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Para que se possa construir o contexto da Web 2.0 como espaço facilitador da colaboração, é importante retomar ao que foi considerado a primeira geração da internet, que muitos tendem a chamar Web 1.0. Pode-se destacar entre os atributos desta primeira geração a grande quantidade de informação disponível na rede global a que todos os usuários podiam ter acesso.

O usuário neste contexto tinha, porém, um papel passivo, ou seja, era apenas o utilizador, o espectador do processo, ele visitava uma página e não tinha autorização para alterar o seu conteúdo. É importante registrar que essa forma de apresentação de conteúdo ainda pode ser encontrada na rede.

Com a mudança da concepção da relação espaço e tempo, além da necessidade cada vez mais constante de troca de informações, o indivíduo começa a buscar outras formas de interagir por este canal. Surge, então, uma nova geração de aplicativos a que se passou a chamar de Web 2.0.

A Web 2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas informáticas, mas também a um determinado período tecnológico, a um conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação mediados pelo computador (PRIMO, 2007).

Embora o termo tenha uma conotação de uma nova versão para a web, ele não se refere à atualização nas suas especificações técnicas, mas a uma mudança na forma como ela é compreendida por usuários e desenvolvedores.

A Web 2.0 é formada por um conjunto de aplicações on-line como blogs, Wikis, podcast, entre outros. A utilização dos recursos na maioria das vezes é gratuita, e a interface com o usuário amigável e de fácil navegabilidade. A filosofia de Web 2.0 é que o usuário é também um produtor de informação, e distribuir e partilhar são palavras de ordem.

Para Primo (2007, p. 04),

Na Web 2.0 não só os grandes portais têm importância. Mesmo os blogs que reúnem pequenos grupos com interesses segmentados ganham peso na rede a partir de sua interconexão com outros subsistemas. Ou seja, o modelo informacional de um grande centro distribuidor de mensagens passa a competir com a lógica sistêmica da conexão de micro-redes. Em outras palavras, enquanto modelo massivo foca-se no centro, a Web 2.0 fortalece as bordas das redes.

Hoje é impossível se imaginar a internet sem a contribuição dos usuários, uma vez que ela cresceu à medida que aumentava a entrada de indivíduos na rede e que estes faziam uso de espaços coletivos e também da escrita hipertextual. Se antes a web era estruturada por meio de sites que colocavam todo o conteúdo on-line, de maneira estática, sem oferecer a possibilidade de interação, agora se criam conexões por meio de comunidades de usuários com interesses em comum, o que só foi possível devido ao uso de uma plataforma mais aberta e dinâmica.

Com isso pode-se perceber que a Web 2.0 passa a ser uma concepção diferenciada de atuação na web, pois descentraliza a produção dos conteúdos, e o sujeito, antes apenas receptor, torna-se ativo e participante no que diz respeito à criação, seleção e troca de informações em plataformas abertas.

Nos ambientes da Web 2.0, os arquivos ficam disponíveis on-line possibilitando o acesso em qualquer lugar e momento, uma vez que não há mais a necessidade de se gravar o documento em um determinado computador para a produção ou alteração na estrutura de um texto. As alterações são realizadas automaticamente na própria web.

Para Bottentuit Jr. e Coutinho (2008), a Web 2.0 proporciona o aparecimento de um novo perfil de usuário:

O novo perfil do usuário dos serviços da rede global na sociedade do conhecimento é o de utilizador crítico e reflexivo das tecnologias, serviços e programas que entende que os sistemas servem não apenas uma função de utilização, mas possibilitam o desenvolvimento de novos padrões e estratégias de aprendizagem personalizada e uma construção colaborativa do saber.

Segundo O`Reilly, reconhecido como um dos principais promotores da ideia de Web 2,0, são sete os princípios que nortearam a sua concepção: A

World Wide Web como plataforma de trabalho; o fortalecimento da

inteligência coletiva; a gestão de bases de dados como competência básica; o fim do ciclo das atualizações de versões de software; os modelos de programação rápida e a busca da simplicidade; a disponibilidade de software não limitado a um único dispositivo e por fim o compartilhamento das experiências enriquecedoras dos usuários.37

Downes (2006) afirma que a Web 2.0 é muito mais uma revolução social do que tecnológica, uma vez que ela proporcionou que os usuários assumissem nova postura e nova atitude ao utilizar-se desta rede.

Pode-se dizer ainda que a simplicidade e a rapidez proporcionadas pela Web 2.0 potencializaram o surgimento das redes sociais38 além da agregação39 e catalogação de conteúdos disponíveis na rede. Com isso, o usuário pode personalizar o seu espaço web adaptado-o aos seus gostos e necessidades.

Os ambientes que proporcionam a colaboração fazem parte do modelo proposto pela Web 2,0 com inúmeras ferramentas disponíveis como blogs, Wikis, google docs entre outros.

37 ROMANÍ, CRISTOBAL COBO y KUKLINSKI HUGO PARDO Planeta Web 2.0 Inteligencia Colectiva o médios fast food E-book de acceso gratuito.Versão 0.1 / setembro de 2007

38 Redes sociais podem ser definidas como sites apoiados em bases de dados que permitem manter informação sobre cada usuário além de estabelecer ligações entre conhecidos e amigos virtuais ou reais.

39 A agregação de conteúdos é possível através das tecnologias RSS que permitem agregar pequenos pedaços de conteúdo existentes de forma desordenada na internet e dar-lhes uma organização de acordo com os seus próprios sistemas de significação.