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QUADRO 01 TELEFONIA FIXA E MÓVEL, DISPONIBILIDADE DE COMPUTADOR E ACESSO À INTERNET EM DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES URBANOS NO BRASIL

A Construção da Base de Investigação

QUADRO 01 TELEFONIA FIXA E MÓVEL, DISPONIBILIDADE DE COMPUTADOR E ACESSO À INTERNET EM DOMICÍLIOS PARTICULARES PERMANENTES URBANOS NO BRASIL

ITEM / SERVIÇO ANO

2001 2007 2008 2009

Domicílios particulares permanentes urbanos (em mil

unidades) 46.507 46.327 47.856 48.905

Acesso a Telefonia Fixa 58,9% 53,4% 72,8% 50,6%

Ao menos um morador com acesso a telefonia móvel 7,8% 68,8% 72,8% 80,3%

Posse de Computador 12,6% 25,5% 30,5% 35,4%

Acesso a Internet 8,6% 19,6% 23,3% 27,5%

Acesso simultâneo a telefonia fixa, computador e Internet (*) 15,7% 17,6% 19,6%

NOTA: (*) Não há dados disponíveis. FONTE: IBGE. Síntese dos Indicadores Sociais – Uma análise da

condição de Vida da População Brasileira (2007, 2008 e 2009) – IBGE

Diante deste novo cenário de desenvolvimento acelerado das tecnologias digitais, torna-se necessário que as escolas propiciem aos alunos método para integrar e recriar o significado das coisas, do trabalho em colaboração, da discussão, da negociação e da solução de problemas, e para isso a escola vai necessitar repensar o seu currículo com a introdução das TIC na construção do conhecimento e nos processos de ensino e de aprendizagem.

De acordo com Lévy (1999, p. 158)

Devemos construir novos modelos do espaço de conhecimentos. No lugar de uma representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas em “níveis”, organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo para saberes “superiores” a partir de agora devemos preferir a imagem dos espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxos, não lineares, se reorganizando de acordo com os objetivos ou os contextos, nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva.

Neste novo contexto, o papel e a função do professor, também ativo, podem propiciar processos de aprendizagem que impulsionem o desenvolvimento do indivíduo e do grupo. Nesse sentido, o professor não pode ser mais um transmissor do conhecimento adquirido, é vital que ele assuma o papel de orientador, que não ensina em situação solitária, mas sim, em colaboração; ao lado e junto com seus alunos, ele passa a ser um facilitador (PALLOFF, PRATT, 2002).

O professor que se apropria do uso das tecnologias em sua prática tem a oportunidade de romper com o paradigma de ser o possuidor de conhecimentos para uma situação que preze pela relação de compartilhar, com os outros professores e com os alunos. De acordo com Almeida (2001, p. 25)26:

O professor atua como mediador, facilitador, incentivador, desafiador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal. Ao mesmo tempo em que exerce sua autoria, o professor coloca-se como parceiro dos alunos, respeita-lhes o estilo de trabalho, coautoria e os caminhos adotados em seu processo evolutivo. Os alunos constroem o conhecimento por meio da exploração, navegação, comunicação, troca, representação, ligação / religação, organização / reorganização, transformação, elaboração / reelaboração e criação / recriação.

O êxito na educação que utiliza instrumentos e ferramentas de tecnologias de informação e comunicação está nos mediadores ou parceiros da educação, ou seja, nos professores e gestores que negociam estratégias de colaboração e interação entre os participantes dos processos de ensino e de aprendizagem.

A existência de uma cultura de colaboração entre os professores pode causar certa estranheza inicial, porém, com o passar do tempo e com o trabalho constante em colaboração, começa-se a entender melhor o processo de construção conjunta do conhecimento e a sentir necessidade de trabalhar em grupo.27

No que diz respeito à Comunicação de Massa, há uma divulgação mercadológica do discurso da modernidade contida na construção colaborativa de informações e conhecimentos. Para os indivíduos menos avisados, pode parecer que devido ao surgimento da Web 2.0 caem-se as barreiras das diferenças e desigualdades sociais, o que é contestado se

26 ALMEIDA, Maria Elizabeth in ALMEIDA, Fernando José de (coord.) Educação a distância: formação de professores em ambientes virtuais e colaborativos de aprendizagem – Projeto NAVE, 2001.

