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4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.1 As variáveis de comando e controle

4.1.2 Padrão de qualidade

O subgrupo padrão de qualidade é composto por 11 questões fechadas e três abertas. As questões detalhadas no Apêndice 02 buscaram subsidiar a análise dos itens detalhados na figura 5.

Figura 5: Estrutura de análise da qualidade Fonte: Dados da pesquisa, 2011-2012.

O padrão de qualidade teve como resposta mais impactante a questão de número 11, cujo objetivo foi verificar o nível de implementação de procedimentos para a recuperação da fauna silvestre. Para melhor visualizar as percepções com relação a cada um dos indicadores que constituem o subgrupo padrão de qualidade, foi elaborado o gráfico 2.

Gráfico 3: Controle do padrão de qualidade Fonte: Pesquisa de campo, 2011-2012.

O primeiro aspecto avaliado foi à gestão do lixo e buscou-se aferir a efetividade desta atividade no município. Sete dos respondentes avaliaram como abaixo do razoável, considerando que desde 2002, através de um termo de ajustamento de conduta emitido pela Promotoria Pública, o município deveria encontrar e organizar um novo local para o aterro de resíduos. Apesar disto até o momento desta pesquisa este problema não havia sido solucionado. Oito, indicaram a efetividade como razoavelmente por valorizar as iniciativas de coleta seletiva e o apoio a Associação dos Catadores de Material Reciclável de Ijuí (ACATA), não obstante a coleta seletiva de lixo ter sido mencionada muito mais pela iniciativa que pela efetividade. Ainda, três respondentes avaliam a efetividade como suficiente, pois segundo estes, nos últimos três anos, muitos foram os investimentos para consolidar a coleta seletiva, o que se reflete no orçamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, ou seja, a maior parte do orçamento da mesma está direcionada para a gestão do lixo.

Entre os desafios da gestão do lixo estão às iniciativas de educação da população, acompanhamento e fiscalização contínua. Segundo argumentações dos respondentes, a educação ainda é incipiente e, não há acompanhamento e fiscalização contínua. Como o trabalho é terceirizado, a fiscalização só acontece por denúncias, não havendo controle para prevenir as inadequações. Segundo os respondentes, provavelmente um dos elementos que tem dificultado o controle e fiscalização está relacionado ao modelo de implementação da coleta seletiva, pois a Prefeitura não trabalhou essa ação segmentada por bairros ou ruas, que facilitaria o acompanhamento e fiscalização. A implantação da coleta seletiva aconteceu em

0 2 4 6 8 10 12 14 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Insuficientemente Pouco Suficiente Razoavelmente Suficiente Integralmente

todo o município ao mesmo tempo e nesta situação sim pode ter sido prejudicada pela incapacidade da estrutura instalada em promover a conscientização e efetivação deste serviço.

Quanto ao grau de controle de tratamento de efluentes domésticos urbanos dentro dos padrões de sanidade exigidos, nove pessoas responderam que é insuficiente, desconhecendo inclusive qualquer ação neste sentido, cinco das pessoas ouvidas avaliaram como pouco suficiente, e, quatro como sendo razoável. Na mesma linha, a questão número três indagou quanto ao grau de controle de tratamento de efluentes domésticos rurais dentro dos padrões de sanidade exigidos e obteve-se como resposta: quatorzes participantes da pesquisa considerando que o serviço estava abaixo do razoável. Em ambos os itens, percebe-se que não há indicadores que apresentem a ação efetiva do poder público no controle de tratamento de efluentes domésticos.

Com relação à percepção dos respondentes quanto ao controle de tratamento de efluentes industriais, doze respondentes consideraram o controle abaixo do razoável, três avaliaram como razoável, e três afirmam ser suficiente. Cabe destacar que as afirmativas de razoável e suficiente foram indicadas em função do licenciamento ambiental.

O controle da água potável distribuída para a população tem o controle avaliado como pouco suficiente, por duas pessoas, que alegam não constar no tratamento a eliminação de metais pesados. Dois respondentes consideraram razoável, sete avaliaram com suficiente e, sete consideraram que o controle se dá de modo integral. A partir dos principais comentários pode-se constatar que a água potável apesar de envolver uma das questões mais essenciais de saúde pública não é considerada de controle pleno pelos avaliadores.

