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Acompanhamento nos primeiros anos de matrimônio

Os primeiros anos de matrimônio constituem um período vital e delicado e necessitam de um autêntico acompanhamento, durante o qual os casais possam crescer na consciência dos desafios e do significado da própria união. Para que a família se torne sempre mais uma verdadeira comunidade de amor, é necessário que todos os seus membros sejam ajudados e formados e que assumam com responsabilidade os novos problemas, o serviço recíproco e a participação ativa na vida familiar. Isto vale, sobretudo, para as jovens famílias, as quais, encontrando-se em um contexto de novos valores e de novas responsabilidades, estão mais expostas, especialmente nos primeiros anos de matrimônio, a eventuais dificuldades, como a adaptação à vida comum e o nascimento dos filhos.

Daqui deriva a exigência de um acompanhamento pastoral que continue também depois da celebração do sacramento (cf. Familiaris Consortio, parte III). Este percurso implica diferentes desafios: a construção e a consolidação da identidade individual, da união afetiva do casal, e a responsabilidade de se tornarem pais. Certamente, propor um acompanhamento nesta fase é importante. Esta é a missão educadora da Igreja, e não podemos ficar na superficialidade do desafio. Esta abertura nos permite associar a definição de “jovens casais” não somente aos aspectos da inexperiência, da fragilidade, das incertezas que aparecem, mas também à novidade, ao entusiasmo e à vivacidade que estas famílias oferecem à Igreja e à sociedade.

Aqui devemos ser práticos, querido(a) irmão(ã) de peregrinação, nesta reflexão e no conhecimento da Sagrada Família de Nazaré. É necessário, em primeiro lugar, distinguir as situações nas quais as jovens famílias, de qualquer modo, procuram a comunidade cristã para pedir o batismo dos próprios filhos, ou outros sacramentos, ou simplesmente uma ajuda. Nesse caso, passando por cima das várias motivações que os levam a pedir os sacramentos, ou se apresentarem à Igreja, trata-se de uma oportunidade de encontro, na qual a comunidade cristã – e em particular os animadores e operadores, os presbíteros e os casais acompanhadores – é chamada a escutar não somente o pedido, mas as singulares pessoais, o casal com a própria história e as experiência que trazem.

A primeira tarefa da equipe da Pastoral Familiar é acolher com palavras, gestos e nas articulações já propostas no subcapítulo anterior. Um segundo objetivo seria delinear, na medida do possível, um sustento do casal na cotidianidade da vida familiar e um percurso de crescimento espiritual que os ilumine e os ajude a viver abertos ao dom da vida. Aqui o exemplo é a santidade da vida cotidiana e ordinária da Sagrada Família de Nazaré. De fato, a família é o grande mistério de Deus. Como “igreja doméstica”, ela é esposa de

Cristo, a Igreja universal, e nela todas a Igrejas particulares se revelam como esposa de Cristo.

Esse itinerário, então, do amor esponsal e familiar, vai se sustentando, e nele se investem as melhores energias. Torna-se fundamental criar, onde é possível, sinergias e fecundas alianças educativas com as diferentes realidades pastorais, como, por exemplo, a criação de ocasiões de diálogo com os próprios casais, oferecendo métodos para que eles possam se comunicar melhor e crescer nas relações de amizade. É importante propor encontros com a presença de casais experientes ou pessoas qualificadas que os ajudem a aprender a rezar e a meditar a Palavra de Deus e que os escutem nos momentos de dificuldades.

Uma feliz iniciativa são os “retiros para famílias”. Todas essas são oportunidades e modalidades para a Igreja, comunidade cristã, exprimir o desejo de se fazer próxima das fragilidades e das complexidades da vida conjugal, oferecendo sustento e acolhida, estimulando reflexões sobre o valor do sacramento do matrimônio e da família, deixando- se também questionar pelas novidades que nascem do encontro com os casais. Por isso, esperançosamente, é de grande importância a presença, na pastoral, de casais com experiência. A paróquia é considerada o lugar no qual casais maduros podem ser postos à disposição dos casais mais jovens, com a eventual participação de associações, movimentos eclesiais e novas comunidades. É necessário encorajar os esposos a uma atitude fundamental de acolhimento do grande dom dos filhos e no crescimento de uma sexualidade como oferta e louvor a Deus, conforme escreve São Paulo aos cristãos de Roma: “Eu vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a oferecerdes vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso verdadeiro culto” (Rm 12,1).

A relação de casais, além do sentimento e do diálogo espiritual, envolve toda a sua pessoa também na sua dimensão corporal e sexual. A dimensão da sexualidade é então inserida em um amplo contexto da comunicação entre duas pessoas responsáveis de si mesmas e dos valores sociais e morais das próprias ações. A relação sexual cresce junto à linguagem da corporeidade e se empobrece quando os casais se tornam avaros, blocados, funcionais. Hoje, onde prevalece uma banalização da sexualidade, é mais que necessário ajudar os casais jovens a compreenderem a beleza de uma relação esponsal vivida na unidade de suas várias dimensões.

É preciso salientar também a importância da espiritualidade familiar, da oração e da participação na Eucaristia dominical, animando os casais a se reunirem regularmente para promover o crescimento da vida espiritual e a solidariedade nas exigências concretas da vida. Liturgias, práticas devocionais e Eucaristias celebradas para as famílias, principalmente no aniversário do matrimônio, podem ser também oportunidades vitais para favorecer a evangelização através da família. Nas páginas que seguem iremos

refletir a importância da comunicação em família e como é necessário o uso dos instrumentos humanos e espirituais da comunicação na gestão dos conflitos na vida conjugal.