambiental perpassa necessariamente por todas as instâncias da administração pública, bem como pela sociedade civil. Assim, para que as iniciativas possam se tornar práticas, é necessário sinergia entre estratégias de administração e legislação.