O grau de comprometimento da mata ciliar, na percepção dos respondentes foi considerado por dois como pouco suficientes, já dois indicaram estar razoável, pois acreditam que existe consciência das pessoas para a preservação daquilo que ainda existe e reparação dos danos. O restante dos respondentes se dividiu entre aqueles que entendem que pela inexistência de controle pelo menos 75% da mata ciliar do município foi derrubada e, aqueles que entendem que a integralidade da mata ciliar esteja comprometida, quase fadada ao desaparecimento. Em contrapartida, a questão número sete refere-se ao grau de manutenção da mata ciliar existente, onde quatro pessoas afirmaram ser insuficientemente, ou seja, desconhecem ações do poder público para isso. Três pessoas responderam como sendo pouco suficiente e, três avaliaram que seu estado é razoável, as mesmas apontam iniciativas que foram realizadas por outras entidades. Por outro lado, sete pessoas indicaram ser suficiente e, uma integralmente.

Quanto ao grau de comprometimento da fauna silvestre prevaleceu a opção suficiente com nove respondentes. O que indica que muitas espécies de animais desapareceram, o que provavelmente é um indicativo difícil de ser revertido. Três responderam pouco suficiente e cinco razoavelmente sendo que somente uma pessoa respondeu integralmente. A preservação da fauna silvestre foi apontada majoritariamente como insuficiente, que remete ao desconhecimento por parte dos respondentes, quanto às ações do poder público. No tocante àqueles que consideraram o controle no mínimo razoável, o principal argumento é que após a proibição das caças a manutenção da fauna tem sido percebida com outra importância e ocorre um autocontrole da própria população e alteração dos padrões culturais das novas gerações.

Sobre a implementação de procedimentos para a recuperação da mata ciliar e da fauna silvestre as posições quanto à mata ciliar tiveram onze respondentes que consideraram que as iniciativas eram no mínimo razoáveis. Já com relação à fauna silvestre, dez consideraram insuficientemente, quatro razoável, e, quatro como suficiente. Pode-se perceber que a opinião quanto às ações para a recuperação da mata ciliar ficam mais dividas porque os respondentes conseguem recordar de ações, mesmo que isoladas. Já na recuperação da fauna silvestre o grau insuficiente é o mais apontado, o que demonstra a ausência de ações por parte do poder público ou no mínimo a não publicização, hipótese esta pouco provável em função dos papéis que os respondentes possuem no município.

Quando questionados de modo aberto sobre as principais ações vinculadas a recuperação da mata ciliar os respondentes não conseguiram expressá-las. Ainda, obteve-se como resposta a importância da ação da Promotoria Pública, que além de fiscalizar, aplica também punições para quem infringir a lei, e, também de outros atores ou iniciativas de desenvolvimento como a AIPAN e a Agenda 21 Local. O quadro 8 apresenta a sistematização das principais considerações.

Através da lei que exige reserva legal, mas que no município o processo está em estruturação. Projeto do Rio Potiribú em parceria com a CAIXA. Projeto de créditos de carbono que ainda não está em vigor.

Projeto de Recuperação da mata ciliar do Rio Ijuí e Projeto do Rio Potiribú.

Desde 2009 o poder público tem projetos de reflorestamento assistido em pequenas propriedades para a recuperação da mata ciliar.

Fiscalizações constantes por parte do ministério público. Quadro 8: Ações para a preservação da mata ciliar Fonte: Pesquisa de campo, 2011-2012.

Na identificação das ações adotadas para a preservação da fauna silvestre a maioria dos questionados não soube responder afirmando desconhecer qualquer ação. Alguns respondentes alegam que quando desenvolvidas ações para recuperar a mata ciliar, automaticamente se recupera a fauna. No entanto, no entendimento da pesquisadora as ações de recuperação de mata ciliar e da fauna silvestre tendem a possuir estratégias diferentes. O destaque para as ações de recuperação da fauna silvestre é para o processo de educação ambiental que acontece por iniciativa das escolas. Ainda como apoiadores têm-se a Agenda 21 Local e a Colônia dos Pescadores.

O quadro 9 representa as principais considerações sobre as ações do poder público para a preservação da fauna silvestre.