27 Na análise de dados será possível ver de forma mais detida o processo de resistência e na sequência, após a apropriação da forma de trabalho, o surgimento do entendimento da importância em se trabalhar em colaboração.

forem analisados os índices, por exemplo, de analfabetismo nos países subdesenvolvidos.

Como forma de sustentar essa afirmação, realizei um levantamento quantitativo, no período compreendido entre 02 e 16 de junho de 2009, tendo como fonte de busca o Google e utilizando como palavras-chave: “colaboração”, “colaboração em massa”, “redes sociais como forma de colaboração”, e como último critério de seleção optou-se apenas por notícias e textos curtos excluindo aí os artigos científicos e afins.

No período obteve-se o seguinte resultado: 286 notícias com as palavras buscadas:

• Colaboração: 260 notícias ou textos curtos;

• Colaboração em Massa: 9 notícias ou textos curtos;

• Redes sociais como forma de colaboração: 17 notícias ou textos curtos.

Ao se partir para uma análise mais detalhada do conteúdo deste material (BENETTI; LAGO, 2007), pode-se perceber que as notícias tratavam o tema de forma superficial apresentando somente os pontos relevantes de algumas experiências favoráveis de trabalhos em colaboração e de suas redes sociais.

Como forma de ilustrar o resultado deste primeiro levantamento, destacou-se cinco trechos das notícias. A primeira afirma que “a revolução causada pela colaboração em massa nas comunidades, nas pessoas e nas empresas, graças ao fato da internet se tornar acessível, a cada dia [...] disponibiliza conhecimento e tecnologia e capacita esses usuários a fazerem parte do movimento da colaboração em massa [...]” 28 ou ainda que “a junção

de opinião coletiva está surgindo através das recentes tecnologias da rede: compartilhamento de arquivos, blogs, wikis e sistemas de network social. Mas a massa on-line não oferece somente ideias ou opiniões, eles se tornam toda a linha de produção de uma empresa.”29

28 http://www.gfsolucoes.net/gustavo/web-20/a-revolucao-da-colaboracao-em-massa/ Acesso em: jun. 2009

29 http://www.serendipidade.com/2005/06/17/colaboracao_em_massa_na_internet_esta_ch/. Acesso em: jun. 2009.

Citando mais alguns trechos: “colaboração em massa é um potente

meio no qual as informações circulam e podem ser utilizadas para se aprimorar determinadas áreas. Muitas empresas já estão se aproveitando disso [....]”30 tem-se ainda textos que vão por uma linha mais explicativa como: Você sabe o que quer dizer crowdsourcing e crowdfunding? Em português, é colaboração em massa. O primeiro trata-se de colaboração intelectual, e o segundo, financeira.”31 e, por fim, têm-se também aqueles mais catastróficos na maneira de apresentar a informação afirmando que “o mundo vive o início de uma revolução na maneira como as empresas inovam e produzem, e as que não perceberem logo a transformação correm o risco de sucumbir [...] A senha para crescer será a colaboração em massa, proporcionada pela internet”.32

Ao se ler textos, como os apresentados acima, sobre a Web 2.0, as Redes Sociais e a Colaboração, pode-se ser induzido ao erro de aceitar como verdade absoluta fatos como: não há mais reservas de informações e segredos industriais, o conhecimento está ao alcance de todos e isso tende a diminuir as desigualdades, somente pela existência da Web 2.0 o usuário participa, interage e influencia o mercado à sua volta podendo até destruir empresas e produtos já estabelecidos, entre outros pontos.

É fundamental deixar claro que não há neste trabalho a ideia de realizar a negação da existência da Web 2.0 com suas possibilidades de colaboração, existe sim, uma busca por elementos que identifique como os sujeitos estabelecem as relações de colaboração em trabalhos de coautoria nos processos de ensino e de aprendizagem.

