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Alinhamentos Serranos da Fachada Atlântica

No documento geodiversidade brasil (páginas 49-51)

Os alinhamentos serranos da Fachada Atlântica re- presentam um conjunto de escarpas montanhosas festonadas, fortemente alinhadas e compostas pelas ser- ras do Mar e da Mantiqueira (Perfil 3.4). Esse conjunto de terrenos montanhosos representa uma notável feição morfológica da geodiversidade do sul-sudeste brasileiro. As escarpas serranas apresentam, em geral, desnivelamentos extremamente elevados, às vezes, su- periores a 2.000 m. As vertentes são íngremes, por ve-

Figura 3.24 ––––– Aspecto da planície costeira de Jurubatiba,

recoberta por vegetação de restinga, sendo constituída de sucessivo empilhamento de cordões arenosos marinhos em condições de linha

de costa progradante. Local: Estrada Macaé–Carapebus (RJ). Fotografia cedida por Edgar Shinzato.

Figura 3.25 – – – – – Aspecto das falésias ativas do Grupo Barreiras em processo de recuo erosivo do tabuleiro costeiro por abrasão

zes rochosas, freqüentemente recobertas por depósitos de tálus e colúvios. Os gradientes são muito elevados e os topos aguçados ou em cristas alinhadas apresentam densidade de drenagem muito alta, sob freqüente con- trole estrutural (DANTAS, 2001). Predominam solos jo- vens, como Cambissolos e Neossolos Litólicos (EMBRAPA, 2001), cobertos por Mata Atlântica de encosta, sendo que os principais fragmentos remanescentes da mata original situam-se nesses terrenos muito acidentados. Nos topos mais elevados dos alinhamentos serranos, a Mata Atlântica é substituída por campos de altitude ou refúgio de mata de araucária, tal como registrado no Planalto da Bocaina, no maciço do Itatiaia e na serra dos Órgãos.

Esses alinhamentos apresentam alto potencial de vulnerabilidade a eventos de movimentos de massa devi- do à existência de terrenos de alta declividade em áreas onde ocorrem períodos de fortes precipitações produzi- das por sistemas frontais, associadas a chuvas orográficas. A pluviosidade média das escarpas serranas é bastante superior àquelas registradas nas baixadas e áreas colinosas adjacentes, atingindo um acúmulo anual de chuvas supe- rior a 2.000 ou 2.500 mm. Em cidades como Blumenau e Joinville, no vale do Itajaí (SC), Ubatuba e Caraguatatuba (SP), no front da escarpa da serra do Mar, no litoral norte do estado de São Paulo e em Petrópolis e Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, são recorrentes os “desastres naturais” acarretados por eventos de deslizamentos e inundações que promovem consideráveis danos materiais e vítimas.

Segundo Asmus e Ferrari (1978), tanto os maciços costeiros quanto os escarpamentos das cadeias monta- nhosas das serras do Mar e da Mantiqueira são resultantes do soerguimento e basculamento de blocos escalonados, apresentando direção preponderante WSW-ENE. Essa tectônica cenozóica originou, entre os blocos elevados, depressões tectônicas que se comportam como hemigrabens, tais como: bacias de Curitiba e de São Pau- lo; médio vale do rio Paraíba do Sul; Baixada Fluminense. Todavia, segundo Almeida e Carneiro (1998), a escarpa da serra do Mar resulta de um extenso recuo erosivo de antiga escarpa de falha originada junto à falha de Santos, a partir do Paleoceno. Segundo esses autores, a escarpa da serra da Mantiqueira não sofreu recuo tão extenso, sendo que seu plano de falha localiza-se junto à borda norte das bacias de Resende e Taubaté.

A escarpa da serra do Mar prolonga-se desde o sul de Santa Catarina até o Rio de Janeiro e consiste em uma abrupta e imponente barreira montanhosa que se levanta junto à linha da costa nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Sua direção preponderante é SSW- NNE, entre Santa Catarina e Paraná; a norte do Arco de Ponta Grossa, inflete para uma direção dominante WSW- ENE. Seus cimos apresentam cotas que variam entre 500 m (na serra das Araras/RJ) a 2.300 m (na serra dos Órgãos/ RJ), com uma linha de cumeada que oscila mais frequen- temente entre 800 e 1.300 m (Figura 3.26).

A escarpa da serra da Mantiqueira estende-se de São Paulo ao Espírito Santo, atravessando os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Apresenta direção preponderante WSW-ENE, separando o vale do rio Paraíba do Sul do Planal- to Sul-Mineiro (Bacia do alto rio Grande) (Perfil 3.4). Seus cimos atingem cotas superiores a 2.700 m, como no maciço do Itatiaia (2.787 m, na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais) e no maciço do Caparaó (2.890 m, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo), com uma linha de cumeada que oscila mais freqüentemente entre 1.000 e 1.600 m. A cidade mais alta do Brasil, a 1.600 m de altitude, é Campos do Jordão (SP), situada justamente na serra da Mantiqueira. As serras do Mar e da Mantiqueira resultam, portan- to, do notável soerguimento tectônico de um conjunto de extensas e majestosas muralhas orográficas de grande beleza cênica, com 1.000 a quase 3.000 m de desnivelamento, que orlam uma parte expressiva do lito- ral brasileiro. Em diversos casos, os picos mais elevados são sustentados por rochas graníticas em forma de pon- tões de topo arredondado.

No interior de Minas Gerais, diversos alinhamentos serranos se destacam da paisagem de mar-de-morros domi- nante, via de regra, ressaltados por erosão diferencial, pois estão sustentados por quartzitos, tais como as serras de Ibitipoca (em cotas que alcançam 1.600 m), do Caraça, esta no Quadrilátero Ferrífero (em cotas que superam os 2.000 m) (Figura 3.27) e do Cipó, situada no Espinhaço (em cotas que alcançam 1.700 m). No alto dessas eleva- ções, com solos muito rasos, dominam os campos rupestres e os campos de altitude. O Quadrilátero Ferrífero, além de sua grande relevância para o setor mineral, também se des- taca topograficamente na paisagem mineira, visto que os itabiritos e as formações ferríferas bandadas sustentam as serras do Curral, Moeda e Gandarela, via de regra, capeadas por espessas formações de cangas e alçadas 500 a 800 m acima do nível colinoso regional.

Figura 3.26 – – – – – Aspecto imponente da muralha montanhosa e festonada da escarpa da serra da Bocaina no litoral sul fluminense, com cotas superiores a 1.000 m em sua linha de cumeada. A linha de costa assume um padrão recortado, alternando exíguas planícies

flúvio-marinhas em fundos de baías e enseadas com pontões rochosos que atingem o litoral (rodovia Rio–Santos, município de

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