Está sendo realizado um mapeamento das espécies e habitat. Visitas nas escolas para a conscientização dos alunos. Agenda 21 Local e a colônia dos pescadores.

As ações dão desconectadas e tímidas, muitas vezes por parte das escolas buscando desenvolver a conscientização.

Quadro 9: Ações para a preservação da fauna silvestre Fonte: Pesquisa de campo, 2011-2012.

As questões críticas que envolvem a gestão do lixo no município de Ijuí foram analisadas a partir do conceito de lixo, da separação, da coleta, da destinação e da qualidade do aterro.

Poder Público População

Ausência de aterro sanitário. Falta de conhecimento na separação do lixo.

Ingerência do lixo clandestino. Ausência da cultura de reutilização do lixo orgânico.

O não cumprimento das datas de recolhimento. A ausência da separação adequada. O lixo recolhido vai para um lixão sem controle. Este

lixão deveria ter sido fechado já no ano de 2011.

A ausência da responsabilidade do cidadão pelas ações que causam impacto ambiental.

Falta de regularidade da coleta de lixo no interior. Ausência de educação ambiental. Falta de recursos financeiros.

A falta de fiscalização, pois boa parte da população acredita que depois que o lixo sai da sua casa passa a ser um problema de gestão pública.

É competência do poder público recolher o lixo e dar a destinação, mas este trabalho acontece de maneira mecanizada. Existe pouco diálogo entre as secretarias do município, ou seja, há falta de comunicação. Falta desenvolver um trabalho mais intenso de conscientização e implementação.

O Poder Público tem que educar a população para a separação.

Há uma preocupação maior para apoiar as famílias de recicladores.

Minimização da atuação da AIPAN.

Reutilização dos resíduos a partir da coleta seletiva eficiente.

Promover diálogo com os demais municípios para o consórcio do aterro sanitário.

Criação de uma central de triagem.

Apoio financeiro para a associação de catadores, ou seja, financiamento deste trabalho.

Organização de uma usina de reciclagem para os catadores.

Quadro 10: Questões críticas da gestão do lixo Fonte: Pesquisa de campo, 2011-2012.

A gestão do lixo no município de Ijuí mesmo tendo passado por diversas adaptações e melhorias, apresenta inúmeras deficiências. O quadro 10 demonstra estas carências segregando aquelas que seriam de responsabilidade da população remetendo a um processo de educação ambiental. Ou seja, para que os cidadãos consigam contribuir é indispensável educá-los para tal. O outro grupo de dificuldades são aquelas que em tese seriam de responsabilidade do poder público, com mais urgência, apresenta-se a necessidade de identificar um novo local para o aterro sanitário. Uma das sugestões que vem amparada por Lei Federal é o consórcio entre municípios, onde o poder público de Ijuí poderia assumir o

papel de coordenar essa discussão com os municípios vizinhos. Entretanto, concomitantemente a isso, é indispensável que se dedique atenção para o processo de coleta seletiva, pois sua efetividade está diretamente relacionada à capacidade de transmitir conhecimentos para a população, bem como, a fiscalização das ações dos cidadãos. É necessário ainda que se dispense mais atenção para a ACATA, uma vez que os catadores precisam de apoio tanto financeiro, quanto educacional para a realização de um trabalho eficaz.

Das questões que compõem o subgrupo padrão de qualidade, foram as referentes à gestão do lixo que mais inquietaram os participantes. Isso pode ser explicado porque é um dos assuntos que tem chamado mais atenção da população, ou por não cumprir com aquilo que é básico, como por exemplo, a legislação e o diálogo com os diferentes atores do desenvolvimento.

Gráfico 4: Resumo geral dos indicativos do padrão de qualidade Fonte: Pesquisa de campo, 2011-2012.

Este gráfico em específico é importante destacar que dois indicadores, expressos na questão 06 e 08, não seguem a mesma ordem das demais questões que compreendem o questionário. Ou seja, foram analisadas quanto mais próximo de integral, pior, quanto mais próxima de insuficiente melhor. Estas duas questões solicitaram o nível de comprometimento da mata ciliar e da fauna silvestre. Mas mesmo com duas questões de ordem inversa na interpretação o índice que mais se destacou foi insuficientemente.

29%

18%

22%

26%