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O papel dos avós na educação dos netos

Não podemos falar da beleza do dom da vida e da possibilidade da educação dos filhos sem exaltar a preciosa missão dos avós na cooperação ativa e benéfica na relação com os pequenos. Os anciãos nos trazem a história, nos trazem a doutrina, nos trazem a fé e a dão em herança. São aqueles que, como o bom vinho envelhecido, têm esta força dentro de si para nos dar uma herança nobre.

Em todos os países pelos quais passei em missão, seja nos meus países de origem, como a Itália e o Brasil, seja nos outros países da América, como EUA, seja em Israel e na Palestina, me comove ver, na grande maioria das vezes, a ternura dos avós na relação com os próprios netos. Essa ternura fala de Deus, mesmo se muitas das vezes os próprios avós e as famílias ficam extasiados somente nos sentimentos, sem a consciência da beleza da mensagem que trazem. É necessário refletir sobre a experiência concreta dos avós e sobre a tarefa que eles exercem na educação dos netos, mesmo que nem sempre seja fácil, como é a tarefa educacional, que tem seus desafios; e para os avós não seria diferente.

Na verdade, os avós já sentem o cansaço, o sofrimento de tantas situações, como as separações dos filhos, dificuldades econômicas, a mudança de mentalidade e o sentir-se fora dos projetos, ou mesmo abandonados. Necessitamos de redescobrir o valor dos anciãos nas famílias para escutá-los, acolhendo-os nos momentos e situações de solidão, redescobrindo o valor que eles possuem e a possibilidade de poder usufruir dessa fonte de segurança, de tradições e de ternura.

Às vezes, há gerações de jovens que, por complexas razões históricas e culturais, vivem de forma mais intensa a necessidade de se tornarem autônomos dos próprios pais, a necessidade quase de “se libertarem” das gerações anteriores, perdendo, assim, o equilíbrio fecundo entre as gerações. O resultado é um grave empobrecimento para o povo, e a liberdade que prevalece na sociedade é uma liberdade falsa, que se transforma quase sempre em autoritarismo. E, assim, São Paulo recomenda a Timóteo – que é Pastor e, consequentemente, pai da comunidade – que tenha respeito pelos idosos e pelos familiares e exorta-o a fazê-lo com atitude filial: “O idoso como se fosse teu pai”, “as mulheres idosas como se fossem mães” (cf. 1Tm 5,1). O chefe da comunidade não está dispensado desta vontade de Deus; pelo contrário, a caridade de Cristo impele-o a fazê-lo com um amor maior. Como fez a Virgem Maria, que, apesar de ter se tornado a Mãe do Messias, se sentiu impelida pelo Amor de Deus, que nela se fazia carne, a ir sem demora servir a sua prima Isabel, que era idosa.

E, deste modo, voltamos a este “ícone” cheio de alegria e de esperança, cheio de fé, cheio de caridade. Podemos pensar que a Virgem Maria, quando se encontrava na casa

de Isabel, teria ouvido a sua prima e o marido, Zacarias, rezarem com as palavras do Salmo.

És tu, Senhor, a minha esperança, és minha confiança, Senhor, desde a minha juventude. Não me rejeites no tempo da velhice, não me abandones quando diminuem minhas forças. E agora, na velhice, de cabelos brancos, Deus, não me abandones, até que eu anuncie teu poder, as tuas maravilhas a todas as gerações que virão (Sl 71,5.9.18).

A jovem Maria ouvia e guardava tudo no seu coração. A sabedoria de Isabel e Zacarias enriqueceu o seu espírito jovem; não eram especialistas de maternidade e paternidade, porque para eles também era a primeira gravidez, mas eram especialistas da fé, especialistas de Deus, especialistas da esperança que vem Dele: é disto que o mundo tem necessidade, em todo o tempo. Maria soube ouvir aqueles pais idosos e cheios de enlevo, aprendeu com a sabedoria deles, e esta revelou-se preciosa para ela, no seu caminho de mulher, de esposa, de mãe. Assim, a Virgem Maria nos indica o caminho: o caminho do encontro entre os jovens e os idosos. O futuro de um povo supõe necessariamente este encontro: os jovens dão a força para fazer caminhar o povo, e os idosos revigoram esta força com a memória e a sabedoria popular. E voltamos, caro(a) amigo(a) leitor(a), à nossa escola de Nazaré, na qual Jesus, com o exemplo de José e Maria, teria escutado e aprendido tantas coisas com os seus avós, Joaquim e Ana, aqui (hic), a poucos metros de onde lhe escrevo esta meditação. E deste lugar santo, faço uma oração para todos os avós do mundo, para que compreendam na fé o grande valor educativo do que eles ensinam no cotidiano, sendo sinais para todas as famílias, testemunhando que em todas as idades podemos crescer em sabedoria, para poder criar relações belas entre as gerações, nas famílias e na Igreja.

Senhor Jesus, nascido da Virgem Maria, filha de São Joaquim e Sant’Ana, olha com amor aos avós de todo o mundo.

Protege-os para que sejam fonte de enriquecimento para as famílias, para a Igreja e para a sociedade. Sustenta-os também na velhice para que continuem sendo pilastras robustas da fé evangélica, conservando os nobres ideais da Família, tesouros viventes da sólida tradição da fé.

Faz que sejam mestres de sabedoria e dos valores que se transmitem às gerações futuras, frutos da matura experiência humana e espiritual.

Senhor Jesus, ajuda as famílias e a sociedade a valorizarem a presença e a missão dos avós.

Que nunca sejam ignorados ou excluídos, mas encontrem sempre respeito e amor.

Ajuda-os a viverem serenamente e a sentirem-se acolhidos por todos os anos de vida que Tu lhes concederás.

Maria, Mãe de todos os viventes, protege sempre os avós, acompanha-os na peregrinação terrena e faz com que um dia todas as famílias se reúnam na pátria celeste, onde tu esperas toda a humanidade para o grande abraço da vida sem fim.

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