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Preparação dos presbíteros para a Pastoral Familiar

A atenção às famílias deve ser o objeto ativo de comunhão da inteira comunidade cristã. O ministério esponsal que elas operam, unido ao ministério de comunhão dos presbíteros, pode constituir uma fonte de fecundidade educativa para a vida da Igreja paroquial e diocesana. A Pastoral Familiar, quando se funda na estima recíproca de solicitude entre casais e presbíteros, está desenvolvendo a sua tarefa de ser referência para a inteira comunidade. E aqui não se trata de que tal solicitude seja somente da parte dos presbíteros, na cura das famílias, mas de receberem também luz para a própria identidade sacerdotal e novos impulsos para uma incisiva laboriosidade pastoral.

De fato, é particularmente preciosa uma família que, de modo eficaz, vive a beleza da Pastoral Familiar e paroquial, tornando-se a causa dessa notável união cheia de evangelização. Assim, depois de um caminho de formação adequado, os casais, juntamente com os presbíteros, poderão aprofundar sempre mais o mistério do sacramento, conscientes de que uma família é o lugar privilegiado da educação humana e cristã, por isso, é a melhor aliada do ministério sacerdotal, e assim um dom precioso para a edificação da comunidade.

E voltamos para a nossa escola do Evangelho, aqui em Nazaré. Trago a você a experiência de um jovem sacerdote da Diocese de Uruaçu, Centro-Oeste, no coração do Brasil, padre Rogério Alves Gomes, prefeito dos estudos do seminário São José de Uruaçu, chanceler da Cúria Diocesana de Uruaçu e responsável pelas equipes de Nossa Senhora, equipe de famílias da Diocese. Pe. Rogério esteve aqui no nosso programa “Em casa com a Sagrada Família”, acompanhado pelos seminaristas Paulo Nogueira Martins Júnior, Rener Olegário Lopes e Fábio Pereira Borges, todos da Diocese de Uruaçu. Eu pude visitar o trabalho dos padres formadores do seminário São José de Uruaçu e pude constatar que “a família”, a Pastoral Familiar, bem como aquela da formação dos presbíteros, é a grande preocupação da diocese. Aqui relato parte da entrevista realizada com eles.

Já de início, perguntei a Pe. Rogério o porquê da Diocese de Uruaçu ter como referência para a Pastoral Familiar o seminário diocesano, e ele me respondeu:

Veja, frei Bruno, sempre foi a nossa preocupação aproximar as famílias daqueles que um dia serão sacerdotes, porque os sacerdotes serão por primazia os cuidadores das famílias. Então, quando nós oferecemos o seminário para as reuniões das famílias, para a Pastoral Familiar, todas as primeiras sextas-feiras do mês, em que temos adoração com equipes de Nossa Senhora, outras reuniões de planejamento da Pastoral Familiar, e sendo dentro seminário, os seminaristas têm a oportunidade de perceber a importância das famílias na Igreja, porque é a família o berço de todas as vocações, as vocações para o sacerdócio, vocações para o matrimônio; e todas as vocações para o bem da comunidade eclesial e para a sociedade. Por isso, ter com referência o seminário serve para unir a

vocação sacerdotal e a vocação familiar, para que com a fecundidade destas duas vocações a Igreja caminhe sendo sinal e testemunho na sociedade. O sacerdote e a família trazem grandes alegrias e riquezas para nosso mundo, para nossa Igreja e para cada um de nós. Algo muito marcante no nosso seminário são as equipes de Nossa Senhora. Todos nós, que somos formadores e que trabalhamos no seminário, acompanhamos uma equipe, porque assim incentivamos nos seminaristas o cuidado pelas famílias; e estando com as famílias, nós alimentamos nelas o amor pelos sacerdotes. E funciona, pois elas nos querem bem e, principalmente, rezam por nós. Assim, nos completamos.

Continuando a entrevista, perguntei ao seminarista Paulo Júnior se a proximidade com as famílias, em algum momento, o fez questionar sua vocação para o presbiterado, no qual abraça o celibato. E ele assim me respondeu:

Frei Bruno, na verdade, questionar não, mas fortaleceu minha vocação. Estar perto destas famílias me enriqueceu com uma nova dimensão da vocação, a vocação familiar, e essa vivida junto de Cristo; famílias da Igreja e na igreja; o encontro frequente com as famílias me ajuda a buscar a santidade e a responder a Deus a minha vocação ao ministério ordenado.

