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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.3 Classificação da pesquisa

Assim como se prepara o alicerce para sustentar um prédio, o mesmo acontece na pesquisa. Há que se fortalecer de estudos anteriores para promover avanços. Por isso, o presente estudo está alicerçado em sua base teórica. A revisão bibliográfica e documental, “[...] torna-se imprescindível para a não duplicação de esforços, a não ‘descoberta’ de ideias já expressas, a não-inclusão de ‘lugares comuns’ no trabalho” (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 110).

Reconhecer uma pesquisa bibliográfica é compreender a importância de resgatar a teoria que justifique a importância e interferência do tema. Segundo Lakatos e Marconi (1992,

p. 110), “A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar comportamentos e atitudes”. Assim, este estudo se apropriou do conhecimento de diversos autores, entre eles, da contribuição de Barbieri (2004), acerca do tema da gestão ambiental. Também resgatou registros significativos sobre o desenvolvimento da legislação ambiental que se constitui de uma ferramenta indispensável para a promoção da gestão ambiental.

Para auxiliar a responder à pergunta deste estudo, utilizou-se a pesquisa qualitativa, pois esta não se apropria e interpreta somente informações estatísticas para a comprovação de seus resultados. No entendimento de Vieira e Zouain (2004, p. 17), “A pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se fundamenta em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não-utilização de instrumental estatístico na análise dos dados”. Por outro lado, cabe salientar que por não utilizar-se de métodos estatísticos não significa que a pesquisa qualitativa constitua-se curiosidades aleatórias ou até não possam utilizar de meios estatísticos de caráter descritivo.

Assim, Vieira e Zouain (2004, p. 17) alertam que: “[...] é bom lembrar que a não utilização de técnicas estatísticas não significa que as análises qualitativas sejam especulações subjetivas”. No entanto, a pesquisa qualitativa pode envolver dados para análise de cunho quantitativo de modo complementar. Vieira e Zouain (2004, p. 18) explicam que: “[...] a pesquisa qualitativa é frequentemente criticada por ser muito subjetiva, em contraste com a alegada objetividade da pesquisa quantitativa”.

Entre as técnicas da pesquisa qualitativa estão as que compreendem a possibilidade de classificação como descritivas, entre elas, “[...] uma variedade de técnicas usadas de uma maneira qualitativa, tais como, entrevistas formais e informais, técnicas de observação de campo, análise histórica etnográfica” (VIEIRA; ZOUAIN, 2004, p. 17). Um dos objetivos da pesquisa descritiva é estabelecer a inter-relação entre os fenômenos e a população estudada. (REIS, 2008).

A pesquisa qualitativa traz como exigência a eficiente capacidade de elaborar os questionários e as ferramentas utilizadas para a investigação. Quando estes se mostram eficazes, dificilmente a pesquisa será coloca em prova. Nesta perspectiva, Vieira e Zouain (2004, p. 18) salientam que: “A definição explícita das perguntas de pesquisa, dos conceitos e das variáveis, bem como, uma descrição detalhada dos procedimentos de campo garantem à pesquisa qualitativa certa ‘objetivação’ do fenômeno estudado, permitindo até mesmo, replicação”.

As pesquisas qualitativas buscam retratar fatos e acontecimentos, bem como resgatam a história da organização. Remete a forma de interpretar os acontecimentos. É a realidade contada a partir de atores sociais, permitindo que seja questionada quanto à subjetividade, pois não há como dissociá-la do fornecedor de dados, nem mesmo do pesquisador. Este tipo de pesquisa apresenta o mundo como ele é visto pelas pessoas. “Dessa forma todo trabalho é passível de julgamento ou juízo de valor” (VIEIRA; ZOUAIN, 2004, p. 18).