Ainda na construção do contexto desta pesquisa, observou-se que existia uma produção incipiente de trabalhos científicos sobre o tema então, durante o segundo semestre de 2008, foi realizada uma busca sistemática de artigos e trabalhos que tivessem como foco a colaboração em espaços virtuais de aprendizagem com enfoque na ferramenta Wiki. Utilizaram-se

30 http://blog.campe.com.br/a-colaboracao-em-massa-e-sua-relacao-com-o-mej/ Acesso em: jun. 2009.

31 http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/570/artigo100421-1.htm. Acesso em: jun. 2009. 32 http://cg-conteudos.cgi.br/conteudos/economia-da-cultura/empresas-usam-conceito-wiki-de- criacao-coletiva-para-inovar. Acesso em: jun. 2009.

como palavras-chave: “colaboração”, “aprendizagem colaborativa” e “Wiki”. A busca foi realizada junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (http://www.capes.gov.br/), ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - http://www.cnpq.br/; à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (http://www.fapesp.br/); às Revistas da ANPED – Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (http://www.anped.org.br/inicio.htm) e à Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED (http://www2.abed.org.br/)

O levantamento junto às bases apresentadas chegou a 9 artigos que tratavam da questão da colaboração em espaços virtuais de aprendizagem, porém não aprofundavam as relações de colaboração e 2 sobre relatos de experiências com o uso do Wiki.

No sentido de aprofundar a busca por materiais científicos a respeito do tema, Aquino (2010)33, em levantamento realizado entre 2004 e 2008, afirma que foram encontradas 10 produções científicas sobre blogs sendo 07 artigos e 3 dissertações de mestrado, já no que diz respeito ao uso do Wiki foram publicados apenas quatro artigos em eventos de educação no período.

Ainda de acordo com a autora, quanto se ampliou a análise para o termo autoria colaborativa chegou-se 31 artigos e dissertações produzidos. As produções científicas foram divididas nos subtemas: Conceito de Web 2.0 (11), Web Semântica (5), autoria colaborativa (4), autoria em rádio/TV online (11).

Para aprofundar ainda mais a busca por artigos científicos sobre o tema, trabalhou-se com a base internacional RepositoriUM, repositório institucional

33 Para este levantamento, foram consideradas teses, dissertações e artigos científicos apresentados em eventos, incluindo aqueles que se encontram disponíveis no banco de teses e dissertações da CAPES / MEC (Banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Ministério da Educação do Brasil – http://servicos.capes.gov.br /capes, no período de 2004 a 2008, tendo sido privilegiados eventos brasileiros de maior destaque na área de educação e currículo que traziam produções científicas sobre tecnologia educacional. Os eventos destacados para pesquisa foram os seguintes:

– SBIE – Simpósio Brasileiro de Informática na Educação. WIE/SBC – Workshop sobre Informática na Escola, ANPED – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância, ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Prática do Ensino; Colóquio sobre Questões CurricularesI Seminário Web Currículo PUC-SP.

da Universidade do Minho que hoje possui desenvolvimento de pesquisas conjuntas com a PUCSP. Estabeleceu-se o período compreendido entre 2006 e 2008 e buscou-se as seguintes palavras-chave: “colaboração”, “aprendizagem colaborativa” e “Wiki”.

Como resultado chegou-se a 11 publicações entre artigos, papers de conferências, dissertações e teses, sendo que 3 tratavam de Colaboração, 4 de aprendizagem colaborativa e 4 sobre uso do Wiki. Por fim, é fundamental destacar que as publicações tratavam de relatos de experiências práticas.

Diante deste cenário passa a ser cada vez mais relevante a necessidade de entretecer elementos que mostrem a multiplicidade de vozes e o alinhavar dessas no que diz respeito a elaboração de categoria de colaboração ao se criar e desenvolver trabalhos coletivos com o uso de ferramentas tecnológicas de coautoria em ambientes virtuais de aprendizado.

Capítulo II