Ao decorrer de sua história, o seminarista Paulo Júnior passara pela provação da não aceitação de seu pai pela sua escolha vocacional de entrar para o seminário, e foi em um dos encontros das famílias que o seu pai aceitou e acolheu sua decisão. Sobre este episódio de sua vida, Paulo Júnior me relatou:

No início, não foi fácil; para minha mãe foi uma grande alegria, mas meu pai não aceitou muito bem, ele tem aquele jeito muito tradicional, acha que filho tem que se casar e dar netos, dar sequência ao sangue da família. No entanto, graças à oração e à presença dos sacerdotes dentro da minha casa, até mesmo a presença do próprio Pe. Rogério, ele resolveu conhecer um pouco do meu cotidiano, da minha vida no seminário. E foi em uma das festas das famílias que ele pôde presenciar a beleza da vida no seminário; a presença das famílias, junto aos seminaristas, mostrou-lhe que não era o que ele pensava, ele viu que juntos buscamos a santidade e disse que até se sentia em casa no seminário.

Pe. Rogério, além de se dedicar à formação dos seminaristas, juntamente com a equipe de formadores do seminário com o qual coopera, se dedica a ajudar os seminaristas no trabalho de evangelização das famílias na periferia de Uruaçu. Perguntei a ele como acolhe o mandado de Papa Francisco referente à evangelização das periferias, e vejam que iluminada resposta:

Veja, frei Bruno, quando Jesus nos diz na Sagrada Escritura que nós O encontramos nos pequenos, naqueles que a sociedade quase não considera ou até menospreza, o Evangelho se torna realidade quando nós vamos até estas pessoas, à casa delas, no cotidiano delas. O que Jesus fala toca a realidade na Sua época e também a nossa realidade de hoje, e não podemos deixar passar despercebido. Quando eu vou até à periferia, e levo os seminaristas, eu vivo a experiência do Evangelho e a realização da minha vocação presbiterial. Eu pedi a Jesus na minha oração que eu pudesse levar esta mensagem de

uma forma que eles pudessem compreender. E cada vez que me apresento, que escuto uma criança, que encontro as pessoas com problemas, famílias separadas, mulheres abandonadas pelos maridos, famílias com filhos no uso de drogas, tudo isso toca o meu coração de pai, de presbítero, e estando lá, no meio deles, vejo que estou encontrando Cristo neles e na história que eles me trazem, e ao mesmo tempo procuro ajudar naquilo que posso. Cristo, então, vai se revelando, e entendo que este é o caminho.

Para concluir, perguntei ao seminarista Rener Olegário como é esta experiência de convivência e de formação para a vida sacerdotal, tendo a presença e o apoio das famílias. Ele me respondeu completando aquilo que Pe. Rogério e o seminarista Paulo Júnior já haviam afirmado:

A presença das famílias fortalece o “sim” do presbitério, e se cria uma espiritualidade, realmente um vínculo de filhos e pais. Muitas vezes os nossos pais não estão sempre presentes, mas essas famílias se fazem presente, com o coração materno e paterno; e com o exemplo que nos dão, nos preparamos para ser também pais espirituais, além de filhos.

E chegando ao fim deste capítulo, podemos concluir dizendo que a Igreja desempenha um precioso papel de apoio às famílias, começando pela iniciação cristã, através de comunidades acolhedoras. Pede-se-lhes, tanto nas situações complexas como nas normais, que a Igreja ajude as famílias nas suas diferentes realidades, acompanhando-as no seu crescimento, ao longo de caminhos personalizados, que sejam capazes de introduzi-las no pleno sentido da vida e de lhes suscitar escolhas e responsabilidades, vividas à luz do Evangelho.

Ó Deus, de quem procede toda a paternidade no Céu e na terra. Tu, Pai, que és Amor e Vida, faz com que nesta terra, por Teu Filho, Jesus Cristo, “nascido de mulher”, e pelo Espírito Santo, fonte de caridade divina, cada família humana se torne um verdadeiro santuário de vida e de amor para as gerações que se renovam sem cessar.

Que Tua graça oriente os pensamentos e as ações dos esposos para o grande bem de suas famílias e de todas as famílias do mundo.

Que as jovens gerações encontrem na família um apoio inquebrantável que as torne sempre mais humanas e as faça crescer na verdade e no amor.

Que o amor, fortalecido pela graça do sacramento do matrimônio, seja mais forte do que todas as fraquezas e do que todas as crises conhecidas pelas nossas famílias.

Enfim, pedimos-Te, por intercessão da Sagrada Família de Nazaré, que, em todas as nações da Terra, a Igreja possa cumprir com fruto a sua missão na família e pela família. Tu, que és a Vida, a Verdade e o Amor, na unidade do

Filho e do Espírito Santo. Amém. (São João Paulo II)

D

Misericórdia para com as famílias feridas e