Para Martinelli (1999), é importante destacar que uma vez definido o estudo pelo viés da pesquisa qualitativa, este método não exclui os demais, pelo contrário, utiliza-se de outras fontes para sustentar seu embasamento. Para a autora, a pesquisa qualitativa é importante por três pressupostos básicos, “[...] a primeira é quanto ao seu caráter inovador como pesquisa que se insere na busca de significados atribuídos pelos sujeitos às suas experiências sociais”. Já “[...] a segunda é quanto à dimensão política desse tipo de pesquisa que, como construção coletiva, parte da realidade dos sujeitos e a eles retorna de forma crítica e criativa”. Para finalizar, “[...] a terceira é que exatamente por ser um exercício político, uma construção coletiva, não se coloca como algo excludente ou hermético, é uma pesquisa que se realiza pela via da complementaridade, não da exclusão” (1999, p. 26-27).

Desta forma, a pesquisa teve como foco a abordagem qualitativa, em princípio porque a investigação remete ao diagnóstico dos indicadores das variáveis de Comando e Controle a partir da percepção de atores sociais, buscando ainda contemplar e registrar as ações que são adotadas pelo poder público do município de Ijuí que extrapolam as identificadas como de regulação direta, adaptadas do modelo de Barbieri (2004). Registrou fatos e acontecimentos que embasam as decisões do poder público para o planejamento e implementação da gestão ambiental. Permitiu que a realidade fosse contada a partir dos atores sociais.

Entre os elementos que sustentam a pesquisa qualitativa, encontra-se ainda seu caráter inovador e político. Este estudo é inovador quando a partir do modelo proposto por Barbieri (2004) identifica os indicadores que constituem as variáveis de comando e controle. Político quando busca através da investigação de diferentes atores sociais, diagnosticar os elementos que estão presentes na gestão pública ambiental no município de Ijuí.

Esta pesquisa também se classifica como estudo de caso, que é utilizado por remeter a experiência de uma organização ou um fenômeno, no caso o Município de Ijuí. Contribui para esclarecer os processos de tomada de decisão às influências, tanto externas quanto internas e os resultados obtidos. Para Yin (2001, p. 19), “Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo ‘como’ e ‘porque’, quando o

pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontrar em fenômenos contemporâneos”.

Utilizar-se do estudo de caso equivale a uma experiência em laboratório. O foco todo está somente em um ator social ou em um objeto, o que contribui para a percepção e análise mais profunda das mudanças e alterações. Com relação a este método, segundo Yin (2001, p. 21),

[...] permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de alguns setores.

Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 108), “[...] a investigação deve examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciaram e analisando-o em todos os seus aspectos”. Por isso, o estudo de caso sempre exige muita dedicação do pesquisador, porque é necessário identificar todas as variáveis que estão dispostas na dinâmica do caso estudado.

Este estudo teve como foco a intersecção de um fenômeno e uma organização. Explorou-se a gestão ambiental do município de Ijuí, buscando contribuir para esclarecer e apresentar as ações que o poder público municipal vem adotando para garantir a preservação ambiental, os reparos aos danos já causados e a qualidade de vida dos cidadãos. A importância deste tema está associada ao número de tomadores de decisão que estão envolvidos no processo de gestão ambiental, e que perpassa por interesses políticos e sociais.

O estudo foi traçado a partir do método dedutivo, que segundo Marconi e Lakatos (2000, p. 256) pode ser compreendido como: “Processo pelo qual, com base em enunciados ou premissas, se chega a uma conclusão necessária em virtude da correta aplicação de regras lógicas”.

A pesquisa bibliográfica preocupou-se em iniciar a discussão pela evolução do conceito de “mundo” amparado nas instâncias de poderes que determinaram o sistema de vida adotado pela humanidade, buscando desta forma embasar a discussão do modelo de gestão pública ambiental atual. Percebeu-se que foram as transformações sociais que resultaram na necessidade de regulamentação para a preservação e proteção ao meio ambiente. Conforme Marconi e Lakatos (2000, p. 256), a utilização do método indutivo “Caracteriza-se pelo emprego de cadeias de raciocínio”.

O conhecimento científico, especialmente da legislação que sustentou a elaboração do questionário também se apropriou do método dedutivo por responder a um raciocínio que parte do geral para o local, isto é, a legislação foi apresentada a partir da Federação, Estado e por fim, a investigação com relação às competências do Município.